Naquela noite fria de outono, onde apenas as luzes amareladas dos postes ainda tão recentemente colocados nas ruas fazem com que as trevas se dissipem, Praxedes anda a passos apressados... Fora chamado às pressas à delegacia e diante de tal confissão, não há outra atitude a tomar... É necessário informar ele mesmo ao casal Vieira o que Caniço finalmente depusera... Mantém o andar apressado e lamenta-se mentalmente por não possuir um automóvel... Saiu tão rapidamente de casa, mal tivera tempo de trocar sua roupa civil pelo uniforme, que nem ao menos alguns tostões para o bonde ou quiçá um coche havia em seus bolsos... Sendo assim, continua com sua caminhada até o Bairro Laranjeiras....
Enquanto isto, na tecelagem, apesar do expediente já ter sido encerrado, Filipa continua debruçada sobre as inúmeras folhas que tem em sua frente...
Manoela: Filipa... vamos... Vemos isto amanhã...
Filipa: Manoela... preciso fazer isso novamente...
Manoela: Mas já fizeste uma dúzia de vezes....
Filipa: As contas não fecham... Não tem jeito!...Vamos ter que verificar as folhas de pagamento de todos os funcionários outra vez
Manoela: Certo... mas deixa isso para amanhã...
Filipa: Amanhã? Manu, precisamos correr contra o tempo... temos que pagar os empregados!
Manoela: Eu sei... estamos no início do mês...mas temos uns dias!... Já viu que horas são?
Filipa: Não... (olhando para o relógio) Nossa! Não pensei que já fosse tão tarde... Ai Manoela.... preciso resolver isso.... se não.... o que vou dizer ao Edgar?... Ele me confiou a administração... O que vai pensar?... Que não sei resolver nem um problema na contabilidade da empresa?
Manoela: E quem disse que não vai resolver? Filipa! Você está cansada... Está há horas concentrada nisto... Precisa descansar!... Amanhã a gente vai encontrar o erro que há nessas folhas.... e nas minhas... Também estou com problemas aqui...
Filipa: Tem razão.... Talvez um bom banho e descanso me façam pensar com mais clareza e ver onde está o problema... Vamos (organizando os papéis e pegando a bolsa)
Enquanto as moças deixam a tecelagem em direção ao hotel que ainda permanece sendo sua moradia, no Bairro de Laranjeiras, Laura e Edgar finalmente chegam a sua residência... Adentram o vestíbulo sem fazer alarde ao perceberem que tudo parece quieto...
Laura: Será que já foram dormir?
Edgar: Parece... está muito silencioso...
Laura: Ai... preciso tomar um banho!... O dia foi ótimo... mas estou precisando relaxar...
Edgar: Ótima ideia!... Sendo assim... acho que podemos continuar o que paramos na escola, lá no quarto de banho...O que acha?(virando Laura para si e a beijando com ardor)
Nisto ouvem passos.... Ao perceberem que alguém se aproxima, soltam-se tentando disfarçar a situação... Daniel, já de pijamas e com um grande urso Ted nos braços, desce devagarinho os degraus da escada seguido pela irmã, também pronta para dormir de camisola e uma grande boneca de pano...
Laura: Oh meus amores!... Achei que já tinham ido dormir...
Edgar: Estava um silêncio nessa casa!...
Gertrudes: Eles estavam no banho... Estão cansadinhos mesmo.... nem quiseram brincar.... Mas disseram que só iam dormir depois que vocês chegassem....
Laura: E eles já jantaram?
Gertrudes: Ainda não... Estava os levando a cozinha para lancharem...
Daniel: Papai... conta uma história para gente?
Melissa: Isso... uma bem bonita...
Edgar (pegando Daniel no colo e conduzindo Melissa até o sofá): O papai vai contar sim... mas depois que comerem...
Laura: Gertrudes... faça o lanche para todos nós... Também estou com fome...
Gertrudes: Vou providenciar... Acho que Matilde deve estar com tudo preparado... Com licença...
