Capitulo 6- Inacreditavel

–Mas... O que você...

Ainda estava chocada.

–Foi aqui que te prenderam? Aqui que você ficou todo esse tempo?

Ela me perguntou.

–Foi, eu... To aqui todo esse tempo... Mas o que você esta fazendo aqui?

–Eu... Não sei, eu estava na casa do Bento e...Voltei pra pegar meu celular no carro, e então... eu senti alguém por um pano no meu nariz e....apaguei, acordei dentro do carro, ou piruá, van, sei La, com essa coisa na cabeça e as mãos amarradas.

–Mas por quê? Porque te trouxeram pra cá?

–Eu não sei, mas... eu tenho que sair daqui.

–Sinto lhe informar, mas é impossível, estou aqui todo esse tempo e não tem jeito algum de sair desse inferno.

Ela me olhou chocada e desesperada.

–Mas, eu-eu tenho que sair daqui, o André e a Mayara precisam de mim e... Eu não posso ficar aqui não posso, não da, tenho que sair, vão levar meus sobrinhos pra um abrigo ou sei La, e... eu prometi á Simone eu...

–Calma, calma Amora. Você não disse que estava na casa do Bento? Então, eles já devem ter sacado o que aconteceu, o Bento não vai deixar nada acontecer com as crianças cara, se acalma.

Eu e Amora, claro, não éramos amigas, mas naquele momento não tinha cabeça pra discutir, nem motivo também. Me lembro de como tinha ficado desesperada quando cheguei.

–Mas...Não quero ficar aqui, presa pro resto da vida.

–A gente tem que esperar... nos encontrarem.

–Me surpreende ouvir VOCÊ falar isso, você é... Bem...Você! Deveria acreditar com todas as forças de que tem um jeito de sair daqui.

–Eu acreditava, no começo, mas... Você vai me entender daqui uns dias.

–Quer dizer o que? Que você perdeu esperança é isso? Que absurdo, tem que ter um jeito de sair daqui.

–Não tem, já tentei, cheguei perto, mas o maldito me pegou e...

Parei de falar, relembrando o que ele havia dito a mim.

–“E...?”

–E disse que se eu tentasse fugir novamente, eu iria pagar por isso e... o Fabinho também.

–O Fabinho?

–Aham, disse que, se eu tentasse fugir novamente, ele faria mal a Fabinho, não posso arriscar isso.

–Giane, Fabinho não é criança, ele sabe se defender.

–Eu não sou criança e sempre soube me defender e olha onde estou agora.

–Absurdo, eu não vou ficar aqui, não mesmo.

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Os dias se passavam arrastando, Amora ainda esta desaparecida, e a policia não encontra NADA, isso esta me irritando, eles procuram,procuram e não acham nada, impossível que a tal pessoa não tenha deixado pista nenhuma. Cansei.

Me levantei do sofá, cansado de só esperar e não fazer nada, corri até meu quarto, abri o armário e peguei uma mochila, peguei roupa necessária, fui até a geladeira e peguei algumas coisas pra comer, fechei a mochila, peguei uma papel e escrevi um bilhete, para que ninguém achasse que também fui sequestrado, deixei o bilhete grudado na geladeira com um imã, peguei meu celular, chaves da moto que já tinha providenciado novamente e sai de casa.

–Fabinho? Onde é que cê vai garoto?

Ouvi Tia Salma me chamar, mas não dei atenção, subi na moto, coloquei o capacete ignorando as chamadas dela, e antes que ela chegasse até mim e tentasse me impedir sai com a moto na toda.

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Acordei, minha cabeça estava pesada, tive um sonho estranho com Fabinho e esperava que não fosse verdade, que ele não tivesse feito a loucura que eu sonhei que ele fez, mas...internamente torcia pra que fosse verdade, que ele estivesse vindo me procurar, me encontrar, me tirar daquele inferno. Olhei Amora, ela estava encolhida no canto com a cabeça escondida entre os braços que abraçavam seus joelhos, não sei dizer se estava dormindo, chorando ou apenas pensando, antes que pudesse dizer algo ouvi um barulho e olhei pra porta, era só a comida chegando.

Amora se levantou rápido, correndo a te a porta e começando a bater.

–Espera! Até agora você não me disse nada, porque eu estou aqui? Porque? Hey!

