O sábado à noite chega, aqueles quatro dias que separaram a novidade contada por Constância e a festa a qual Laura e Edgar seriam apresentados, passaram em velocidades diferentes para os dois jovens. Para Laura, o sábado chegara em um instante, mal conseguira tempo para organizar seus pensamentos acerca da situação, já para Edgar os dias pareciam passar devagar, desde o dia que sua mãe chegara em casa falando da moça que queria que ele conhecesse, das qualidades de Laura, era uma linda moça de pele alva, cabelos castanhos, sorriso encantador, educada, gostava de ler... Edgar estava ansioso, estava curioso, sua mãe falava dela com tanto ânimo, segurança e certo carinho ao descrevê-la para ele.

Margarida bate à porta do quarto de Edgar:

- Está pronto meu filho?

Edgar: - Quase minha mãe, só falta a gravata que sempre me dá muito trabalho.

Margarida: - Deixe-me dar um jeito nisso. (Ajeitando a gravata de Edgar e olhando para o filho, abrindo um largo sorriso). Você está lindo meu filho, parece um príncipe. Desse jeito Laura se apaixonará por você à primeira vista.

Edgar ri sem graça: - Mamãe!

Margarida: - É verdade qualquer moça se apaixonaria por você meu filho, além de lindo, responsável, carinhoso, é um ótimo filho e como dizem: bom filho... bom marido!

Edgar: - A senhora está linda mamãe, se pareço um príncipe a senhora está uma verdadeira rainha.

Os dois riem e se abraçam com carinho.

Margarida se solta do abraço e segura nas mãos do filho.

- E então ansioso para conhecer a Laura?

Nervoso, Edgar rindo diz: - Muito! A senhora não parou de enchê-la de elogios durante todos esses dias. Mal posso esperar para conhecê-la.

Enquanto isso na casa dos Assunção...

Carlota, Alice e Celinha que foram para lá para irem todos juntos aos cuidados de Assunção para a mansão dos Vieira, esperavam na sala na companhia deste e de Albertinho. Constância desce as escadas deslumbrante com seu vestido de festa, mas já irritada dando por falta de Laura que ainda não se encontrava pronta:

- Mas Laura ainda não desceu? Essa menina sempre fazendo de tudo pra nos irritar Assunção. Será que ela resolveu não ir? Ah, pois irei agora ao quarto dela e a levo para aquela festa nem que seja arrastada pelos cabelos.

Celinha: - Que horror Constância! Se Laura está demorando com certeza é sinal que está caprichando nos detalhes para ficar ainda mais bonita. Deixe que eu subo e converso com ela. Venha comigo, Alice?!

Alice acompanha Celinha e as duas seguem em direção ao quarto de Laura. Batem à porta.

Celinha: - Laura?! Sou eu e Alice minha querida.

Laura reconhece a voz da tia e a manda entrar. Ao entrarem Celinha e Alice encontram Laura arrumada, linda. O ar de menina se confundia em meio aos primeiros raios de mulher que surgiam no corpo da jovem moça. Laura trajava um vestido branco com singelos detalhes em dourado, os cabelos soltos com duas finas mechas presas compunham a imagem dela para aquela noite. Celinha e Alice se deparam com Laura sentada em sua cama, de cabeça baixa.

Celinha: - Laura você está deslumbrante!

Alice: - Você está linda Laura, mas por que ainda não desceu, já que está pronta? Estão todos te esperando.

Laura: - Vocês sabem por que a minha mãe insiste tanto para que eu vá nessa festa, não sabem?

Celinha e Alice: - Sim.

Celinha: - A Constância me contou.

Alice: - E a tia Celinha acabou por me revelar. E o que tem demais nisso?

Laura: - O que tem demais nisso Alice? Você não vê? Minha mãe me arruma um pretendente o qual eu não conheço, apenas sei o nome porque ela me fez o favor de revelar. Diz que se tudo der certo ele será meu marido daqui um tempo e meu pai está de acordo com toda essa loucura.

Alice: - Mas Laura, as coisas sempre foram assim! Os pais arrumam um rapaz de boa família, para ser o pretendente da filha, com o qual ela se casará um dia, quando o pai a entregar para o marido que será o novo responsável por zelar por ela. Eu confesso que não vejo a hora em que a mamãe arrume um pretendente para mim. (Rindo).

Laura e Celinha: - Alice! (as duas ficaram admiradas com a confissão de Alice, afinal se Laura já se achava muito nova pra tamanho comprometimento, a prima era ainda mais jovem.)

Celinha: - Se sua mãe lhe ouve falando isso nessa idade Alice, não sei do que ela seria capaz, mas Alice tem razão Laura, sempre foi assim.

Laura: - Mas é porque sempre foi, significa que eu tenho que aceitar que seja assim pra minha vida?

Celinha e Alice não respondem nada. Estavam tão acostumadas a aceitarem as imposições que lhes eram feitas sem nunca questionarem nada que não sabiam o que responder à Laura. Neste instante então, Celinha quebra o silêncio.

Celinha: - Eu já passei por essa situação!

Alice e Laura: - Passou? (Admiradas)

Celinha: - Claro. E por que me olham com essas caras? Não é porque ainda não me casei que eu não tenha tido um pretendente. Papai me levou a uma festa para que nós nos conhecêssemos, Rubens o nome do meu pretendente, até hoje me lembro de seu nome e até hoje me lembro do vinho que derramei sobre sua roupa.

Laura e Alice começam a rir de Celinha, e Laura pergunta:

- A senhora derramou vinho na roupa do rapaz em meio à festa que foi conhecer o seu pretendente tia?

Celinha: - Isto foi apenas o começo. No susto me virei buscando algo que pudesse ajudá-lo a tirar a mancha do vinho e acabei por esbarrar em um dos garçons que caiu no chão quebrando várias taças. Um verdadeiro horror. Rubens ainda foi capaz de me perdoar, achando que minhas trapalhadas eram devido apenas ao nervosismo que sua presença me provocava e me convidou para conversarmos no jardim. Lá acabei me atrapalhando ainda mais e fiz o coitado cair no chafariz.

Laura e Alice caem na gargalhada.

Laura: - Desculpe tia, mas derrubou seu pretendente num chafariz?

Celinha: - Pois foi, estava nervosa. Aí acho que por ele temer por sua integridade física e segurança acabou não firmando compromisso comigo.

Laura: - Ai tia, só a senhora mesmo pra me fazer rir neste momento. Bom, pelo menos o Edgar não correrá o risco de acabar ir parando dentro de um chafariz por minha causa. Será que na casa dos Vieira existe um chafariz?

As três riem.

Celinha: - Que bom lhe ver mais animada Laura. Pelo menos a minha patocoada da juventude serviu de alguma coisa, fazer um sorriso brotar no rosto de minha linda sobrinha. (Celinha acaricia o rosto de Laura e as duas se abraçam).
Vamos então Laura, Edgar lhe espera, não há de ser de todo mal.

Laura: - Na pior das hipóteses o máximo que pode acontecer é o Edgar acabar ficando todo ensopado dentro de um chafariz. (rindo).

Alice: - Ou com a roupa manchada de vinho.

Celinha: - Já vi que vocês duas não vão me deixar em paz por conta dessa história, por um bom tempo.

Laura: - Não mesmo tia. (gargalhando).

Laura, Celinha e Alice seguem para a sala e se encontram com Assunção, Constância, Albertinho e Carlota e logo todos seguem para a mansão dos Vieira.