Legacy - Interativa

Capítulo 3 - Half-Light


Capítulo 3

“Qualquer coisa que merece ser possuída, merece ser esperada”

Marilyn Monroe

O vestido que Amelia usava era de alças. O tecido de seda era colado no seu corpo até a altura da coxa e depois caía em um corte suave e ondulado até os pés. O cabelo longo estava sendo empurrado por uma tiara pequena de penas e as luzes das tochas pareciam lamber seu corpo, causando ondas de iluminação pelo branco da roupa. Ela aguardava Kai perto o fim do corredor, parecia distraída com algum ponto na parede, ou talvez estava apenas pensando e ao vê-la tão absorta naquilo, o príncipe aproveitou para observá-la mais um pouquinho antes de quebrar a curta distância entre os dois.

–Amelia.

–Kai

Quando ela se virou, o príncipe conseguiu enxergar seu rosto mais nitidamente e ver aquele sorriso elegante brilhar em seu rosto. Ele ofereceu-a o braço e ela aceitou.

Enquanto se encaminhavam para o salão, viram algumas pessoas indo para lá e para cá. Casais já prontos para a festa e criadas correndo para organizar os últimos pertences de suas damas. Era uma correria estérica, mas que acabava sendo irrelevante conforme a música invadia os corredores. Normalmente os italianos eram os que faziam as melhores festas, no entanto, tanto Kai quando Amelia não se lembravam de sair de algumas das festas do reino se sentindo insatisfeito. Havia sempre muitas mulheres para os homens e muita música e conversa para as damas.

–Sabe o que meu pai costumava dizer? – Melia mordeu os lábios entre um sorriso enquanto desciam as escadas. - Ele dizia que caso lhe faltasse coragem, bastava um gole de vinho e uma dança para fazê-lo.

–Faz sentido – Kai achou graça. – Princesa, guarde uma dança para mim.

–O que?

–Acabei de lembrar que preciso resolver um pequeno problema.

–Kai?

O príncipe encarou-a de verdade. Amelia havia notado que algo na sua voz o entregava, e que ele não parava de olhar para o corredor a direita, o que a deixou um tanto quanto curiosa. Ele parecia nervoso e apressado.

–Está tudo bem? – ela riu

–É muito rápido. Logo estarei no salão.

E acenando com a cabeça, ele tomou o exato rumo que encarava. Praticamente cego para as coisas ao seu redor, ele correu diretamente no ponto. Nervoso. Irritado.

–Ok, já é hora de ir. – Kai puxou a irmã mais nova pelo braço, quase fazendo-a tropeçar nos próprios pés – E você, babaca, será que ameaças não assustam mais você?

–Kai, me solta agora – rosnou Teresa.

–Olhe para si mesma! Quase sem roupa, num corredor vazio e escuro. Se dê ao respeito.

Teresa puxou uma das mangas do vestido enquanto bufava e rangia os dentes. Estava além da fúria. Kai não deu bola:

–Elliot, você é o comandante do exército do reino. Não deveria dormir com a filha do rei.

O homem abaixou a cabeça para o príncipe. Kai notou que seus dedos tremiam, mas não era de medo e sim de nervosismo. Ele suspirou:

–Gosto muito de você, sabe disso, mas não posso admitir um comportamento desses debaixo dos meus olhos...

–Porque? – gritou a princesa – Porque eu não posso?

–Você é uma menina!

–E tenho vontades! Quando Amelia não estava na Corte, você tinha o direito de se divertir com quantas mulheres quisesse, mas eu não posso ficar com o cara que gosto por causa de um Duque ridículo...

–Então porque você aceitou se casar com ele? – cortou-a Kai – Explique, Teresa. Você gostou da cor do dinheiro dele, não gostou? Nossos pais deram a você a chance de escolha e você decidiu deixar seu amor de lado. Não tente dizer que não.

–Vossa Alteza.

–Desculpe Elliot, mas converso com você depois.

O comandante voltou a se encolher próximo a parede. Kai virou-se de frente para a irmã, olhando bem no fundo dos seus olhos e segurando-a pelos braços. Praticamente esmagando os membros, ela manteve-se firme e com as bochechas vermelhas de tanta raiva.

