Last Chance

Existem garotas e Garotas.


SELINA KYLE

Uma luz forte passa por meus olhos, vez e outra sem parar, me irrito e tento bater nela, a empurrar para longe, mas meus braços estão imóveis. Ah, claro que eu fui para o inferno, o que estava esperando afinal? Anjos malhados fazendo poli dance? Sim, a verdade é que isso é exatamente o que espero do céu. Começo a sufocar, enquanto algo é puxado de minha garganta, a que merda, morro depois de uma tortura só para continuar sendo torturada na sequência.

—Que inferno! -praguejo com dificuldade e aspereza em minha voz que está lenta e fraca.

—Patrão Bruce, a Srta. Kyle está despertando. -uma voz sem emoção informa.

—Gata? -agora sim, estamos começando a chegar a um acordo, só me tira da paralisia e arruma um poli dance! -Selina.

—Hum? -tento abrir meus olhos, mas estão pesados demais. Sinto um toque quente e cálido em minha mão, e ao sentir a habitual corrente elétrica que ele provoca, me dou conta de que estou bem viva. Já era poli dance e anjos bombados.

—Está consciente. -parece estar falando com outra pessoa. -Podem arrumar tudo para leva-la. -é sério, estava infiltrada para os mocinhos, quase morro e ainda vai ter a cara de pau de me prender? Ah, mas eu chuto essa bunda de morcego assim que estiver melhor, é uma promessa.

—Idiota. -murmuro, mas não sei se foi alto o suficiente para que escute.

—Não temos tempo para lidar com sua raiva. -o tom autoritário me faz querer soca-lo novamente. -Vou te colocar em um lugar seguro, vai odiar isso, mas vou terminar sem você, antes que consiga morrer de vez. – a desaprovação em sua voz me faz desejar ter forças para soltar uma gargalhada.

—É o que acha...

—Mal pode falar, só descanse. -vou te falar o que vai descansar, seu... -Lembra da garota do Arqueiro?

—Outro idiota, aquele Queen. -reclamo irritada com o mundo inteiro a minha volta.

—Vai ficar com eles. -queria poder falar que se quisesse me manter viva, era melhor qualquer lugar longe do maior alvo da vez, mas a inconsciência brincava de cabo de guerra comigo, e perdi uma porção de partidas.

De alguma forma começo a recordar da garota loura, com sorriso fácil. Escondida em um banheiro de um restaurante chique em Positano, dando suporte a algum grupo de vigilantes, acabei ajudando na mentira, por que era divertido ver como o amiguinho do Bruce era inocente exclusivamente para o que envolvia a lourinha. Meu tipo de garota, o tipo que está perto do Arqueiro Verde e no centro de interesse do rato do Dias, bom, quero só ver como vai ficar a cara do Morcegão quando perceber que me mandou direto a linha de fogo. Vou saborear lentamente sua forma idiota de tentar compensar e guardar o “eu te disse” até o último instante, para que sofra mais.

Acordo novamente dentro do Batwing, com Jason Todd me monitorando. Depois estou em um quarto claro, com uma grande cama e móveis personalizados. Um dos apartamentos dos Wayne, não sabia da existência desse de Star City. Uma mulher bonita, com cabelos negros longos passa pela porta, me observando com preocupação no olhar. Jason entra em seguida e seu rosto irritado de costume, ganha um sorriso sarcástico para acompanhar.

—Acho que sua contagem de vida está em menos dois agora. -debocha e a mulher fecha a cara para ele. Começo a ver traços familiares em seu rosto.

—Você é Thália Al Ghul? -questiono ignorando Jason. A mulher estremece de leve e sua boca franze em uma expressão de desgosto.

—Nissa Al Ghul. -se apresenta.

—Mais nada? -Jason se senta na beirada da minha cama a encarando com incredulidade. -Herdeira do demônio, arqueira do trevoso, irmã mais nova do cão em pessoa? -ela ri da piada ruim dele, e soca seu braço. -Mulher, precisa parar com isso. -reclama esfregando o local, depois se vira para mim. -Como se sente, Gata?

—Parece que trituraram minhas tripas, depois deram nós nelas só por diversão, então pensaram que seria divertido usá-las como bolas de beisebol. -tento sorrir para amenizar a verdade. -O que Alfred precisou remendar aqui?

—Você teve uma grande hemorragia pulmonar e perdeu quase todo o sangue que possui. Sabia que somos compatíveis? -ergue um pouco a manga da blusa preta de algodão que usava e me mostra um pontinho em seu braço.

