Judith

Capítulo 13 – Quer casar comigo?


Oliver Queen

Passaram-se exatamente quatro semanas depois da audiência.

Os avós de Judith assinaram os papéis responsáveis pela guarda da neta, concordando momentaneamente com a escolha da juíza Laurel Lance, mas o advogado Adrian Chase continua reunindo motivos para que Karen e Edward tenham mais acesso à educação de Judith, o que nos deixa de olhos abertos para qualquer jogo sujo que possa passar pelas mentes ambiciosas dos avós da nossa garotinha. No entanto, nosso advogado Sr. Johnson nos aconselhou a ter calma e focar no crescimento de Judith, afinal, nós tínhamos ganho a causa e por mais que Chase reunisse motivos para reabrir o processo, ainda continuaríamos sob responsabilidade de Judith.

Ou seja, que esses três se explodam.

Mudando bruscamente de assunto, hoje é um daqueles dias que existem para marcar a vida de qualquer irmão mais velho, porque sim, hoje é a data marcada para acontecer o evento histórico da década.

Thea e Roy irão se casar.

Ai! Vai com calma aí! — resmungo com o estilista que dá os últimos retoques no terno impecável.

Hey cara, você acha que as meninas estão bem? — Roy massageia as duas mãos suadas.

— Talvez elas estejam tramando algum plano infalível para arrancar Thea do altar... Sei lá, fugir para as Barramas. — dou de ombros.

— Oliver... — papai me reprime.

Os dois últimos dias foram exclusivamente para darmos um tempo das meninas. Isso que costumam chamar de despedida de solteiro. Porém, Roy é um tremendo de um almofadinha, ele se quer quis contratar strippers e anões para deixar os dias mais engraçados. Tudo bem, entendo o medo do rapaz, se as meninas descobrissem possivelmente elas estariam agora nas Barramas com gostosões de tanguinhas versão verão dois mil e dezenove.

A nossa sorte é que tenho amigos que dão sempre um jeitinho e o responsável por animar pelo menos um pouquinho as noites sem as garotas foi Dean. Ele chamou alguns amigos de Roy do Hospital de Starling, inclusive James que é tão certinho quanto o noivo, para uma festinha particular. Dean conseguiu transformar a casa do papai em uma jogatina perfeita, algumas meninas vestidas de terninho bem-comportado tinha a função de organizar os jogos que não valiam grana, porque Roy mais uma vez não concordou. A primeira noite foi com todo o gás, mas o futuro pai de família se manteve durão enquanto eu e Dean já estávamos em outro planeta encantado. Foi engraçado ter um momento de clube do Bolinha, mas nada se comparou ao segundo dia, Robert estava doidão mijando no vaso de plantas. Roy estava mostrando a bunda pela janela do prédio que mirava bem onde velhinhas safadas faziam ioga.

Ah.

Eu e Dean quebramos a coleção de taças de cristais que papai ganhou de Donna, mas o coroa ainda não teve tempo de descobrir, o que nos dá tempo de depois da cerimônia procurar um conjunto idêntico no Mercado livre.

A segunda noite não acabou tão bem, porque enquanto eu e Dean víamos unicórneos flutuantes, Roy estava praticamente boiando na própria saliva encima do sofá juntos com os amigos do Hospital de Starling, ouvimos batidas incessantes na porta. Se não fosse James, o único centrado, estaríamos até agora na delegacia de Starling City nas mãos de Quentin. Mas James, o anjo da guarda, tratou de nos livrar dessa antes que toda a história chegasse nos ouvidos das meninas, o que fez com que Roy quase lambesse as bolas do Doutor Gaguinho em agradecimento.

Hoje pela manhã acordamos todos melhores do que ontem, Thea contratou estilistas e maquiadores para dar os últimos retoques antes do grande casamento. Speed nunca falha.

— Fica tranquilo, elas só devem estar tomando champanhe e falando mal dos caras. Que somos nós! — rio brevemente — ajuda a passar o tempo. Se eu tivesse tido a sorte de nascer mulher, iria adorar falar mal da gente!

— É que depois desses dois dias confusos... — Roy murmura.

