La Usurpadora... a história continua

Ninguém vai voltar a nos separar


Donato se irrita e aponta a arma para Carlos Daniel, Paola em um movimento rápido com as pernas, tenta derrubar Donato que se desequilibra e acaba derrubando a arma para fora da janela, mas ele não cai.

– DESGRAÇADA. – Diz Donato indo para cima de Paola.

Nesse momento, a polícia corre para dentro da casa e em questão de segundos abrem a porta do quarto, onde Donato empurrava Paola para a cama.

– ACABOU DONATO, COLOQUE AS MÃOS PARA CIMA. – Gritou o delegado.

– Se alguém se aproximar ela morre! – Responde Donato tirando um estilete do bolso e voltando a render Paola.

– Meu amor! – Falou Douglas entrando no quarto e vendo Paola a mercê de Donato novamente.

– Eu te amo. – Respondeu Paola olhando nos olhos de Douglas e chorando muito.

– Que cena patética. Se continuar assim preciosa, eu vou ter que fazer um corte nessa sua linda barriguinha. – Diz Donato passando o estilete de lado sobre a barriga de Paola que o olha assustada.

De repente ouve-se um barulho de tiro, Paola dá um grito e cai junto com Donato.

– PAOLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. – Grita Douglas correndo para ao lado dela.

Um dos policiais que estava do lado de fora da casa, foi até uma das janelas e conseguiu acertar um tiro que pegou na perna de Donato, que estava segurando Paola e caíram os dois.

Donato ficou com a mão na perna que sangrava muito. E Paola se soltou dele.

– Meu amor. – Disse ela ajoelhando-se ao lado de Douglas e o abraçando forte.

– Você está bem? – Perguntou ele acariciando o cabelo dela.

– Agora sim. – Respondeu Paola saindo do abraço.– Eu tive tanto medo. – Falou voltando a chorar e Douglas a abraçou novamente.

– Calma meu amor, agora estou aqui, e não vou desgrudar de você nunca mais. – Diz Douglas e em seguida lhe dá um beijo.

Enquanto isso, a polícia algemava Donato e chamava uma ambulância.

Após finalizarem o beijo, Douglas se levanta e ajuda Paola a levantar-se.

– Minha irmã. – Falou Paulina indo abraçar Paola. – Fico feliz que esteja bem, estávamos aflitos e com medo de que o infeliz do Donato fizesse alguma coisa com você.

– Obrigada Paulina. Aquele desgraçado bem que tentou. – Respondeu Paola apontando para si, ela ainda estava apenas de sutiã e calcinha. – Mas graças a Deus vocês chegaram e impediram o pior.

– Você foi muito corajosa Paola, em conseguir pegar o celular sem que ele visse, avisar o Douglas e também por me defender, obrigada mesmo, aquele louco era capaz de ter atirado em mim. – Falou Carlos Daniel.

– Depois de tudo o que eu fiz isso é o mínimo que eu poderia fazer por você, para agradecer a confiança que voltou a me dar. – Disse Paola sinceramente e Carlos Daniel respondeu com um sorriso.

– Você deve estar com frio Paola, pode vestir meu casaco. – Falou Paulina tirando seu casaco branco que ia até a altura do joelho e entregando para Paola.

– Obrigada, aquele imbecil rasgou o meu vestido, e eu não poderia ir embora assim. – Diz Paola dando uma risada para descontrair e em seguida, veste o casaco.

Os quatro seguem conversando e Paola conta tudo o que havia passado e em questão de minutos, chega à ambulância e leva Donato para o hospital acompanhado pelos policiais.

O delegado vai até Paola e pede para que ela vá até a delegacia prestar o seu depoimento e fazer uma denúncia, Douglas, Paulina e Carlos Daniel vão junto como testemunhas.

NA DELEGACIA...

Paola conta ao delegado tudo o que sofreu nas mãos do Donato, falou que na sua festa de noivado ele já havia procurado ela e a ameaçado e que agora estava cumprindo essa ameaça, os demais prestaram o depoimento como testemunhas e Paola assinou a denúncia contra Donato, que após sair do hospital ficaria preso em regime fechado até o seu julgamento.

