Laços

Capitulo 1 x 8



Sophie
As lágrimas ainda banhavam seu rosto. Sophie não conseguia acreditar no quão cínico Gustavo era. Ele estava usando a mesma roupa da foto, o que dava a entender que aquela foto havia sido tirada no mesmo dia. Ela havia passado a noite toda em claro, sempre que tentava dormir. Visões que ela não sabia se eram reais, se manifestavam em sua mente e aquilo era como torturar a si mesmo.
Já passava das 14hrs, e ele não havia mandado nenhuma mensagem, nem mesmo uma mensagem de bom dia aquilo a fez se sentir muito mal. Uma onda de abandono a tomou. Ela ouviu alguém bater na porta do seu quarto. Era sua irmã de criação Verônica.
– Sophie, você pode me emprestar... – Verônica não conseguiu terminar a frase, quando viu sua irmã chorando. – O que houve mana?
Sophie tentou encontrar forças para falar, mais as lágrimas se confundiam com as palavras. Verônica se sentou a beira da cama, vendo sua irmã se desfazer em lágrimas.
– Ele está me traindo! – disse Sophie em meio ao choro
Ela jogou o envelope para sua irmã. Verônica também não conseguia acreditar no que estava vendo.
– Quem lhe mandou isso? – perguntou sua irmã já furiosa.
– Eu não sei. Um motoboy entregou esse envelope no consultório ontem de tarde. – explicou ela.
– Você mostrou isso ao Gustavo?
– Não!
Shophie pensou em ir até a casa dele e fazer um escândalo. No entanto preferiu ficar calma e esperar a sua raiva passar um pouco, mais ela teria de confrontá-lo cedo ou tarde.
– Termina logo com ele, Sophie. – sugeriu Verônica.
– Não é tão fácil assim. – ela comentou.
– É sim! A questão é que você não quer. – disse sua irmã jogando as fotos na cama.
– Verônica, não se termina um relacionamento de seis anos assim do nada.
– Sophie, vocês dois estão nesse namoro de doação de apenas uma parte há seis anos e eu não vi Gustavo lhe dar nada. Que não fosse isso ai que escorre por seu rosto. Lágrimas e mais lágrimas.
Sua vontade era de discordar de tudo o que sua irmã havia falado. Com tudo ela não podia toda sua vida amorosa com Gustavo, não passava de uma vontade mutua de si mesma de fazer aquele relacionamento dar certo. Sophie não queria terminar com ele. No entanto também não sabia se queria continuar com aquele sofrimento de uma pessoa só. Onde apenas ela sofria.
Verônica ainda a olhava. Seus olhos verdes estavam vidrados na irmã, ela tocou as mãos de Sophie. E sentiram o quão geladas suas mãos estavam. Sophie estava com a cabeça baixa e as suas lágrimas molhavam seu cobertor.
– Tente começar a pensar um pouco em você. E pare de pensar em vocês dois – disse Verônica se inclinando para dar um beijo na testa de sua Irmã. E deixando-a sozinha, para pensar um pouco.
Por mais que fossem seis anos de namoro, onde muitas lágrimas rolaram. Muitos sorrisos também haviam sido ecoados por aqueles lábios. Seus olhos também haviam brilhado de paixão e lágrimas de felicidade também haviam rolado por ali. Não existem somente momentos bons em namoros. Há os seus momentos de queda, de crise. Até mesmo de desespero de algumas partes.
Ela se deitou e se cobriu até a cabeça como se aquilo a fosse proteger. Como quando era criança. Mais lhe recorreu que quando criança a maioria dos monstros que nos assustam só aparecem à noite. Quando nos tornamos mais velhos passamos a perceber que os monstros dos adultos aparecem a todo o momento, com a intenção de nos fazer entender o quanto somos frágeis, porém do mesmo modo que existe o sol que ilumina o dia e nos permite ter um pouco mais de coragem. Na escuridão da noite também ocorre o mesmo, a diferença é que na escuridão da noite. Nós é que temos de tomar a coragem de dar passos na escuridão para podermos acender a luz.
– Sophie? – ela ouviu sua irmã chamar da porta de seu quarto.
Ela descobriu a cabeça para responder sua irmã, que agora estava com a sua roupa de enfermeira.
– Oi.
– Sua amiga Helena, está ali em baixo, vou manda-la subir. E estou indo trabalhar
Sophie apenas concordava com a cabeça.
– Mana guarde essas fotos e tente ficar bem. – pediu Verônica.
– Vou tentar. – disse Sophie se descobrindo e pegando as fotos e colocando-as de volta no envelope e as guardando debaixo do colchão.
Ela ouviu sua irmã cumprimentar Helena e logo em seguida bater o portão para fecha-lo. Sophie se deu uma olhada no espelho e viu que seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Sua amiga com certeza iria querer saber o porquê daqueles olhos inchados e ela teria de inventar uma desculpa bem cabível.
– Sophie, onde você ta? – perguntou Helena da porta da sala. – To entrando.
– Estou no quarto. – falou Sophie
Ela estava terminando de prender os cabelos em um rabo de cavalo
– O que lhe traz aqui em casa? – perguntou Sophie querendo saber realmente o motivo da visita inesperada.
– Acho melhor você se preparar, porque nesse ano de 2013 teremos muitas surpresas. – comentou Helena enquanto mandava uma mensagem de texto pelo celular.
