Laura chega na casa dos Assunção a procura de Albertinho... precisa falar com o irmão sobre a situação de sua amiga Isabel... Luzia abre a porta, mas como aquela ainda permanece sendo sua casa, Laura não usa de muita cerimônia.... já que não encontra ninguém da família nas dependências inferiores da casa, sobe para o segundo piso da residência... está se dirigindo ao quarto do irmão, quando ao passar pelo quarto da mãe, acaba ouvido o que Constância diz... gostaria de não ter ouvido nada mas já é tarde.. Laura percebe que sua mãe vai sair do quarto e corre para o banheiro... espera ela passar e entra no quarto da baronesa...

Laura: Sei que não devia fazer isso... mas... se isso tem a ver com o Edgar e eu... preciso saber....

Laura pega a chave e abre a gaveta... retira a carta tomando o cuidado de não mexer nos outros papéis que estão guardados com ela... abre e começa a ler o conteúdo da carta:


Lisboa, 29 de janeiro de 1905

Meu caro Edgar

Espero que esta te encontre bem. Imagino que não esperava que entrasse em contato contigo após nosso último encontro. Mas, depois dele aconteceram algumas coisas que agora preciso contar.

Quando terminamos não tive coragem de contar-lhe que havia descoberto há pouco que estava grávida. Com nosso término e sua decisão firme em voltar ao Brasil, resolvi por bem que iria criar minha filha sozinha... sim, filha... temos uma menina.... linda... ela se chama Melissa e conta agora com 1 ano e 2 meses. Melissa é uma menina esperta, inteligente, mas, infelizmente tem a saude muito frágil. Seus pulmões são muito sensíveis , ela tem grandes dificuldades respirátorias e já teve alguns ataques de asma... a cada um deles me desespero pois acho que será a última vez que verei minha filha com vida.

Estava conseguindo manter a menina sem sua ajuda, mas devido a sua saúde delicada tive de parar de trabalhar para me dedicar exclusivamente a menina. Minhas poucas economias estão acabando e não tenho mais a quem recorrer. Edgar... você é pai dela... preciso de seu auxílio... sei que você é um homem bom... com caráter... e que jamais deixaria um filho seu a própria sorte. Por favor, responda-me esta carta assim que possível...

Catarina

Laura termina de ler a carta às lágrimas. Seu mundo acaba de desmorronar. Limpa o rosto e sai correndo daquela casa rumo a sua. Mas não sabe o que fazer... o correto seria entregar a carta a seu destinátario, mas... isso pode acabar com seu casamento... No caminho passa pelo Teatro Alheira, tem a ideia de conversar com sua amiga Isabel

Isabel: Laura... que bom te ver... (percebendo a cara da amiga) O que houve? Por que está assim... você parece deseperada...

Laura: Ai Isabel... eu não pareço... eu estou... tudo por causa dessa carta...

Laura conta a Isabel o teor da correspondência... Isabel fica em choque... jamais pensara que a amiga pudesse passar por algo assim...

Laura: Mas, o pior é que não sei o que fazer com essa carta... sei que o certo é entregar para o Edgar... mas tenho tanto medo...

Isabel: Medo por que?

Laura: ele agora tem um filho ...com outra mulher... o filho que eu deveria estar dando a ele... tenho medo de perde-lo

Isabel: Laura... você sempre foi tão sensata... o Edgar tem o direito de saber que tem uma filha... e o fato de ter um filho não quer dizer que ele vai te amar menos... é melhor que você entregue essa carta... antes que ele saiba dessa criança de outra forma... ou por outra pessoa... você disse que a carta estava com sua mãe... e também a Catarina pode acabar enviando outras...

Laura: Tem razão... mas é tão difícil pensar friamente sobre isso... não sei nem descrever o que estou sentindo...

Vai para casa... Edgar ainda não chegou. Entra em seu quarto e tenta pensar no que vai fazer com aquela correspondência... ouve passos se aproximando... e agora, o que fazer?