—Acho que os renegados são todos O-. – argumento observando seus olhos azuis que costumam ser ameaçadores por natureza suavizarem um pouco, Jay está aliviado, ele poderia ser fofo se não fosse a expressão psicótica travada em seu rosto na maior parte do tempo.

—Provavelmente. -concorda.

—Obrigada por não me deixar morrer sozinha. -falo séria agora e os dois se entreolham, a mulher sai depois de me oferecer um chá com cheiro ruim.

—Quase não cheguei a tempo. -Jason passa para a poltrona ao lado da cama. -Mas Toda a família estava lá, então foi bem mais fácil te tirar daquilo.

—Vocês morcegos são bem estranhos. -mordo os lábios para evitar um grito de dor, quando começo a me sentar para tomar o chá com gosto de chulé.

—É engraçado como fala. -ele sorri, mas não é muito diferente da expressão que faria ao socar alguém, Jason tem esse probleminha, a carranca psicopata permanente, mas por baixo dela é fácil encontrar uma garoto doce. -Faz parecer que não faz parte dela.

—E não faço. -que chá nojento. Deixo a xícara vazia na mesinha de cabeceira e olho para Todd novamente. -Onde estamos?

—Star City. E pela sua expressão, posso ver que é bem o olho do furacão, não é? -agora o sorriso se alarga e confirmo balançando a cabeça. -Quem te fez isso ontem?

—Me julgaram um caso fácil quando cheguei. -sorrio com a lembrança de meu pé na cara do Dr. Jeremaih. -Mas o médico ficou rancoroso, depois que mostrei com toda a minha educação que não iria permitir que eletrocutassem meu cérebro. -Jason dá risada. -Então me passaram para um tipo de cela que parecia os viveiros de serpentes no zoológico.

—Te colocaram em uma cela de vidro? -bate na própria testa, indicando a estupides dos guardas.

—Em defesa dos idiotas, o vidro era blindado. -sugiro e ele revira os olhos.

—Claro, claro. Super eficaz. -seu sarcasmo chega a escorrer.

—Então, eu saí de lá em menos de dois minutos, e fui fazer o que Steve queria. Encontrei o Dr. Jeremaih sozinho e tive uma conversinha com o babaca. Está trabalhando em um projeto chamado Avatar, e queria me usar como rato de laboratório.

—E o que isso tem a ver com Star City?

—Dias, é quem patrocina esse projeto lindo. -ergo uma sobrancelha. -Eu era o modulo teste que foi frustrado, mas Oliver Queen é o modelo de mercado.

—Existe um padrão entre vocês? -Jason coça o queixo e se levanta, tentando pensar a respeito. -Soube que o FBI tem investigado, tentando provar que ele é o Arqueiro Verde.

—Se concluírem é uma passagem só de ida a uma prisão de segurança máxima, bem ao alcance do Dr. Jeremaih. -dou de ombros e me arrependo no mesmo instante. -E que os jogos comecem!

—Seu namorado vai pirar quando descobrir que te mandou para o último lugar onde gostaria que estivesse. -seu olhar escurece e percebo que sua mente começa analisar todos os cenários possíveis. -Grayson vai ter que voltar a usar os chifres de morcego.

—São orelhas! -mas ele sabe, só quer irritar o pai de alguma forma. Mesmo ele não estando presente para escutar. -Vai chamar a cavalaria?

—Acredita que o tal Arqueiro Verde é esperto a ponto de se livrar do FBI e do Dias, sem revelar sua identidade no meio do percurso? -devolve a pergunta.

—Bom, a garota dele é, mas se for um terço do que falam ele não deve ser do tipo que partilha segredos e faz reuniões para discutir planos. -ah que inferno. -Chame logo a cavalaria. -tombo minha cabeça de volta no travesseiro e fecho meus olhos, preferindo a inconsciência naquele instante.

—Não me disse quem te torturou. - quando penso estar livre...

—Oliver Queen e Selina Kyle não eram as únicas opções. Tudo foi uma emboscada, Jason. -o olho por um momento, desejando que deduzisse por si mesmo, não gosto de demonstrações de afeto e adoraria que me poupasse de fazer uma. Uma vez que chegar a primeira resposta vai ser fácil demais montar o quebra cabeça completo, então todos meus meses de esforço para me afastar passaram a ser inúteis.

—Quem mais? -ah que idiota.

—Capuz Vermelho. -ele pisca algumas vezes. -A irmãzinha do Arqueiro, a tal de Speed. Batman o qual eles julgam impossível de capturar. -acrescento.

—Ao menos não são idiotas... Espera! -isso garoto, sabia que não tinha que perder as esperanças por completo. -Você, queriam te usar como isca, mesmo se não concluíssem o Avatar ou sei lá o que.

