Lances da vida

Medos e superação


SOLUÇO

Minha roupa está super apertada. Mas aqui estou no festival de outono. Vou fazer meu papel e depois cair fora.

Vejo meus pais no pavilhão de comidas, conversando com um casal. Minha irmã como sempre feito um zumbi. A única diferença é que depois de nossa discussão no refeitório ela está me ignorando. Meus pais se recusam a falar sobre o acidente desde que cheguei. Quando tentei tocar no assunto fui repreendido.

Me aproximo de meus pais, minha mãe sorri.

– Esperávamos por você.

– Aqui estou. Falo nem um pouco animado.

– Soluço, você se lembra do Dr. E Sra. Tompson? Eles acabaram de abrir um consultório odontológico aqui em Berk.

– Sério?

Ele aponta para o leste mostrando uns edifícios.

– Não estou vendo ainda.

– Onde você se escondeu, é aquele edifício com um grande dente na frente.

Meu pai estava quase enfartando com a possibilidade de ter que explicar que o motivo de eu não ter visto um prédio com dente na frente é porque estive preso por um ano. – Vamos comer enquanto Soluço vai se encontrar com seus amigos.

Luane se junta a eles me ignorando completamente.

Isso aqui está parecendo um zoológico. Com tanta gente é difícil acreditar que Berk é um cidade pequena. Vejo Logan e os caras perto do estacionamento.

– Que isso Soluço, quem te vestiu assim? Logan diz

Fiz careta. – Você acreditaria se eu dissesse que foi minha mãe?

– Sim. Logan responde. – Berk não era a mesma sem você. Mas essas roupas terão que ir.

Melequento ri enquanto acende um cigarro. – Logan tem razão, Berk não é mais a mesma. Viram a senhora Hofferson dançando com o cara da lanchonete? Vocês acham que eles estão...vocês sabem? Já que a filha nunca vai arrumar um homem. Aquela ali vai precisar de muita cirurgia para conseguir atrair alguém. Ela só vai conseguir um par para o baile se marcar pela internet.

Ninguém ri porque Melequento não é engraçado. Ele está sendo um babaca desde que eu cheguei, fazendo de tudo para me irritar.

Flynn joga uma bola para o ar. – Vamos jogar bola antes que nossas mães nos façam dançar com elas.

Tiro minha camisa para jogar.

Depois de quarenta e cinco minutos voltamos, aproveito que Logan e Flynn estão lá na frente e encurralo Melequento contra uma árvore. Pego ele totalmente desprevenido. Ele não tem ideia que eu estou a ponto de chutar seu traseiro. Uma coisa que aprendi no DOC com os outros detentos. Pegue-os quando menos esperam.

– O negócio é o seguinte. Falo em voz baixa e dura. – Você vai parar de mencionar Astrid, prisão ou acidente. Entendeu? Se você quiser continuar falando demais já sabe que sua cara encontrará meu punho.

– Eu só estava brincando. Melequento suplica. – Soluço, relaxa.

Solto ele e lhe dou um último aviso. – A duas semanas eu vivia no meio de um monte de caras de gangue, não me manda relaxar.

Passaram-se cinco dias desde o festival. Estava no quarto de Kendra, na verdade era para estudar. Teremos prova amanhã.

Infelizmente me dei conta a meia hora que ela não está nem aí para estudar. Ela está desfilando diferentes roupas que comprou no shopping ontem.

– E esse? O que você acha?

– Estou lendo, não posso me dar mal na prova, Kend.

– Você dá mais atenção para as meninas da escola do que para mim.

Largo o livro. – Está brincando comigo?

– Não. Sabrina quase te come nas aulas de ginastica e você está gostando. E a Emily, estou sabendo que vocês andam de muita conversinha nas aulas de biologia.

– Eu nem olho para Sabrina e a Emily é minha parceira em bio. Você está me espionando? Por mim já tinha assumido nosso namoro, mas é você que quer manter isso em segredo.