– Ele tem alguma chance de sair livre desse julgamento? – Perguntou Paola preocupada.

– Olha devido à prisão em flagrante e todas as provas e depoimentos contra ele, acredito que seja declarado culpado e pegue vários anos de prisão, mas não tem como afirmar com 100% de certeza. – Explicou o delegado.

– Então mesmo depois de ter sequestrado, tentado abusar e matar a Paola, ele ainda tem chance de ficar livre? – Questionou Douglas inconformado.

– As chances são bem poucas, mas infelizmente existem. – Respondeu o delegado.

Eles finalizaram os tramites necessários, e foram em direção aos seus respectivos carros.

– Obrigada pela preocupação e pelo apoio de vocês. – Agradece Paola.

– Imagina Paola, você é minha irmã, sabe que sempre pode contar comigo. – Respondeu Paulina dando um abraço em Paola.

– Obrigada por não ter desistido de mim. – Falou Paola no ouvido de Paulina enquanto estavam abraçadas.

Douglas também agradece e se despede do casal.

– Agora certamente você vai deixar aquele hotel e voltar para a casa do Douglas, né dona Paola? – Perguntou Carlos Daniel em tom de brincadeira.

– Se ela não quiser ir, eu a levo a força. – Brincou Douglas.

– Nossa meu amor, já que pede assim com tanto carinho eu vou. – Respondeu Paola dando uma risada e abraçando Douglas.

– Bom, nós já vamos. Até mais e Douglas cuida bem da minha irmã. – Pede Paulina.

– Até mais. Pode deixar Paulina, já disse que não vou desgrudar da Paola nunca mais. – Respondeu Douglas.

Eles se despedem e Paulina e Carlos Daniel vão para casa, já Paola e Douglas vão em direção ao hotel onde ela estava hospedada, buscar suas coisas para ela voltar para a mansão deles.

NO HOTEL...

Douglas faz uma reclamação ao gerente do hotel devido à falta de segurança, que permitiu com que Donato entrasse armado no estacionamento e sequestrasse Paola, o gerente pediu mil desculpas e disse que irá reforçar a segurança, para que episódios como este, não voltem a se repetir.

Enquanto isso, Paola foi ao quarto arrumar suas malas. Minutos depois, Douglas bateu na porta.

– Posso entrar? – Perguntou sorrindo.

– Claro meu amor. – Respondeu Paola retribuindo o sorriso. – Já estou quase terminando de arrumar minhas coisas.

– Está bem. – Falou Douglas se aproximando dela, ele pegou uma peça de roupa que Paola estava dobrando para guardar na mala, jogou na cama e segurou a mão dela. – Você já conseguiu me perdoar? – Perguntou.

– Você ainda tem alguma dúvida?! – Respondeu Paola entrelaçando os braços nos ombros dele e o beijando intensamente. – Senti tanto a sua falta. – Falou com os olhos marejados e acariciando a face de Douglas assim que finalizaram o beijo.

– Oh minha vida, e eu senti mais ainda. Não faz ideia do vazio que eu fiquei sem você por perto. – Disse Douglas secando as lágrimas de Paola.

– Eu sei que fui dura, mas eu estava muito magoada e não conseguiria estar entregue a nossa relação por completo, sempre que fosse falar comigo ou me beijar, eu iria me lembrar daquela cena na festa e não daria certo. – Desabafou Paola.

– Eu entendo meu amor, o que eu fiz não tem perdão, e mesmo que você tenha me perdoado, eu não consigo me perdoar pelo que te fiz passar. – Falou Douglas com a cabeça baixa.– Mas agora você não sente mais isso?