— Torça para sua bunda não ter caído na internet! — volto a dar de ombros.

— Oliver! — papai grita. O velhinho ainda está sob efeitos alcoolicos. A idade chega, meus amigos.

— Fiquem tranquilos, está tudo sob controle. — Jarmes conclui. Ele nem gaguejou.

— Está acontecendo alguma coisa? Achei você um pouco desanimado esses últimos dias... — Roy senta ao lado do rapaz.

— Dias assim me deixam um pouco... Nostálgico! — James suspira.

— Nostálgico? — pergunto sem ser tão tão tão inconveniente.

— Tentei pela segunda vez reatar com a mulher que pensei que seria a mulher da minha vida, mas não deu certo! — os ombros de James caem.

Merda.

James é um cara legal demais para estar como um cão de rua abandonado.

— Não fica assim... Existem outras mulheres por aí para você achar que é a certa. — dou tapinhas em seu ombro direito.

— Não ouça o Oliver. — papai resmunga — Existem sim outras mulheres por aí, mas a certa você só irá saber quando tocar em seu coração... Você só precisará estar com ele aberto para que isso aconteça!

— Robert sempre sábio! — Roy sorri.

— É. É isso. — dou de ombros.

— Pessoal! O carro já chegou! — Dean aparece com as chaves. Ele está engomadinho com o terno que Thea escolheu para nós. É engraçado vê-lo assim.

— Um momento... — Roy levanta o dedo como um garoto que tem dúvida — É você quem irá dirigir?

Eu gargalho.

Papai me dá um beliscão.

— Eu sou o melhor motorista de carros importados que existe na cidade. — Dean se gaba.

— Não é não! — franzo o cenho.

— Thea sabe que você nos levará? — papai pergunta ressabiado.

— Ela não sabe... Mas o carinha responsável está com diarreia! Estou fazendo o maior dos favores em levar o noivo. — o paspalho dá de ombros.

— Acho melhor que o James nos leve... — murmuro.

Dean abre a boca em um “O”.

— Traidor... — o rapaz resmunga.

— Eu não sei dirigir esses carros importados! — James se livra. Mas é claro que ele não sabe, seu carro é do tamanho de uma azeitona.

— Meninos, iremos nos atrasar! — papai volta a se manifestar.

— Tá bom. Tá bom... Vamos nessa, Dean! — bufo.

— Esperem um pouco! Preciso chegar intacto naquela igreja ou...

Roy é interrompido.

— Ou Thea vai ficar tão nervosa que será capaz de colocar meu neto ou neta pela boca! — papai suspira temeroso.

— Galera, vocês precisam confiar em mim. — Dean bate os pés feito criança.

— Esse é o problema, meu amigo. — o abraço, caminhando em direção ao carro que Thea alugou para nós.

— É sério pessoal, preciso chegar vivo! — Roy bate os dentes.

— Relaxa e entra nesse carro! — empurro Roy para dentro que reage assustado — Você está com as alianças aí?

— Tudo certo! — Roy esboça um sorriso.

— E lá vamos nós! — Dean grita à medida que todos nós entramos no carro.

Que Deus esteja conosco.