Ela bufou, se afastando da porta e me olhando a olhar. Me levantei devagar e fui até a porta, me abaixei e peguei a bandeja com a minha comida.

Amora olhou para a outra bandeja a pegou e se sentou ao meu lado.

–Isso daqui é bom? Seguro comer?

Ela me perguntou.

–Bom não é, mas é seguro sim,da pra nos manter vivas.

Ela brincou um ouço com a comida antes de experimentar a primeira garfada, fez uma careta, mas comeu.

–Amora... Você andou La pela Casa Verde nos últimos dias, antes de vir pra cá?

–Andei sim, porque?

–Como... Como estão todos? Sabe...O Fabinho, Meu pai, todo mundo?

Ela me olhou, e eu realmente achei que ela não fosse me responder, que fosse voltar a ser a Amora que sempre foi e me deixar agoniada por pura diversão, mas ela me olhou por uns segundos, parecendo notar meu desespero.

–Estão bem, na medida do possível, Seu pai sente sua falta claro, não o vi muito, mas ouvi as pessoas dizendo que ele anda muito... dentro de casa, cabisbaixo, esperando alguma pista que leve a você. E... o Fabinho...

A olhei, esperando, meu coração acelerou e eu quase gritei para que ela falasse logo.

–Ele também esta sentindo muito sua falta, isso é visível, jamais vi o Fabinho assim, com menos ironias, ficou mais grosso que o normal e parece estar sempre perturbado, ele vai na delegacia todos os dias pra ver se descobriram algo, e sempre que volta pra casa ele vai direito pra sua casa, no seu quarto.

–Como sabe que ele vai no meu quarto?

–Bento foi até La uma vez, procurar pelo seu pai e ele estava lá,sozinho na casa, dentro do seu quarto, Bento comentou comigo depois, desde então nós achamos que ele faz isso diariamente.

Nós duas ficamos em silencio, observando nossos pratos com comida, a fome pareceu me deixar imediatamente.

–Temos que sair daqui logo.

Disse decidida.

Amora me olhou surpresa.

–Sério?

–Sério.

Disse, me levantando e indo até a porta.

–Então...Você voltou? Até que enfim, já estava na hora.

–É, só eu que tenho que fazer as coisas aqui? Não consegue pensar por nós duas não Amora Campana?

Disse brincando.

–A claro, sou eu que fiquei semanas presa aqui conhecendo a rotina deles, tudo, claro que eu poderia armar sozinha um plano perfeito pra gente sair daqui.

Me disse ironicamente e eu revirei os olhos.

–Tive uma ideia.

Fui até a bandeja e peguei a faca de plástico.

–Quando fugi, usei a faca para abrir a fechadura, até agora não sei como consegui , mas posso tentar de novo, a diferença é que da outra vez era uma faca de verdade.

–A que ótimo, você não vai conseguir com a de plástico, ela vai quebrar.

–Talvez não.

Fui até a bandeja dela, peguei sua faca e juntei com a minha.

–Temos que esperar até eles trazerem outra comida, daí eu pego mais facas e junto, até ficarem fortes como a de verdade.

–Isso não vai dar certo.

–Temos que tentar.

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Não tinha ideia pra onde estava indo, só andava com a moto sem rumo, só andando, esperando, procurando, sem ter um lugar especifico em mente, senti meu celular vibrar e encostei a moto para ler a mensagem.

“ Não faça besteira Fabinho, a policia esteve aqui e disse que as digitais na bola são de um homem chamado Eduardo Lopes, você conhece?” Malu.

“Não Malu, não conheço, não se preocupe eu estou bem, não vou fazer besteira, eles tem alguma foto desse homem ai?” Fabinho

Esperei um pouco e logo vi que chegava uma foto.

Era um homem loiro que parecia já ter ficha na policia, tinha uma cicatriz na sobrancelha esquerda e uma tatuagem estranha no braço.

–Maldito, vou te matar.

Sussurrei para mim mesmo.

“Tudo bem, obrigada Malu, qualquer informação a mais me mande por favor” Fabinho.

“Você já descobriu algo?” Malu.

“Ainda não, mas agora vai ser mais fácil, vou encontra-la Malu, nem que eu tenha que procurar no inferno, mas vou achar.” Fabinho.

