Last Chance

A Grama do Vizinho.


SELINA KYLE

Meu corpo parece um pouco mais resistente depois de um banho gelado em uma banheira, para obrigar meu corpo a se curar mais rápido. Nissa me ajudou despejando gelo sobre meu corpo encolhido dentro do recipiente de mármore que já é naturalmente frio. E observou com certa admiração quando permaneci firme durante os quinze minutos seguintes.

—Nunca antes havia presenciado esse tipo de imersão. -comenta, se sentando em uma cadeira ao lado da porta do banheiro, de prontidão caso eu perdesse a consciência e precisasse de socorro imediato.

—Uma velha que coordenava o orfanato em que cresci nos ensinou isso, e mais outras coisas. -digo vagamente abraçando meus joelhos e batendo dentes. -Depois de uma surra das grandes, quando o seu corpo é a melhor arma que possui, emersão em gelo é a forma mais rápida de recuperação. Mas dói como o inferno em contrapartida.

—Felicity Smoak está aguardando para encontrá-la. -conta com um sorriso de diversão no rosto que não posso compreender. -Jason está tentando com afinco assustar a mulher.

—Em pouco tempo ele é quem vai estar assustado. -reviro os olhos e pego o roupão que Nissa deixou ao meu lado. Começo a me levantar e ela passa a me ajudar de imediato. -Você não é como a Al Ghul que tive o desprazer de conhecer antes.

—Soube que cravou uma espada nas costas dela. -seu tom casual me surpreende. -Bom trabalho. Tenho desejado fazer isso desde o Herético enfiando uma espada no peito de meu sobrinho. -uma chama assassina passa por seus olhos. -Aquela meretriz...

—Pode dizer vadia. -sugiro. -Traz um sentimento maior de libertação, vai, experimenta!

—Vadia. -murmura em seu sotaque carregado, depois sorri um pouco. -Grande vadia. -repete com vontade. -Está certa, o sentimento é ainda mais satisfatório. -me auxilia a chegar na cama, mas me sinto bem o suficiente para me vestir sozinha, escolho camiseta branca e uma calça larga de moletom, sem conseguir suportar nada colado a minha pele ainda.

—Thea Queen e Harper acabam de chegar com o tal John Diggle. -Jason entra e se joga na poltrona com os braços tensionados e os cantos dos olhos vermelhos. -Tem tanta gente lá fora que se comprar cerveja e pizzas já vai parecer uma festa.

—Não é o seu tipo de festas. -jogo um pendrive para ele, que o pega sem nem olhar, depois encara minhas roupas com ar de divertimento.

—Posso falar que já vi de tudo na vida. -se levanta como se acabasse de renovar suas forças por me ver como uma trombadinha o que é bem distante da minha escala de ladra ocasional, mas de grandes obras com dificuldades beirando o impossível. -Quer uma touca emprestada? Essa roupa pede um acessório a altura!

—Idiota. -murmuro passando por ele, que segura meu braço para me apoiar, enquanto andamos em direção a sala de estar do apartamento exageradamente grande.

Vejo a garota que deve ser a irmã do Arqueiro ela sorria para Nissa, puxando o cabelo da outra a fim de o prender em um rabo de cavalo alto, enquanto o homem negro bonitão que julgo ser John Diggle a olhava chocado. Roy Harper não tinha nenhuma expressão além de serenidade em seu rosto com traçados fortes e bonitos. Mas Felicity Smoak que estava atrás dos ombros de Oliver Queen, se livra do gostosão de bunda verde e se apressa em minha direção, abro um sorriso tão grande quanto o dela e nos encaramos por um instante enquanto Jason tentava recobrar a lembrança distante da educação que Alfred certamente o deu um dia.

—Segure ela. -diz em tom ríspido, soando como uma ameaça e piso no seu pé com força. -Selina! -exclama.

—Babaca? -devolvo e ele apenas puxa o ar irritado. -Oi Felicity! -a abraço animada. -Que bom te reencontrar. -Oliver estava tão incomodado quanto o Todd e observa o garoto como se estivesse pronto a defender todos dele se preciso. -Como vai, Queen? -o cumprimento e ele acena a cabeça com educação.

