Take myhandand lead theway

Out ofthedarknessandinto the light of the day

And take me somewhereI’ll be safe

Carrymylifeless body away from the pain

“...ainda investiga o que de fato aconteceu e está espalhando rondas pela cidade em busca dos criminosos. Um militar ferido afirma que tudo começou quando uma bomba de gás alucinógeno foi solta por acidente...”

— Peter, desliga esse rádio. — Ciclope ordenou, segurando firme o volante.

— Mas e se tiverem seguindo a gente?

— Não vão nos seguir. — Ciclope garantiu, e murmurou sob a respiração: — Eu só não quero assustar eles.

— Aaaah.

Erik rolou os olhos.

Foram apenas alguns minutos para ele perceber que aquelas crianças não eram como as outras – não só mutantes, que já era surpreendente demais naquela idade –, mas extraordinariamente espertas e nada fáceis de se intimidar. Quanto tempo até os X-men perceberem isso também?

— Não são apenas os tiros, ela está esgotada. – O espanhol de Erik não era muito bom, mas ele conseguiu captar o que Gideon cochichava com os garotos. – Algumas horas de sono vão fazer bem pra ela.

O mais velho, Joey, bufou. — Quer falar isso pro Rictor? Ele vai ficar uma fera.

— É só sangue, Joey.

Erik abaixou os olhos, é só sangue, e tremeu ao fitar suas palmas. Assim como Logan, o sangue de Laura estava entre seus dedos... e escorrido pelo tapete, e no estofado da van, e no corpo de Logan...

Céus.

A garota sangrava no colo de Logan. Jean Grey pressionava uma toalha contra as perfurações em seu corpo.

— Não deveria ser tão lento. – Logan falou em um tom vazio.

— Foram muitas balas. Provavelmente atingiram alguns órgãos.

— Mas ela é como eu.

— Ela tem uma estatura bem menor que a sua, Logan.

— Isso não a impediu de cortar aqueles caras ao meio.

A mulher retrucou com um olhar firme, fazendo o homem se encolher como um animal ferido. Erik, no entanto, ainda conseguia ver o olhar de julgamento nos olhos do mutante.

— Ela pode ser uma arma, – ele ergueu a voz. – Mas ainda é uma criança. Todos eles são.

— Sabemos disso. — Jean disse.

— Acho que alguém não sabe.

Eles se calaram, Jean por estar ocupada e Logan chocado demais pela a acusação.

Desviando os olhos para os garotos, Erik percebeu que Joey, antes sempre com um olhar desconfiado, agora o fitava agradecido. Lembrou-se que já havia o visto lutar por duas vezes, e embora a telecinese dele fosse violenta, não chegava aos pés dos poderes assustadores de Jonah.

Logo após Pierce ter explodido a livraria, Magneto o encontrou no meio da calçada mexendo as mãos como se estivesse segurando uma arma invisível, e foi apenas quando um Carniceiro atirou contra a própria cabeça que Magneto entendeu. Jonah, com piadas imaturas e postura relaxada, podia controlar pessoas como marionetes... telepata talvez? Erik não tinha certeza. Mas aquela demonstração fria de poder cru nunca sairia de sua mente.

Já Gideon, apesar da fisionomia réptil que visivelmente carregava, parecia ser o mais frágil entre eles... Talvez fosse pela magreza dele, ou o modo calmo que se portava. Enquanto o observava, no entanto, Erik ponderou se ele trazia consigo algum mecanismo de defesa.

Tão perigosos.

E ainda assim, Erik conseguia ver o medo em suas faces sempre que olhava para eles.

Pensativo, o mutante não viu Peter se virar, cutucando suas costas.

— Aí, pai. Ela é uma criança, então como é que ela aprendeu a lutar daquele jeito hein?

Pai.