–Você tem alguma noção do que está fazendo nesse exato momento? – Kai perguntou, deixando o tom de seriedade atravessar sua voz

–Estou ficando com um cara que gosto.

–Vai além! Você expõe tudo sobre você, literalmente tudo, e depois quem tapa todos os buracos sou eu!

–Nunca pedi para você arrumar minha bagunça, irmãozinho.

–Mas se não fosse pelas coisas que já fiz, talvez nem Duque e nem campones quisesse olhar para a sua cara. Você teria escrito na sua testa a palavra Vadia.

–Porque gosto de um cara que gosta de mim também?

–Não. Porque depois de aprontar todas, a linda princesa decide marcar compromisso e se envolver com outro homem.

–E Amelia?

–Em que parte da história Amelia se encaixa?

–Será que ela concordaria com você?

Kai a soltou com um pouco mais de força do que queria. Mas a verdade era que ele odiava ser desafiado, principalmente quando Teresa conseguia manter um autocontrole muito bom, com uma voz serena, quase musical. Ele jurava que ela se segurava para não lançar um sorriso meigo e sedutor.

–Isso é irrelevante agora – o príncipe disse baixinho – E vá para o seu quarto.

Teresa arregalou os olhos e bateu o pé esquerdo. Abria e fechava a boca tentando pensar em algo para argumentar. Elliot também pareceu estupefado, seu queixo quase no chão:

–Alteza...

–Elliot, hoje não. Teresa, suba para o quarto.

–Está mesmo me dando uma ordem?

–Sou seu irmão mais velho e na ausência de um dos nossos pais sou eu que lhe dito comandos. Se prefirir, posso chamar a mãe ou o pai para resolver seu problema. Como prefere?

.

O príncipe a enxergou de longe. Benção de Deus o fato de Amelia ter escolhido justamente uma roupa branca tão pura e suave para se difundir do mar de vestes vermelhas e pretas. Era muito fácil confundir uma duquesa de um lorde, caso os visse de costas – muitas ombreiras nos vestidos e muitas cores apagadas. E Benção de Deus ela estar tão bonita. Com bochechas coradas por estar tão perto das chamas das velas e o rosto tão limpo, quase nenhum vestígio da maquiagem superficial que a rainha Marie gostava tanto de usar.

Enquanto Kai mergulhava na multidão de convidados, tendo a sensação de ensurdecer momentaneamente devido a musica animada, ele a viu brincar com o bordado da toalha de mesa. Os dedos curtos caçavam uma pequena linha fora de lugar distraidamente, pois a princesa não parecia ao certo perceber seus movimentos.

–Amelia! – Kai se aproximou, dando os últimos passos bem mais rápidos do que o necessário.

A princesa se virou no susto e o príncipe notou que segurava seu braço, impedindo-a de se movimentar. Ela arregalou aqueles olhos cinzas, surpresa. Tensa.

–Você guardou a dança? – ele perguntou.

–Bem...

–Tive uma pequena confução com... negócios.

Melia virou todo o corpo para o príncipe, coisa que o fez afrouxar aquele aperto desesperado, e vendo-se livre, a morena deu um passo para frente. Cologou sua mão na do príncipe e entralaçaram os dedos.

–Tudo bem – disse – A última dança.

Kai soltou o ar, rindo. Lembrou-se de que deveria ter checado a hora antes de ir para o baile, mas passara tanto tempo tentando colocar um pouco de juízo na cabeça de Elliot, tentando-o convencer de que não adiantava pensar em amor, amor, amor... principalmente quando esse amor se resumia a tão imprevisível Teresa! No final das contas, o que realmente acontecera era que mais uma vez o príncipe havia tentado chutar para debaixo do tapete o caso dos dois e mais uma vez tinha falsas esperanças de que isso daria certo. Mas ele havia reservado uma dança com Amelia e achou que seria de bom trato ir atrás do seu pedido. Aliviado, pensou que por pouco passaria por um caloteiro desinteressado. Talvez esfriasse qualquer simpatia que começasse a sentir por Melia.

