Dois dias se passam e à noite chega, Edgar finalmente irá para sua primeira visita à casa dos Assunção como namorado de Laura. Não seria como ele realmente queria, não teria muitas chances de ficar sozinho com ela, falar de todos os sentimentos que ainda não puderam ser ditos, pois Constância fez questão de oferecer um jantar para as duas famílias, um jantar simples, mas que segundo ela era importantíssimo para os Assunção e os Vieira celebrarem a boa nova: Laura e Edgar estavam namorando. Laura não estava muito a favor da ideia, não se conformava com tanta formalidade, porém não escondia a felicidade e a ansiedade afinal desde o pedido de Edgar, já haviam se passado dois dias que eles não se viam, a menina estava curiosa afinal era tudo tão novo pra ela: estava em um compromisso sério, namorando, estava apaixonada descobrindo pela primeira vez o amor e todas as sensações que vem junto a esta descoberta. Enquanto Edgar se preocupava com a roupa, com o perfume, ajeitava os cabelos, todos os detalhes para estar perto de sua amada. Laura por sua vez estava ansiosa, nunca se arrumara com tantas expectativas, a menina mal conseguia ficar parada, alternava os locais da casa em que ficava a espera de Edgar, olhava a janela de seu quarto, a porta, saia ao jardim. Até que em uma dessas alternâncias de lugar quando ela rumava de seu quarto para a sala, ela ouve a voz de Edgar.

Os Vieira chegam à mansão dos Assunção. Laura espera ansiosa ao lado dos pais e do irmão a chegada de Edgar.

Assunção: - Boa noite a todos é muito bom ver toda a família reunida.

Constância completa: - Sobretudo para nos reunirmos em uma ocasião tão importante, nossos filhos agora tem um compromisso, estão namorando, não está feliz Margarida? (diz Constância esbanjando felicidade e indo dar um abraço em Margarida)

Margarida: - Não poderia estar mais feliz Constância minha querida, Laura é uma moça maravilhosa Edgar não poderia ter feito escolha melhor e além do mais os dois se gostam tanto.

Bonifácio intervém: - Se gostam tanto que não estão a prestar atenção nenhuma ao que as senhoras dizem. Percebam só como os dois se olham, parecem dois pombinhos encantados.

Os membros das duas famílias riem fazendo que Laura e Edgar despertem do transe e fiquem um pouco sem graça com a situação.

Margarida puxando o braço de Bonifácio: - Bonifácio! Assim você deixa os dois sem graça.

Bonifácio: - Ah à partir de agora teremos uma relação mais estreita entre as duas famílias, suponho que possa fazer minhas brincadeiras.

Edgar: - Laura como você está linda.

Margarida: - Linda e extremamente feliz pelo que podemos perceber está com um sorriso radiante minha querida.

Constância: - O motivo de toda essa felicidade tem nome e sobrenome: Edgar Vieira. Laura mal pode se conter esperando por este dia. Estava ansiosíssima.

Margarida: - Edgar também, foi difícil controlar este menino queria logo vir ver a namorada. (Diz Margarida acariciando o rosto do filho que sorri).

O rosto de Laura se ilumina mais: - É verdade Edgar? Estava ansioso para me ver?

Edgar: - Eu penso em você o tempo inteiro Laura.

Laura cora diante de tal declaração feita sem nenhum pudor na frente das duas família, mas se sente extremamente feliz em saber que Edgar estava se sentindo como ela com esse início de namoro: extremamente feliz e ansioso para o primeiro encontro como namorados.

Constância: - Fiquem à vontade, por favor, o jantar não demora será servido. (Apontando o centro da sala de estar.)

Edgar logo se aproxima de Laura oferecendo o braço direito para ela:

– Minha namorada!

Laura com imenso sorriso: - Meu namorado Edgar Vieira.

Edgar: - Está feliz?

Laura: - Mais feliz impossível ainda mais com você aqui agora.

Laura e Edgar se sentam um do lado do outro sob os olhares atentos dos familiares, todos conversam um pouco antes do jantar sobre o compromisso firmado pelos filhos. Laura e Edgar não escondiam o tamanho encantamento, não desviavam o olhar um do outro por nenhum momento. Enquanto Albertinho e Fernando permaneciam inquietos provocando um ao outro ao caçoarem dos irmãos mais velhos.

Fernando falando baixinho para Albertinho: - Olhe Albertinho que patético o Edgar com esse sorriso abestalhado para a sua irmã.

Albertinho: - Laura é linda explica muito esse encantamento do seu irmão. O pior são nossas mães, praticamente babando ao olhar para os dois juntos.

