‘Um filho, huh. Nunca me imaginei como um pai, mas agora pensando, um filho meu com a Kyoko, será perfeito. ’

Ren estava a caminho do quarto da Kyoko, – no hospital – iria conversar com ela sobre tudo. A conversa que eles deveriam ter acontecido antes, e talvez depois dessa conversa ele deixar-ia ela ir. Ele queria explicações, queria saber o motivo dessa distância que ela estava colocando entre eles.

Depois daquela noite, depois de tudo aquilo que fizeram, ele não conseguia entender porque ela ainda queria distância. Sem falar que ela está esperando um filho dele.

Caminhou até a porta do quarto, e bateu algumas vezes, sem resposta. Adentrou o quarto e viu uma Kyoko vestindo suas roupas.

— Desculpe. – Disse virando o rosto, mas não antes de dar uma bela olhada nas curvas de sua ‘menina’.

Ainda não dava pra notar a gravidez. ‘Ela é tão perfeita. ’ Pensou. Ele não via a hora de poder abraça-la novamente, e dizer o quanto a ama. Na noite em que dormiram juntos ele não teve essa oportunidade, não por falta de tempo, mas sim por falta de coragem. Não sabia qual seria sua reação ao saber que ele a amava. Talvez ela o rejeitasse, ou dissesse que sentia nojo dele. Ele é mais velho que ela. Aquela noite que passaram juntos havia sido um erro, – não que ele se arrependesse. – imagina o que as outras pessoas pensariam desse filho, eles nem ao menos estavam namorando. ‘O que estou pensando? Fodam-se as outras pessoas. ‘


~



Ela não o tinha notado ainda, nem ouvira seu pedido de desculpas. Estava muito distraída pensando no lugar pra onde iria. Seu plano de voltar pra Kyoto havia sido arruinado. Não entendia o porquê de tanto drama e alvoroço. Ela estava grávida, tudo bem. Ela queria falar ao pai sobre a criança, tudo bem. Ela sabia que havia errado, mas ela só estava pedindo um pouco de tempo, iria voltar, com certeza iria. Mas o Ren quer tudo como ele quer. ‘Egoísta, egoísta, egoísta. ’ Gritava com ele mentalmente.


Iria fugir por um tempo, como uma covarde, sim.

Depois que terminou de se vestir virou pra ir embora, mas logo que olhou pra porta ficou com muita raiva, e medo.

— R-r-ren?


~



Fazia um tempo que estava na porta olhando pra ela, admirando-a. Mas precisavam conversar, e logo que ela o notou se pôs a falar.


— Kyoko, eu sei que, graças aos céus, você não perdeu o bebê. – Suspirou quando viu sua cara de espanto. – Sei que você quer tempo pra pensar, e posso tentar entender isso, mas, por favor, me entenda. Eu não quero perder nenhum momento de sua gravidez, não quero perder o crescimento de meu filho em seu ventre. Pense um pouco, se coloque em meu lugar.

Kyoko olhava pra ele pensativa. Ela sabia que o que ele falara não estava errado. ‘A única errada na história sou eu. ’ Pensou. Mas era fato que os dois precisavam de tempo, tempo pra pensar no que fazer no futuro. Tempo pra pensar neles, e no que haviam feito. Tinham que pensar no bem estar do seu filho.

Colocou a mão sobre a barriga ainda lisa, e decidiu que era hora de uma conversa séria.

— Eu sei que errei, Ren. Sei que deveria ter contado antes, mas você não entende, eu senti medo. Medo que você me rejeitasse, medo que você dissesse que não um filho. E se você me mandasse abortar? O que eu faria?- Estremeceu com a palavra ‘abortar’. – Eu sei que você não é disso, mas eu estava nervosa. Eu vou ser mãe, poxa! – Suspirou. – Você acha que foi fácil pra mim quando descobri? Não, não foi. Eu estava com muito medo, e você tinha me enganado, escondido coisas de mim, mas não vamos falar sobre isso agora. - Respirou fundo. – Quero saber o que você pensa sobre o bebê, por favor, Ren, me diga.

Ele tinha escutado tudo que ela tinha pra dizer, e sabia que agora não era o momento certo de falar sobre seus segredos, um dia esse momento ia chegar.

