No dia seguinte, Laura acorda cedo... vai ao Arquivo Nacional encontra o diretor da instituição na recepção

Laura: Bom dia

Homero: Bom dia

Laura: Sr. Homero... preciso conversar um momento com o senhor...

Homero: Pois não..

Laura: Sei que tenho pouco tempo trabalhando aqui e que pode parecer prevalecimento de minha parte pedir-lhe isso, mas estou com um problema de ordem pessoal e precisaria me ausentar de minhas atividades por esta manhã ou hoje à tarde...

Homero: Não tem problema D. Laura... todos tempos problemas e se a senhora tem algo urgente para resolver pode ir... pode ir agora pela manhã... o movimento é sempre maior à tarde...

Laura: Obrigada pela compreensão Sr. Homero... com licença

Laura sai do trabalho apressada... não tem muito tempo a perder... e a casa de Edgar é longe dali.... pega o bonde e no caminho pensa em qual será a melhor forma para começar a conversa que precisa ter com o ex-marido...

Em casa, Edgar está no escritório transtornado... pensa no que Laura lhe disse na noite anterior... lhe dói pensar que alguém que para ele é insubstituível tenha lhe trocado por outro de forma tão rápida...

Do outro lado da cidade, Catarina pensa no que irá fazer.. e tem uma ideia...

Catarina: Preciso descobrir se Edgar tem recebido visitas de Laura.. ou tem ido ve-la... se deixar Melissa com ele vou conseguir descobrir alguma coisa... (chamando a empregada): Carola....

Carola: Sim senhora...

Catarina: Tire o dia de folga... Melissa e eu passaremos o dia fora...

Na casa de Edgar, Matilde vai atender a porta

Matilde: Bom dia D. Laura

Laura: Bom dia Matilde... o Edgar está?

Matilde: Está sim... um momento... vou avisa-lo...

Matilde vai ao escritório e avisa Edgar que Laura está esperando por ele. Ele fica incrédulo e vai ao encontro da moça

Edgar: Bom dia

Laura: Bom dia

Edgar: Não acredito que esteja aqui... não depois do que me disse na noite passada...

Laura: Precisamos conversar... não foi fácil tomar a decisão que tomei... mas preciso te esclarecer algo sobre o que falei ontem...

Edgar: Não precisa... você e eu já não temos nada em comum... você não me deve explicações...

Laura: Talvez tenhamos em comum mais do que imagina...

Edgar: O que quer dizer com isso?

Nisso batem novamente a porta... Laura preparava-se para entrar na parte mais delicada da conversa.... mas a chegada de Catarina interrompe seus planos...

Catarina: Bom dia... Laura...há quanto tempo... não sabia que tinha voltado para o Rio....

Laura (secamente): bom dia

Melissa: Olá papai!

Edgar: Oi meu anjo! Tudo bem? Melissa... acho que sua avó adivinhou que viria aqui... ontem ela mandou um pote com aqueles biscoitos de nata que você tanto gosta... vai até a cozinha e pede para Matilde...(vendo a menina saindo da sala, volta-se para Catarina)O que faz aqui? Já disse para não aparecer na minha casa...

Catarina: Desculpa... desculpe Edgar...mas você mesmo me disse que sempre que eu precisasse podia trazer a Melissa aqui para você tomar conta... a empregada faltou hoje e preciso resolver algumas coisas na rua...

Laura fica muda... só observando a cena... por dentro está a ponto de explodir de tanta raiva...

Catarina: Laura... o Edgar te contou? Ah... ele é um homem maravilhoso... tem me ajudado tanto... nos últimos anos ele sempre foi muito presente na vida da Melissa.... sempre que precisávamos dele ele estava pronto para ajudar... e agora... agora tem me apoiado muito para que eu volte aos palcos...

Laura: Eu já vou indo... com licença

Edgar (desconfortável diante da situação): Espera... nós precisamos conversar...

Laura: Não há nada a falar...

Catarina (vendo a tensão que se formara entre eles): Não... quem vai sou eu... como disse tenho coisas a fazer... desculpe ter atrapalhado a conversa de vocês.... Edgar depois eu volto para buscar nossa filha... até mais ver Laura (ela sai... mal fecha a porta e comemora seu intento)

Laura: Com licença

Edgar: Laura... eu preciso te explicar...

Laura: Me explicar o que Edgar? Você não me deve nenhuma explicação...

Edgar: Devo sim...

Laura: Não... e eu admiro como pude quase cair na sua conversa... você e essa mulher... continua tudo igual... a mesma situação...

Edgar: Eu já disse um milhão de vezes que não tenho nada com ela... agora... você já não pode dizer o mesmo... me deixou bem claro isso ontem... o que veio me dizer afinal?

Laura: Como você mesmo disse... não lhe devo explicações... faço o que quiser de minha vida... e o que tinha pensado em lhe dizer não tem a menor importância, pense de mim o que quiser......Com licença

Laura sai da casa batendo a porta com força. Sente-se humilhada diante da situação...tem certeza que seu ex-marido ainda mantém uma relação com aquela mulher e para piorar ele agora pensa que ela se envolveu com outro homem... está péssima... mas a vida tem de seguir... vai para o Arquivo Nacional... tem um filho para criar e depende de seu trabalho para mante-lo...

