A noite já se pôs, as meninas resolveram emprestar uma barraca para os rapazes, assim poderiam conversar em privacidade:

– É estranho ser assim...

– Assim como?

– Assim, do tipo... com braços e pernas, sabe!

– Relaxa que você se acostuma! - Tigresa sorriu para dar ânimo à amiga.
– Verdade! - riu Víbora. - Pensei que você odiaria ser humana...
– Eu? Por quê?
– Porque achei que você se sentiria mais "fraca", pois bem, você não é musculosa... E bem, sua richa com o Po antigamente te dava vantagens e...
– Como assim vantagens? Tem como falar um português claro... - Ti disse e Vibora se calou. - Eu não vou me aborrecer com você. - Tigresa falou e por fim Víbora abriu a boca:
– Bom, o fato de você está magrela e o Po musculoso me fez pensar que você ficaria, sei lá... inferior... - Mesmo Víbora confiando na palavra da amiga, se afastou dela, com medo da ruiva lhe fazer algo.
Tigresa ficou boquiaberta, não sabia o que dizer. Realmente notara o porte físico de seu melhor amigo, a que fez corar de vergonha por pensar nele desta forma:
– Bom, Víbora... Eu... Não sei o que dizer, porque mesmo sendo do jeito que sou... ainda sou forte o que é importante para mim!
– Mas quando Po começou a te superar na época em que éramos apenas animais, você ficou bem "abalada" (N/A: é um epi. da 2ª temporada, eu esqueci o nome.) . Isso para não dizer bolada e com raiva! - Disse numa simplicidade que fez a ruiva rir baixinho e ainda continuou. - Por isso pensei assim.
– Entendo. Mas... Desde aquele dia eu tenho abandonado o orgulho! - Disse orgulhosa, mas a mulher que a olhava com ironia a fez se entregar - Um tantinho apenas, mas foi! Além do mais, não tenho ligado muito para isso. Principalmente depois de Gongmen... - Assim que disse, Tigresa ficou calada, pois tocara no assunto que particularmente era delicado para ela. Víbora a olhou com olhos de mãe para a amiga repentinamente tristonha, e se sentou ao seu lado.
– Amiga, você se importa com ele não é? - Víbora perguntou e Ti continuou calada.
Depois de uns segundos a ruiva olhou nos olhos da amiga, completamente ruborizada e assentiu levemente. O sorriso de Víbora foi enorme, mas se conteve:
– É a primeira vez que sente isso por um menino? - Perguntou serena, e novamente, calada, assentiu, porém, estava ainda mais vermelha.
– E tem medo de perdê-lo por algo ou alguém? - Agora ela estava um pouco mais ousada e feliz.
– S-sim... - Agora Tigresa respondeu, baixo mas respondeu.
– Bom, esta é a última pergunta: Se sente com o coração acelerado e com uma felicidade estranha mas boa dentro de si e um certo embrulho no estômago?
– Sim... - Respondeu um pouco mais alto, agora, confusa, perguntou: - É algum tipo de doença? - Perguntou inocente como criança. A doce e animadinha Víbora, sorriu e levou a cabeça da amiga até seu ombro e acariciou seus cabelos.
– Sim e não!
– Como assim?
– Vai depender da sua reação. - Feliz, sorriu.
– E o que é? - Perguntou, ainda encostada na amiga.
– Paixão! - Víbora deu um enorme sorriso, seguido de uma risada ao ver Tigresa corando mais do que tomate, se levantou e ficou muito agitada.
– COMO ASSIM?!
– Shhhh! Quer que o Po escute, é? - Perguntou Víbora sorrindo maliciosamente.
– NÃO! - Respondeu Tigresa ainda vermelha.
– Então se comporte! Conversaremos mais a respeito mais tarde, as barracas contem 8 ouvidos! Mas são tão bobos que foram capaz de nem ouvir!
– MENINAS, VEM JANTAR! - Gritou Po.
– OK! - Responderam as duas no mesmo tom.
Ao sairem da barraca, viram os rapazes já se alimentando. Víbora foi pegar seu jantar, Tigresa ficou corada demais quando sua mão tocou na do moreno dos olhos verdes jade. Na verdade, não apenas ela, mas ele também corou, apenas ao pegar uma tigela. Não demorou muito pois sabiam que iriam desconfiar, e seus amigos não são os melhores em manter seriedade.
O tempo estava começando a virar, estava ficando frio e a fogueira estava com as lenhas no fim, quando...:
– A fogueira está diminuíndo. - Disse Po distraído com as chamas.
– Sério, é? Quantos neurônios usou para descobrir isso? - Perguntou Tigresa e os outros riram.