Fernando: - Não, e meu pai?! Já idolatrava Edgar, agora então que ele resolveu cortejar a sua irmã o Sr. Bonifácio não para de enchê-lo de elogios.
Fernando tenta imitar o ar pomposo de Bonifácio: Olhe Margarida nosso querido filho tomando rumo na vida esse sim mostra que tem o sangue dos Vieira nas veias. Fernando voltando a sua fala natural: - Parece mais um banana dentro de um terno isso sim.

Albertinho dá uma gargalhada despertando a atenção de todos.

Constância: - Albertinho que modos são esses? (O repreendendo) O que houve?

Albertinho: - Nada mamãe, o Fernando estava apenas me contando uma anedota.

Bonifácio: - Ora Fernando será possível que você não sabe se comportar, isso lá são horas pra contar anetodas?

Margarida: - Tenho certeza que eles não fizeram por mal, não é mesmo meus queridos?

Albertinho: - Ah claro que não dona Margarida.

Os dois se aquietam, mas logo que a atenção para eles é dispersada voltam a tecer comentários sobre Laura e Edgar.

Fernando: - Meu Deus nunca hei de pedir consentimento para cortejar uma moça, olhe pra isso Albertinho, tanta formalidade os dois apenas podem se olhar e mesmo assim nossos pais não tiram os olhos deles, namorar não é nada interessante. É tedioso.

Albertinho completa: - E patético.

Os dois caem na gargalhada mais uma vez e Assunção dessa vez pigarreia tentando fazer com que o filho se comporte. Constância logo desvia a atenção:

– Vamos ao nosso jantar.

Todos se dirigem para a sala de jantar, Laura e Edgar seguem o curto trajeto de braços dados, sorrindo um para o outro e em nenhum momento deixando os olhares se desviarem.

Margarida: - Percebo que de simples este jantar não tem nada, organizou um verdadeiro banquete, Constância querida.

Bonifácio: - Está mais para um jantar de noivado!

Constância se anima ao ouvir Bonifácio tocar na palavra noivado:

– Mas quem sabe daqui a pouco tempo estaremos comemorando o noivado dos nossos filhos!

Assunção: - É o que espero daqui um tempo.

Laura: - Noivar?

Constância: - Claro minha filha se seu pai permitiu que Edgar lhe faça a corte o passo seguinte é o noivado. Você é uma moça de família e assim que tem que ser.

Bonifácio: - E Edgar assim fará, só precisa se firmar na vida antes, não é meu filho.

Edgar: - Claro que sim. Minhas intenções com Laura são as melhores e mais sérias possíveis. (diz ele um pouco sem jeito, mas logo abrindo um largo sorriso ao cruzar seu olhar com o de Laura que sorria encantada para ele).

O jantar segue tranquilo e em um clima misto de intimidade e reserva, condizente com o momento que as duas famílias viviam: estavam cada vez se aproximando mais.

Após o jantar, novamente voltam todos para a sala para conversarem um pouco mais. Laura e Edgar novamente estavam sentados lado a lado porém sob os olhares atentos dos pais. Os dois conversavam muito pouco, se entendiam mais pelos olhares, estavam um tanto quanto constrangidos com tanta formalidade e vigilância sobre os dois.

Laura diz baixinho: - Nunca me senti tão vigiada em toda a minha vida.

Edgar ri: - Me sinto como se tivesse cometido um crime.

Laura: - Está achando maçante?

Edgar: - Maçante? Com você aqui do meu lado e eu podendo olhar pra você sem precisar disfarçar? Nada do seu lado é maçante Laura. Eu estou muito feliz.

Laura: - Eu também estou muito feliz por você estar aqui Edgar. Mas poderia ser um pouco melhor se confiassem um pouco mais em nós. Me sinto sufocada desse jeito.

Edgar: - Por favor não fique assim Laura... (diz ele se aproximando para fazer um carinho no rosto da moça, logo Assunção intervém pigarreando e chamando a atenção dos dois).

Laura ironizando: - Moderno!

Edgar rindo: - Muito moderno!

Os dois riem da discreta advertência que levaram do pai da moça. Laura então busca uma forma de sair um pouco da vigília dos pais.

Laura: - Papai, vejo que você mamãe e os pais de Edgar tem tantos assuntos que não nos cabem, será que o senhor permitiria que eu levasse o Edgar até o seu escritório? Queria mostrar alguns de meus livros que estão lá para ele, ele já me mostrou sua coleção, acho que seria interessante.

Edgar ilumina o sorriso e fica ansioso esperando que Assunção dê permissão e assim ele possa ficar a sós com Laura.

Assunção: - Não vejo nenhum problema...