Edgar está nervoso na sala... Tem certeza que Laura não tinha vindo até sua casa para lhe dizer algo sem importância... precisa saber o que pretendia falar...ela disse que eles têm algo em comum... precisa desfazer esse maldito mal-entendido... por que Catarina sempre aparece quando não deve... por que é tão inconveniente?

Edgar: Matilde?

Matilde: Sim Dr.

Edgar: Cuide da Melissa... preciso sair...

Edgar entra em seu carro... imagina que Laura deva ter ido para seu trabalho... decide ir ao Arquivo Nacional... não quer prejudica-la, mas precisa que pelo menos prometa que após o expediente eles vão conversar... nem que para isso tenha que novamente ficar esperando por ela na porta da instituição...

Laura chega ao trabalho e começa a fazer o seu serviço de praxe. Arruma alguns livros nas prateleiras, cataloga arquivos, auxilia pessoas que procuram por alguma informação... está guardando uma pasta com vários documentos em um dos setores do instituto, quando ouve uma voz familiar...

Joaquim: Laura? Laura Vieira?

Laura (virando-se): Sim... ah... como vai Dr. Castro?

Joaquim: Melhor agora diante de sua presença... que agradável surpresa...

Laura: Obrigada... precisa de alguma ajuda?

Joaquim: Na verdade sim... preciso encontrar um documento... se tiver sua ajuda tenho certeza que vai ser muito menos penoso esse período que passarei aqui...

Laura: Se preferir me deixe os dados que precisa e procuro o documento... assim que encontra-lo deixo na recepção...

Joaquim: Não... de forma alguma... não posso perder a oportunidade de desfrutar de sua companhia... acho até que vou passar a vir ao Arquivo Nacional com maior frequência...

Laura: Dr. Castro...

Nisto Edgar entra no Arquivo... ele vê ao longe que Laura conversa com um homem... ao se aproximar mais percebe que se trata de Joaquim... ele apressa o passo e esconde-se no corredor atrás ao que se encontram... precisa ouvir o que falam

Joaquim: D. Laura... a senhora sabe dos sentimentos que nutro por você...

Laura: E eu volto a lhe dizer que sinto muito, mas não posso corresponder-lhe... o senhor sabe disso...

Joaquim: Não perco a esperança... a senhora é tão linda... tão segura de si...mas por certo precisa de amor... e estou disposto a lhe oferecer todo o que trago em meu peito

Laura: Desculpe... mas meu coração é somente de Daniel... e ele me dá todo o amor de que preciso...

Joaquim: Mas Daniel não pode lhe dar o que eu posso lhe ofertar...

Laura: Dr. Castro, existem vários tipos de amor... e o de Daniel para mim é suficiente... o amo e sei que sou amada... sua chegada me deu ânimo para continuar a viver... em seus olhos encontro a paz e a alegria que preciso para suportar todas as provações e seguir em frente... e agora... com licença... vou procurar o Seu Marcelino... por certo sua ajuda para procura do documento será de maior valia do que a minha...

Joaquim: D. Laura...

Laura deixa Joaquim falando sozinho... No outro corredor, Edgar está desesperado, desiludido... afinal de contas... quem será Daniel? Desde quando Laura mantém um relacionamento com esse sujeito? Deve ser dele que falara em Petrópolis... Laura fala dele como se nada que viveu até sua chegada tivesse importância... como se tudo o que viveram não significasse nada... ela o esqueceu... o trocou por esse desgraçado, pensa...

Edgar sai atônito da instituição... não quer ir para casa... precisa desabafar... vai até o jornal... talvez conversar com Guerra faça bem...

Guerra: Edgar... está bem? O que houve?

Edgar: Não... nada está bem...

Guerra: O que aconteceu?

Edgar: A Laura... ela voltou...

Guerra: Voltou? E aí?

Edgar: Tem uns dias... encontrei por acaso no Arquivo Nacional... está trabalhando lá... a gente discutiu... depois eu convidei pra jantar... conversamos... nos beijamos...

Guerra: Então vocês se acertaram?

Edgar: Não... acabo de saber que ela está com outro... Ouvi quando ela estava falando com o calhorda do Joaquim... ainda dou uma surra naquele atrevido...

Guerra: Ela está com ele!? Edgar... ele era seu amigo...

Edgar: Disse bem... era... mas não... ela está com outro... ela rejeitou o Joaquim... você precisava ter ouvido o que ela disse... que seu amor é só dele... e que é nele que encontra paz para suportar e seguir a vida... ela simplesmente esqueceu tudo o que vivemos... ela me substituiu Guerra... me substituiu... e saber que de manhã tinha ido lá em casa para conversarmos... disse que tínhamos algo em comum... aí a Catarina chegou e atrapalhou tudo... por certo ela pensa que o fato dela ter um amante nos faz iguais, já que pensa que eu e Catarina temos uma relação..

Guerra:Calma Edgar... talvez as coisas não sejam assim... O que pretende fazer?

Edgar: Se não forem assim, como elas são? Não sei o que fazer... não sei o que pensar.... vou tocar minha vida em frente... consegui refaze-la a duras penas durante esse período que ela não estava aqui... se ela conseguiu me esquecer eu vou esquece-la também...

Guerra: Claro... vai sim... mas... me diga... como se chama esse homem? Você o conhece?

Edgar: Não... e não sei se quero conhece-lo... só de pensar em seu nome morro de raiva... Daniel.... seu nome é Daniel...