– Esse tempo que estive com Donato, cheguei a pensar que talvez fosse morrer ou que não fosse mais te ver, eu me dei conta do quanto eu te amo e que não podia deixar um erro como aquele estragar a nossa felicidade, porque mesmo sem querer, o Donato estava conseguindo o que queria que era nos separar, então eu decidi que se saísse bem de lá, eu ia voltar correndo para os braços e não iria sair dali nunca mais. – Disse Paola sentando-se ao lado de Douglas na cama.

– Não sabe como me alegra ouvir isso Paola, eu tive tanto mede de te perder, até mesmo antes disso, tive medo de você nunca me perdoar, de não querer me ver mais, de não me deixar acompanhar a sua gravidez, enfim, pensei mil coisas e não consegui ficar em paz sem saber de você. – Falou Douglas com os olhos marejados.

– Mas agora estamos juntos novamente meu amor, e ninguém vai voltar a nos separar. – Respondeu Paola dando um sorriso e um beijo em Douglas.

Douglas a deita na cama e continua a beijá-la por mais alguns minutos. Paola cessa o beijo e ao notar a cara de ‘decepção’ dele por ela ter se afastado, logo fala: – Meu amor, é melhor irmos para casa, esse hotel não está me trazendo boas lembranças.

– Você tem razão minha vida, eu vou te ajudar a terminar de arrumar as coisas para irmos. – Falou Douglas.

E assim os dois terminam de arrumar as malas de Paola e seguiram para a mansão.

NA MANSÃO BRACHO...

Quando Paulina e Carlos Daniel chegaram, seus filhos já haviam dormido, foram dar um beijo em cada um deles e em seguida foram falar com a vovó Piedade, que os aguardava ansiosa para saber notícias. Eles contam para ela tudo o que aconteceu com Paola, como foi o desfecho do sequestro, que ela e Douglas se acertaram e que ela voltaria para a mansão com ele. Vovó ficou aliviada e feliz por Paola, os avisou que as crianças tinham se comportado bem na ausência deles e que Lalinha e Adelina deram mamadeira para os gêmeos que logo depois já pegaram no sono. Vovó deu boa noite para o casal e foi deitar-se. Paulina e Carlos Daniel foram para o seu quarto. Após tomarem banho, conversaram um pouco, sobre todo o acontecido, trocaram beijos e algumas carícias e dormiram abraçadinhos, pois estavam bem cansados, depois do dia tumultuado que tiveram.

NA MANSÃO MALDONADO...

Ao chegarem em casa, Douglas levou as malas de Paola para o seu quarto e ela seguiu direto para o banho. Após ajeitar a cama para que pudessem descansar, Douglas foi falar com Bráulio, contou-lhe tudo o que tinha acontecido e que agora, Paola havia voltado para a mansão. O mordomo ficou alegre com a notícia, mesmo anos atrás não gostando da Paola, ele sabia que agora ela estava mudada, e só queria a felicidade de seu patrão, que para ele era como um filho, já que os pais de Douglas viviam no exterior, e Bráulio desde quando ele era pequeno, servia a sua família. Douglas pediu para Rosa, a cozinheira da casa, que lhes preparasse um lanche bem especial, imaginou que por conta da gravidez, ela estivesse com fome.

Em seguida, voltou para o quarto, onde ouviu que Paola ainda estava no banho. Ele foi até o banheiro, entrou sem fazer barulho e ficou admirando sua amada que se lavava com os olhos fechados, e não notou a presença dele ali. Douglas não aguentou e tirou sua roupa, foi até a entrada do box e abriu a porta, Paola ouviu o barulho da porta e virou-se imediatamente.

Ela ficou olhando para ele, e sem dizer nada, pegou em sua mão, o fazendo entrar. Douglas a puxou pela cintura, colando seus corpos e a beijou intensamente.

– Amei a surpresa. – Falou Paola com um sorriso malicioso, sem sair dos braços de seu amado.

– Na verdade não foi bem uma surpresa. – Respondeu Douglas dando uma risada. – Você estava demorando, eu vim ver se estava tudo bem, mas ao te ver aqui, desse jeito. – Ele a olhou de cima em baixo. – Não resisti. – Ele a guiou e a encostou na parede. – Você me deixa louco sabia? – Em seguida começou a beijar o pescoço de Paola.