Edgar: E então... O que acharam da escola?
Melissa: Eu adorei!... Que bom que amanhã vou lá outra vez... e depois de amanhã... e depois...
Laura: Sim minha querida!... De agora em diante você e eu vamos todos os dias à escola... Tem tanta coisa que aprendi e quero dividir com você e os seus coleguinhas...
Daniel: Eu queria ir junto...
Edgar: Oh meu anjo... Vai chegar o tempo de ir... Você ainda é muito pequeno para ir à escola...
Daniel: Mas papai...
Laura: Seu pai tem razão... Mas ano que vem você vai também...
Daniel: Mas quem vai brincar comigo?
Laura: A Gertrudes..
Daniel: Não é a mesma coisa...
Edgar: A Melissa vai continuar brincando com você... Ela vai estudar à tarde... Vai ter tarefas em casa... mas vai poder continuar a brincar contigo...
Daniel: Mas ela vai aprender e eu não...
Laura: Meu amor... você sempre está aprendendo alguma coisa!... Não é por ir ou não à escola que a gente não está aprendendo...
Melissa: Dani... você é muito criança para ir para escola!
Daniel: Você também é criança... e tem mais meninos lá... (olhando para a mãe com carinha de choro) Mamãe... deixa eu ir... Eu fico lá bem quietinho...
Laura: Meu anjo... eu sei... mas não pode agora... logo vai poder...
Edgar: Daniel... vai ver... o tempo passa voando!... Quando menos esperar vai estar indo para a escola também...
Laura (tentando mudar de assunto, vendo que a mesa está posta): Me digam uma coisa... Quem quer um grande copo de leite com os biscoitos de manteiga e chocolate da Matilde?
Melissa e Daniel: Eu!
Edgar: Ah... mas isso até eu quero...
Todos dirigem-se a mesa já colocada para o café da noite da família Vieira... Enquanto isto, no saguão do Hotel onde as moças portuguesas se encontram, Joaquim conversa com Filipa...
Joaquim: Meu bem... não te apoquentes tanto!... Logo vais achar a solução...
Filipa: O que me preocupa é que pensem que sou incapaz...
Joaquim: Filipa! Tu sabes que quem te pôs nesse cargo sabe que és competente...Confiam em ti
Filipa: Por isso mesmo!... Preciso corresponder às expectativas!... Sabe... vim para elucidar um caso... virei administradora da tecelagem... Nem consegui resolver o que me propus...
Joaquim: Eu sei que vais conseguir... Desculpa por não poder te ajudar mais...
Filipa: Eu que peço perdão... Devo estar te aborrecendo com meus problemas... Teus dias também não tem sido fáceis...
Joaquim: Eu diria que atrapalhados... Olha só... com a pressa esqueci de trazer um documento que o Albertinho me pediu para enviar pela Manoela...
Filipa: A Manoela disse que estava cansada e ia dormir.... Eles não vão se ver hoje.. Ele está no quartel...
Joaquim: Ele precisa do documento amanhã cedo... Disse que passava aqui quando saísse do serviço... Deixei em cima da mesa da sala... Vou ter de buscar...
Filipa: Tudo bem... Espero você...
Joaquim: Você podia me acompanhar... Assim aproveitamos e damos uma volta...
Filipa: Não sei...
Joaquim: Filipa... não tem nada demais...
Filipa: Está certo!... Vamos então...
O casal anda alguns metros e embarca rumo a casa do advogado... Enquanto isso, na casa do bairro de Laranjeiras, após o lanche da noite, vencidos pelo cansaço, Daniel e Melissa são levados para seus quartos, onde após alguns parágrafos de Mogli, o Menino Lobo, lidos pelo pai, adormecem profundamente... Edgar sai pé ante pé do aposento das crianças, indo em direção a sala, onde Laura revisa pela última vez seu artigo denunciando o desvio de dinheiro público...
Edgar: Dormiram...
Laura: Sim... estavam tão cansadinhos...