– Há há há. Já que é tão boa assim, senhorita Pensa Muito, por que você não sai por aí pra pegar mais lenha? - Perguntou Po.
– E por que você não vai? - Rebateu.
– Porque não quero.
– Eu também não quero!
– Mas eu já fui quando você e dona Víbora estavam na sua barraca...
– E por que não vai de novo? já sabe o caminho...
– O caminho não é complicado, siga a reta por este caminho e vá em frente e encontrará muitos galhos como os que encontrei.
– Se preguiça matasse, você já estaria enterrado!
– Eu te levaria junto! É outra preguiçosa!
– Não sou preguiçosa! É apenas falta de vontade!
– Inventaram um novo significado para preguiça, é?
– Enquanto você fica me empurrando este trabalho, dava pra ter ido e pegado!
– E por que...?
– E por que não vão juntos, assim terminam rápido, não carregam muito peso e dá um descanso aos nossos ouvidos! - Falou Louva-Deus, falando por todos os outros.
– Tá bom! - Disseram em uníssono.
Víbora piscou para a amiga e esta corou. Foram embora.
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Estava um silêncio na caminhada para a busca das lenhas, quando um quebrou o silêncio:
– Eu... nunca tive tempo e coragem pra perguntar isso mas... Por que fez aquilo?
– Aquilo? Aquilo o quê?
– Lá em Gongmen... por que me empurrou e tomou para si a maior parte do impacto daquela bomba que Shen criou?
– Eu não sei por que remoer o passado.
– Não estou remoendo o passado. O passado está me remoendo com esta dúvida que só você pode tirar. Por que me empurrou? - Perguntou olhando-a nos olhos, e em seguida arrancou um galho de uma árvore seca.
Estavam arrancando galhos enquando conversavam, a árvore já estava morta, então não tinham prejuízo (N/A¹: Fic ecológica, bicho! u.u ./,,)
– Impulso, talvez. - Disse Tigresa cortando o silêncio que se fez por não ter respondido na hora, chamando a atenção do rapaz.
– Pensei que não houvesse meio termo no mundo dos durões...
– Lá vai você de novo. - Falou Tigresa contendo a irritação, e o desânimo por ter tocado no assunto, arrancando outro galho seco.
– É, lá vai eu de novo! Seria mais fácil se você responder.
– Sabia que é um pouco irritante isso?
– Sabia que eu estou agindo como você na prisão de Gongmen? - Ele falou, mas sem pressão. Ela arregalou os olhos, mas depois de um tempo voltou ao normal.
– Então, creio que preciso dizer, para ficármos quites... - Ela disse e ele sorriu gentilmente a ela. - Eu te empurrei porque me preocupei com você, foi isso! - Ela disse de forma tão natural, que quando notou o que disse, e quando viu Po corado, ruborizou também: - Bom, eu me import-tei por-porque você já tinha levado uma bala daquela sozinho, e se recebesse denovo, poderia ser adeus ao Dragão Guerreiro. - Ela contou tentando esconder o rubor e tentar ser séria, mas sabia que perto dele seria tarefa impossível!
Po riu e em seguida olhou para ela: - Então se importa comigo, né? - Assim que viu sua melhor amiga corar e virar bruscamente o rosto para o lado, não se conteve e riu mais alto.
– Não sou obrigada a responder esta pergunta, estamos quites agora! - Pegou seu último galho e se aproximou de Po. - Vamos, antes que o fogo se apague.
Assim como na ida, a volta foi o mesmo silêncio incômodo. Tigresa tropeçou numa pedra e deixou cair os galhos. Po riu e a moça se irritou.
– Pára de rir e me ajuda! - Disse como quem queria acompanhar a risada contagiosa.
– Pode parar de ser séria, o mestre Shifu está longe. Poderia ser mais você?
– Estou sendo eu!
– Poderia ser mais eu então! - Corou e se calou quando tocaram as mãos ao pegar a mesma lenha.
– Você fica muito calado quando fica sem-graça! - Riu Tigresa, do próprio comentário.
– Você não ficaria?
– Depende.
– Idem. Eu fico assim dificilmente, tá?!
– E por que fica assim toda vez que está perto de mim?
Quando ouviu a pergunta, Po ficou ruborizado, pois não tinha coragem de falar a ela o que realmente sente, então, sem mais delongas, se levantou se foi sem prévio aviso, levando grande parte das lenhas que pegaram. Tigresa ficou confusa mas respeitou seu melhor amigo e o seguiu.