Amém.

~~~

Felicity Smoak

Já estou dois dias longe de Oliver.

Não vou mentir que a distância não me fez sentir saudades, mas passar os dias com as meninas renovou meus ares. Mamãe e Thea que armaram tudo, os mínimos detalhes, isso inclui os dois garotões que dançaram coladinho a futura senhora Harper.

Foi extremamente engraçado assistir Thea com uma barriguinha de aproximadamente três meses dançando com um fortão vestido de policial enquanto Donna e Camila se divertiam com o outro vestido de anjinho. E, bom, eu? Tomava uns bons drink’s para tentar desconectar um pouco a cabeça de como Judith estaria lidando em passar as noites com a babá que conseguimos resgatar dos tempos de Caitlin e Barry. Tudo bem, sei que se Caitlin confiava fielmente na senhora, dessa forma, não existia um porquê de estar tão insegura. No entanto, aprendi nesses tempos cuidando de Judith e recebendo dicas da mamãe que as mães sempre vão estar preocupadas com a prole. Mas assim que desceram os miliares de drink’s pela garganta, deixei que meu corpo e mente se divertissem um pouco.

Fora os dançarinos gostosões, cuidamos muito bem umas das outras, a casa está menos bagunçada do que quando os meninos estão por aqui. A ideia de Thea era alugar um spa para comemorarmos a sua despedida de solteira, mas o lugar ficaria muito distante da igreja de Starling City, então expulsamos os homens para a casa de Robert e fizemos a festinha aqui mesmo. Já que não podíamos ir até o spa, mexi meus pauzinhos para que o spa pudesse vir até nós... Porque se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé. O segundo dia das garotas foi de puro relaxamento para o dia mais esperado por nós e, principalmente, por Thea. Hoje estamos nos sentindo como se estivéssemos chegado ao céu, as mãos daquelas massageadoras eram perfeitas!

— Como está se sentindo? — pergunto ao entregar um copo de suco de maracujá a Thea.

— Enjoada! — ela faz cara feia ao segurar o copo com suco — É sério? Eu queria um Martini!

Gargalho — Não enquanto estiver segurando meu sobrinho!

— Sentir enjoo é a parte chata de estar grávida! — Thea volta a resmungar.

— Espera só para ver a parte de acordar de madrugada para esquentar a mamadeira... Vai mudar de ideia. — Donna brinca.

— Convivi com mais duas irmãs, realmente mamãe dizia que o enjoo era a parte mais fácil! — Camila engole seu champanhe.

— Enjoo realmente é um saco! — reviro os olhos.

— Como se sentiu quando descobriu que os enjoos não eram de um bebê aí dentro? — Thea pergunta curiosa.

Há uns meses Oliver havia me proibido de tomar cafeína.

Eu estava muito enjoada sempre pela manhã e no final da tarde.

Sei que no início Oliver não percebeu nada e também não criou nenhuma expectativa, porque eu sempre o dizia que era a minha gastrite nervosa. Prometi a ele que iria ao médico, mas o restante dos últimos tempos foi tão corrido que essa ida ao médico ficava para escanteio. Só que os enjoos não, eles continuavam mais fortes. Foi quando a lâmpada de Oliver acendeu, ele perguntou diretamente em uma manhã se eu estava o enrolando. No início fiquei confusa, podia ser a sonolência que ainda abrigava o meu ser, mas ele continuou sendo direto quando ainda não entendia o porquê de achar que estava o enrolando. Foi quando perguntou se todo o enjoo era uma possível gravidez. Eu gelei. Minha menstruação estava descontrolada, ela costuma ser assim pelo fato de eu não tomar anticoncepcional, mas por andar tão estressada não tinha percebido ou pensado nessa possibilidade.

