Emiliano que acordou com as vozes dos dois viu o exato momento em que o pai dava um tapa na cara de sua mãe, ele não pensou e levantou arrancando soro do braço e empurrou Loreto para longe e olhou Inês ali no chão com a mão no rosto.

— Você ficou louco? – foi o único que disse.

Loreto o olhou e se viu encurralado mais uma vez tinha deixado a emoção falar mais alto e agora teria que se explicar. Tratou de tirar Inês do chão e a sentou no sofá a olhando com ameaça e virou para o filho.

— Porque fez isso? - questionou Emiliano com o braço sangrando.

— Foi um reflexo meu filho. - fez cara de tristeza. - Sua mãe cuspiu na minha cara quando eu declarei mais uma vez o meu amor! Eu fiquei nervoso. - passou a mão no cabelo.

Emiliano olhou a mãe e fez sinal de negativo para ela.

— Acho melhor você deitar! - pegou ele pelo braço e o levou ate a cama.

Loreto chamou por uma enfermeira que veio e começou a cuidar de Emiliano enquanto Inês estava ali parada como uma estatua olhando para os dois, não conseguia se mexer, sentia o rosto arder e pior que a dor do tapa, era o olhar de seu filho. Inês não podia acreditar que o filho que tinha criado com tanto amor poderia estar se deixando levar por um homem que não valia nem o chão que pisava.

Inês levantou e segurando suas lagrimas que queriam saltar de seus olhos, ela se aproximou do filho logo que a enfermeira terminou de limpa-lo, as mãos tremiam e ela tinha um nó na garganta quando chegou ao lado dele. Emiliano a olhou por um momento e seu orgulho ainda era maior que ele e ele virou o rosto, Inês soluçou deixando escapar o seu desespero e ele fechou os olhos e ela olhou para Loreto mais uma vez e saiu dali sem conseguir mais dividir o ambiente com eles dois.

Ela encostou-se à parede, assim que saiu do quarto e deixou que as lagrimas banhassem seu rosto sem conseguir evitar, doía e doía muito saber que seu filho a julgava pior que qualquer estranho da rua. Victoriano que já estava no hospital, pediu informação do quarto de Emiliano e depois de agradecer se encaminhou ate lá, não iria entrar mais estaria ali de guarda para o caso de Loreto aparecer, mas ele já tinha perdido "a missa" e ao virar no corredor do quarto seus olhos foram ate o de seu amor.

— Inês... - ele correu ate ela.

— Victoriano... - ela chorou alto e deitou a cabeça no peito dele.

Victoriano a amparou e a manteve ali em seus braços para que ela não perdesse as forças completamente e fosse ao chão, ele sentiu seu coração desgarrar por vê-la ali em lagrimas e nem pensou apenas a pegou no colo e sentou no banco mais próximo que tinha ali naquele corredor e deixou que ela chorasse, sabia que ela não iria falar nada naquele momento.

Inês se agarrou mais a ele e deitou a cabeça em seu ombro tentando parar de chorar, pode ouvir quando um ou outro enfermeiro se aproximou e perguntou a ele se ela estava bem e ele apenas respondia que sim e que ele poderia cuidar dela. Parecia um bebê em seus braços e era aquele afago que ela precisava naquele momento, ele a segurou mais ainda e percebeu que aos poucos somente sobravam os soluços baixinho dela e ele se separou um pouquinho dela e a olhou nos olhos.

— Que passou mi vida? - nos olhos ele carregava a preocupação por vê-la assim.

Inês nada disse apenas o beijou, buscando nos lábios dele o refugio para sanar um pouquinho seu coração que doía somente de lembrar o olhar de seu filho. Victoriano a beijou com carinho a segurando pela nuca sorvendo para ele a angustia que sentia em um simples tocar de seus lábios, ele a amava e o que não queria era ver ela daquele modo, cessou o beijo e a olhou.

— Quer ir para casa? - ela negou com a cabeça.

— Vamos só tomar uma água! - ele assentiu e deu um "pitaco" em seus lábios e ambos levantaram indo ate a lanchonete.

[...]

DENTRO DO QUARTO...

— Não é assim que você vai ganhar a minha mãe, pai! - Loreto andava de um lado para o outro.

— Eu sei, mas eu perdi os estribos quando ela cuspiu na minha cara! - parou e se aproximou dele. - Você acredita que eu não fiz por querer certo? Eu a amo e vocês dois são tudo que eu tenho de mais sagrado na vida!

— Eu acredito, mas não quero que isso se repita a minha mãe não merece! - foi duro e Loreto se aproximou e o abraçou.

Sorriu por ele ser tão fácil de dobrar.

— Eu preciso ir. - soltou-se dele. - Eu volto mais tarde quando sua mãe não estiver, não quero mais problema! - Emiliano apenas assentiu e Loreto o beijou nos cabelo e foi embora.

Emiliano parou pra pensar em como tratou sua mãe e sentiu seu coração tremer, estava sendo um filho ingrato, mas não a queria perto de Victoriano. Suspirou e tratou de descansar.

[...]

MAIS TARDE DAQUELE DIA...

Inês voltou ao quarto de seu filho, tinha passado todo o dia ali, mas ao lado de fora, estava com medo de entrar e ser escorraçada por ele e preferiu esperar algumas horas para poder voltar ali, ela entrou no quarto e seus olhos foram de imediatos contra os dele. Victoriano estava do lado de fora grudado na porta, suspirava nervoso se aquele moleque voltasse a fazer sua morenita chorar ele entraria ali e daria uma bela surra nele.

— Como você esta meu filho? - a foz saiu fraca.

— Somente com um incomodo, mas vai passar! - Inês se aproximou da cama e pegou a mão dele sentando na cama.

Os olhos se encheram de lagrimas e ela beijou a mão dele e logo o olhou nos olhos.

— Não julgue sua mãe, eu não estou fazendo nada de errado! - engoliu a saliva para não chorar. - Você é tudo que eu tenho Emiliano e te ter assim frente a mim com esse olhar de julgamento sem nem saber o meu lado da historia, me mata um pouquinho a cada dia! - apertou a mão dele.

— Eu não posso te ver ao lado dele! - falou entre dentes. - Um assassino! - Inês negou com a cabeça.

— Ele não é nada disso do que teu pai falou! Loreto é mal e somente te manipula para seu próprio bem. - Emiliano tirou a mão da dela.

— Meu pai te ama!

— Quem ama não bate e muito menos vi... - ela parou de falar, ele não estava pronto para ouvir o que ela tinha a dizer. - Vamos deixar tudo isso para depois e pensar em sua recuperação. - sorriu de leve para ele.

Emiliano tinha os olhos fundos das noites mal dormidas, em seu rosto tinha as marcas das noites em que passava em claro, jogando e bebendo no cassino clandestino da cidade. Ele achava que estava fazendo certo, mas não apenas se afundava em um vicio sem volta, não era hora de Inês dizer nada mais sabia que teria que fazer algo ou perderia seu filho definitivamente para Loreto.

— Eu quero que fique em minha casa enquanto se recupera! - falou com os olhos cheios de esperanças.

— Eu não vou! - foi direto.

— Por quê? - apertou suas próprias mãos.

— Porque a senhora esta com ele! - suspirou. - E eu não o quero por perto!

Inês abriu um pouco mais os olhos o encarando, Emiliano estava ali dando um "xeque-mate" nela e mais uma vez Inês teria que decidir entre o amor de mãe ou o amor de mulher.