— Me deixar sair, por favor! – Olhou dentro dos olhos dele.

— Primeiro me diga se ainda me ama e ai eu te solto!

Inês sentiu um frio percorrer a sua espinha e não sabia o que responder, na verdade a resposta era uma só mais não diria não naquele momento, revelar seus sentimentos seria como erguer o ego de Victoriano e ele não merecia, era um homem casado e assim continuaria sendo para sempre.

Victoriano a mirava dentro de seus olhos esperando uma resposta que não veio e ele ficou aflito, será que ela não o amava? Lembranças o invadiram de golpe e ele lembrou-se de Loreto no momento seguinte e seu rosto enfureceu e ele a apertou em seus braços.

— Não me responde, não me responde por que não tem coragem de dizer que nunca me amou. – A segurou mais forte, Inês tentou se soltar. – Que eu fui somente um passa tempo em sua vida. – Se alterou falando mais alto.

— Victoriano abaixa a voz, todos estão nos olhando! Me solta. – Ele suspirou alto.

— Me responde Inês, anda me responde e eu te solto!

— Victoriano, eu só vou te dizer uma única coisa: - Às vezes se perde o que mais se quer na vida! – Ele a soltou.

Inês levou as duas mãos ate a boca e o olhou, andar de costas saindo da pista de dança, ela ficou ali por alguns segundos e logo saiu dali correndo para longe e quando estava afastada, encostou em uma arvore e chorou.

Victoriano foi ate a mesa e se serviu de um trago e o tomou de uma vez só, Débora tentou se aproximar e ele gritou pra que ela fosse dormi e ela já não aguentava mais aquela palhaçada nem pensou e saiu dali indo para casa.

Aos poucos a festa ia terminando, a noite deu lugar a madrugada e com ela sobrou somente Victoriano e os mariachis que tocavam para ele enquanto ele bebia todas. Ele levantou e se pós no meio da pista de dança e com a vista meio embaçada olhou Inês que mesmo de longe o cuidava com seus olhos de amor.

— Olvidate de todo menos de mi... – Ele chorou. – Um dia eu ainda te esqueço.

Levantou a garrafa em direção a ela e logo a levou aos lábios e bebeu, bebeu uma grande dose e quase caiu no chão. Inês se aproximou, pagou os mariachis e os levou ate a saída, quando voltou Victoriano já não mais estava ali.

Inês suspirou e foi em direção a casa, passou pela cozinha e pegou um pouco de água no copo e foi bebendo para o quarto, ao entrar estava tudo escuro, ela fechou a porta e ascendeu a luz e levantou seu olhar levando um baita susto.

O copo quase foi ao chão se não o tivesse segurado, olhou em volta e passou as mãos no cabelo, foi ate a cama e deixou o copo sob o criado-mudo e o chamou.

— Victoriano, Victoriano acorda pelo amor de Deus! – Ele apenas murmurou.

Inês se desesperou, ele estava agarrado a camisola dela, como se ali fosse o corpo dela que ele não poderia ter nunca se não fosse daquele modo.

— Victoriano... – Ele virou e abriu os olhos.

Inês o olhou e respirou fundo, ele pegou a mão dela trazendo ela para mais perto.

— Porque me deixou Inês? – Tinha vestígios de lagrimas. – Eu sempre te amei como um louco e você me traiu, me traiu e foi embora com ele. – Chorou.

— Victoriano por Deus, levanta e vai para seu quarto.

— Me da um beijo, um beijo Inês! – Tentava se manter de olhos abertos.

— Não Victoriano, você precisa ir! – Tentou tirar a mão mais ele a puxou e Inês caiu sobre ele.

Inês o olhou, ele sorriu e tocou o rosto dela, os olhos dele brilharam de amor e ele levantou um pouco a cabeça e roçou os lábios nos dela.

— É só um... Não vai nem doer! – Ela não tinha reação alguma.

Victoriano levou a mão ate a nuca dela e a puxou, mordeu os lábios dela de leve e abriu um pouco mais a boca, queria espaço e ela deu, deu o espaço que ele queria abrindo um pouco mais a boca e foi invadida pela língua dele que procurou pela dela e ambos sorveram do amor que aquele beijo proporcionava a ambos. Inês o soltou por um momento em busca de ar.

— Te amo Inês, Te amo!

Ele a puxou novamente e a beijou devorando seus lábios com fome de uma vida toda, giravam as cabeças se entregando por completo ao momento, Victoriano a segurava tão bem em seus braços que ela não pensava somente sentia. O corpo queimou mais era errado e algo dentro dela a fez dar um salto e Inês levantou da cama num salto, ofegou e ele sorriu de olhos fechado.