Os olhos azuis de Oliver estavam tão transparentes no momento em que perguntou que na minha boca até surgiu um gostinho de dizer sim. A sensação de ser mãe eu sentia todos os dias quando pegava Judith pelos braços, mas viver os nove meses guardando um serzinho dentro de mim aguçava meus sentidos. A sua pergunta, depois de eu ter a digerido, passou a fazer bastante sentido, pois faziam quase um mês e meio que não descia nem uma gotinha de sangue. Nadinha. E se eu estivesse realmente grávida? Pronta para gerar um bebê de Oliver? Senti naquele instante meus olhos brilharem na mesma intensidade em que os cristalinos de Oliver brilhavam. Ele vestiu as pressas a camisa quando o disse que poderia ser uma possibilidade, correu para a primeira farmácia próxima de casa e trouxe um teste de gravidez de cada cor. Homens. Mas foi eu fazer o primeiro teste e constatar o negativo para eu ver os ombros de Oliver caírem.

Minha reação foi de abraça-lo na mesma hora, porque a ideia de ter um bebê já era tão real que descobrir que o fatídico enjoo realmente era da minha gastrite nervosa nos deixou, digamos, um pouco decepcionados. Mas Oliver rapidamente deu a volta por cima e disse que a partir daquele momento iria se dedicar mais nas tentativas se eu estivesse de acordo e, claramente, concordei na mesma hora. Sem medo de me jogar profundamente na ideia de criar uma nova criança, dar uma nova irmã ou irmãozinho a Judith e guardar comigo a sensação de ter a mão de Oliver segurando a minha no momento em que eu desse a luz a um de nossos filhos.

Suspiro.

— Foi um pouco decepcionante, mas... Estamos treinando com mais vontade agora! — lanço uma piscadela.

— Aposto que está com um arsenal de hipogloss na gaveta do quarto... — Donna passa a ponta da língua no lábio inferior.

Camila apenas gargalha.

— Mamãe!!! — arregalo os olhos.

— Sua mãe está corretíssima... Às vezes, eu não conseguia sentir as minhas pernas! — Thea suspira — Saudades desses tempos.

— Thea, você está grávida! — meus olhos continuam bem abertos.

— Mas não está morta, querida! — Donna dá de ombros se gabando.

— É isso aí! — Thea levanta uma das mãos dando um soquinho nas mãos da mamãe — Roy agora pensa que sou de porcelana, é um saco! Se está assim agora, imagina quando eu estiver com quase nove meses? Faremos sexo mentalmente!

Agora sou eu quem ri.

— Thea é só o momento... — murmuro.

— É bom ele dar o jeitinho dele hoje, porque ninguém merece jogar cartas em plena noite de núpcias. — a minha cunhadinha debocha. Nós continuamos a nos divertir.

A maquiadora finaliza seu trabalho.

Ao virar Thea em nossa direção, ficamos impactadas.

Ela está a mulher mais linda.

Mais encantadora.

— Não sei se Roy vai conseguir se manter encima das pernas depois de te ver... — sussurro.

— Contratamos ambulâncias? — Donna pergunta assustada.

— Ele não seria louco de ter um piripaque justamente no nosso dia! — Thea da piti.

Rio a consolando — Teremos uma equipe de reanimadores presentes lá, fica tranquila!

— Nem brinque com isso, Lys! — Thea engole o suco de maracujá de uma vez só.

— Meninas, os motoristas com os carros já estão aí! — Camila nos comunica.

— Você vai ficar bem enquanto vamos na sua frente encontrar os garotos? — pergunto enquanto retoco as pontas do vestido perolado de Thea.

— É claro! Vou daqui a pouco, porque a noiva precisa chegar em grande estilo! — a menina dá uma piscadela sapeca.

— Thea... — a repreendo. Nunca sei o que se passa na cabeça dessa louca.

— Não vou arrumar nada... Apenas atrasar um pouquinho! — Thea faz biquinho.

— Deixe ela minha filha, é melhor nos apressarmos! — mamãe me pega pelo braço juntamente a Camila. Mas estou realmente preocupada com a piscadela marota que The jogou, espero que ela se mantenha bem quietinha até ser levada à igreja ou não sei o que Oliver é capaz de fazer. Roy estaria claramente desmaiado.

— Agora vão, vão. — Thea vai nos expulsando.

— Tem certeza? — torno a perguntar.

— É claro! — Thea fica pensativa por exatamente alguns segundos — Alguém me traz um sorvete de pistache?

Reviro os olhos.

Até mais Thea.