–Está tarde, eu sei – ele concluiu.

Amelia abriu a boca para falar mas pareceu ter algo melhor a dizer e cortou-se, mordendo os lábios. Ela sorriu e ficou na ponta dos pés, encaixando o seu queixo no ombro de Kai.

–Melhor do que nunca.

X

Eve mal esperou ouvir o clic da porta atrás de si e começou a se despir. Passou os dedos pelas amarras do vestido azul marinho e sentiu o tecido deslizar por todo seu corpo. O vinho havia realmente pegado em sua cabeça, de forma que as coisas diante dos seus olhos pareciam tremeluzir e ela podia sentir suas bochechas quentes e coradas mesmo no quarto mal iluminado pelas velas de cotocos. O verídico era que enxergava quase nada e sorria quase tudo.

Todo seu corpo era uma reação das palavras doces e convidativas que o comandante Elliot havia soprado no seu ouvido durante quase a noite inteira. Para Eve, os primeiros momentos do baile estavam muito monótonos. Eram muitas pessoas desinteressantes ou compromissadas espremidas em um mesmo lugar e ela anciava pelo seu príncipe, abrindo as portas do Salão Principal e atravessando na sua direção. Ela saberia que seria ele no momento que seu coração palpitasse contra sua pele quente. E ele apareceu. Todo encapado com vestes caras, um cabelo impecavelmente arrumado e um sorriso não muito convincente no rosto, mas mesmo assim, chamando a atenção das solteiras do baile.

Comandante Elliot era dono de fios negros e suaves, um corpo ideal para luta corpo a corpo. Quando sorria, causava sensações no corpo de Eve que ela ficava envergonhada só de admitir para si mesma. Uma moça de seu requinte não poderia pensar em tais coisas! Justo no primeiro olhar que se encontraram, Eve imaginou como seria prender sua boca na dele. O que era no mínimo, um pecado.

A dama ajuntou o vestido sobre os seus pés e o colocou com certo cuidado sobre a cama antes de partir pé ante pé para o banheiro. Agora teria seus momentos de descanço, onde poderia relaxar o corpo de deixar a mente vagar para longe. Muitas vezes, nos dias difícies, Eve ansiava pelo seu momento de paz no banho, onde se esconderia debaixo das águas calmas de uma banheira. Esta noite ansiava pelo mesmo, mas não para descansar suas ideias e sim para provocá-las. Deixando-se desfrutar da água quente na pele, Eve foi escorregando seu corpo pela superfício lisa da banheira. Agradeceu mentalmente suas criadas, por serem tão eficientes e aprumarem o banho ideal em pouquíssimo tempo.

A essência de cravos e rosas era predominante no recinto e loira teve que fechar os olhos por um segundo, para se acostumar com um produto tão forte, mas aos poucos foi se acostumando. Permitiu encostar as pontas do cabelo na água e depois mergulhou até seu pescoço. Contemplava o teto sobre si. Frio, cinzento e solitário. Parecia tão realista assim, que a fazia desejar por mais. E ela se concentrou. Imaginou como as estelas estavam lá fora, pensou no tamanho da lua e a música do vento. Trouxe a noite para dentro do seu comôdo e a vontade de Elliot para dentro do seu coração.

Repassou na sua mente a conversação com o comandante. Ele havia tirado-a para dançar, muito educado, pediu se podia lhe elogiar. Não tinha como dizer que não. E ele o fez. Elogiou seu rosto, disse que ela era muito bonita. Tiveram poucas chances de conversar, pois ele logo partiu, e disse que estava muito cansado do dia de treinamento. Eve acreditou, pois parecia realmente visível que algo o aflingia. Nunca tinha parado para pensar, mas como comandante, ele deveria realmente ter muitas tarefas. Ele mesmo havia revelado que o pai era um homem próximo ao rei. Muitas coisas deveriam ter que passar pelas mãos e pela espada de Elliot para proteger a Corte e para resolver problemas políticos. Deveria ser um trabalho exaustivo.