— Melhor sonho da minha vida Morenita! – Inês engoliu a saliva e passou as mãos no cabelo.

— Victoriano... Eu... – Tocou os lábios. – Meu deus!

Ela saiu do quarto atordoada batendo nas paredes, foi a cozinha e começou a fazer um café para ele e o tirar de seu quarto antes que o vissem ali, ela se escorou na bancada e fechou os olhos tocando os lábios o homem ainda tinha o poder de a deixar fora de orbita.

Minutos depois ela voltou ao quarto e ele estava profundamente adormecido, ela chamou mais não obteve resposta, deixou a xícara sob o criado-mudo e foi ate ele, tirou os sapatos e o arrumou melhor na cama como pode, tirou seu blazer e ele virou para o lado e suspirou dormindo.

Inês foi para o banheiro e tomou um largo banho e depois de vestir sua camisola e um pequeno robe, ela veio ate a cama, olhou pra ele e colocando alguns travesseiros entre eles ela deitou, deitou de frente para ele, os cobriu melhor e ficou ali admirando ele dormi ate que o sono a pegou e ela adormeceu.

...

ALGUMAS HORAS MAIS TARDE...

Era por volta das sete quando Victoriano acordou assustado e estranhando onde estava, olhou para o lado e deu de cara com sua Morenita, olhou estranhado e depois olhou o relógio em seu braço e arregalou os olhos, havia dormido ali a noite toda e não se lembrava como tinha ido parar ali.

Sentou na cama e viu a barreira de travesseiros entre eles e sorriu sentindo a cabeça explodir olhou Inês por exatos dois minutos e abaixou o corpo e a beijou de leve nos lábios para que ela não acordasse, ela apenas se mexeu e suspirou, ele a cobriu melhor e levantou vestindo seu sapato.

O telefone de Inês despertou e ela se moveu na cama e virou o pegando e desligando, bocejou e olhou a hora mais uma vez, era domingo e ela poderia ficar um pouco mais na cama já que o café da manhã não era servido por ela hoje o que ela dava graças a Deus por não ter que ver Victoriano.

— Victoriano... – Falou arregalando os olhos e virando na cama.

Victoriano a olhava, ela sentou e passou as mãos no cabelo.

— Por Deus você tem que ir embora, olha a hora Victoriano! – Se desesperou.

— Como eu vim parar aqui? – Levantou tocando a cabeça.

— Você não lembra? – O investigou.

— Não, eu me lembro de estar lá fora e depois nada mais.

— Você estava bêbado, muito bêbado e quando eu entrei aqui no meu quarto, você já estava e não conseguia nem andar.

— Me desculpe por isso! – Pegou o blazer. – É melhor eu ir, não quero te complicar. – A cabeça explodia.

Inês levantou abriu a gaveta e pegou duas aspirinas e deu a ele.

— Tome, vai te fazer bem. – Ele segurou a mão dela e se aproximou.

— Inês... – Ela o interrompeu.

— É melhor você ir! – Se afastou e foi para o outro lado do quarto ficando de costas para ele.

Victoriano a olhou e nada disse apenas saiu do quarto com cuidado para não ser visto, passou pela cozinha tomou o remédio e foi para o quarto, entrou direto para o banheiro, tirou suas roupas e entrou na água quente, algumas lembranças da noite passada invadiram sua mente e ele não acreditou no que estava lembrando e tratou de pensar que havia sido um sonho e que Inês não iria ceder a um beijo dele.

O domingo na fazenda Las Dianas foi como a qualquer outro, tranqüilo, calmo, mas havia uma pareja que não conseguia desligar o pensamento um do outro mesmo tratando de resolver seus problemas diários na casa, nada os fazia quitar o pensamento um do outro.

Era quase quatro da tarde quando Inês andava pelo jardim distraída, os pensamentos a consumiam e o beijo parecia ainda acontecer em seus lábios, ela podia sentir ainda os lábios de Victoriano nos seus. Ela fechou os olhos e suspirou.

— Isso não podia ter acontecido! – Falou para si mesma.

Os pensamentos de Inês foram interrompidos quando ela ouviu seu telefone tocar, ela o pegou e na tela marcava "Sem registro", ela estranhou mais atendeu.

— Alô?

— Olá Inês! – A voz soou do outro lado como uma faca que era novamente enfiada no peito dela.

— Lo... Loreto!