~~~

Oliver Queen

Já olhei no relógio mais de trezentas vezes e nada das meninas estarem prontas, não é possível que demore tanto para quatro mulheres estarem arrumadas. Será que realmente nesses dois dias elas armaram um plano para nos deixarem? Meu Deus, preciso ir checar agora mesmo os voos para as Barramas.

Judith chegou tem pouco tempo da babá e a menina está linda, o vestidinho é de um amarelo clarinho cheio de pedrinhas transparentes e o reflexo dos raios solares a faz brilhar como um pequeno sol. Não é porque sou um pai bobo, mas babar pela minha garota é extremamente normal, porque ela está a criança mais linda desse pequeno lugar. Enquanto ela brinca em meu colo, ameniza minha ansiedade em encontrar logo com as outras mulheres da minha vida.

— Eu disse que tinha alguma coisa errada! — Roy gagueja.

— Cara... Não faça xixi nas calças! Os rapazes foram ver o que está acontecendo. — tento tranquiliza-lo, mas também preciso ser tranquilizado. A verdade é essa.

— Já faz mais de meia hora que eles saíram daqui, Oliver! — Roy bate o pé. Está suando feito um tomate vermelho. Seria muito engraçado se não fosse trágico, é claro.

— Pronto, não precisa mais chorar... — perco as palavras quando avisto Felicity.

Meus pés flutuam por verdadeiros segundos.

Vou ao céu. Estou no céu.

Ela está com os cabelos soltos em cachos bem modelados, o sorriso é brilhoso pelo gloss e os dentes lindos como o de sempre. O restante do vestido é da mesma cor do de Judith, mas há uma pegada menos infantil que a deixa totalmente elegante. Ela deve estar usando a colônia de flores que tenho como a minha preferida, pois o seu cheiro chegou primeiro que ela, embebendo minhas narinas.

Volto do céu rapidamente.

Pareço despencar lá de cima.

Felicity está gargalhando à medida que é trazida por James.

Isso mesmo, os dois conversam intimamente.

Oliver... Os dois são amigos. James é amigo.

Olá consciência, a quanto tempo não a vejo... Agora já pode ir a merda. Obrigado.

— Meu amor... — Felicity ainda risonha me cumprimenta com um singelo beijo, mas ainda estou tão atordoado com o fato de tê-la visto ao lado de James que mal presto atenção — Querido? — Felicity volta a me chamar.

Saio do rápido transe.

— É... Oi! — meus olhos ainda fitam James.

O otário pigarreia.

— O motorista preci-ci-ci-sou de ajuda com a lo-lo-calização! — James até volta a gaguejar.

— James nos salvou! — Donna dá um gritinho animada.

— Ele sempre está salvando as pessoas... — murmuro.

— Amor... — Felicity segura meu rosto o trazendo para ela — Me dê um beijo!

Uhum. — colo nossos lábios demoradamente, mas as mãozinhas de Judith nos atrapalha.

— É ou não é a garotinha mais linda? — Felicity desvia a atenção para a nossa filha que bate palminhas expondo os dentinhos que fazem duas janelinhas fechadas;

— Vem com a vovó... — Donna pega a pequena nos braços indo em direção ao papai que tenta acalmar Roy.

O assunto de mais cedo corre novamente pelos meus pensamentos.

E se James...

Não. Claro que não.

— O que você e James tanto conversavam?

Pergunto.

De uma vez só.

Foda-se.

Felicity enruga as sobrancelhas — Não é da sua conta.

— É claro que é! — franzo o cenho.

— Tudo bem. Eu digo o que eu e James estávamos conversando e você me conta o motivo pelo qual você e seus amiguinhos estavam fazendo na delegacia na primeira noite de despedida de solteiro do Roy! — Felicity levanta a sobrancelha. Xeque-mate.

— É... — paraliso — Como você ficou sabendo disso?

— Você se esqueceu que conheço Starling City como a palma da minha mão?

— Eu posso explicar! — uma gota de suor corre pelas minhas têmporas.

— É claro que não... Você não precisa me contar nada e eu não preciso te contar nada!

Felicity lança uma piscadela sensual.

Suas mãos ajeitam minha gravata.

Ela se prepara para adentrar à igreja.

— Felicity! Volta aqui! — a grito.

— O que acontece na despedida de solteiro, fica na despedida de solteiro! — ela ri divertidamente e sai.

Gostosões com tanguinhas versão verão?

Felicity não seria capaz.

Ou seria?

— Espera aí, senhorita Smoak! — volto a gritá-la. Mas sou ignorado.

Mulheres.