—Você está ótima para quem sofreu uma hemorragia interna a menos de setenta e duas horas. -Felicity brinca e me encaminha a um sofá de dois lugares, se sentando ao meu lado. -Vou te mandar umas calças estampadas, só para não pensarem que vai assaltar o mercadinho da esquina. -sussurra para que só eu escute e dou risada sem me importar com os outros.

—Ficarei grata, a cicatriz e todos os hematomas ainda incomodam um pouco. -dito isso, Oliver lança para Nissa um pacote.

—Do que se trata, ex-marido? -olho confusa para os três e Felicity revira os olhos, antes de lançar um olhar de aviso para Oliver que o faz engolir em seco.

—Nissa, não sou... -ele desiste no meio da frase e todos na sala, menos ele mesmo e Felicity prendem o riso. -São ervas que trouxe de Lian Yu. Vão ajudar na recuperação.

—Hum, mais um chazinho gostoso. -minha cara é puro nojo. -Delicia! -depois de soltar o sarcasmo para me manter sã, olho para o bundão verde. -Obrigada, Oliver.

—Não por isso, Bruce me ligou ontem e pediu que trouxesse para você.

—Espera. -John Diggle tem cara de quem acaba de ter uma epifania. -Bruce Wayne é o Batman? -olha para todos os rostos impassíveis a sua volta. -Essa garota não é namorada do Batman, então ele é Bruce? Bruce Wayne? -coitado, acho que o cérebro acaba de dar um curto. -Até ontem, você dizia que Batman era apenas um mito, uma história que o departamento de...

—Melhora depois de um tempo. -Jason me surpreende com o tom empático. -Bruce mantinha a mesma história sobre o Arqueiro, isso até você começar a sair na televisão e ter tanta mídia ao redor. Depois não tinha mais como te defender. -não é sua intenção acusar, mas está ali a critica clara que ninguém daquele time pode rebater. -Vigilantes devem fazer o serviço nas sombras e se manter como histórias de terror. -volta a explicar para Diggle. -Isso nos torna eficientes, mas em defesa de vocês, é mesmo dificil fazer isso sem a ajuda do departamento de polícia.

—No momento, o departamento de polícia de Star City é quase inexistente, formado por corruptos. Estamos prestes a perder a última aliada que nos resta nele. -Oliver começa a dizer com fogo nos olhos, mas eu venho de Gotham e corrupção é como o sobrenome da cidade, não consigo me comover. Aos meus olhos o erro é dele, por sair das sombras, buscar empatia do povo que está salvando. Esse não é um trabalho para quem espera escutar um obrigado antes do fim da noite.

—Nós queremos ajudar. -falo bancando a democrática, e me concentro em Felicity, posso simpatizar com ela e é mais fácil quando não tenho que interpretar e agir feito o Batman ao mesmo tempo. -Dei a Jason tudo o que consegui nos arquivos de Arkham, mas temos dois problemas iminentes. Oliver Queen é o Arqueiro Verde, mas toda a cidade e o FBI precisam acreditar que não é.

—Se tiver ideias, por que nós esgotamos um vasto estoque. -John murmura cansado.

—Vamos tornar Oliver, o prefeito em herói. E colocar um arqueiro trabalhando as claras, em parceria ao prefeito. -dou de ombros com simplicidade.

—Posso enganar a noite, mas qualquer um que... -Diggle começa a dizer, depois vê em minha expressão que não falava dele. -Deve ter as mesmas características do Oliver, mas sem ser ele...

—Sou mais baixo, e estou morto. -Roy se pronuncia, mas tão pouco me referia a ele.

—Conheço um cara que se infiltra como ninguém. -me viro para a cria que mais gosto do morcego, mal encarado e com sede de sangue.

—Não sou um arqueiro, definitivamente. -engasga as palavras em choque. -Deve estar com febre Cat, só pode!

—Vocês têm a mesma altura e porte físico. -Felicity o analisa e vejo um Oliver incomodado de um lado e Jason tenso do outro. -E como disse, um vigilante deve trabalhar nas sombras, vocês têm feito isso bem e o Capuz Vermelho só é conhecido por quem precisa ter medo dele. Só tem uma falha nesse plano...

