Os pensamentos de Inês foram interrompidos quando ela ouviu seu telefone tocar, ela o pegou e na tela marcava “Sem registro”, ela estranhou mais atendeu.

— Alô?

— Olá Inês! – A voz soou do outro lado como uma faca que era novamente enfiada no peito dela.

— Lo... Loreto! – O sangue dela gelou.

— Eu mesmo meu amor, como esta? – Sorriu para ela.

— Vai pro inferno Loreto e não me chame de seu amor, porque eu não sou e nunca fui. Desgraçado. – Bufou de ódio.

Loreto riu mais ainda da fúria dela.

— Você brava assim me deixa louquinho por você “Morenita”. – Inês mordeu os lábios de ódio.

Ouvir ele a deixava com um misto de ódio e medo que ela não sabia como controlar, pensou em Emiliano e seu sangue gelou se Loreto estava ligando é porque boa coisa não viria pela frente.

— Fale o que quer ou eu vou desligar! – Ofegou.

— Essa semana saiu da cadeia e vou recuperar tudo que é meu, incluindo a você e ao meu filho! – Inês se sentiu fraquejar mais não demonstrou.

— Não a nada seu aqui Loreto, vai pro inferno e nos deixe em paz! – Desligou antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa.

Inês ofegou olhando o telefone e sentiu uma opressão em seu peito e tocou acariciando para poder se acalmar, virou e deu de cara com Victoriano o susto foi tanto que ela desfaleceu no chão sem que ele pudesse a segurar.

A raiva que Victoriano sentiu ao ouvir ela falando com Loreto, passou no momento em que ele a viu cair ao chão desmaiada, ele abaixou de imediato e a pegou em seus braços e basicamente correu ate a casa, Diana e Connie que estavam na sala ao ver o pai entrar com Inês em braços levantaram e ele a colocou no sofá.

— O que aconteceu papai? – Perguntou Diana assustada.

— Ela me viu e simplesmente caiu desmaiada lá no pátio. – Tocou os cabelos dela. – Pega álcool pra mim filha. – Falou aflito.

Diana saiu correndo e foi atrás do álcool, Connie tocou o braço do pai o vendo aflito.

— Calma, pai! – Victoriano segurou a mão dela, enquanto olhava para sua morenita.

Diana logo voltou com o álcool dando a ele, ele passou perto do nariz dela e Inês começou a voltar e olhou para eles, quis sentar mais eles não deixaram.

— Calma nana, respira primeiro depois levanta! – Connie abaixou e segurou a mão dela.

Inês sorriu para sua menina e segurou a mão dela com um pouco mais de força vendo que ela tinha os olhos assustados.

— Eu estou bem, só foi uma queda de pressão. – Sentou e sentiu a cabeça girar.

Victoriano a olhava apenas e nada disse, os olhos dela foram de encontro aos dele e ela suspirou, abaixou o olhar, sabia que ele iria a encher de perguntas e ela não estava pronta para responder ele.

— Você comeu hoje nana? – Diana perguntou se sentando ao lado dela.

— Sim, não se preocupe, eu vou para o meu quarto. – Levantou arrumando a blusa.

— Vem, eu te ajudo. – Disse Victoriano segurando ela em seus braços. – Não adianta reclamar, você desmaio na minha frente. – Ele passou o braço pela cintura e saiu com ela.

Diana e Connie os observaram ir e se entreolharam, sorriram e voltaram a sentar no sofá.

— Didi, eu vi aquele gatão te olhando lá no hipódromo quem era? – Diana sorriu sem jeito.

— Um maluco, ele queria que eu apostasse em outra égua confiante de que iria ganhar e perdeu. – Falou rindo e lembrando-se da cara dele.

— Você bem que gostou, quem não gostou foi o Elias! – Alfinetou a irmã. – Vai casar com ele Didi? – A observou.

Diana levou as duas mãos na testa e suspirou encostando mais no sofá e olhando para o teto.

— Eu não quero mais papai vai fazer de tudo para isso acontecer! – Olhou a irmã que se encostou junto a ela. – Mais se ele pensa que vai mandar na minha vida ele esta muito enganado, já basta aturar essa cretina da Débora aqui dentro de casa! – Seus olhos se enfureceram.

— Deixa ela para lá, não te quero aborrecida por causa de Débora, mas se você não quer casar e não o quer mais Didi porque não termina? – A incentivou.

— As coisas são um pouco complicadas Connie, mas eu vou resolver a minha vida pode apostar! – Falou sorrindo e abraçando sua irmã.

As duas continuaram a conversar só não contavam que Débora tivesse ali espiando as duas como uma boa cobra que era. Ficou ali por bastante tempo ate que subiu e fez uma ligação.

[...]

QUARTO DE INÊS...

Victoriano entrou com ela amparada em seus braços e a sentou na cama, Inês o olhou o coração estava acelerado e esperou que ele pedisse as explicações dele. Victoriano a olhou e abaixou tirando as botas dela.

— Não me olhe assim. – Ela pediu.

Ele tirou as botas dela e levantou, passou as mãos no cabelo e bufou, andou no quarto e depois a olhou.

— O que ele queria? – Suspirou alto.

— Ele quer a família dele de volta! – O respondeu sem poder imaginar qual seria reação dele.

Victoriano a olhou enfurecido e nem pensou apenas socou a parede urrando de dor, sacudiu a mão e foi ate ela.

— Me escuta bem, você é minha mulher, minha e não vai a lugar algum com aquele homem primeiro eu o mato ao ver você com ele, você já fez isso uma vez comigo e não vai fazer de novo. – Ele a segurava pelos braços já de pé.

— Victoriano, por Deus não fica bravo assim. – Os olhos em suplica foram dirigidos a ele.