Por que tão difíceis?

~~~

Thea não estava brincando quando dentro da igreja Felicity me contou que iria atrasar, Roy já está a ponto de explodir dentro do smoking ao lado dos seus pais diante do altar. Finalmente conhecemos seus pais, eles são boas pessoas, mas ainda preciso de uma maior convivência para poder dizer mais sobre o assunto. Os dois disseram que vão dar uma pausa nas viagens de trabalho pelo mundo até que o bebê de Thea nasça, então espero que seja uma boa oportunidade de conhece-los melhor.

Falar em Thea.

Ao escutar as portas da igreja se fecharem atrás de mim, encontro papai alinhando o terno perfeitamente esticado à medida que espera as portas do carro em que Thea está se abrirem. Assim que observo o motorista abrindo a porta e segurando a mão da minha Speed para ajuda-la a sair, meu coração dispara rapidamente. Ele descompensa e pouco falta pular pela boca, o que me assusta um pouco, porque se eu senti minhas pernas tremerem ao avistar a beleza de Thea, Roy não vai conseguir se manter de pé por muito tempo quando encontrá-la.

Ela está como uma paisagem de um dia de férias no campo, o vestido desenha suas curvas, deixando em evidencia a barriguinha que carrega meu futuro sobrinho. Tenho que confessar que a gravidez a deixou mais bonita, Thea ganhou um pouco mais de corpo e seu rosto ganhou mais brilho. O sorriso é a própria luz quando se abre para me dar um oi.

— Vai ficar parado aí feito um bobão? — Thea me dá um beliscão.

— É que...

Error 404!

— É que???? — The pergunta segurando uma risada emocionada.

— Nunca pensei que fosse te levar até o altar. — ainda estou anestesiado.

— Pensou que eu seria para sempre a caçula indefesa?

— Indefesa? Você nunca foi indefesa, Thea!

Nós dois rimos.

Indefesa?

Thea batia nos meninos na escola.

— Eu demorei porquê... — Thea segura um pingente próximo ao peito.

É o colar da mamãe.

Uh é...

O vi sendo usado por Felicity!

— Mas pensei que você... — as palavras voltam a fugir.

Assim que entreguei o colar a Felicity a disse que era uma joia importante da família. No primeiro momento ela sentiu receio em usar por conta de Thea que parecia nunca ter superado a morte da mamãe. Tanto que dentro de casa ou em qualquer lugar que lembrasse a mamãe, tentávamos ao máximo em tocar no assunto, pois sabíamos que Thea não se sentia a vontade. Hoje, em um dia que claramente a mamãe gostaria de estar presente, não poderia imaginar que a minha caçula estaria carregando uma partezinha dela no peito.

— Felicity me entregou esses dias.

Thea segura o pingente.

— Como você está se sentindo?

— Querendo chorar e borrar toda a maquiagem! — ela ri embagardamente.

Speed... — a abraço forte, depositando um beijo em sua testa — De onde a mamãe estiver pode ter certeza que ela está muito feliz!

— É que eu sinto tanto a falta dela!

Uma lágrima tímida escorre.

— Eu também sinto. — papai se aproxima de nós dois — Todos os dias.

— E se essa saudade nunca passar? — Thea murmura.

— Meu bem, ela não precisa passar. — o papai nos abraça.

— Então o que eu faço com ela? — Thea torna a perguntar, segurando as demais lágrimas.

— Guarde ela no melhor lugar que estiver dentro de você. — sussurro.

— Faça isso e ela vai estar te acompanhando em todos os lugares e decisões. — papai complementa.

— Amo vocês... — a voz de Thea é quase inaudível.

— Agora precisamos que você respire e nos dê os braços para te levarmos até o altar! — papai sorri enquanto limpa as outras lágrimas que escaparam dos olhos de Thea.

— Há rumores de que talvez, só talvez, Roy esteja quase infartando lá dentro! — brinco.

— Ah não! Preciso dele na lua de mel! A lingerie está apertando meus peitos, ele precisa me ajudar a me livrar logo disso. — Thea agarra nossos braços com determinação.

— Thea, por favor! — pressiono os olhos um no outro.

— Querida... Sem detalhes sórdidos! — papai ameniza.

— Ah, então vocês acreditam que foi a cegonha que colocou esse bebê aqui dentro? — ela ironiza.

— Não, mas... — gaguejo.

— Hipócrita. — Thea revira os olhos.

— Será que podemos entrar? — pergunto sem saco.

— Vocês dois são muito lerdos!

Thea puxa nossos braços.

BOOM!

As portas se abrem.

Todos levantam.