—Sim, queriam os morcegos. Tentaram me fazer contar a identidade de vocês no modo Avatar que não deu certo, mas coloquei minha mente em um longo passeio no parque enquanto me cortavam e batiam. -suas mãos estavam cerradas em punhos, deveria começar a distraí-lo antes que quebre algo ou alguém. -Se controla cabeça quente!

—Estou calmo. -mente. -Deveria me infiltrar...

—É sério, quer mesmo falar sobre isso? -reviro os olhos. -Onde está a outra garota?

—Por que precisa dela? -não preciso, idiota.

—Qual o nome mesmo. -tento me lembrar, mas só me vem Thália, vaca número um em minha mente. -Jason!

—Nissa, é Nissa o nome. -continuo o encarando e ele revira os olhos, coloca a cabeça para fora da porta do quarto e chama por ela que e aparece segundos depois, sem fazer um barulho se quer. -Selina quer tricotar. -indica a poltrona ao lado da minha cama para a garota.

—Você fica! -falo quando estava prestes a sair. -Desculpe, acho que não me apresentei como deveria. Selina Kyle. -ofereço a mão para ela que aceita. Jason vai precisar de alguém para mantê-lo sob controle. -minha voz começa a ficar distante. -E vou apagar em quarenta segundos. Pode ficar de olho?

—Não sou criança!

—É sim! -dizemos ao mesmo tempo, e sorrio. -Bom, acho que pode. -não sei mais o que aconteceu depois.

FELICITY SMOAK

—Thea! -exclamo quando entro na caverna pela manhã. -Nos despedimos a pouco mais de um mês, não que esteja reclamando por sua presença, é claro! -acrescento correndo até ela e a abraço forte. Roy surge dos fundos, com uma toalha em volta do pescoço e uma garrafa de água em mãos. Não sei explicar a alegria estranha que tenho sempre que vejo esse antigo garoto problema. -Você também voltou, moleque! -ele sorri de lado.

—Se Thea está aqui. -dá de ombros como se fosse resposta suficiente, e o pior é que é sim.

—Bom, do que precisam? -olho de um para outro. -Não me ligaram tarde da noite para encontrar vocês em segredo do Oliver, atoa.

—Temos uma amiga na cidade. -Speed começa temerosa. -Precisamos que cuidem dela.

—Bom, entre William, meu emprego, Oliver sendo caçado e isso aqui, não me sobra muito tempo. -debocho.

—Ela não vai precisar de muito, está nesse endereço e tem quem cuide do essencial. -Roy me entrega um pedaço de papel.

—Qual o nome? -me dou por vencida.

—Selina Kyle.

—A namorada do Bruce Wayne? -olho novamente para o endereço e ajeito a bolsa em meus ombros, os dois se entre olham, mas não dou importância. -Não vão ir embora sem que William os veja! -aviso, espero apenas os dois assentirem e saio em seguida.

Claro que o apartamento deles está na melhor parte da cidade. Nem o nosso é tão bem-conceituado assim. Entro no prédio e descubro se tratar de um triplex na cobertura. Nossa! Me sinto mal só por andar no chão espelhado de tão branco no corredor que daria acesso ao seu Ap. Toco a campainha e dou de cara com Nissa.

—O que faz aqui? Espera. -solto, depois olho para o papel em minhas mãos. -Não, está certo. O que faz aqui? -ela dá um mínimo sorriso, então abre mais a porta me cedendo passagem. -Você também é casada com o Batman? Fetiche por vigilantes?

—Esposa irmã. -cumprimenta com sarcasmo. Vejo um garoto muito bonito sentado no sofá como se mais nada na vida importasse, com cabelos escuros penteados para trás e olhos de um azul elétrico vidrados como a forma que imagino uma versão moderna do Dexter. Tem o porte grande de um vigilante, e me encara como se decidisse se vai ou não quebrar meu pescoço nos próximos segundos. Deve ter a mesma idade que Roy, e me lembra o próprio quando afetado pelo Mirakuro, só não corri por minha vida graças a experiência que todos esses anos ao lado de Oliver me deram. -Alias, eu dei o divorcio ao nosso marido.

—Meu marido. -corrijo, e ela sorri abertamente. -Batman é território da minha irmã. -acrescenta.

—Cruzes. -estremeço imaginando mais um casamento forçado naquela Liga bizarra.

—Ela sabe do Batman? – o garoto se levanta e me contenho para não dar um passo para trás.

—Felicity Smoak sabe de muitas coisas, mas fica tranquilo Pequeno Detetive. -toca o ombro dele o contendo, é como estar em uma jaula com um pitbull. -Ela é a esposa de Oliver Queen. Segunda esposa. -reviro meus olhos.