—Quem for usar o manto do Arqueiro Verde, precisa ser como eu. -Oliver completa. -Atirar da mesma forma, se mover e agir em combate. Teria que ser ainda melhor do que um agente da Argus que nos ajudou uma vez.

—Não vai ter problemas quanto a isso. -uma voz grave quase me faz pular. Bruce entra na sala e nada mais parece ter importância em volta. Ele dá um leve sorriso de lado ao me ver sentada com Felicity, então para ao lado de Jason. -Jay é um mestre em disfarces tão bom quanto eu.

—Ainda assim preciso de treinamento, não costumava ensinar aos Robins a usar arco e flecha. -diz a Bruce. -E Oliver tem que estar ativo na prefeitura e bancando o chefe da família de comercial de margarina dele.

—Eu vejo três arqueiros, só aqui. -gesticulo em volta. -Por que não o ensina? -questiono Nissa.

—Minha técnica é diferente. -começa a dizer.

—Como ele é? -Bruce e Oliver parecem ter uma conversa particular só dos dois.

—Se estivesse ativo, já seria melhor do que eu. - o bunda verde responde para meu morcego. -Tão bom que convenceu quando forjamos sua morte. -eles encaram Roy Harper que ergue uma sobrancelha.

—Foi Oliver quem te ensinou a usar o arco. -agora ele fala em voz alta apenas para nos inteirar do que já decidiram sem precisar de ajuda.

—Sim. -sua voz tremula, incomodado com toda a atenção.

—E o combate? -Bruce pergunta fazendo, Thea, Roy e Diggle se entre olharem.

—Ele tem o próprio estilo. -Oliver responde. -Mesmo com meu treinamento, sabe bem como funciona. -Bruce assente. -Mas é capaz de replicar meus movimentos com quase exatidão.

—Mesmo Roy sendo incrível, tem que ser perfeito. -Felicity pressiona. -E se eles se juntassem para ensinar? -gesticula para seu time. -Assim vai ter as técnicas do Oliver. -aponta para John e Roy. -Conhecimento sobre a personalidade e atitudes dele. -mostra a irmã do arqueiro. – E o que a Liga dos Assassinos acrescentou depois. – a contra gosto, Felicity inclui Nissa na equação.

—É uma boa ideia. -Bruce concorda. -Temos um plano. -caminha até o centro da sala e oferece a mão para Oliver, que cobre a distância que faltava para apertá-la.

—Temos um plano.

ROY HARPER

A única certeza que tenho é que vamos acabar caindo na porrada antes do fim do dia. Esse garoto, bom, não é um garoto já que temos a mesma idade. Mas esse cara o Jason, ele é como um espelho do que eu fui e adoraria esquecer eternamente se possível. Mas Oliver pediu, e ainda me sinto em meio a um débito eterno com ele. Minha única opção é ajudar como está ao meu alcance. O que não significa que vou gostar de passar tempo com o Fantasma do Natal Passado, mas confesso que há certa justiça poética ao fazer esse cara ficar batendo em uma bacia com água.

—Vou fazer isso, por quanto tempo? -questiona se esforçando para manter a calma, já que seu rosto demonstra exatamente o que um assassino mostraria antes de tirar a vida de alguém. -Qual o propósito desse exercício? -busco em minha memória o propósito disso, mas só me lembro do ódio que sentia ao fazer.

—Vai parar quando descobrir o propósito. -dou de ombros e vejo Oliver ao fundo caverna, se esforçando para manter a faixada séria ao lado do novo velho amigo. -Acredite, quando suas articulações começarem a queimar, vai entender que precisa da resistência que adquiriu. -parece que me lembro do sentido no fim das contas.

—Sabe que somos acrobatas, não sabe? -me encara de lado com ar psicopata estampado em seu rosto.

—Não faço ideia. Mas sabe que eu sou o Arqueiro aqui, não sabe? -devolvo no mesmo tom e o garoto sorri, como se aprovasse a minha coragem. -Só por ser um vigilante temos como principio conseguir sustentar o próprio corpo, talvez duas ou três vezes o próprio peso. -ele assente e continuo. -Como arqueiro você não pode apenas ter força bruta, tem que dosá-la em milésimos de segundos, é o que difere desarmar um bandido com uma arma na cabeça de um refém a atravessar os dois em uma única flechada. Precisa bater nessa bacia, por ter muita força e não precisar controla-la até hoje.