Para Erik, foi simples. O tipo de felicidade que doía. Então, um momento, todo o medo e fraqueza, toda coragem e força se fundindo em um só sentimento, em uma só pessoa, como uma âncora; um filho. Alguém que te faz querer ser melhor.

Talvez nunca pudesse ser um herói para Peter, mas faria de tudo para não ser um vilão.

Não havia melhor curso de liderança do que ser pai.

Logan tinha um longo caminho pela frente.

— Pai?

Erik piscou.

— Ah, é-

— Não é só ela que sabe lutar assim, – antes que pudesse responder, Jonah tomou a frente. – é verdade que ela é a melhor em combate, só que todos temos o mesmo treinamento.

— Oh? E quantos vocês são?

— Aahmm.... Acho que 15. Costumávamos ser bem mais, só que... Enfim. É como uma grande família.

Peter assentiu, erguendo os braços.

— Nós também! — ele virou, fitando Erik curioso.

— É uma longa história.

— Tá certo... Crianças superpoderosas com treinamento, quem sou eu pra julgar? Algo mais que eu precise saber?

Por anos, Erik Lehnsherr esqueceu como era a sensação de ser pai.

Nina...

E agora, Wanda.

Assim como Peter, ela era um milagre.

— Uma ou duas coisas. — Erik sorriu.

— Estamos nos aproximando do jato. – Ciclope avisou. – Segurem-se.

O jato planava à centímetros do chão na saída da cidade, a rampa aberta permitindo que eles adentrassem com o veículo rapidamente em segurança.

A primeira coisa que Erik notou foi o grande número de crianças esperando, tentando enxergar através do vidro escuro da van. Ciclope saiu primeiro, pedindo com calma que elas permanecessem em seus lugares.

— Rictor não vai gostar disso. – Joey preocupou-se.

— Eu não vou contar. – Jonah cruzou os braços.

— Nem eu. — Joey retrucou.

— Ele pode não gostar, mas concordou com vocês virem comigo desde o início. – Erik encarou Gideon e continuou: – Ela só está dormindo, você mesmo disse que um descanso faria bem.

— Quer contar isso pra ele?

— Até contaria, mas eu não faço parte desse sistema de liderança que vocês têm. – O homem deu de ombros. – Se virem.

— Erik... — Jean rangeu, chocada.

— O que?

— Não, ele está certo. – Joey interrompeu erguendo a mão. – A Laura se machucou sob o nosso cuidado, temos que lidar com isso de uma maneira madura e contar ao Rictor.

Os garotos se entreolharam e assentiram, Joey continuou:

— ...e eu voto para todos olharmos pro Magneto ao mesmo tempo.

Inacreditavelmente, até mesmo Logan, Jean e Peter o encararam.

— É sério, é? — Erik bufou.

— Você mesmo disse, xará. – Logan retrucou. – Crianças.

— Ah, que seja.

Assim que saiu, seus olhos logo se encontraram com os de Rictor, e Erik percebeu o porquê d’os garotos estarem tão hesitantes em contar.

O garoto era assustadoramente intuitivo.

— Eu sei, você precisa-

— Me diz que ela não fez isso.

— Fez... o que, exatamente?

Ele arregalou os olhos, e Erik percebeu que se fazer de bobo não melhoraria a situação. — Ok, Rictor, sem pânico.

Ele ignorou o ignorou e abriu a porta, horrorizando-se ao ver a amiga encharcada em sangue e desfalecida.

— Sem pânico, ‘tá tudo bem.

— Rictor, o que é? – Megan correu. – É a Laura?

— Não! Megan- – Rictor pulou, fechando a porta. – Tamara, segura ela.

— Mas cadê a Laura?! – Megan reclamou, sem entender.

— Rictor, o que aconteceu? – Siryn se levantou. – Erik, cadê os garotos?

— ‘Tá todo mundo bem, agora todos em seus lugares, não quero ver ninguém em pé! – Magneto ordenou, e diante do olhar das crianças, acrescentou: – Por favor.