Laura fica feliz.

Assunção completa: - Mas Albertinho acompanha vocês.

Constância: - Ótima ideia querido, assim aproveitamos melhor para conversarmos com o casal Vieira sobre a vida na política, como deve ser deslumbrante a vida de uma esposa de Senador não é Margarida?

Laura um pouco contrariada: - Está certo. Vamos conosco Albertinho!

Bonifácio: - Vai ficar aí parado Fernando? Vá com eles também, ou já se acha adulto o suficiente para ficar ouvindo a conversa dos mais velhos?!

Margarida: - Bonifácio! Não fale assim com o Fernando.

Fernando sai cabisbaixo acompanhando os outros. Laura e Edgar seguem felizes de braços dados para o escritório de Assunção.

Laura feliz puxa Edgar pela mão para dentro do cômodo:

– Venha Edgar. Papai deixa colocar meus livros nessa estante aqui. Foi uma forma que achei de garantir que minha mãe não vai atentar contra eles, pois se ficam no meu quarto creio que eles corram riscos, posso sair de casa e quando voltar eles não estarem mais lá.

Albertinho e Fernando entram no escritório também e logo se entediam por ficarem sem função diante de total entrosamento do casal.

Laura continua: - Não é nenhuma grande coleção comparada à sua, mas amo todos eles. (diz ela com sorriso iluminado)

Fernando se dirigindo a Albertinho: - Amar livros, mas que bobagem. (falando com desdém).

O som da voz de Fernando faz Laura e Edgar enfim prestarem atenção de que estão na companhia dos irmãos e percebem o ar de insatisfação dos dois meninos.

Edgar: - Esses dois não estão nada felizes com nossa companhia Laura, não sei se foi uma boa ideia trocarmos a vigília de nossos pais pela companhia desses dois.

Laura tem uma ideia: - Espere um pouco Edgar.

Laura segue para a secretária de Assunção sob olhar atento e curioso de Edgar. Ela mexe em uma das gavetas erguendo uma sacola de papel.

Laura: - Veja Albertinho se lembra disso?

Os olhos de Albertinho brilham: - Minhas bolebas? Mas onde você achou Laura?

Laura: - O papai as escondeu aqui desde o dia que ele sofreu uma queda quando você as deixou espalhadas no chão da sala.

Albertinho corre para Laura buscando pegar as bolinhas: - Há tanto tempo que eu procuro por elas, são minhas favoritas, as melhores, deu trabalho consegui-las.

Laura rindo: - Deu trabalho? Nossa o senhor Alberto Assunção Filho que é sempre imbatível em tudo que faz teve trabalho em conseguir essas bolinhas de gude fazendo apostas com outros garotos?! (Se fazendo de admirada)

Albertinho: - Isso não vem ao caso. Me dê isso. (tentando arrancar as bolinhas de gude das mãos de Laura.)

Laura: - Só se você prometer que não vai mais deixá-las espalhadas pela casa, você pode com isso machucar alguém.

Albertinho: - Sim eu prometo, toda vez que eu jogar com elas juntarei todas para guardar.

Laura: - Está certo eu confio em você. Tome.

Albertinho super feliz: - Vamos Fernando vamos jogar.

Diz ele já começando a se ajeitar no chão do escritório para jogar com Fernando.

Edgar desanimado: - Mas vocês vão jogar aqui?

Albertinho: - Claro. O papai me mandou acompanhar vocês se ele chega e eu não estou aqui pode ficar bravo.

Edgar: - Mas também se chega e vê vocês jogando com as bolinhas que ele escondeu também pode se zangar.

Albertinho decepcionado: - Ai é mesmo. O que fazemos então? Eu quero muito jogar.

Laura esperta: - Por que vocês não vão jogar na cozinha? Aliás na varanda da cozinha, lá ninguém atrapalhará vocês.

Fernando: - Laura teve uma boa ideia Albertinho! E se caso nossos pais chegarem aqui, Laura e Edgar podem dizer que nós fomos tomar um copo de água.

Albertinho comemora: - Supimpa! Então vamos.

Os dois saem animados e já fazendo desafios um para o outro. Laura e Edgar riem.

Laura: - Enfim sós!

Edgar: - E isso nos foi muito custoso.

Laura rindo: - Adorei você colocando medo neles de que meu pai poderia chegar e ficar zangado.

Edgar: - E eu adorei a ideia que você teve pra nos livrar daqueles danadinhos. Sua inteligência me impressiona Laura, cada vez me apaixono mais por você.

Laura com um lindo sorriso: - Verdade?

Edgar: - Uhum! Completamente apaixonado pela minha namorada. Aliás ela está me devendo uma coisa.