Com isso as reclamações cessam o que estranhamente me deixa frustrado. Eu reclamei bem mais e a essa altura já teria voado em Oliver, mas o cara que parece ser muito mais problemático do que eu fui, goza de uma disciplina mesmo contrariado que não poderia ter nem nos meus sonhos, não quando tinha o efeito de Mirakuro no meu sangue. Não que ele tenha isso, mas algo muito ruim o aconteceu, algo que o fez ficar em pedaços por dentro.

—Foi muito bom mais cedo. – mais tarde Oliver se senta ao meu lado, enquanto eu afio algumas pontas de flechas. -Odeio ver que é claramente um professor melhor do que eu.

—Talvez o aluno seja melhor do que o que você teve. -sugiro frustrado e escuto seu riso baixo.

—Você estava literalmente fora de si, Roy. -pega uma flecha e começa a me ajudar. -Ainda sinto falta do Arsenal todos as noites quando coloco o capuz.

—Estou prevendo uma flecha em minhas costas em um futuro próximo. - provoco. -Sempre que rola sentimentalismo, acabo por tomar uma surra do Arqueiro.

—Bom, deve se preocupar com seu aluno então. -deixa a flecha e bate em meu ombro. -Ele vai ser o Arqueiro por agora. Só adiante a parte da bacia, sei que é divertido, mas não temos muito tempo! -dou risada, o vendo sair;

Volto para onde Jason continuava a fazer a mesma coisa, com Nissa enchendo a bacia quando ele a esvaziava por completo. Ela me percebe e conta que já não a repõe a cerca de duas horas. Agradeço e pego dois arcos no arsenal, duas armas do John e as bolas de tênis do Oliver.

—Pronto para avançar?

—Isso é música para meus ouvidos! -levanta de imediato deixando a bacia de lado.

O desgraçado tem a mira perfeita. Atira ainda melhor que John com as armas e já estava desistindo da autoestima que possuo quando ele pegou o arco, é sempre complicado a princípio, fazer duas coisas agirem como uma só e claramente aquela era sua primeira vez com um arco, o que me faz relaxar. Jason tem dificuldade ao encaixar a flecha e não parece confortável com o peso do arco.

—Acho que não sinto mais meu braço esquerdo. -murmura, se esforçando para firmar a postura.

—Quer fazer uma pausa, você não parou...

—Não temos tempo para pausa. -interrompe, e tenta atirar novamente, mas a flecha não tem impulso.

—Pausa. -repito e ele larga o arco contrariado. -Pega seu casaco, vou te levar em um lugar.

Coloco o boné e puxo o capuz do meu moletom. Ando ao lado de Jason pelas ruas escuras e fedorentas dos Glades, tomando cuidado para que não me vejam com clareza, até que chegamos a minha antiga casa, um muquifo na verdade e já estava preparado para me desculpar pela bagunça quando me surpreendo ao ver que não existia nenhuma.

—Quem está aí? –uma garota negra de pouco mais que dezoito anos, com cabelos cacheados e a expressão de poucos amigos, sai do meu quarto. Segurando o que parece ser um pedaço de pau.

-O que está fazendo aqui? -questiono chocado.

—Roy? -me olha como se visse um fantasma, seus lábios entre abertos e os olhos verdes arregalados.

—Não, sou sua consciência. -debocho. -O que faz na minha casa, Boby?

—Boby? -Jason repete, erguendo uma sobrancelha.

—Minha casa? -repito, olhando de um para o outro, ela por fim baixa o pedaço de pau e corre em minha direção me dando um abraço apertado, quando nos afastamos soca meu estômago com toda força que possui, me fazendo cair sobre meus joelhos me curvando de dor.

—Legal! -Jason cumprimenta e lanço um olhar irritado para ele.

—Pensei que estivesse morto seu babaca, e quer saber o que estou fazendo nessa casa? -seu tom ríspido torna cada palavra em um xingamento. -Estou morando nela, desde que meu pai... -ela para de falar e baixa seus olhos para o chão, perdendo por um segundo a marra de família e posso ver uma garota assustada. -Jim se foi e não queria ficar sozinha em Gotham, tem algum problema? – empina o nariz, tentando recuperar a pose.