– Eu precisava tirar toda a sujeira e rastros daquele infeliz do meu corpo. – Disse Paola rendida às carícias de seu amado.

– Não seja por isso meu amor, eu te ajudo a limpar. – Falou pegando a esponja e passando sobre o corpo de Paola provocando-a.

Ela estava em delírio com as carícias de Douglas, que estava cada mais excitado, ele largou a esponja, e voltou a beijá-la, foi descendo seus beijos para o pescoço e foi até os seios de Paola, e ficou um tempo ali, mordiscando, beijando e a levando a loucura.

Paola já não estava mais aguentando, ela acariciou a face dele e fez com que se levantasse e o puxou para um beijo, ao unirem novamente seus corpos, ela sentiu a excitação de seu amado. Douglas a pegou pela cintura e a ergueu encaixando seus corpos. Ele a firmou bem a encostando na parede e começou a amá-la, começando com movimentos lentos que rapidamente aceleraram e em questão de minutos, chegaram ao ápice do prazer. Após finalizarem o banho, seguiram para o quarto, onde Rosa já havia deixado a bandeja com um lanche para eles.

– Pedi para a Rosa preparar um lanche para gente, imaginei pudesse estar com fome. – Falou Douglas sentando-se na cama.

– Obrigada meu amor, confesso que antes eu estava um pouco enjoada, e não conseguiria comer nada, mas depois de... Bom, você sabe. – Disse dando uma risada. – Abriu meu apetite, e seu filhinho está pedindo comida. – Brincou.

– Você fica ainda mais linda falando no nosso filho. – Disse Douglas se aproximando de Paola e acariciando o ventre dela.

– Você será um ótimo pai. – Falou Paola sentando-se na cama e pegando uma torrada. – Já eu... Tenho medo de não saber educar nosso filho. – Completou com a cabeça baixa.

– Hey meu amor, claro que vai, nosso bebê nem nasceu ainda e você já está demonstrando ser uma mãe cuidadosa e dedicada, tenho certeza que será uma mãe maravilhosa. – Respondeu Douglas acariciando a face dela.

– Espero que sim meu amor, porque às vezes penso, que se essa criança for metade do que eu fui, não sei o que será de nós. – Desabafou Paola.

– Como assim Paola. – Perguntou Douglas sem entender.

– Digamos que eu já aprontava das minhas desde pequena, mas outra hora te conto melhor. Vamos terminar de comer para descansarmos, porque depois desse dia horrível, eu só quero fechar os olhos e esquecer do mundo.

– Claro, meu amor, tem razão, precisamos descansar. – Respondeu Douglas.

E assim os dois terminaram de comer, deitaram-se de conchinha e logo pegaram no sono.

Os dias foram passando-se e Paola havia retomado os preparativos do casamento, Douglas a ajudava quando necessário, e seguiu trabalhando em seu escritório na mansão, pois não queria ficar longe de sua amada. Além de ações na fábrica Bracho, ele tinha ações em outras grandes empresas da Cidade do México. Carlos Daniel, Rodrigo e Miguel, o marido de Estephanie, tocavam a fábrica Bracho, Paulina estava ficando mais em casa para dar toda atenção aos seus bebês, que já estavam com 4 meses. Patricia e Estephanie iam quase todos os dias à mansão Bracho fazer companhia para Paulina e Vovó Piedade.

DUAS SEMANAS DEPOIS...

Era uma terça-feira à tarde, Paulina ligou para Paola combinando de fazer-lhe uma visita com seus bebês, Paola adorou a ideia, por mais que tivesse seu amado ali, ela sentia falta de conversar com uma amiga, e quem melhor do que sua irmã, para isso. Ela pensava em visitar Paulina na mansão, mas apesar de tudo estar em paz, entre ela e a família Bracho, Paola ainda sentia-se insegura para ficar indo lá muitas vezes.

Em menos de uma hora, Paulina chegou à mansão Maldonado com seus gêmeos, Gabriela e Fernando.