Edgar: E você? Ainda não se deu por vencida? Achei que estivesse cansada também
Laura: Precisava terminar isso...
Edgar: O artigo?
Laura: Sim... Estava dando uma última revisada...
Edgar: Ótimo... Combinei com o Guerra como me pediu... Amanhã pela manhã nós o encontramos na redação para entregar a matéria... Pensou em um pseudônimo?
Laura: Sim... Filipe Machado... O que acha?
Edgar (rindo): Original... Junção de dois grandes escritores...
Laura: Sim.. e agora... leia!... Quero sua opinião...
Edgar (lendo o papel que Laura lhe alcançara e falando desanimado): Está excelente...
Laura: O que foi? Esse seu excelente não me convenceu... Tem algo errado com meu texto?
Edgar: Não... o texto está realmente ótimo... o que está escrito nele Laura... Meu pai está metido nisto até o pescoço... Estou morrendo de vergonha!... Sabe meu amor... eu fico pensando... quando criança... meu pai era meu herói... meu exemplo... Era o que eu queria ser quando crescesse!.. E hoje... aquele homem que era meu modelo... simplesmente não existe!... Aquele homem bom... justo... honesto que eu pensava ser o meu pai... se mostrou exatamente o oposto!... Tudo que quero nessa vida é que meus filhos cresçam e quando forem adultos não sintam por mim o que sinto pelo senho Bonifácio Vieira...
Laura: Meu amor.. Eles sempre vão ter orgulho de você!... O mesmo orgulho que tenho por ser sua esposa e por eles serem seus filhos.. Filhos de um homem bom... justo.. íntegro... com princípios...
Edgar: Obrigado meu bem...
Laura não diz mais nada... Apenas abraça o marido como uma forma de consolo... Nisto ouvem batidas na porta...
Laura: Quem será a uma hora destas?
Edgar: Fica aqui... Eu vou ver... (indo até a porta e abrindo) Delegado Praxedes? Entre... A que devo a honra da sua visita?
Praxedes: Boa noite... com licença (entrando, avistando Laura que se aproxima e cumprimentando também a moça) Desculpem o adiantado da hora, mas creio que a notícia que trago é importante para os senhores...
Edgar: Pois o senhor diga...
Praxedes: Finalmente Caniço depôs... Confessou que realmente foi quem executou, junto com alguns comparsas, o incêndio na escola... E entregou seus mandantes...
Edgar: Há mais de um?
Praxedes: Dr. Vieira.. eu peço que fique calmo... Ele depôs que quem o procurou foi Fernando Vieira...
Edgar: Meu irmão? Sabia que ele tinha raiva de mim... mas nunca pensei que chegasse a esse ponto!... Contratar alguém para matar minha esposa e meus filhos!...
Praxedes: Segundo o meliante, Fernando apenas o pôs em contato... Quem contratou, planejou, e pagou pelo serviço foi... Catarina Ribeiro...
Edgar: Eu já desconfiava... A atitude dela, telefonando para cá dizendo que teve um pressentimento que algo havia ocorrido com Melissa naquela noite...
Laura: Eu também... era a única pessoa que poderia mandar fazer algo assim... Ela nunca escondeu que queria se livrar de mim e do meu filho...
Edgar: Já expediram mandado de busca e apreensão?
Praxedes: Sim... por sinal... Sabe onde seu irmão se encontra?
Edgar (fechando os punhos tentando conter-se ao pensar no irmão): Felizmente para ele, não sei... pois se soubesse a estas alturas não estaria aqui falando com o senhor...
Laura: Edgar... acalme-se!... Delegado... e quanto a Catarina?
Praxedes: Ela encontra-se foragida... isto pelo processo movido pela Sra. Nascimento... Estão sendo feitas buscas por todo o estado, bem como nos estados vizinhos.... Os portos e ferrovias também foram comunicados... Infelizmente, não conseguimos captura-la... Mas estamos fazendo todo o possível...
