Laços

Capítulo 2 x 10


Konrad

Konrad ficou surpreso por conseguir achar uma vaga no estacionamento da faculdade, havia muitos outros motoristas na árdua procura de conseguir achar uma vaga para estacionar. Por sorte seu carro era compacto o que lhe proporcionou tranquilidade em pôr seu carro entre dois sedãs.

Antes de sair do carro ele se deu uma última olhada no espelho retrovisor.

Os cabelos estavam bem penteados, sorriso esbelto e olhos que a luz do dia era verde, estavam como esmeraldas polidas por pó de diamantes. Ele então se deu um sorriso, pegou sua mochila e partiu para uma jornada de muita matemática e olhares de alunos assustados com o que ele iria apresentar. Afinal Cálculo era o carrasco de qualquer aluno que ousasse fazer um curso que englobasse exatas.

Konrad ficou surpreso pela quantidade enorme de alunos que ziguezagueavam no campo da faculdade naquela manhã de segunda feira. Grupinhos se formavam em todos os cantos. Havia um grupo de alunos sentados sobe a sombra de uma árvore e um dos alunos tacava violão e outro acompanhava com uma gaita, provavelmente eram alunos de música. Konrad estava tão distraído com o grupo de alunos músicos que acabou esbarrando em um dos alunos.

Este aluno estava junto de mais dois alunos o que poderia se dizer que eram amigos.

– Presta atenção calouro. – disse o garoto que Konrad havia esbarrado por acidente.

Konrad olhou para o garoto. Que parecia ser um lutador de MMA, de tão forte que era que chegava ser feio e que levou Konrad a pensar se aquele garoto não havia tomado muita bomba. No entanto o que o deixou ainda mais perplexo foi por ter sido chamado de Calouro, porém ele preferiu deixar pra lá.

– Foi mal cara. - Konrad se desculpou e seguiu seu caminho.

Konrad se deu uma olhada e viu que parecia mais um aluno, do que um professor. Ele estava usando uma camisa de malha preta, calça jeans e tênis, e tinha apenas 26 anos de idade.

Sua primeira aula seria no bloco B, sala 309. Ele viu que o bloco estava bem a sua frente. A aula só começaria as 8hrs da manhã e ainda faltavam quinze minutos, o que dava tempo de ir até a cantina e comprar um café.

***

No caminho até a sala, Konrad reparou que muitas das outras salas estavam lotadas e se perguntou se a sua também estaria assim. Sua fala ficava no final do corredor a direita, próximo a um bebedouro. Quando entrou na sala viu que sua turma também estava lotada.

Ele entrou na sala meio que acanhado, que por mais que ele fosse à autoridade ali dentro da sala. Aquilo o deixava nervoso.

Konrad se dirigiu até a mesa que era sua, muitos dos alunos o fuzilavam com os olhos. Konrad olhou de esgueira para a turma, mas desviou o olhar, dentro de alguns segundos ele os iria encarar. Ele colou sua mochila sobre a mesa, sentou na beira dela e respirou fundo, pois iria se apresentar. Com tudo, algo lhe chamou atenção. O aluno que o havia chamado de calouro estava na sua classe. E Konrad não se negou em arquear sua sobrancelha direita, como quem diz: O professor sou eu.

– Bom dia! – Konrad olhava de canto a canto, observando os olhares. – Meu nome é Konrad Nazário e serei o professor de Cálculo de vocês.

Muitas das alunas se entreolharam, e voltavam a olhar para ele com aquele olhar de desejo. Mal sabiam elas que Konrad quase que jogava no mesmo time que elas.

Konrad se levantou pegou um pilot no bolso da frente de sua mochila e se dirigiu ao quadro. Ele começou a escrever uma função no quadro, algo que parecia bem cabreiro.

– Vocês tem 7min para desenvolver essa função... Logo em seguida vamos entrar em limites. – Konrad olhava para a turma que começava a pegar seus cadernos, canetas e outros utensílios. – E já deixo avisado que quem não conseguir resolver essa função no tempo estimado já perdeu dez pontos na primeira prova que estar por vir e quem conseguir vai poder se sentir tranquilo em conseguir manter sua nota na prova.