Ao chegar, colocou o resto da lenha na fogueira e ao se sentar no chão pensando no que aconteceu, do nada uma kunai velozmente se prende no chão. Tigresa se levantou assim como os outros e em seguida apareceram três homens-armários dando segurança a outros dois de porte médio. Esses dois tinham aparência de jovens adultos e bem arrumados que tinham más intenções:

– Ora o que vemos aqui Li Kong? Duas princesas e quatro marmanjos!

– Eu acho que para ser dois grupos de quatro pessoas, que tal nos entregar as meninas, rapazes? - Li Kong riu malevolamente junto do outro rapaz.

– Quem são vocês? - Perguntou Po incomodado.

– Não conhecem os irmãos gêmeos Li Kong e Li Ho? - Perguntou incrédulo um dos homens parrudos.

– Hm... Não! - Respondeu Po com um sorriso sem graça e fez com que os seguranças caíssem como nos animes.

– Como ousa responder desta forma?! - Perguntou o segundo gigante indo atacar o que antes estava como forma de panda.

Estes homens estavam carregados de armas brancas, incluindo katanas, espadas, kunais e até shurikens. O segundo rapaz partiu para cima de Po, o qual tinha certeza que não iria conseguir derrubá-lo sozinho. Fatal erro, pois julgou um livro pela capa. O ex-panda se esquivava dos ataques à espada, mas não conseguiu escapar de um belo chute no estômago, que o fez cair a metros de distância.

– Po! - Disse Ti de boca aberta, odiava vê-lo apanhar. A raiva que sentia agora era grande demais, pois já sentia raiva dos gêmeos que apenas assistiam. - ATACAR! - Ordenou a líder dos Cinco.

Garça e Louva-deus fizeram um ataque duplo onde Louva-deus o dava impulso e Garça usava a velocidade em favor, para jogar longe o oponente por causa do impacto.

Po se levantou e junto com Macaco, também fizeram uma série de combinações que continha socos chutes e kung fu tonto* contra um dos dois que ainda não faziam nada.

O terceiro homenzarrão riu quando soube que seus oponentes seriam duas mulheres:

– HÁHÁHÁHÁHÁ!! O que faz duas menininhas pensarem que irão me derrotar?! Voltem para onde vieram pra continuar seus joguinhos de bonecas!

No exato momento, os olhos da ruiva se estreitaram, via-se fogo através de seus olhos. Tigresa se aproximou do grandão e houve uma troca de golpes. Correção: Ela lutava e ele usava alguma arma branca que chegou a cortar algumas partes do braço, que Tigresa usava para defender o rosto, Tigresa demonstrou que força não está no tamanho:

– Quem está brincando aqui? - Perguntou ela de forma autoritária

– E-eu... - Disse o homenzarrão ajoelhado porque não se aguentava em pé com tantas dores.

– Quem é o covarde aqui?

– E-eu... - Quando o gigante levantou o olhar e encarou os grandes e alaranjados olhos de Tigresa, que demonstravam raiva, seus olhos arregalaram:

– Ming Yue... - Depois de sussurrar saiu correndo, sem dar explicações deixando os outros dois que também tinham levado uma surra. Logo depois esses outros dois também saíram correndo deixando os irmãos Li em apuros. Bastou um grunhido de um dos guerreiros e eles também fugiram.

– Ei, você está bem? - Perguntou Tigresa a Po.

– Estou sim, obrigada por perguntar. E você?

– Alguns cortes mas vou sobreviver. Vocês também estão com alguns ferimentos.

– Pois é...

– Vamos logo tratar disso. - Disse Víbora pegando esparadrapos, algodão e outras coisas.

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– Pai, olha! Estamos perto de chegar!

– Verdade, tente não se misturar muito com a família, Akira.

– Mas aonde iremos passar os dias?

– Arranjaremos um lugar, mas tudo o que precisa é não falar com eles.

– Sim pai.

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– O senhor vai mesmo enfrentar isso tudo por ele?

– Sim. E enquanto não volto você ficará em meu lugar. Preciso vê-lo!

– Eu sei, deveras faz demasiado tempo... mas sabe-se que o caminho até ele é bem difícil.

– Sim. Mas vai valer a pena.

– Como vai saber que chegou lá?

– com a paz interior! - Sorriu o homem que possuía cabelos pretos jogados para trás e usava um kimono verde jade com detalhes em dourado. - Alias, eu... Quero reencontrar meu filho!