Dr. Assunção está no silo de armazenamento de grãos conferindo a produção de café de suas terras. Aparício, um agregado da fazenda, chega a cavalo e entra no local correndo

Aparício: Dr.... Dr. Assunção...

Assunção: que foi Aparício? Por que tanto escândalo?

Aparício: A sinhazinha Laura... ela vai parir doutor....tão precisando do senhor na casa grande

Assunção: Meu neto! Vamos! Preciso chegar logo...

Eles montam seus cavalos e em pouco tempo estão novamente na sede da fazenda. Dr. Assunção entra na casa e vê Gertrudes ajudando Laura a caminhar pela casa.

Gertrudes: Vamos filha...dizem que caminhar ajuda a criança a nascer...

Dr. Assunção: Gertrudes... você já fez algum parto?

Gertrudes: Não Doutor... mas ajudei a parteira lá em São Gonçalo a trazer algumas crianças pro mundo...

Dr. Assunção: Pois então você vai me ajudar.... Laura.. filha.... como está a dor?

Laura: Está cada vez pior... parece que vão me rasgar ao meio... não sei se aguento mais essas contrações (ela fica ofegante) aí vem mais uma... (gritando e se contorcendo)

Dr. Assunção: De quanto em quanto tempo ela está com contrações, Gertrudes?

Gertrudes: Estão ficando menos espaçadas... acho que a cada cinco minutos...

Dr. Assunção: Leva ela para o quarto e ajude a deitar-se... Filomena... vá com elas.... eu vou pegar minha maleta e já vou pra lá....

As empregadas da fazenda levam Laura e a fazem deitar-se. D. Gertrudes apoia suas costas e Filomena fica esperando que Dr. Assunção lhe diga o que fazer

O pai de Laura entra. Ela já não suporta a dor.

Dr. Assunção: Laura... quando você sentir que vem uma contração você faz força.. D. Gertrudes... a ajude empurrando com as mãos

As contrações ficam cada vez mais dolorosas e repetitivas. Laura faz força. Grita. Está ofegante. Suada. D. Gertrudes tenta ajuda-la forçando a barriga de Laura para baixo...

Dr. Assunção: Só mais uma força... já estou vendo a cabeça do bebê...

Laura força mais uma vez... está esgotada... mas alegra-se e sorri entre lágrimas... ouve o choro de seu filho pela primeira vez...

Dr. Assunção (cortando o cordão umbilical e erguendo o bebê): Meu neto! É um menino! Um menino, Laura....

Dr. Assunção examina o bebê, o enrola em uma toalha e o entrega para a mãe: Laura... este é seu filho..( Laura vê pela primeira vez o rostinho do filho... suas lágrimas correm...)

Laura: Meu filho... seja bem-vindo... a mamãe te ama muito...

Dr. Assunção: Laura... agora a Filomena vai vesti-lo... e eu vou terminar de cuidar de você...

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o pai da criança nem imagina o que está se passando na fazenda. Está em seu escritório analisando documentos. Edgar para um instante e abre uma gaveta procurando por alguns papeis e se depara com uma foto de Laura. Ele pega a foto e olha tristemente para ela pensando: "meu amor...como estará e o que estará fazendo?.. será que está bem?.... deve estar feliz... já deve ter me esquecido... enquanto eu aqui estou morrendo aos poucos...sentindo sua ausência.... como queria estar com você... mas você preferiu assim.."

Na Rosa Branca, Filomena leva o bebê para outro lado do quarto e cuidadosamente o veste. É preciso aquece-lo. Enquanto isso, o pai de Laura cuida dela. Filomena traz o bebê para junto deles... Laura o acalenta em seu colo enquanto oferece o seio para mamar.

Laura: Meu anjinho...

Dr. Assunção: Ele é lindo... saudável... perfeito... parecido com o avô (dando risada)

Laura (sorrindo): Claro... ele deve ter alguma coisa sua...olha... acho que as orelhas são suas...

Dr. Assunção (sério):É... mas o resto... não tem como não dizer de quem ele é filho...

Laura (com um sorriso triste): Sim meu pai... ele é igualzinho ao Edgar...o tom da pele... o formato da boca.. os olhos...o nariz... pena que ele não tem interesse nenhum em conhece-lo

Dr. Assunção: Laura... como pode dizer isso? Você mesma fez questão de manter em segredo a sua gravidez...

Laura: Pai... eu acabei mandando uma carta para ele contando do bebê... mas ele não respondeu... ele não quer saber da gente

Dr. Assunção (indignado e tentando não demonstrar a Laura): Bem.. filha.. agora a única coisa que quero é que você descanse... e cuide do meu netinho... por sinal... você já pensou em um nome pra ele?

Laura: Ele vai se chamar Daniel.. Daniel Assunção Vieira

Dr. Assunção: Bonito nome... espero que tenha a fé e as virtudes do profeta bíblico... mas... voltando a falar em Vieira.... não acredito que Edgar não se importe com um filho... deve ter acontecido alguma coisa...

Laura: Não pai.. não deve ter acontecido nada... e lhe peço.. não o avise sobre o nascimento do Daniel... ele é meu filho... e como o pai dele o ignorou... eu vou cuidar dele... sozinha

Dr. Assunção: Sozinha não... eu e sua mãe sempre vamos te ajudar...

Laura: Pai... não quero que D. Constância saiba do bebê... é capaz de amanhã mesmo estar aqui e me tirar completamente a paz... me dizer o que eu tenho que fazer... exigir retratação do pai.... não quero nada disso... aliás... ninguém daquela cidade deve saber... as únicas pessoas que saberão da existência do Daniel serão você, a Sandra e a Isabel...

Dr. Assunção: Laura... isso não é certo...

Laura: Pai... pelo menos por enquanto... mantenha a existência de Daniel em segredo...