—Não era um casamento de verdade, vocês foram forçados e você nem gosta de homens. -dou um longo suspiro, contendo a indignação. -Onde está a Selina?

—No quarto. -o garoto mal encarado responde. -Mas precisa esperar por uns... -olha no relógio de marca em seu pulso. -Trinta minutos, podemos explicar tudo por enquanto. -gesticula para o sofá e contenho a hesitação em cada um dos meus passos. -Acho que seria inútil esconder minha identidade dela, não é? -se vira para Nissa, antes de sentar na poltrona a nossa frente.

—Ela descobriu a do detetive, o que acha?

—Como fez isso? -questiona curioso.

—Isso? -olho de um para o outro, sem entender o que estava acontecendo.

—Descobriu que Bruce Wayne é o Batman. -explica.

—Decepcionante, na verdade. -suspiro transparecendo toda a minha frustração. -É tão obvio que chega a ser absurdo, eu sempre suspeitei que se tratava do playboy rico de Gotham, mas torcia para estar errada. -tagarelo. -Os conheci em Positano, há pouco mais de dois anos. -começo a contar. -Estava ajudando o time do Arqueiro, sem que meu... -me lembro que nada me foi dito sobre quem dos morcegos sabe ou não a identidade de Oliver. -Namorado na época, soubesse. Oliver e Bruce se conhecem desde pequenos e resolveu me apresentar para o amigo. Selina me encontrou no banheiro, dando suporte escondida ao nosso time, então me ajudou durante toda a viajem a escapar do radar do Oliver, com a desculpa de enjoo marítimo e uma súbita infecção alimentar. Mas além de saber que Bruce sabia que estávamos mentindo e não disse nada ao amigo bem íntimo por sinal, quando estava tentando encontrar um satélite mais potente para invadir o banco de dados da ARGUS, assim, como que por presente o satélite das empresas Wayne apareceram em meu radar, mas acredito que ele não esperava que fosse tão boa, então uma vez nos das empresas Wayne, eu estava magicamente dentro do sistema de segurança de uma caverna, caverna mesmo! -olho para Nissa. -Com um dinossauro e uma moeda gigante! -tento gesticular para dar a entender o tamanho daquilo.

—Invadiu os sistemas da caverna? -deixo a incredulidade dele passar, por que não me conhece ainda. Mas por questão de orgulho, pego o tablet em minha bolsa e abro depois de alguns segundos o sistema de câmeras deles. Mudo até que vejo o Wayne, sentado em frente a rede de computadores dos meus sonhos, com um ar tão depressivo que passo a pensar que Oliver é quase tão radiante quanto Barry Allen. Um segundo homem que deve ter seus sessenta anos, com o rosto mais inexpressivo que já vi estava espanando a poeira dos equipamentos do Batman e vez o outra lançava olhares cheios de reprovação ao estado de inercia do Bruce Wayne.

—Aqui. -o entrego o aparelho e me delicio com a surpresa em seu rosto.

—Como vão conseguir desmascarar o cara com ela em seu time? -pergunta a Nissa com o rosto sem nenhuma cor e me devolve o tablet, agora bem menos marrento do que antes.

—Oliver Queen é um idiota.

—Ei! -repreendo, mas ela apenas me olha como quem diz “estou errada?” -Ele é mesmo um idiota. -assumo. -Mas é meu marido o que faz dele meu idiota, tenho que defender por obrigação. -justifico dando de ombros. -De qual idiotice estamos falando agora?

—Ricardo Dias. -meu sangue ferve só de escutar o nome. -Ele quer que Oliver entregue sua identidade a público, e isso é só a primeira parte do plano de vilão maligno.

—Deveríamos ir para ao bunker, é melhor chamar os outros, não? -observo os dois negarem. -O que pretendem fazer então? -contenho com esforço minha frustração.

—Um dos seus estava traindo vocês, não é verdade? -dois, mas não quero aumentar minha desvantagem.

—O time agora é basicamente Oliver, John e eu. -massageio minhas têmporas, nós temos muito com o que lidar, mas não vou esconder nada de John Diggle.

—Tudo bem. -o garoto não apresenta resistência e me deixa desconfiada, o que ele parece notar quase que de imediato. -Não sou o Batman, lourinha. Sua cidade, seu time, suas escolhas. – algum motivo suas palavras fazem com que me sinta uma amadora.

—É. -não sei o que dizer em resposta e parte minha tem medo de falar algo errado e ter minha cabeça arrancada de imediato. -Vamos chamar o time.