Laura sobe as escadas. Edgar vai atrás dela. Ela é mais rápida e tranca-se me seu quarto.

Edgar: Laura... abre essa porta... a gente precisa teminar essa conversa... você precisa me ouvir....

Laura: Eu já ouvi o suficiente... e dê-se por feliz que por enquanto só essa conversa é o que está terminando...

Edgar: O que quer dizer com isso? (forçando a maçaneta da porta)Por favor... Laura... se você não abrir essa porta eu vou arrombar...

Laura resolve calar... Edgar continua ao pé da porta... não prentende sair dali... A noite chega... Laura abre a porta do quarto...

Edgar (não deixando ela passar e andando para frente fazendo ela voltar para o quarto): Até que enfim... agora vamos terminar o assunto que tinhamos começado...

Laura: eu já disse que não temos mais nada o que falar... agora... saia do meu quarto...

Edgar: Do nosso quarto... eu também durmo aqui....

Laura: Então eu não vou dormir mais... vou arrumar minhas coisas imediatamente... (abrindo o roupeiro e pegando uma mala)

Edgar (assustado): Não... que vai fazer? Laura... para... não faz isso, por favor... eu sei que você está com raiva... mas me escuta... nem que seja a última vez...

Laura (com cara de poucos amigos): Está bem... pela última vez...

Edgar: Eu ouvi tudo o que você disse... tentei me justificar... mas sei que as justificativas não apagam o erro... agora... você disse que não sabe quando eu te digo a verdade... Laura... eu sempre fui sincero com você... posso ter omitido meu envolvimento com a Catarina... mas no momento que você me pediu sobre isso eu falei a verdade... toda a verdade... admiti minha culpa... se não te falei sobre isso foi porque para mim não tinha nenhuma importância... já nem me lembrava mais de Catarina... a Catarina é passado....

Laura: Para de falar o nome dessa mulher... você deve ter dito a mesma coisa pra ela... que já nem se lembrava de mim... Edgar chega.. não quero mais discutir... Por favor... sai desse quarto... quero ficar sozinha...

Edgar: tudo bem... eu vou... mas não sem antes te dizer que eu vou provar que você pode confiar em mim...eu ainda quero construir uma vida contigo... e o mais importante, Laura, que mesmo que tudo isso não aconteça... eu nunca vou deixar de amar você

Edgar sai do quarto... Desce as escadas... vai em direção a porta da casa.... vaga pelas ruas... precisa respirar... pensar no que aconteceu...

Em casa, Laura está recostada em sua cama pensativa... relembra tudo o que aconteceu nestes últimos dois dias... reflete sobre o que Edgar lhe disse...ao mesmo tempo pensa nele com Catarina.. fica com asco só em imaginar os dois juntos. Laura foi criada para controlar suas emoções... mas... neste momento não consegue conter seus sentimentos... chora copiosamente... toda sua raiva se transforma em pranto.... sua mãe sempre disse que a mulher deve perdoar os pecadilhos do esposo... mas ela não é uma mulher como as outras... levanta-se... percebe que Edgar não está em casa... vai à cozinha falar com Matilde

Laura: Matilde... por favor... vá até meu quarto e retire todos os pertences do Dr. Vieira.. e leve-os para o quarto de hospedes..

Matilde: Mas senhora... o Seu Edgar não vai gostar nada disso...

Laura: Faça o que estou dizendo... ele não tem que gostar e nem desgostar...

Matilde:

Sim

, senhora... Com licença

Matilde sobe até o quarto dos patrões e cumpre rigorosamente as ordens de Laura. Nada que seja de propriedade de Edgar permanece naquele quarto. Tudo é levado para o quarto de hospedes.

Laura retorna ao quarto e confere o trabalho de Matilde. Tranca a porta. Abre gavetas e percebe que nada de seu esposo ficara ali. Sente-se como os espaços que eram ocupados pelas coisas de Edgar... vazia...

Edgar volta para casa. Toma a direção do andar superior. Força a maçaneta do quarto do casal... em vão. Laura trancafiou-se e ele sabe que ela não abrirá... pensa em pedir novamente pelo menos um pijama... mas desiste... está cansado e não quer discutir novamente com a esposa... Entra no quarto de hospedes e leva o maior susto

Edgar (em pânico): Minhas coisas!!!! O que estão fazendo aqui????

Edgar vai até a porta do quarto de Laura e grita: Eu entendi bem o seu recado D. Laura Vieira... pode deixar... só não vou sair dessa casa agora para evitar um escândalo... Boa noite!!!

Laura ouve as palavras do esposo... não esperava nada menos que isso....

Aquela noite custa a passar. Edgar senta-se na cama e pensa em Laura e em tudo o que viveram até ali... chora... tenta deitar-se... não encontra posição naquela cama estranha... sente falta de Laura ao seu lado... No outro quarto Laura não está muito diferente... tenta ler alguma coisa mas não consegue se concentrar... anda pelo quarto... pensa no marido... depois se lembra daquela mulher... esforça-se para dormir... mas não consegue....

E assim passam-se alguns dias. Laura faz o possível para não ter qualquer tipo de contato com Edgar. Só sai do quarto em momentos que ele não se encontra em casa... só é cordial com ele quando há outras pessoas por perto (com exceção de Matilde).

Edgar anda aborrecido... precisa desabafar com alguém... vai até o jornal...

Edgar: bom dia Guerra

Guerra: Edgar! Achei que havia esquecido os amigos! Como vai?

Edgar: Bem...

Guerra (percebendo a tristeza do amigo): Para um recém casado que acabou de voltar da lua de mel você não me parece muito feliz... quer conversar sobre isso?

Edgar: Ah Guerra... preciso desabafar... está tudo errado...

Edgar conta o que se passou nos últimos dias..

Guerra: Mas como foi que você não destruiu esse retrato?

Edgar: Não sei... acho que devia estar misturado com outros papeis...

Guerra: Que fatalidade! Edgar... você não devia ter contado tudo para Laura...

Edgar: E como não contar? Se você tivesse visto o jeito dela... teria feito a mesma coisa... e agora estaria do mesmo jeito que eu... quase implorando para que ao menos fale comigo... não sei o que fazer...

Guerra: Simples... reconquiste a moça... você conseguiu uma vez... por que não conseguiria agora?

Edgar: Mas como?

Guerra: Você conhece a Laura... vai saber o que fazer...

Enquanto Edgar conversa com Guerra, Laura dá sua aula na biblioteca. Está na rua despedindo-se de seus alunos, sem perceber que alguém a observa... Constância