— Alguém se machucou, é isso? — Jamaica perguntou, aproximando-se com Erica.

— Vimos o ataque pela janela, eram os Carniceiros! — Erica exclamou temerosa.

— Rictor, fala alguma coisa. – Siryn voltou a pressionar.

De repente, a porta abriu-se em um pequeno espaço e por ele, Joey saiu junto de Jonah e Gideon.

— A gente pode explicar. – Joey falou. – Mas vamos fazer o que o Erik disse, okay? É uma longa história.

Houve um momento de silêncio antes das crianças, desconfiadas, assentirem voltando aos seus lugares.

— Pensei que ia deixar o trabalho duro pra mim. — Erik falou.

Joey arqueou a sobrancelha. — Tive pena de você.

Os meninos passaram por Rictor dando-lhe tapinhas nas costas em apoio e Erik voltou a falar, dessa vez em um sussurro:

— Chegaremos no Instituto daqui a pouco. É seguro. Nós vamos-

— Temos que tirar todas as balas do corpo dela!

— Eu tirei-

— Todas?! Não é assim que a regeneração dela funciona, tem que ter certeza que tirou todas-

— Eu tirei! Agora se acalma, a Dra. Grey está cuidando dela.

— Me acalmar?! – Furioso, ele rosnou num sussurro. – Eu já vi a Laura cheia de sangue uma vez, mas sabe qual é a diferença? O sangue não era o dela! O que raios aconteceu?

Ele hesitou, e respondeu o que o garoto já suspeitava:

— Logan aconteceu.

O garoto bufou, colocando as mãos sobre a cabeça. O homem conseguia ver através de sua expressão o quanto ele se esforçava para levar a situação de uma maneira fria.

— Ei. – Magneto pôs a mão sobre seu ombro, a voz suave. – Foi uma ideia idiota, mas-

— Ela foi burra.

— Ela foi corajosa.

— Olha o que a coragem fez com ela!

— Sim, ela se machucou e foi feio! Mas, — Erik admitiu, o coração acelerando ao lembrar da cena. — ...também foi lindo.

Lindo?! — Rictor rangeu chocado.

— Ela morreria por aquele homem... e aquele homem é o pai dela.

— Ele não é o pai dela, o pai dela morreu.

Erik balançou a cabeça e suspirou. Não, Rictor não entendia, como poderia? Não havia nenhuma ligação para ele nesta realidade, a sua família eram seus amigos.

— Olha, foi um dia e tanto pra mim. E eu aposto que foi um muito pior pra você, então... Por que não senta um pouco? Eu fico aqui com ela.

— Não, e se ela acordar, eu-

— Eu te chamo, eu prometo.

Erik o levou de volta ao assento no jato, perto das crianças que ouviam atentamente Joey e Jonah narrarem os fatos daquela tarde. Junto deles, a menina Wanda.

Nina.

Foi impossível não focar os olhos nela enquanto passava. A franja caída sobre a testa, as bochechas rosadas, as mãos frágeis e pequenas... e quentes. Viva. E pensar que Peter ainda estava no carro, tão próximo à irmã...

— Aí! – Rictor o cutucou, acordando-o subitamente. – Cadê a mochila?

— Que mochila?

— A mochila com nossos arquivos.

— Ah. É. Sobre isso...

— Erik?

— Calma. Eu peguei alguns arquivos. — O homem ergueu as mãos, defensivo. — Assim que eles chegaram, e toda aquela confusão, eu voltei pro carro e peguei o que deu.

Rictor apertou os olhos. — O que deu? Como assim?

— Quando eu cheguei no carro, eles já estavam lá.

— O que?! Então...

— Eu peguei o que deu. — Erik viu o garoto ficar pálido. — Mas acho que eles também.

I can feel the darkness coming

AndI’mafraidof myself

CallmynameandI’ll come running

‘Cause I just need some help