Edgar: E se ela fugiu para outro estado... país antes disso? A intimação para o pagamento da indenização foi recebido... Dias depois ela sumiu!
Praxedes: Vou entrar em contato com a polícia dos outros estados mais distantes.. assim como a de Portugal... Se viajou para a Europa.. o primeiro destino deve ter sido este... Quanto a seu irmão... não deve ser difícil localiza-lo... Não vou mais tomar o tempo de vocês... Boa noite...
Edgar (voltando para sala após acompanhar o delegado até a saída): Bem... a gente já esperava... Só não me conformo com Fernando!.. Laura.... meu irmão simplesmente me odeia!... Ele dessa vez conseguiu... me acertou onde mais dói...
Laura: Fernando pôs Catarina em contato com o Caniço... mas não sei até que ponto está envolvido... Não sei se teria coragem de mandar atear fogo a um local com pessoas... Mas convivendo com quem estava...

Edgar: Catarina...
Laura: Ai Edgar... estou com medo... com um mau pressentimento!... Essa louca está solta por aí... Temo por nossos filhos...
Edgar: Ela é louca, mas não é idiota!... Ela não faria a estupidez de aprontar alguma coisa... não agora... com a polícia atrás dela!... Acalme-se!... Tudo vai ficar bem... e logo essa maldita vai estar atrás das grades...
Laura: Espero que isso não leve muito tempo...
Edgar: Não sei como te pedir perdão... por minha culpa essa mulher entrou nas nossas vidas... Só de pensar que por culpa dela eu fiquei longe de você e do Daniel por 4 anos e que agora quase perdi vocês e Melissa...
Laura: A gente precisa proteger as crianças... essa mulher é capaz de qualquer coisa...
Edgar: As crianças e você... Talvez fosse bom não ministrar suas aulas até que a encontrem... Seria mais seguro se fossem passar um tempo em Petrópolis...
Laura: Nem pensar! Não vou virar refém do medo e ficar escondida no interior! Desculpa Edgar... mas a nossa vida tem que seguir com a Catarina estando presa ou solta...
Edgar: Não se zangue!... Só aventei a hipótese... e sei que tem razão... A gente nem sabe quanto tempo vão levar para prende-la... isso se conseguirem!... Vou pensar em algo para proteger vocês aqui mesmo...
Laura: Não seja pessimista!... Logo ela será presa... Vamos ter fé!... E agora, senhor advogado... Vamos dormir?
Edgar: Vamos... pelo menos tentar... Essa notícia me tirou o sono...
Laura: A mim também... mas precisamos descansar... Tivemos um dia cheio hoje... e acho que amanhã não será muito diferente.... Terei mais uma batalha... Enfrentar o Sr. Carlos Guerra não será fácil!..
Edgar: Não acho que será tão difícil... o Guerra é jornalista... Tem a mente mais aberta...
Laura: É o que espero meu amor... é o que espero...
O casal sobe lentamente as escadas e após um banho rápido, deita-se com a intenção de dormir... Mas é em vão... Acomodados de mãos dadas sobre o ventre proeminente da professora, pensam em Catarina e em tudo o que fez... Enquanto isto, em um local não muito longe dali, Joaquim e Filipa chegam a residência do advogado... Uma casa pequena, simples e um tanto desorganizada, denotando que ali reside um jovem solteiro...
Joaquim: Entra Filipa... só não repare a desordem!... A faxineira só vem amanhã...
Filipa: Não te preocupes... Lembro que nunca foste um exemplo de organização!... (vendo uma grande estante repleta de livros) Nossa!.... Trouxeste todos os teus livros de Portugal?
Joaquim: Sim... e nem todos estão nesta estante... Tenho vários espalhados pela casa... Fica a vontade... O documento que esqueci deve estar naquela mesa...

Filipa retira um e outro volume da estante em sua frente... Depara-se com A Cidade e as Serras de Eça de Queiroz...Há tantos anos lera... Lembra-se do dia que Joaquim, então seu noivo, lhe dera como presente... e que tempos depois devolvera... como tudo o que Joaquim lhe havia dado... Retira o livro do lugar.... Abre... e logo comove-se ao ver na folha de rosto do volume a dedicatória há tantos anos escrita...