***

Konrad estava satisfeito consigo mesmo, pelo seu desempenho no primeiro dia de trabalho como professor. Ele conseguiu passar o que queria como também já havia passado o primeiro trabalho para nota. Que deveria ser entregue na próxima semana.

Ele estava a caminho de suas próximas duas aulas que seria para uma turma de engenharia mecânica. Era no bloco F sala 103, ele estava andando tranquilamente pelo caminho quando ouviu alguém o chamar. Ele começou a olhar em volta tentando encontrar quem o chamava e então viu Alex, o garoto estava guardando seu notebook na mochila. Ele estava usando sandálias e bermuda xadrez e uma camisa de manga curta cinza.

– O que você está fazendo aqui Alex a essa hora da manhã? – perguntou Konrad quando o garoto se aproximou.

– Troquei de horário, minhas tardes vão começar a ficar ocupadas. – Alex dava um abraço em Konrad

Konrad não teve muito tempo para conviver com Alex, pois assim que Alex entrou três meses depois ele viajou para Londres. Mas o garoto vinha sendo uma das pessoas, mas receptivas desde que ele havia voltado ao Brasil.

– Entendo. – Konrad deu uma olhada no relógio e viu que já estava quase na hora de sua próxima aula. – Alex eu tenho que dar uma aula agora.

– Onde é? – Alex tentava ajeitar sua mochila sobre os ombros.

– Bloco F sala 103. – respondeu Konrad.

– Professor! Eu estou atrasado para sua aula. – Alex levava as mãos até a boca, como se estivesse realmente pasmo por estar atrasado para aula. – Espero que o senhor me deixe entrar na sala.

Konrad não conseguia deixar de nutrir um sentimento carinhoso por aquele garoto, que havia perdido tanto nos últimos anos, mas que há cinco meses vinha ganhando tudo novamente, porém de uma forma louvável e justa.

– Me leve até a sala e prometo não pegar leve com você nas provas. – ele sorriu.

– É assim que se fala professor. – Alex lhe devolvia o sorriso, mas de uma maneira muito mais viva.

O caminho até sua próxima aula foi regada de muitas fotos de Hope, o cão de estimação de Alex.

Desta vez a sala não estava tão cheia, deveria haver uns quinze alunos, Alex foi se sentar ao lado de uma garota que ele parecia conhecer, enquanto ele foi ocupar o seu lugar que lhe pertencia por cerca de 1hr30min.

Konrad apenas disse seu nome e começou a passar a matéria no quadro, o que para ele já era um grande alivio.

***

Suas aulas do período da manhã haviam terminado. Ele agora só teria que voltar a faculdade à noite para dar duas aulas. Tinha a tarde inteira livre. E não via a hora de chegar a sua casa, almoçar e tirar aquele belo cochilo de tarde.

Ele estava seguindo pelo estacionamento para pegar seu carro quando, ouviu seu celular tocar, ele pegou o telefone e viu que não reconhecia o número mesmo assim atendeu.

– Alô? – Ele tentava pegar a chave do carro com uma a outra mão livre.

– Konrad? – perguntou a voz masculina e grave.

Konrad sabia que aquela voz não lhe era estranho, no entanto não estava conseguindo se lembrar a quem aquela voz pertencia.

– Sim, ele mesmo. – ele agora estava com a mão na maçaneta do carro. – E com quem estou falando?

– Sou eu, Enzo. – a voz finamente havia ganhado um nome. – Eu pedi seu número a Beatriz e gostaria de saber se você está a fim de ir almoçar comigo hoje?

Konrad ficou surpreso ao saber que era Enzo o dono daquela voz.

– Pode ser. – ele jogava sua mochila no banco do carona. – Você tem algum lugar em mente.

– Estou próximo ao Festim, aqui na Rua Ernesto Basílio. – respondeu Enzo.

– Chego ai em 10min – informou Konrad.

– Até daqui a pouco então. – se despediu Enzo

Konrad desligou o celular e partiu para um almoçar com aquele que ele estava certo de que poderia ser o amor da sua vida.