Laura: Eu te devendo uma coisa?

Edgar: - Sim. Um beijo. Já viu casal de namorados que não se beija?

Laura brinca: - Olha do jeito que ficaram nos vigiando acho difícil ter um casal de namorados que se beija.

Edgar ri: - É por isso que eu te amo tanto, o seu jeito é encantador Laura. Vem aqui, vem.

Edgar envolve Laura pela cintura com um dos braços e com a outra mão acaricia o rosto da amada. Ele se aproxima mais dela.

Laura nervosa: - Edgar e se chegar alguém? Acho que não devemos.

Edgar: - Não pensa nisso agora, temos tão poucas oportunidades de ficarmos sozinhos, até minha declaração foi interrompida, não posso perder a chance. Laura eu te amo! Eu te amo e quero te dizer isso olhando nos seus olhos, sem pressa! Pra que você possa ter certeza do quanto você consegue me fazer feliz. Eu nunca podia imaginar que aquela moça de quem minha mãe de repente começou a falar tanto querendo que eu a conhecesse na festa oferecida lá em casa, era assim tão encantadora, inteligente, bem humorada, linda. (diz ele olhando profundamente nos olhos de Laura retirando uma mecha de cabelo que insistia em cobrir o rosto da amada).

Laura emocionada: - Eu também te amo Edgar. Eu nunca pensei que isso pudesse existir de verdade, fui tão resistente a te conhecer, mas você é tão especial, tão maravilhoso que faz isso tudo ser perfeito.

Edgar feliz: - Isso o quê?

Laura: - Ah você sabe.

Edgar: - Ah não sei não diz pra mim.

Laura: - O nosso amor: verdadeiro!

Edgar: - E ele será pra sempre Laura.

Edgar então beija Laura. Ele puxa o rosto dela pra próximo do seu e a beija delicadamente e aos poucos o beijo vai se intensificando. Laura ao poucos vai se soltando e correspondendo Edgar na mesma medida.

Os dois se desfazem do beijo: Edgar extasiado e Laura um pouco amedrontada:

– Edgar que beijo foi esse? E se chega alguém? Nós nos arriscamos demais.

Edgar: - Eu caso.

Laura rindo sem entender nada: - Casa?

Edgar: - Não viu que nossos pais já pensam no nosso noivado, se nos virem em um beijo desses seremos obrigados a nos casar.

Laura: - E você se casaria comigo?

Edgar: - Eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você. Está certo que ainda somos muito novos e esse comentário de nossos pais sobre noivado, é um tanto quanto afobado, mas eu quero sim um dia me casar com você, passarmos todos os dias juntos, pro resto de nossas vidas.

Agora é Laura que num impulso toma a iniciativa do beijo.

Edgar: - Está querendo adiantar o casamento mocinha?

Laura ri: - Não. É que acho tão lindas as coisas que você me diz e você me beija sempre com tanto carinho...

Edgar a corrige: - Com amor!

Edgar então puxa Laura pelas mãos e a leva em direção ao sofá presente no cômodo.

Ele se senta e a puxa:

– Venha, sente aqui do meu lado, vamos aproveitar que nossos carcereiros estão ocupados jogando bolebas, pra conversamos um pouco. (diz ele rindo se referindo ao fato de Albertinho e Fernando terem os deixado sozinhos pra seguirem em uma brincadeira).

Laura ri e Edgar lhe dá um selinho, logo em seguida segurando em seu queixo:

– Você tem um sorriso lindo, tão lindo e encantador quanto você.

Laura fica sem jeito com tantos elogios e Edgar logo puxa assunto:

– E então gostou do livro que te dei? A quantas anda a leitura de Dom Casmurro?

Laura feliz: - É claro que gostei Edgar, aliás eu amei. Eu não largo mais o livro, o livro e meu diário, porque os dois me fazem me sentir mais perto de você quando você não está.

Edgar: - Diário?

Laura: - É, o meu diário. Todos os dias eu escrevo nele sobre você.

Edgar sorrindo: - Quer dizer então que você escreve sobre mim?

Laura: - Claro. Nele estão narrados os maiores acontecimentos dos meu dias e você é tudo o que de melhor aconteceu na minha vida, você tem ocupado todo o meu tempo... em pensamento.

Os dois se olham encantados.

Laura: - Mas voltando a falar do livro do Machado sabe o que eu gostei ainda mais?

Edgar lhe lança um olhar interrogativo esperando a namorada completar o discurso.

Laura: - De você ter declamado o poema pra mim. Como você sabia que “Ela” é o meu poema preferido Edgar?