—Não. -respondo com esforço me levantando. -Fez bem. -me aproximo e toco seu ombro. -Sinto muito Boby, por seus pais e por não estar por perto.

—Não vou amolecer só por que começou a ser legal. -avisa, mas seus olhos tremulam. -A propósito, quem é esse cara que trouxe para minha casa?

—Ele é Jason. -se apresenta sem ajuda e oferece a mão para Boby que fica o estudando sem se mover. -Jason Todd. -volta a mão para o bolso um pouco envergonhado.

—Roberta Harper, sou prima desse desgarrado. -diz sem sair do lugar. -Mas pode me chamar de Boby, não me importo.

—Tudo bem, Roberta. -ele sorri de lado, com deboche para ela que franze o rosto.

—Retiro o que disse, não é opcional. Me chame de Boby. -se vira e começa a andar em direção a sala/cozinha. -Não saiam daqui ainda, vou fazer um macarrão para você Roy. -se vira e sorri de forma doce e retribuo. -Fiquem a vontade, finjam que a casa é do meu primo!

—Prima? -Jason pergunta quando ficamos as sós.

—Filha do meu tio, Jim Harper. -conto me livrando do casaco de moletom e o jogo sobre um móvel o vendo fazer o mesmo com sua jaqueta. -Ele se mudou com ela para Gotham, depois da esposa morrer no empreendimento aqui do Glades a alguns anos. Não tive noticias desde então, mas três meses atrás soube que ele morreu em um confronto em Gotham. -vejo a surpresa e culpa sem sentido nos seus olhos. -Como estou oficialmente morto, não pude ir procura-la, mas pedi a Nissa que me ajudasse a ver se Boby estava bem e Thea mandou dinheiro para que ela pudesse se manter por um tempo. -olho em volta do barraco horrível que chamo de casa e me deixo cair sobre o sofá, vendo Boby trabalhar na cozinha com fones de ouvido, balançando ao som de alguma música ruim.

—Parte da cidade saiu as ruas para ajudar o Batman a lutar contra as máfias que haviam se unido para tomar Gotham, todos nós estávamos lá. -Jason fala em voz baixa, seguindo a direção do meu olhar. -Seis civis morreram e um de nossos aliados ficou entre a vida e a morte. Sinto muito por seu tio.

—É. -dou de ombros. -Não sei por que ela não foi para Ivy Town ou Keystone, sabe uma cidade segura? Mas aqui não é muito diferente de Gotham, esse lugar suga sua esperança e te força a ser a pior versão de si mesmo apenas para se manter vivo.

—Vi pelas expressões do seu antigo time. -ele me oferece um chiclete e pego por reflexo. -O seu mentor mal pode manter a sanidade e a lourinha lá está tentando manter ele o John Diggle fora de atrito, mas parece algo inevitável. Eles parecem querer que vocês fiquem por perto, mas não se sentem no direito de pedir.

—Viu tudo isso só observando por um dia? -o olho de lado e o vejo dar de ombros, enfiando as mãos nos bolsos.

—Você me fez bater em uma bacia por um dia inteiro, tudo o que pude pensar para evitar que arrancasse sua cabeça era nos atritos e problemas que os via enfrentando. Meu antigo time, por assim dizer, não é muito diferente. Gotham não é muito diferente, mas de alguma forma seus problemas parecem mais simples, talvez por não serem os meus. -conclui.

—Os dos outros sempre são. -concordo, e dou risada de Boby que estende uma lata de molho de tomate para a panela, com os olhos na geladeira e o liquido se espalha por todo o fogão. -Só para avisar, ela sempre faz esse macarrão, é comestível, mas está longe de ser gostoso. -ele ri.

—Ter alguém da sua família cozinhando para você, já é o suficiente. -diz perdendo um pouco da expressão psicótica. -O que vai fazer com ela? Digo, quando voltar a procurar os poços com Nissa e sua namorada?

—Não tenho ideia, talvez tentar convence-la a se mudar para uma cidade menos caótica e provavelmente me juntar a ela com Thea, quando tudo isso acabar. -ele desvia seus olhos e parece conter algo que gostaria de dizer.

—Parece que tem um plano. -murmura em voz baixa.

—É. -é o que parece.