– Paulina, que bom te ver. – Disse Paola indo receber a irmã e a cumprimentando.

– Oi Paola, bom te ver também. Já queria ter vindo antes, mas sabe como é as crianças tomam um tempo da gente. – Respondeu Paulina dando uma risada.

– Ah eu imagino. E por falar em crianças, deixa eu dar um beijinho nos meus sobrinhos lindos. – Falou Paola dando um beijinho em Gaby e Fer que estavam no carrinho. – Como eles estão grandes.

– Pois é eles crescem tão rápido, que quando a gente vê, já estão fazendo um ano. – Brincou Paulina. – E a gravidez como vai? – Perguntou.

– Vai bem, já estou com 3 meses, está quase dando para notar. – Respondeu Paola mostrando sua barriga, que tinha uma pequena saliência, mas que só quem sabia da gravidez podia reparar. – Semana que vem vou fazer o ultra-som para tentar saber o sexo. – Contou sorrindo.

As duas foram caminhando em direção a sala e continuaram a conversar.

– Que ótimo Paola, e você já pensou se prefere menina ou menino? – Perguntou Paulina.

– Para ser sincera não parei muito para pensar nisso. Você sabe que antigamente eu nunca quis ter filhos, mas sempre imaginava que se algum dia chegasse a ter, queria uma menina. Mas por outro lado, tenho medo de que se for uma menina, seja parecida comigo, quando pequena. – Respondeu Paola pensativa.

– Eu acho que uma filha seria o ideal para você mesmo, não consigo imaginar você mãe de um menino. – Brincou Paulina. – Mas por que tem medo de que se for menina, se pareça com você quando pequena? – Perguntou intrigada.

Antes que Paola pudesse responder, Douglas entra na sala e cumprimenta Paulina.

– Meu amor, senta aqui com a gente. A Paulina me fez uma pergunta que você me fez há uns dias atrás e eu gostaria de contar aos dois sobre a minha infância, e o porquê do meu medo de que meu filho seja assim. – Falou Paola e Douglas sentou-se ao lado dela.

– Apesar de sermos irmãs, nunca havíamos falado sobre isso, eu sabia que você tinha sido criada por nossa mãe, e que apesar da pobreza, teve todo seu amor, carinho e atenção, mas eu por outro lado, fui criada por uma família rica, que eu acreditava ser a minha família de verdade, eles sempre me deram de tudo, menos o que eu mais precisei a minha vida toda... Amor. – Começou a contar Paola.

Paola lembrava-se claramente de sua infância conturbada. Nunca teve atenção devida de seus pais, que achavam que dinheiro era tudo na vida, Paola foi criada sempre para ser a melhor, se uma amiga comprasse alguma coisa, na mesma hora ela comprava uma muito melhor e assim ela foi crescendo cada vez mais mimada. Na frente de todos ela parecia não se importar com a ausência de seus pais, mas no fundo o que mais queria era um pouco de amor e atenção deles. Os dois viviam viajando pelo mundo, mas sempre sozinhos, quando Paola queria viajar eles sempre a mandavam com algum empregado junto. Ela entristecia-se cada vez mais com isso, sempre quis viajar com os dois, porém quando voltavam mal davam ‘oi’ pra ela. Apesar disso tudo, Paola tinha sua avó, que quando seus pais viajavam ficava com ela sempre que podia, ela adorava a avó, e depois que ela morreu, o mundo de Paola desabou. Ela passou a ser criada mais pelos empregados aos quais destratava sem dó nem piedade. Fazia de tudo para conseguir o que queria sem se importar com as consequências. Sua mente fria e calculista trabalhava sempre a seu favor, ela passava por cima de quem fosse para alcançar seus objetivos. Quando era descoberta, enganava a quem fosse com seu rostinho angelical, que escondia a face traiçoeira de uma menina que não tinha a atenção das pessoas que eram mais importantes para ela.