E Eve já poderia sentir seu corpo se esvaindo por um amor que nem havia começado.

X

Teresa entrou como o vento antes da tempestade na Salão de Assinaturas. Ao ver Elliot, Kai e o Rei curvados diante de um mapa sobre a mesa, sentiu-se mais motivada a colocar os dedos em todas as feridas. Era tudo o que viera pensando durante toda a madrugada e boa parte da manhã. Suas roupas, muito bem costuradas em um tecido vinho e combinados com uma enxarpe longa de lã marrom, eram o legítimo figurino para matar alguém. Para ela era visível que já se tornara adulta mas ninguém queria enxergar isso. Para completar a aparência, prendera seu cabelo em um rabo de cavalo bem apertado e uma tiara dourada discreta sobre a cabeça. Se sentia poderosa. Ela era poderosa. Ninguém poderia prender Teresa Berenguer, a princesa de Portugal.

Determinada e ousada que era, a princesa bateu com força as portas atrás de si e caminhou em direção aquela mesa. Os olhares dos três homens se prendiam nela. Kai, ao lado esquerdo do pai, estava curvado sobre o mapa e seus olhos eram a mistura de confusão e curiosidade. Elliot, do outro lado, estava claramente chocado enquanto o rei, entre os dois fiéis, fechara e abrira a boca milhares de vezes, no entanto, escondera todos seus sentimentos através de uma face despreocupada e serena. Teresa olhou para o pai, um pouco decepcionada consigo mesma por não ter deixado-o furioso, mas não quis apagar seu foco principal e encarou o irmão com dureza.

–Como foi o baile ontem, Kai? – pediu rudemente e pelo jeito quem disparava na frente era ela. O príncipe ajeitou a postura na defensiva, já se preparando para as alfinetadas que Teresa certamente iria soltar – Hm, certamente deve ter sido bem agradável mesmo. Espero que você tenha aproveitado a noite com a sua noiva perfeita, que certamente não é uma vadia como a sua irmã. Porque me parece que ontem a noite fui advertida que uma mulher que desfruta de um pouco de amor e desejo é simplesmente uma mulher aberta para qualquer um.

–Alto lar! – Interveio o rei. Sua voz era baixa, no entanto muito autoritária – Veja como se refere a si mesma, é você que faz a sua imagem Teresa.

A princesa agarrou com força as bordas da mesa. Elliot pareceu se assutar e recuou minimamente. Se Teresa tivesse a chance de se enxergar agora, desejaria que seus olhos consequissem transmitir toda a sua raiva.

–Avise ao primogênito que posso cuidar de mim mesma.

Foi a vez de Kai perder as estribeiras:

–Será que pode? – rosnou – Pare com o teatro e apure o convite para a família do seu Duque, coisa que já deveria estar pronta a muito tempo.

–Nem tente.

–O que?

–Me dar ordens como se fosse o meu pai.

O rei cuspiu no chão e coçou a sobrancelha, sua paciência estava se esvaindo. Ele não tinha mais idade para lidar com brigas de adolescentes inconsequentes como seus filhos. No entanto, se ficasse calado, seria muito pior – tanto para seus neurônios em ponto de ebulição quanto para encorajar um a mandar no outro – Thomás se dedicava tanto ao seu filho, ensinando-lhe como ser rei que tinha esperanças de que criaria um bom monarca, mas aparentemente Teresa era a rachadura na armadura dele. Tão fácil os dois se irritarem. Tão fácil o ar do ambiente incomodar um ao outro. Até mesmo o rei estava a um colapso, onde os dois passavam juntos, arrastavam ódio e rancor pela multidão. Parecia maldição.

Ele respirou fundo e olhou diretamente para Kai:

–Sou o pai de vocês dois. E apesar de não querer, sinto que devo saber sobre o ocorrido mais recente.

–Deve – confirmou Teresa – Elliot, porque não dá sua parte do ocorrido?

O comandante riu irônico.

–Quer colocar seu próprio corpo na fogueira, Alteza? – pediu com falsa educação na voz.

–Está dizendo que servi como sua distração?