— Como não quer que eu fique assim Inês? Você me traiu com meu pior inimigo, foi embora com ele e ainda deu um filho homem para ele, um filho que poderia ser meu, MEU Inês. – Inês não aguentou ouvir aquelas palavras e chorou. – Porque ao invés de chorar você não me conta a verdade? Por quê? – Inês abaixou o olhar. – Fala comigo Morenita pelo amor de Deus! – Ele se quebrou ali na frente dela e deixou escapar suas lagrimas.

Inês voltou a olhar para ele e tocou seu rosto secando suas lagrimas. O coração acelerado e os olhos banhados em lagrimas ela falou.

— Eu... Nunca te trai, Victoriano. – Ele sorriu sem emoção sem soltar ela. – Eu nunca te trai, porque eu só amei um homem em toda minha vida, o amei e me entreguei a ele por amor, Loreto... – Os lábios dela tremeram ao mencionar ele. – Loreto foi um covarde que me... – Ela não conseguiu terminar a frase e deitou sua cabeça no peito dele e chorou mais.

Chorou tão sentido que Victoriano somente a abraçou, seu coração também batia forte e só de pensar no que ela estava querendo dizer, ele se quebrou de medo, não podia ser verdade o que ele estava pensando e deduzindo ao mesmo tempo.

— Inês, o que ele fez com você? – Beijou os cabelos dela. – Não me diz que... – Ela se separou dele e andou para o olhou lado do quarto.

Inês virou e o olhou, era chegada a hora de dizer a verdade, uma verdade amarga que ela não queria nunca ter que contar a Victoriano mais não havia mais como negar a ele o direito de saber o real motivo que a fez desistir de seu amor por ele.

— No dia em que eu deixei você. – Ela fechou os olhos e tentou não chorar. – Dois dias antes disso, Loreto... – Ela soluçou. – Loreto me viu voltando para casa sozinha, naquele dia você não me buscou e ele me seguiu e quando eu estava chegando quase em casa, ele me pegou e me arrastou e... – Victoriano chorou mais ainda e se aproximou dela. – Loreto abusou de mim! – Ela segurou as duas mãos frente a seus lábios e chorou novamente.

As pernas dela fraquejaram e ela ajoelhou, Victoriano foi junto a ela para o chão e a amparou em seus braços, a deixou chorar e chorou junto a ela, era uma verdade tão dolorosa para ambos que não tinha uma palavra pra expressar a dor que eles sentiam.

Victoriano se puniu naquele momento por ter julgado tanto a mulher que sempre amou, se recriminou por ter dito tantas vezes que ela o havia traído e na verdade não era assim ela era vitima de um covarde que precisou usar da força para ter ela em sua cama.

Ele chorou, chorou lagrimas amargas, estava desesperado com aquela verdade e se sentiu sufocado naquele quarto, ele a olhou, beijou seu cabelos e fez com que ela o olhasse nos olhos.

— Me perdoa meu amor, me perdoa por não te proteger como deveria, não te protegi apenas julguei, mas eu estava ferido, você disse que o amava e eu tolo acreditei. – Ela soluçou com uma mão em seu peito.

— Eu tive vergonha, eu tive muita vergonha, por isso eu te deixei, não sabia como reagir, eu era uma menina ainda e fiquei com medo de você também me julgar e achar que eu era uma qualquer! – Ele passou a mão no rosto dela.

— Nunca, nunca que eu iria pensar isso de você! – Os olhos dele se ascenderam em fogo. – Eu vou matar aquele desgraçado, Inês, eu vou! – Ele levantou junto a ela.

Victoriano a colocou sentada na cama e secou as lagrimas dela, beijou seus cabelos e ajoelhou frente a ela.

— Me perdoa Morenita! – E sem mais conseguir olhar para o seu amor ele saiu dali o mais rápido que podia.

Inês o olhou sair como um doido do quarto dela e nem pensou, calçou suas botas correndo e foi atrás dele, Victoriano estava com um misto de emoções e não conseguia respirar direito, foi ate o estábulo e pegou um dos cavalos e saiu galopando.

Inês o viu e chamou mais ele não ouviu, ela saiu correndo e pegou outro cavalo, montou e saiu galopando atrás dele, o coração batia rápido tinha medo do que ele poderia fazer sozinho e no escuro. Tentou correr o mais rápido possível atrás dele mais ele parecia esta a uma velocidade muito maior que ela.

O pó que subiu do cavalo dele era o único rastro que ele deixou para que ela o seguisse, a certa altura ela viu o cavalo dele e parou, desceu e o encontrou escorado em uma arvore, chorando e sentindo que o mundo lhe dava uma facada no coração.

Inês foi ate ele e tocou em seu ombro o fazendo virar para ela, ele a olhou e ela o puxou abraçando o corpo dele, Victoriano a abraçou mais forte ainda, Inês fechou os olhos e ficaram ali um grudado no outro para acalmar seus corações, não se sabe quanto tempo eles ficaram ali somente abraçado, mas fui muito tempo.

Victoriano a soltou de seus braços, já mais calmo e tocou o rosto dela, aproximou mais e mais e a olhou nos olhos, Inês num instinto abriu um pouco os lábios, nada mais era preciso ser dito, eles só queriam uma válvula de escape que pudesse os fazer voltar no tempo e arrumar o que estava errado para que eles pudessem ser felizes agora.

Inês tocou os lábios dele com os dela, virou um pouco a cabeça encaixando nos lábios dele, levando uma de suas mãos a nuca dele e o trazendo para mais perto, Victoriano tremeu não esperava o beijo mesmo querendo, ele a trouxe mais para ele e buscou a língua dela com a sua a encontrou e desfrutou daquele beijo como se ali eles tivessem selando um recomeço para o amor dos dois.