– Nossa Paola, eu não podia imaginar que tinha sofrido tanto, agora entendo em parte, suas atitudes de antigamente. – Falou Paulina com os olhos marejados.

– Meu amor eu nem sei o que dizer. – Disse Douglas abraçando sua amada que chorava muito ao lembrar-se de tudo aquilo.

Paola secou suas lágrimas, respirou fundo e continuou a contar.

– No meio disso tudo, dessa ausência dos meus pais, eu tinha a minha avó Beatriz, ela era um anjo, a única que parecia gostar de mim naquela casa, ela via como eu sofria com a falta de amor deles, e sempre que podia estava comigo, nós brincávamos, ela me levava para passear e sempre tentava fazer de tudo para que eu estivesse feliz e não sentisse a falta dos meus pais. Quando eu estava com ela, realmente não sentia, o meu problema começou depois que ela faleceu. – Contou Paola chorando desesperadamente ao lembra-se da morte de sua avó.

– Paola, não precisa se torturar meu amor, já deu para entender como sua vida não foi fácil e o porquê de você ter se tornado a pessoa que você era, me dói te ver assim. – Falou Douglas preocupado.

– Eu estou bem meu amor, eu preciso contar, sempre guardei isso comigo a minha vida toda, só estou assim porque remexer no passado, não é fácil. – Explicou Paola, ela tomou um copo de água e continuou.

– Minha avó morreu quando eu tinha 8 anos, ali meu mundo desabou. Ela teve uma parada cardíaca no meio da noite e no dia seguinte não acordou. Eu era pequena, não entendia direito o que tinha acontecido, só sabia que minha vovó querida não estaria mais comigo. A partir daquele dia, que eu realmente passei a sofrer com a falta de atenção e de amor dos meus pais. Nos primeiros dias, minha mãe ficou mais em casa, pois também estava sofrendo com a perda de sua mãe, ela me levava para ficar junto com ela em seu quarto, ficávamos vendo filme e nos distraindo, foi a única vez que realmente me senti amada por ela. Mas minha alegria acabou uma semana depois, quando novamente ela e meu pai viajaram me deixando sozinha com os empregados. Antigamente, quem cuidava de mim era minha avó, mas agora, eu não tinha ninguém da minha família comigo, e passei a me tornar uma criança mimada, birrenta, e minha ‘diversão’ nesses momentos em que estava sozinha com os empregados, era transformar a vida deles em um inferno. Mas tinha um, que eu realmente não suportava e sem medir as consequências, fiz uma coisa horrível com ele. – Contou Paola.

FLASH BACK – ANOS ATRÁS...

Paola detestava seus empregados, sempre os chamando de lerdos, incompetentes e outras coisas piores. Mas havia um deles que ela não suportava de jeito algum, seu nome era Isauro, ela o detestava por causa de sua filha. De vez em quando, ele levava a menina pra Mansão Montagner e lá cuidava dela com muito carinho, mas sem deixar as tarefas de lado. Paola invejava a atenção que a garota recebia. Um dia que ele não havia levado a menina para lá, ela foi falar com ele.

– Não quero que traga sua filha para minha casa nenhum dia mais! – Falou irritada.

– Mas porque senhorita Paola? – Perguntou Isauro sem entender.

– Eu que mando aqui e não quero essa garota na minha casa! – Respondeu Paola.

– Mas os donos dessa casa são seus pais e só vou deixar de trazê-la quando eles pedirem. – Disse Isauro.

– Acho melhor você me ouvir seu empregadinho morto de fome! – Paola o olhou com raiva.

– Só obedecerei à ordem se for vinda de seus pais. Agora tenho trabalho a fazer, com licença. – Falou Isauro e em seguida se retirou para voltar aos seus afazeres.

Paola remoía cada palavra dita pelo empregado, e jurou tirá-lo dali a qualquer custo. Após pensar horas e horas, já tinha seu plano em mente. Pegou uma de suas bonecas mais caras, e calmamente foi ao quartinho dos fundos e a colocou na mochila simples de Isauro. Depois foi para o seu quarto e voltou a brincar com suas outras bonecas. Esperou que seu pai chegasse do trabalho, aproveitou que essa semana ele não estava viajando e deu inicio ao seu ‘show’.