–Nunca. Você é bonita. E adoro a sua companhia. Mas mais do que minhas vontades são as minhas obrigações para com o seu pai. Seu irmão o mesmo. Podemos ter nossas próprias opiniões, mas as guardamos secretamente enquanto consentimos com a do nosso superior, o rei Thomás, que diga-se de passagem, é um governante excelente. Não temos do que reclamar, Alteza.

Teresa absorveu todas as palavras que saíram da boca do amado. Doeu muito, ela quis chorar na frente dos três e exibir o quanto a verdade mexia com o seu corpo, com os seus sentimentos e alimentava a sua raiva.

–Pare de ser tão formal! – reclamou. – Foi você que o induziu a dizer isso, Kai?

–Seu irmão não fez porcaria nenhuma – o rei disse – O requinte de Elliot diz respeito aos pais dele, que o educaram muito bem. E ele está certo. Se quer arrumar briga comigo veio em má hora, minha filha, hoje não estou com vontade de me preocupar com seus romances falhos.

–Não são romances falhos! Não tenho voz nessa casa, alguém aqui já percebeu?

Kai pareceu prestes a falar algo, mas ao encontrar o olhar da irmã, decidiu engolir todas as palavras para lhe dar espaço para ela falar.

–Inicialmente pensei que era porque nasci uma menina e não um menino. Mas então percebi que mamãe é poderosa e que é muito competente. Vocês lambem o chão pelo qual ela passa. E sem contar nas outras monarcas. Harriet e sua simpatia, Bella e sua elegância, a princesa Kuanna e sua luz. Porque as coisas parecem simplesmente ser ao contrário comigo?

–Lembre-se que Kuanna não é muito bem aclamada por todos – Elliot sussurrou.

–Contudo, sua fama é muito melhor do que a minha.

–Porque envolve luxo e poder – emendou o príncipe– Observe você que o mundo é bem mais fácil quando podemos oferecer bastante ouro e bebidas caras. Os homens são cegos pelo brilho que a família real de Mônaco pode oferecer. E não se compare a Kuanna.

–Mas ela é perfeita!

O berro de Teresa fez com que os três presentes se calassem. A princesa sentia seus dedos tremerem, em sinal de vacilo, mas na altura da competição, poderia claramente perceber que as coisas haviam tomado rumos diferentes. Ela realmente não poderia fingir exalar tanto poder pois quando o fazia acabava se mostrando uma cópia barata de alguém inalcansavel. Tantas mulheres que pareciam estar postas no altar e porque não ela?

Muitas vezes ela fingira que não havia visto Kai tentanto tapar com a mão os buracos que ela mesma fazia. Era dolorido admitir, mas seu irmão deixara escapar para o mundo lá fora muito menos da metade dos seus podres. Ele já havia a pegado dormindo com um guarda e também já tivera que esconder sua bebedeira no baile de aniversário de Dimas. Ela havia estrapolado tanto que estava mostrando as pernas para os convidados. E Teresa sabia que o príncipe também tinha furos, mas ele agia de maneia tão clandestina, tão sabiamente que a fez ver o quão diferente eram.

Ela queria poder e não tinha. Ele nunca pediu e sempre teve.

–Vejo que não há nada que vocês possam fazer

–Sinto muito, Alteza – A voz de Elliot tinha sinceridade e pena. Ele sentia pena dela! Era a maior de todas as humilhações.

–Teresa?

A princesa ergueu os olhos para Kai. Mas quando ele estava prester a falar, o rei o cortou:

–Aprume seu casamento, minha filha. Esqueça a imagem que você quer passar para o mundo e seja quem os outros querem que você seja. Uma dama silenciosa, doce e bonita. Ou seja, mais panos e menos palavras.

Teresa bufou e esperou pela contrapartida do irmão. Mas rei Thomás já tinha engatado seu assunto sobre tropas, cavalos e armaduras dando os assuntos com a filha encerrado. O pai nem sequer parecia notar que ela estava ali e logo ele já arrastou os dois homens mais confiáveis para dentro de um universo político e afastou qualquer chance de Teresa ser ouvida novamente.