Essa semana nos encontramos na floresta e agora tive que entrar pelos fundos para os vizinhos não me verem entrar. Estou cansado disso.

– Eu já te disse que meu pai está em campanha, Soluço. A filha dele não pode ser vista com ex detento.

– Vou embora.

– Não. Vou fazer valer a pena.

– Do que está falando?

Ela retira o vestido, ficando nua na minha frente. A olho e claro que eu quero isso, mas ela não está agindo como uma namorada. Ela não deveria ter que fazer um strip para me manter aqui. Ela não deveria ter que me seduzir.

– Kendra. Ouço alguém chamar no corredor

– Oh, não. Meus pais.

– Kendra, está aí?

– Sim, ela responde enquanto veste o vestido de novo. – Se esconde no armário.

– Não.

De jeito nenhum vou deixar me trancafiarem, mesmo sendo um armário.

– Filha, está com alguém aí?

– Não mãe, é o rádio. Estou me vestindo e já desço.

– Seja rápida, o senador Bony veio aqui para te conhecer.

–Quando vai assumir que estamos juntos? Pergunto. – Depois da eleição?

– Depois conversamos sobre isso. Ela diz enquanto se olha no espelho e passa gloss nos lábios. Logo aquele cheiro chega ao meu nariz. Até quando vou suportar esse cheiro sem desmaiar.

Abro a janela.

– o que você está fazendo?

– Indo embora.

– São dois andares, você vai se matar.

Olho em seus olhos. Por que, porque você me ama e não quer que me machuque. Porque você vai me pegar pela mão e descer para mostrar aos seus pais. E vai assumir para todos que estamos juntos?

– Vou ter problemas se te verem.

– Te vejo do outro lado. Digo e salto.

ASTRID

Chego a casa da senhora Reymond que me espera com o mumu. Tentei de todo jeito me livrar de usa-lo, mas sem sucesso.

Não que adiante se preocupar com aparência. Soluço e seus amigos disseram que só posso conseguir par para o baile pela internet. Eu escutei eles falando de mim no festival de outono. Chorei a noite toda.

Soluço ficou ali com o s colegas, como se não fosse o responsável por isso. Sua falta de atitude me feriu mais do que as palavras de Melequento.

– Hoje o trabalho é no sótão. Vamos limpa-lo.

– Mas e os bulbos?

– Quero um descanso de bulbos hoje. Amanhã continuamos.

Ela me leva até o sótão. – Não feche a porta ou nos trancará aqui.

– Isso é perigoso. Digo. E assustador. Tem um calço na porta. É um lugar pequeno, empeirado, cheio de caixa, fotos e teias de aranha.

– Senhora Reymond.

– Sim Astrid.

– Tenho medo de aranhas.

– Por que?

– Porque elas são horripilantes e picam.

Pensei que ela riria de mim. – Elas controlam a população de insetos e são necessárias. Até que faz sentido.

Começamos a limpar o local e tirar a poeira dos baús. Abrimos um deles e começamos a ver algumas fotos. – Essa foto é você e seu marido?

– Sim. Nós éramos apaixonados.

– Queria que meus pais fossem apaixonados um pelo outro.

– Passei algum tempo com sua mãe na lanchonete. Ela é uma mulher adorável.

– Obrigada. Fico orgulhosa de minha mãe, só gostaria que meu pai também achasse ela adorável.

Depois de ver algumas fotos e reviver memórias do passado, voltamos ao trabalho.

– Separe as caixas que será levadas para o lixo.

Ouço a campainha tocar e aviso a senhora Reymond, mas ela não ouvi.

Vou até a porta atender. Abro a porta rapidamente e tropeço para trás. Porque a última pessoa que eu esperava ver na minha frente era Soluço.

Ele tenta me segurar enquanto vou ao chão. É a segunda vez desde que ele chegou que tenta me tocar.