— Já o bebê...

~FLASHBACK

Kyoko acabara de acordar. Estava um pouco desorientada, mas logo percebeu que se encontrava em um quarto de hospital. Olhou ao redor e não viu ninguém.

Lembrava-se que havia discutido com o Ren, e que ele a estava levando pelo braço, e logo depois o empurrou e caiu. Se ela caiu, e está nesse momento em um hospital, significa que não está bem, e se ela não está bem o seu bebê também não está.

Kyoko se desesperou, pensando eu mil coisas de uma vez, pensando em tudo que já tinha planejado. Pensou em como a vida seria cruel se tirasse seu bebê, a única família que ela tinha, e que nem havia nascido ainda.

Decidiu levantar, precisava encontrar alguém e perguntar como está seu bebê, perguntar se ele ainda vive dentro dela. Logo que fez impulso pra levantar o médico chegou à porta do quarto.

— Mogami-san, você não pode se levantar ainda, pode fazer mal para o bebê. Você ainda não está totalmente recuperada.

Logo que ouviu falar em fazer mal ao bebê, soube o obvio. Seu bebê ainda estava vivo, ele ainda vivia dentro dela, ela não estava sozinha no mundo mais uma vez. Olhou para sua barriga, e colocou as duas mãos sobre a mesma, agradecendo aos céus por ter salvado seu bebê, por ter salvado a ambos.

Ela sabia que tinha que antes de qualquer coisa tinha que saber quem a havia trazido ao hospital, mesmo tendo uma ideia de quem o havia feito.

— Doutor?

— Louis, Dr. Louis. – sorriu

— Hum, Dr. Louis, quem... hm, quem me trouxe?

— Seu namorado, ué.

Ela não poderia acreditar. Namorado? Ela não lembrava de ter algum.

— NAMORADO?

— Sim, Mogami-san, Tsuruga Ren seu namorado, e pai de seu filho.

Agora tudo fazia sentido, Ren a havia trazido ao hospital, e informou a recepção que era seu namorado, e pai de seu filho. ‘Ele não tinha esse direito’, Pensou.

Ela teve uma ideia, não uma boa ideia, claro. Mas uma ideia. Um jeito de afastar Ren de vez de sua vida e da vida de seu filho. Iria ser cruel, errado, e muito egoísta da parte dela, mas ia fazer mesmo assim. Talvez o médico a ajudasse, ele tinha que ajudar. Se ele não concordasse em ajuda-la nunca daria certo.

— Dr. Louis, o Ren ainda está me esperando?

— Claro que sim, eu o aconselhei a ir embora e voltar depois, mas ele não quis.

Kyoko pensou por algum tempo, sabia que o que estava prestes a fazer não era certo, mas o que mais poderia fazer? O Ren queria ser filho perto dele, e com certeza a queria também, e ela não quer mais ficar perto dele. Ela não suportaria viver com tantas mentiras, e falsidades. No inicio aceitava seus sorrisos falsos, seu modo cavalheiresco falso, mas agora não. Ela estava cansada de tudo isso, queria pelo menos um tempo pra ela, pra pôr seus pensamentos no lugar. Talvez depois voltasse, e o aceitasse de volta. Ela com certeza o amava, e queria criar o filho deles juntos, mas agora não dá. Ela lutou, se machucou, foi magoada, magoou. Era muita coisa pra uma pessoa só, ela precisava de um tempo, e tinha certeza que ele também precisa de um tempo pra pensar melhor nas coisas, pensar sobre seus sentimentos para com ela. Ela esperava que depois do que ela ia fazer ele a aceitasse de volta quando ela decidisse voltar.

Respirou fundo e se preparou pra pôr o plano em pratica.

— Dr, Louis, o senhor poderia, por favor, dizer ao Ren que eu perdi o bebê?