– Papai. – Disse Paola pulando no colo de seu pai.

– Oi minha princesa, como você está? – Perguntou ele de forma carinhosa para surpresa de Paola.

– Eu estou triste, porque acho que alguém roubou minha boneca, aquela bem cara que você me trouxe de Paris. – Mentiu Paola.

– Tem certeza que você não largou ela em algum canto e agora não lembra?

A expressão fria do senhor Montagner deixou-a em dúvida se seu plano iria dar certo. Seu pai com certeza diria ‘ - Depois eu compro outra’.

– Não papai eu tenho certeza de que foi um dos empregados. – Falou Paola com toda segurança, mas fazendo uma carinha triste para convencer seu pai.

E pela primeira vez, Paulo se importou com sua filha.

– Não se preocupe minha filha, se foi algum dos empregados, iremos descobrir. – Disse pegando na mão de Paola e indo até a sala.

Paulo reuniu todos os empregados na sala, e começou a explicar.

– Uma boneca caríssima da minha filha sumiu, e ela acredita que foi roubada. Não quero constrangê-los, mas iremos revistar os quartos e se não encontrarmos, peço, por favor, para que mostrem suas bolsas. – Falou sério.

E assim foi feito, eles procuraram em cada canto dos quartos, mas não encontraram nada, e como apenas dois dos empregados, ficavam direto em casa, o senhor Montagner pediu para ver a bolsa dos demais.

Alguns estavam temendo, apesar da consciência limpa e começaram a esvaziar suas bolsas, quando de repente da bolsa de Isauro, cai a tal boneca. O empregado fica assustado, sabia que não tinha roubado nada.

Paulo estava com uma expressão séria, parecia ter sido traído e aparentemente foi, Isauro estava com eles há anos. Paola que estava sentada no sofá, não escondeu seu sorriso, o empregado a viu e já sabia que tinha sido mais uma das suas.

– Eu não esperava isso de você Isauro. – Falou Paulo desapontado com o fiel empregado.

– Senhor, eu sei que não irá acreditar, mas minha consciência está limpa, eu não roubei a boneca da sua filha. – Disse Isauro calmamente.

– Como não se a minha boneca estava em sua bolsa. – Paola levantou-se do sofá e falou rapidamente. – Certamente ele roubou para dar de presente para a filha. – Completou.

Nesse momento, Eleonor a mãe de Paola, chega em casa e ao ver a movimentação, questiona seu marido sobre o que está havendo, Paulo explica a situação e entra em acordo com ele sobre a medida a ser tomada.

– Lamentamos muito que tenha ocorrido isso Isauro, você está com a nossa família há anos, mas diante dos fatos, não tem outro jeito, se não te demitir. Você quebrou a nossa confiança, e para nós, isso é inadmissível. – Falou Paulo.

– Peço para que reúna suas coisas e deixe essa casa o mais rápido possível, nosso advogado fará todos os acertos referentes ao seu salário diretamente com você, ao longo dessa semana. – Disse Eleonor com olhar de desprezo.

Paola subiu com seus pais até o quarto deles.

– Eu não queria que ele fosse demitido papai, mas também acho feio ele roubar minha boneca. – Falou Paola chorando falsamente.

– Não se incomode com isso filha, foi necessário, não podemos ter um ladrão em nossa casa, agora foi uma boneca, mas vai que depois ele rouba algo de valor, temos que nos prevenir. – Explica Paulo.

– Está bem papai, eu vou para o meu quarto. – Disse Paola indo até seu quarto.

Lá, ficou olhando alguns minutos pela janela e ao ver Isauro despedindo-se dos outros empregados e saindo, ela correu até o jardim.

O olhar dele estava triste mirando o chão, como cuidaria de sua família agora?

Quando se aproximava do portão, deu de cara com Paola, que o encarou e sussurrou: – Eu avisei queridinho...