— Kyoko, eu... Eu fiquei extremamente feliz, você não pode nem imaginar. – Pensou um pouco, ela havia perguntado o que ele pensava sobre o bebê, mas sabia que ela queria que ele falasse sobre dar um pouco de tempo a eles. ‘Espaço, uuf!’ – E eu consigo entender, de alguma forma, porque você quer um pouco de tempo, espaço. Eu sei que você quer pensar, quer pôr as coisas nos lugares certos. Juro que entendo, mas, como havia dito antes, você precisa me entender também. Você não fez esse filho sozinha, você sabe. Ele é tanto seu quanto meu, quero ver cada momento, não quero perder nenhum.

— Ren, por favor, peço-te ao menos quatro meses, você não vai perder tanto. – Pensou em alguma coisa pra fazê-lo aceitar. – Te envio uma foto a cada dia, pra te mostrar que estamos bem. O bebê só vai começar a mexer a partir do quinto mês, eu acho. E eu ainda estou com duas semanas.

Ela olhou pra ele e notou que o mesmo estava olhando fixamente pra sua barriga, como se quisesse toca-la. Então num impulso, e como um ultimo recurso pra ele aceitar o que ela estava pedindo, decidiu conceder-lhe um desejo que estava estampado em sua cara.

Pegou sua mão com firmeza, assustando-o, e levou-a direto a sua barriga, apertando-a com um pouco de força.

— Você sente, Ren? - Colocou sua mão sobre a dele e acariciou sua barriga. – Ainda não dá pra notar, o bebê ainda não mexe.

Ele estava fascinado, com certeza não sentia nada ali, mas sabia que ali dentro vivia um serzinho que logo viria por aí e seria sua luz, como sua mãe era.

‘Pai. Papai. Papa. ’ Riu.

Ele seria pai. Não havia parado pra pensar nisso direito, só havia tentado fazer com que a Kyoko ficasse perto dele, esquecendo-se às vezes de seu pequeno raio de sol.

Não conseguia acreditar. ‘Como que tem um fruto do meu amor pela Kyoko aqui dentro¿ Parece tão pequeno. ’ Pensou.

— Ele realmente está aí, Kyoko? - Ela assentiu, e ele abaixou-se de frente pra ela, mas sem tirar sua mão de onde estava. – Eu posso? - Fez sinal pra barriga dela com a cabeça.

Hesitou por alguns momentos, estava nervosa.

— Claro.

Ele encostou devagar seu rosto da barriga dela, e começou a conversar com o bebê como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Você vê, bebê, sua mãe quer leva-lo pra longe de mim. O papai vai sentir sua falta, e o papai te ama desde que ele soube de sua existência, ok? – Olhou pra cima e viu a cara de espanto dela. Deu um leve sorriso e disse. – Dizem que é bom os pais conversarem com os filhos antes de eles irem pra longe por algum tempo.

Kyoko não poderia acreditar, ele realmente estava deixando-a ir?

— Você realmente vai deixar, Ren?

Ele olhou pra ela por alguns segundos, e ela viu um sorriso de malicia em seus lábios.

— Sim, mas com cinco condições?

Kyoko engoliu, estava nervosa.

— E quais seriam essas condições?

Ren sorriu com maldade.

— Primeira: Quero uma foto de vocês todo dia.

Ela concordou, e fez um gesto pra que ele prosseguisse.

— Segunda: Quando você voltar irá comigo ao médico saber o sexo do bebê.

Ela concordou.

— Terceira: Você irá deixar, sempre que eu quiser, acariciar sua barriga e conversar com o bebê.

Ela hesitou. Talvez isso não fosse uma boa ideia, mas ele estava deixando-a ir, e até agora suas condições tinham sido aceitáveis.

— Tudo bem, mas não na frente de outras pessoas.

— Quando EU quiser, Kyoko. – disse severo.

Suspirou derrotada, e concordou mais uma vez.

— Muito bem. Quata: Você não pode ir pra muito longe. Você tem que estar um algum lugar que eu posso ir de carro a qualquer momento que você precisar de ajuda, ou quando eu não estiver aguentando mais a distância.

Ela não pôde acreditar nisso. ‘Ele é um grande filho da puta! ’ Pensou com raiva.

— Não, Ren. Eu quero espaço!

— Então nada feito. – Disse já se virando. – E nem tente fugir, eu irei acha-la em qualquer lugar.

Não poderia fazer nada. Não poderia deixar escapar essa chance. Tinha que aceitar isso.

Gritou já estressada quando o viu fechando a porta.

— TUDO BEM. – Ele virou com um sorriso de canto. – Tudo bem, eu aceito. E qual é a ultima?

Seu sorriso se alargou.

— Quinta e ultima: Um beijo, mas não um simples beijo. Quero um beijo tão apaixonado quanto aquele da noite que fizemos nosso ainda pequeno monte de esperança.