~Fim do FLASHBACK

Ele havia concordado em ajuda-la, mas agora vendo o homem em sua frente, ele não poderia. Tsuruga Ren parecia desesperado, parecia rezar por uma boa notícia, era como se tivesse acontecido alguma coisa ele fosse se culpar pelo resto de sua vida. O Dr. Louis não poderia fazer isso, ele não poderia dizer a um homem que seu filho, a quem ele estava desesperadamente preocupado havia morrido. E ainda mais sendo uma mentira, ele não gostava de mentir, ainda mais quando essa mentira ajudaria a nutrir um sofrimento que poderia ser completamente aniquilado só com um pouco da verdade.

Ele havia prometido a Kyoko que ia fazer aquilo. Havia prometido que iria mentir, e afastar aquele homem de vez de sua vida.

~FlashBack

— Diga-lhe que não quero vê-lo. Diga-lhe que não estou suportando a dor de ter perdido meu filho. – Fez uma pausa pra controlar a vontade de chorar. - Diga-lhe que eu o culpo, que não suportaria olhar para sua face, porque cada vez que eu a olhasse eu lembraria de meu primeiro filho a quem eu perdi por sua culpa.

Não tinha como ele fazer isso, sabia que o homem iria sofrer demais. Isso era uma dor insuportável, não desejaria isso nem pro seu pior inimigo. Não poderia fazer isso com um homem que nem sequer conhece, nem sabe nada de sua vida profissional, tampouco a pessoal. A única coisa que sabia do homem é que ele é um ator famoso.

E cá estava ela – uma jovem e inocente dama de apenas 17 anos, grávida – pedindo pra ele mentir para o pai de seu filho, por puro egoísmo e medo.

Kyoko percebeu que ele não ia concordar, então resolveu falar um pouco da verdade, do que ela desejava no momento, e que com a ajuda dele com certeza iria conseguir.

— Sr. Louis, eu preciso de um tempo sozinha, preciso colocar meus pensamentos no lugar. – Suspirou. – Sei que isso que estou pedindo não é certo, mas entenda, ele também precisa de um tempo, precisa pensar em algumas coisa, e perceber que mentir, ou esconder, não foi a coisa certa. Peço-te agora que minta, não pra fugir e nunca mais dar notícias ao pai do meu filho, mas sim para o ajudar, e me ajudar. Nos ajudar. Só preciso de um pouco de tempo, pouco tempo. Prometo-te que em menos de cinco meses terás a notícia de que eu voltei para perto. Não irei separar a criança dele, ele tem direito, admito. Mas agora preciso de espaço, e isso é uma coisa que ele não vai me dar. Então, por favor, me ajude.

Decidiu ajuda-la, ela o convenceu. Mas daqui cinco meses buscaria por notícias dos dois, com certeza.

~Fim do FlashBack

Tinha prometido, mas não iria cumprir a promessa, não poderia. Mas invés disso conversaria com ele, pra ele dar-lhe um pouco de espaço.

— Tsuruga-san, o bebê está ótimo. – Suspirou. - Na verdade, precisamos conversar sobre a mãe dele, e sobre você também.

~

— Então, você está dizendo que ela pediu pra você mentir pra mim?

Eles estavam conversando há alguns minutos, o Dr. Louis havia dito tudo, e pediu-lhe que fingisse que não sabia de nada.

— Isso mesmo, ela me pediu, mas eu não poderia fazer isso.

— Obrigado. – Ren deu um leve sorriso.

O Dr. Louis pensou em tudo que ela havia lhe dito, e ela estava certa – apesar de ela não ter falado o porquê de querer um pouco de espaço, ele poderia imaginar. – precisavam de um pouco de espaço, principalmente ele.

— Vocês precisam de um pouco de espaço mesmo. Você precisa manter certa distância, Tsuruga-san. Deixe-a ir pra onde ela quiser por cinco meses, tenho certeza que ela logo voltará. Não precisa se preocupar, ela me disse que teria o bebê aqui, então você poderá ver o nascimento dele. Só deixe-a por algum tempo.

Ren não estava acreditando na idiotice que esse merda de médico estava falando. ‘Como se eu fosse permitir que ela vá pra longe.’