O que poderia ser agora, alguém do Grupo vai ser pai ou mãe, alguém que conhecemos descobriu que contraiu uma doença e tem pouco tempo de vida. Nada naquele momento tinha a maior importância para ela do que descobrir quem havia lhe mandado aquelas fotos. No entanto poderia ser uma coisa relacionada a ela mesma, talvez Helena também tenha visto Gustavo com a mulher da foto, ou até mesmo com outra.
– O que foi, fala logo – insistiu Sophie. – Tem alguma coisa haver comigo, ou com Gustavo?
– Isso vai envolver o Grupo todo, mais tenho medo por uma pessoa em especial. – disse Helena.
– Você ta me assustando Helena. – disse Sophie.
– Leia – pediu sua amiga lhe entregando o celular.
Ela pegou o celular das mãos de Helena e leu o que ela havia pedido. Ela pousou o celular na cama assim que terminou de ler a mensagem.
– Noah.
Todo o Grupo tinha motivos o suficiente para odiar André. Ele fizera Noah sofrer demais. Só Deus sabia quantas noites, Gustavo, Beatriz, Pierre, até mesmo Konrad, havia pegado o amigo na sarjeta de algum bar, bebendo como um louco. Foram tempos tenebrosos e eles não queriam ver seu amigo sofrer daquela maneira novamente.
– Precisamos ter uma conversa com Noáh. – disse Sophie.
– Creio que seja um pouco tarde! – argumentou Helena.
Sophie não gostou da entonação que aquelas palavras tiveram assim que foram pronunciadas. Dava a entender que a guerra já estava perdida, o que provavelmente poderia já estar certo.
– O que você quer dizer com isso?
_ André e Noah, já estão juntos novamente. E o nosso amigo parece está se entregando novamente o que significa que devemos ficar preparados. – comentou Helena passando as mãos nos cabelos negros e longos.
Tudo parecia estar vindo de uma forma tão avassaladora, algumas pessoas estavam voltando. O passado parecia ter finalmente alcançado o presente. Numa tentativa de acabar com o que ainda restava entre eles. Algo estava tomando força para resurgir do abismo, isso consistia em antigas pessoas, paixões, amores, segredos, medos e até mesmo pesadelos. Tudo isso sendo misturado numa grande panela de barro. E pelo visto o destino havia começado a servir.
– Preciso comer alguma coisa. – disse Sophie se levantando e tentando pensar em algo.
Helena ficou durante alguns segundos meio que confusa, mas aquela era sua amiga. Ela já estava macomunando algo.
– O que você vai fazer de bom para almoçarmos?
Sophie estava olhando no armário para ver o que poderia fazer com rapidez e que a satisfizesse. Decidiu fazer uma omelete com queijo dentre outras coisas.
_ OMELETE. – gritou sophie.
Ela antes de começar a preparar a omelete. Foi até seu quarto e pegou dentro da gaveta de sua cômoda um celular velho que estava ali caso precisasse.
– Onde está minha bolsa? – perguntou ela, esperando que sua amiga soubesse onde estava sua bolsa.
– Eu não sei!
Sophie se lembrou de que a bolsa estava na sala. Ela correu até lá pegou sua bolsa que estava em cima do sofá. Despejando tudo o que havia dentro da bolsa ela pegou o que a interessava. O celular com a tela trincada, desesperadamente retirou o chip do celular e o colocou no seu celular velho. Ela tinha de fazer aquilo rápido. Ela sincronizou todos os contatos e então telefonou para a pessoa com quem queria falar urgentemente.
Helena, ainda estava tentando entender todo aquele alvoroço. Mas preferiu apenas esperar para ver aonde aquilo iria dar.
Sophie estava ficando impaciente, já que tentou ligar uma vez e a ligação havia caído na caixa postal. Ela tentou novamente. Na segunda chamada alguém do outro lado havia atendido.
– Noah? – falou ela
– Oi Sophie. Como Você tá? – perguntou ele educadamente.
Ela se sentiu feliz em ouvir a voz do amigo..
– Estou bem meu lindo! – disse ela, na tentativa de acabar logo com aquelas condolências desnecessária. – Onde você esta agora?
– Acabei de dar uma aula e estou indo pra casa. – disse ele.
– Será que rolaria uma pequena social na sua casa hoje, com todos do grupo? – Perguntou Sophie, cruzando os dedos torcendo para que ele aceita-se.
Houve uma pausa do outro lado da linha, isso a deixou apreensiva. No entanto o silencio foi cortado.
– Tudo bem! Vou passar em casa e guardar minha mochila. E vou ao mercado comprar algumas coisas para poder fazer uns aperitivos.
– O.K... 19hrs?
– Ta... Vejo todos vocês mais tarde. Beijos!
– Beijos!
O outro lado da linha ficou mudo. Sophie rapidamente começou a digitar uma mensagem de texto e enviou para todo o pessoal do grupo até mesmo para Helena, que estava ali junto com ela.
Helena pegou o celular, para vê qual era a mensagem.
Social na casa de Noah, hoje as 19hr, temos que resolver um assunto com ele.
– Será que o pessoal vai? – perguntou Helena,
Não se passou nem 2min do envio da mensagem e lá estava a resposta para a pergunta de Helena. Todos do grupo que estavam na cidade haviam confirmado presença para a social.