FIM DO FLASH BACK

Paola termina de contar e fica chorando ao lembrar-se do que fez com o pobre empregado. Paulina chorava também ao se inteirar da história de sua irmã, Douglas estava abraçado com Paola ainda assimilando a história.

– E foi isso, talvez essa tenha sido a minha ‘travessura’ mais grave da infância, que certamente teve consequências muito sérias para o coitado do Isauro, mas imaginem o que uma menina que não tinha a atenção dos pais sentia ao ver aquele homem tão simples tratar sua filha com toda atenção e carinho sem descuidar de suas funções, era uma sensação horrível, depois da morte da minha avó, ao invés de me tornar uma menina depressiva, eu me tornei fria, egoísta e má. – Diz Paola após se recuperar.

– Claramente o que você fez com aquele pobre homem não foi certo, mas eu não te julgo minha irmã, você infelizmente não teve ninguém para te mostrar o que era certo e errado, e a única pessoa que fazia isso, morreu com você ainda muito pequena, o que só piorou as coisas. Obrigada por confiar em mim para contar sua história, agora eu consigo entender algumas atitudes suas de antigamente e com isso eliminar qualquer mágoa, desconfiança e ressentimento que pudessem estar em mim. – Falou Paulina sentando-se ao lado de Paola e a abraçando.

– Obrigada minha irmã. – Eu sei que fui muito cruel com você e se não fosse o seu perdão, e o do Douglas claro... – Ela olhou para Douglas e deu um sorriso. – Eu não teria conseguido superar tudo e me tornar uma pessoa melhor. – Disse Paola sinceramente.

– Minha vida, cada dia me orgulho mais de você, eu também agradeço por ter me contato sua história, ter divido comigo todos esses momentos tristes da sua infância e com isso eu entendi seu medo de que nosso filho ou filha venha a ser assim, mas eu sei que isso não vai acontecer, sabe por que? Porque você foi assim, por não ter o amor e a atenção dos seus pais, mas essa criança... – Douglas fala e acaricia o ventre de Paola. – Vai ter tudo isso e muito mais, eu te garanto que amor e atenção não irão faltar para ela. – Completou Douglas.

– O que seria de mim sem vocês? – Perguntou Paola brincando e dando um selinho em Douglas.

Nisso, Fernando que estava no carrinho que era daqueles duplos, para gêmeos, acorda e começa a chorar.

– Parece que alguém está com fome. – Fala Paulina pegando seu filho no colo.

– Eu vou deixar vocês à vontade, qualquer coisa estou no escritório. – Disse Douglas saindo da sala.

Paulina se preparava para dar de mamar ao Fer que ainda estava chorando, por ter acordado assustado e Gabriela acorda e começa a chorar também.

Paola olha para Paulina como se esperasse uma aprovação para pegar Gaby no colo e Paulina faz um sinal positivo com a cabeça. Paola então pega sua sobrinha e a fica ninando, ela fica olhando para a menina que era muito parecida com Paulina e fica se perguntando se sua filha se pareceria com ela também, ou se fosse menino, se seria parecido com Douglas, como Fer era com Carlos Daniel. Em questão de minutos, Gaby se acalmou e Paola sentou-se e ficou brincando com ela enquanto Paulina terminava de alimentar seu outro bebê.

– Você tem jeito com bebês. – Falou Paulina sorrindo ao ver sua irmã brincando com sua filha.

Digamos que eu nunca tive muita experiência nem paciência com bebês. – Paola deu uma risada. – Mas agora tudo mudou, e é bom eu ir treinando. – Completou.

As duas passaram o restante da tarde juntas, e Paulina foi para sua casa. Douglas ainda estava em seu escritório. Quando Paola estava indo até a cozinha falar com Bráulio, ouviu a campainha tocar e foi atender. Ao abrir a porta ela se deparou com uma senhora muito elegante.

– Quem é a senhora? – Perguntou intrigada.

– Sou Carmem, a mãe de Douglas Maldonado.