Edgar: - Eu sei que Machado é seu autor favorito, mas a escolha do poema não foi nada premeditado. Eu não suportava mais guardar só pra mim o que eu sinto por você, precisava te ver, falar dos meus sentimentos e num impulso corri à sua casa para falar com você. Quando eu fui me aproximando da janela do seu quarto, de algum modo eu já podia sentir a sua presença, ali tão próxima de mim, guardada em seu quarto, que o poema veio até mim, as palavras começaram a sair, uma forma dos meus sentimentos tomarem forma através delas. Eu descobri que já te amava e precisava te dizer isso o quanto antes, então fiz aquela loucura que seu pai não gostou nem um pouco. (Ri nervoso se lembrando do ocorrido)

Laura: - Mas eu amei.

Edgar sorrindo encantador: - E isso aqui você gostou também? (Edgar puxa Laura pra mais um beijo).

Eles se desfazem do beijo, porém permanecem abraçados.

Laura: - Eu amei. Mas meu pai que não gostou nem um pouco disso, de nos flagrar aos beijos no jardim de casa.

Edgar brinca: - Afinal... “Não é nada fácil pra um pai ver a princesa dele aos beijos com um rapaz” (Tentando imitar a voz de Assunção).

Laura ri: - Seu bobo! (dando um leve tapinha no ombro de Edgar.)

Os dois se beijam novamente, mas Laura logo interrompe o beijo, segurando o terno de Edgar.

Laura nervosa: - Edgar, ouça! Nossos pais estão vindo para cá e nossos irmãos ainda não voltaram. Eles não podem nos ver aqui sozinhos neste sofá. Ande vamos pra frente da estante.

Os dois se adiantam antes que os pais adentrem o escritório e cada um pega um livro qualquer.

Constância: - Ora, mas ainda estão aí se dedicando à leitura? Não sei como não se cansam dessa atividade.

Assunção que já havia vasculhado todo o cômodo com o olhar e notado a falta de Albertinho e Fernando pergunta:

– Vocês estão sozinhos aqui há quanto tempo?

Laura fecha um livro qualquer que tinha em mãos: - Sozinhos? Nós estamos sozinhos?

Bonifácio: - Claro que estão. Albertinho e Fernando escafederam-se.

Edgar: - Sabe que eu nem havia notado?! Laura e eu ficamos aqui perdidos em meio aos livros, que sequer notamos a saída de nossos irmãos.

Laura fazendo que se lembra: - Ah se bem que eu ouvi o Albertinho dizer que estava com sede, os dois devem ter ido até a cozinha. O Albertinho sente tanta sede, nem sei se isso pode ser normal.

Edgar se esforça pra prender o riso.

Assunção desconfiado: - Sei. Curioso Edgar esse seu interesse por medicina.

Edgar sem entender nada: - Medicina Dr. Assunção?

Assunção: - É, pelo livro que você escolheu “Os Benefícios das Plantas Medicinais” vejo que a medicina lhe interessa.

Edgar vira a capa do livro de frente pra si e só agora percebe que na correria pegara um dos livros de Assunção, Edgar tenta não demonstrar nervosismo.

Edgar tentando ser convinvente: - Ah achei tão interessante o assunto Dr. Assunção, como simples chás tem o poder de desfazer tantos males sofridos pelo corpo não é? Fiz mal em pegar este livro?

Assunção não acredita nas palavras de Edgar, sabia que ele e Laura haviam ficado sozinhos por mais tempo do que disseram e que com certeza não haviam ficado presos apenas aos livros, mas mesmo assim confiava em Edgar e sobretudo em Laura, sabia que o rapaz e a filha eram ajuizados e acaba comprando a história que os dois contavam. Neste momento também, Albertinho e Fernando retornam ao escritório, reforçando a desculpa de que haviam se ausentado por poucos minutos com o objetivo de terem ido matar a sede. Deixando os pais mais convencidos de que diziam a verdade, afinal não cogitavam a hipótese dos quatro terem combinado alguma coisa. Passado o momento mais tenso em que quase foram flagrados desobedecendo às ordens do pai de Laura é chegada a hora da despedida. Constância não esconde o contentamento, por ter saído tudo conforme o planejado e ainda mais ter conseguido informações valiosas sobre o mundo da política ao qual pretendia inserir o marido o quanto antes. Laura e Edgar permaneciam ainda mais encantados com todas as chances que o namoro lhes proporcionavam, apesar de em um primeiro momento estarem sob uma forte vigilância dos pais em um namoro completamente formal, nada poderia ser mais especial do que desfrutarem da companhia um do outro. Os dois se despedem já com promessas de uma próxima visita de Edgar à namorada.