“Sei que vai, mas tome cuidado, por favor” Malu.

“Não se preocupe, vou tomar.”Fabinho.

Olhei em volta e achei um bar, estacionei a moto direito e corri pra dentro do local, fui até o garçom e mostrei a foto no celular pra ele.

–Você conhece ou já viu esse homem?

Ele olhou a foto e depois me olhou. Negando.

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Vem! As duas, anda.

O sequestrador veio nos chamar.

–Levanta, anda, não tenho o dia todo!

Nós nos levantamos e ele nos mandou sair.

–Porque? Aonde vamos? Pra onde esta nos levando.

–Cala a boca, sem perguntas, temos que mudar de lugar, quietas ou vão sofrer as consequências.

Saímos as pressas, o lugar era bem complicado de sair, cheio de curvas e portas, corredores, era um grande lugar abandonado.

Saímos pelas ruas e eu pensei em correr, mas é claro que não ia ser tão fácil assim.

–Não tentem fugir, tem capangas meus em nossa volta, se vocês correrem, vão ser pegas novamente e quem vai sofrer não vai ser só vocês.

–Hey hey, você viu essa pessoa por ai?

Ouvi a voz familiar em minha frente, era um homem perguntando a uma mulher se ela viu alguém, mostrando o celular pra ela, onde provavelmente tinha uma foto. O sequestrador parou de andar mediatamente, parecendo ter visto também.

Forcei os olhos, não conseguindo acreditar que era MESMO ele, será que estava ficando louca? E vendo coisa? Não me importei.

–FABINHO!!

Gritei. Maldito sequestrador tapou minha boca, meu olhar e o de Fabinho se encontraram por um instante no meio da multidão, ele me olhou incrédulo e eu comecei a me debater,enquanto o sequestrador e mais alguém, provavelmente um capanga dele, forçava eu e Amora a ir com eles, continuava gritando o nome de Fabinho, a voz abafada pela mão que tapava minha boca, desesperada, as lagrimas rolavam pelos meu olhos, Amora também tentava gritar por ele.

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–Hey hey, você viu essa pessoa por ai?

Perguntei para uma mulher que passava, ela olhou a foto no meu celular, mas quando ia responder eu ouvi.

–FABINHO!

Meu coração saltou, batendo rápido e louco, me virei,será que estava ficando louco? Não, impossível, conhecia aquela voz muito bem. Olhei por meio da multidão e não pude acreditar, era Giane, era ela mesma, a boca tapada por um cara alto e loiro, com certeza o cara que eu estava procurando, então eles começaram a correr, empurrando Giane e acho que a outra pessoa era Amora, não conseguia ver direito por causa das outras pessoas. Louco sai correndo, empurrando todo mundo, corria atrás deles desesperado, a minha frente podia ver Giane lutando contra o cara que a segurava e a forçava a ir com ele.

–Giane! Giane! GIANE!

Gritava, corria e corria, batendo contra as pessoas que andavam ali, não me importava, só não poderia perde-los, não podia, as lagrimas de desespero vieram aos meus olhos, depois de tanto tempo, eu simplesmente tinha encontrado eles na rua, inacreditável.

–Giane!

Gritei novamente, eles ficavam cada vez mais longe, acelerei o passo, forçando minhas pernas a correrem mais rápido.

–Por favor, por favor, eu tenho que conseguir, tenho que conseguir tenho.

Sussurrava para mim mesmo.

–FABINHO!

Eu a ouvi conseguir gritar meu nome.

–GIANE! CALMA, TO CHEGANDO, TO CHEGANDO.

O cara que a segurava pegou uma arma e antes que eu pudesse se quer pensar ele disparou um tiro.

–FABINHO!

Ouvi novamente o grito de Giane, as pessoas gritaram e começaram a correr, o tiro tinha acertado em alguém, continuei correndo atrás deles, corri e corri.

–GIANE!

Chegamos em um local da cidade onde tinha muitas pessoas, eles se misturaram, continuei correndo, gritando o nome de Giane, tarde de mais, tinha os perdido, parei olhando em volta desesperado.

–Não não, por favor não.

–GIANE! GIANE, Meu amor, por favor...por favor... GIANE!!!

Os tinha perdido.