Filipa (indo até Joaquim com o livro nas mãos): Tu guardaste!... Não esperava...
Joaquim: Por que não?
Filipa: Pela situação em que te devolvi isto... e todo o resto... Pensei que irias dar um fim... doar...
Joaquim: Não consegui me desfazer das únicas lembranças físicas que tinha de ti.. pois as da memória, essas eu sabia que jamais se apagariam... Olha Filipa... eu posso ter tentado recomeçar e ter cometido algo terrível por ter uma visão distorcida e egoísta nesta minha busca por uma vida nova....mas mesmo assim... mesmo tentando refazer minha vida... nunca te esqueci...
Filipa: Também... nunca te esqueci...
Joaquim aproxima-se mais da moça e pegando sua mão aplica-lhe um beijo leve no dorso... Aproxima mais seu rosto e roça levemente seus lábios nos de Filipa... Envolve a cintura da advogada em seus braços e profunda mais o beijo... Andam alguns passos até que o rapaz faz com que a moça sente no tampo da mesa.... Os beijos e carícias ficam mais intensos... o rapaz avança com os beijos pelo pescoço e começa a abrir os botões da blusa da jovem, que, subitamente afasta Joaquim de si...
Joaquim: O que foi?
Filipa: Joaquim... não... (descendo da mesa e arrumando a blusa)
Joaquim: Mas Filipa... a gente se conhece há tanto tempo... e eu te amo... te quero tanto...
Filipa: Também te quero... mas... não quero fazer algo que me arrependa depois... A gente já esperou tanto... Me dá mais um tempinho...
Joaquim: Está bom... Desculpa se me excedi...
Filipa: Não fica chateado... Tenta me entender...
Joaquim: Está tudo bem....eu vou respeitar o teu tempo... (dando um beijinho em Filipa)
Filipa: Obrigada... Agora é melhor eu ir... Já está ficando tarde...
Joaquim: Eu te levo... Mas antes... quero te falar mais algo....

Filipa: Fala...

Joaquim: Meu amor... não estou disposto a esperar por mais muito tempo...
Filipa: Bem... se pensa...
Joaquim: Deixa-me terminar de falar... Dependendo da resposta que me der... Amanhã mesmo entro em contato com teu pai...
Filipa: Resposta?
Joaquim: Sim... quero uma resposta para a seguinte pergunta (rindo) Talvez eu devesse ser mais romântico e te ofertar algumas flores antes e certamente uma aliança... mas... Filipa Borges... Aceita casar-se comigo?
Filipa (rindo e abraçando o rapaz): Joaquim!
Joaquim: Eu quero uma resposta, Dra. Borges...
Filipa: Sim... claro que sim, meu amor... (beijando o advogado com ardor)
Joaquim: Bem... então... logo podemos marcar esse casamento...
Filipa: Que pressa, cavalheiro...
Joaquim: Acho que já esperamos tempo demais... não quero passar mais tempo sem você a meu lado... (beijando Filipa com ardor)
Filipa: Bem... eu aceitei... Disseste que vais mandar uma carta a meu pai... Então... esperemos ao menos a resposta dele... E agora vamos...
Joaquim: Está bem.. vamos... antes que eu descumpra o que disse sobre respeitar o teu tempo...
O casal agora com um compromisso firmado entre si sai daquela residência em direção ao hotel onde há algum tempo Manoela dorme a sono solto... Enquanto isto, longe dali, no Rio Comprido, hospedada em uma pensão de má fama, sentada junto a uma pequena mesa iluminada apenas pela fraca luz de um lampião a querosene, Catarina pensa no que irá fazer... Suas economias estão terminando... E precisa fugir... Precisa providenciar falsos documentos...É preciso por em prática seu plano... de uma vez por todas...