La Reine En Lambeaux

La Reine en lambeaux


Éponine.A rainha do castelo de palha.Tão graciosa que era a criança bem corada e nutrida.Tão alegre e saltitante.

Os belos e brilhantes cabelos negros.As bochechas coradas.Os olhos negros e belos.E o sorriso.Ah o sorriso da rainha do palácio de palha era o que fazia nascer o sol.A gargalhada infantil esbanjava felicidade.

A mãe a amava,o pai a adorava,sua irmã,Azelma que a idolatrava.A vida da Éponine era completa das felicidades mais sombrias.Sua alma era a luz da estalagem dos Thénardier.Ela era a graça,a única beleza viva naquele lugar hostil e mal cuidado,caindo aos pedaços.

Éponine fora a distração da mãe por anos.Era um reflexo da Sra.Thénardier,sem os movimentos bruscos e voz pesada.Perto da mãe,Éponine era uma fada.

Filhas da elefante e da pulga,Éponine saíra fada e Azelma saíra pomba.Um milagre da natureza,sendo externa e interna.As duas meninas eram graciosas,de pensamentos ainda infantis adaptados a sua terrível realidade.

Pobres crianças,deslumbradas,pois não tem nada para ver além de sua realidade nas migalhas.Para as irmãs,sua pobreza era sua riqueza,já que,como pode se diferenciar o certo do errado,quando se vive com os Thénardier?Como se pode querer mais se nosso mundo é rodeado de migalhas?É difícil demais para uma criança olhar para o horizonte,quando esta mal consegue enxergar o que há em cima da mesa.

A estalagem era um palácio,os bêbados que viviam lá,os súditos e sua vida,a mais completa que poderia ser.A realidade,sendo ela pura,casta,gentil aos olhos de Éponine,mas sombria,cruel e suja em sua consciência,que recém se formava.

Tal consciência de inocência cruel,que deixava de ser apenas um reflexo melhorado da mãe e começara a pensar nas próprias maldades,ter as próprias opiniões e ser um pouquinho melhor,não muito,mas um "pouquinho",já bastante a ser melhorado.Um "pouquinho" é um passo contrário a degradação,tal degradação que estava no sangue da criança.

Mas a felicidade não dura para sempre,inclusive a felicidade abstrata de Épopine.Tiraram seu castelo,lhe apresentaram o que havia diante de seus olhos:A miséria.

A família se mudara para Paris,com poucos tostões que ainda sobravam.Éponine era uma criança que estava crescendo,sabendo e mudando.

Logo seu irmão Gavroche fora as ruas.Azelma continuava tão pura.E Éponine perdera o trono,mas nunca a coroa.Virara agora princesa em farrapos,pois seu castelo de palha fora queimado,suas migalhas varrida e seus sonhos quebrados.

Éponine tivera que escolher entre a realidade pura e o mundo dos sonhos passados.Ela fizera um limbo.Uma mistura.Um refúgio aparente.Um remédio para suas feridas.Um conforto,que só lhe trouxera dor.

A vida nunca fora justa com Éponine.Mesmo que ela não se importasse.Para ela,Azelma era a irmã mais bonita.Azelma era mais sadia.

Azelma era bela.Não vivia em farrapos pois tinha seus amantes.Sua cabeleira castanha e brilhante,seu corpo sadio, e sua falta de opiniões a faziam uma ótima amante.Aquilo enchia a mãe de orgulho.Azelma ainda era criança,mas crescera rápido demais para não passar fome.

Éponine era magra demais,opinava demais,pensava demais.Os braços eram varetas,como dizia a Sra.Thenárdier.

– Como quer sair da miséria,deste jeito?Acha que homens gostam de mulheres magras que tem algo na cabeça?Eu já tive algo na cabeça e olhe onde parei! - Dizia a mãe.- As mulheres não amam,'Ponine.As mulheres sofrem.

Éponine,não ouvia a mãe.Afinal quem aceitarias os conselhos de uma mulher que tivera um casamento infeliz?

E então ele chegara.Senhor Marius,belo e de ar nobre.Mais do que belo para ela.

Para Éponine,Marius era um príncipe. Um anjo,um herói.

Logo a menina já estava perdidamente apaixonada pelo jovem.Éponine queria ele para si.E logo encontrou o amigo mais próximo de Marius.Courfeyrac.

Courfeyrac não era nenhum estranho de vista.Havia o visto no café Musian.

–Courfeyrac!Por favor!M'sieur Marius,realmente significa algo para mim! - Éponine disse pela milésima vez ao pobre homem.

–Menina!Desista de Marius! - Disse courfeyrac.

– E por que desistiria? - Rebateu Éponine.

– Pois Marius está todo apaixonado por "mademoiselle Lanoire"

–Quem?

–Uma moça que vive no Jardim Luxemburgo.Tanto que está lá agora.

–Obrigada,Courfeyrac. - Disse Éponine,correndo em direção ao jardim.

...

Era Cosette!A cotovia!A criança,mas a amada.

O coração dela era de Marius,assim como o de Éponine.E o de Marius?Era este,de Cosette.

A menina agora era bela.E olha onde estava Éponine,agora?Mais baixo que o chão,apenas o inferno.Era lá que Éponine vivia.

Ela estava em farrapos, mas ainda era a rainha!Mesmo sem reino e sem trono,Éponine reinava em seu mundo.

Naquela noite,Éponine chorara como nunca havia chorado.

Dormiu na chuva,pois só a chuva cicatrizaria a ferida e amenizaria a dor.Só a chuva era amiga de Éponine, e só da chuva ela era amiga.