~~~

Existem flores distribuídas por toda a grama, as pessoas estão sorrindo enquanto conversam. Não há dúvidas de que Thea escolheu todos os minuciosos detalhes com maestria. Falar em Thea, ela está conversando com os pais de Roy enquanto o mesmo acaricia sua barriga como um futuro pai orgulhoso. É, eu vou ter que me acostumar que agora a minha Speed é uma Harper. Mas se ela estiver com esse sorriso pregado no rosto como vi assim que Roy escorregou a aliança dourada pelo seu dedo anelar, estarei tão feliz quanto ela.

O casamento foi incrível, assim que eu e papai entregamos as mãos de Thea a Roy, fomos nós dois que não conseguimos segurar as lágrimas que rolaram pelo desfiladeiro. Foi uma emoção tão forte que transbordou pelo meu peito, eu não queria entregar a minha irmãzinha, mas papai me deu pequenos empurrãozinhos até que eu conseguisse finalmente entrega-la nas mãos do marmanjo. O que aliviou meu coração foi o momento em que a entreguei e logo depois encontrei os braços abertos de Felicity esperando por mim juntamente a Judith. As duas me deram um cheiro prolongado enquanto me fazia de durão para esconder o choro que tinha molhado meus olhos.

Deixar Thea no altar com o colar que era da mamãe ao lado do papai foi um acontecimento que marcou minha vida. É engraçado como tudo aconteceu rápido de baixo do meu nariz, porque de repente eu estava vendo meus melhores amigos partindo para um lugar que não haveria volta. Ao mesmo tempo eu entrava em um tornado junto de Felicity para cuidar de Judith que logo se tornaria o nosso bem mais precioso. Lembro-me perfeitamente bem de quando peguei Thea se amaçando com Roy no sofá de casa, os dois pareciam dois adolescentes pegos no flagra. Praticamente no dia seguinte, tudo bem, talvez eu esteja exagerando, mas caí de paraquedas em uma conversa louca sobre casamento. Agora, os dois estão ali sorrindo feito dois idiotas curtindo o dia mais importante de suas vidas.

Como é bom estar aqui.

Suspiro.

— Está tudo bem? — Felicity acaricia meu peito.

— Sim... — murmuro.

— Está quieto demais.

— Só estou um pouco pensativo.

Seguro sua mão que percorria pelo meu peito, depositando nela um beijo demorado.

Felicity sorri.

— As crianças crescem, meu bem...

— Thea cresceu rápido demais! — rio brevemente.

— Mas cresceu e agora é uma mulher casada a espera de um novo bebê para a família!

Os cotovelos de Felicity se apoiam sobre meus ombros, o nariz brinca com a ponta do bem, suspirando profundamente quando decide colar cuidadosamente nossos lábios para um beijo rápido. Mais um. Mais outro. Agora uma risada baixa quando decide abrir seus mágicos olhos, dirigindo um olhar divertido em minha direção.

— O que foi? — pergunto curioso.

— Nada... — ela desconversa.

Hey! No que pensou, mocinha?

A faço cócegas.

Felicity gargalha.

— Só achei engraçado o fato de Thea ter se casado antes.

Será que isso é uma indireta?

Oliver seu burro, qual a dificuldade de ler os pensamentos de uma mulher?

Justamente, ler os pensamentos de uma mulher.

Impossível.

— É claro que Thea se casaria primeiro... Não havia chances de isso acontecer comigo!

Minha expressão é de é óbvio né.

Felicity franze o cenho — Ah claro! O pegador de Starling City que recebia presentes das mulheres usando sua camisa xadrez e boné surrado infalíveis era inalcançável!

Ela é terrivelmente irônica.

Pressiono os olhos segurando a risada.

— Não é isso...

— Não é? Você é um cara de pau!

Nós dois rimos.

— O que posso fazer se eu era bom nisso? — dou de ombros.

— Ainda bem que não precisei te corrigir! — Felicity me dá apertões, a cara é de sapeca.

— O que você acha?

Minha expressão se torna séria em poucos segundos.

— De você ser um metido?

— Não, não sobre isso. Mas sobre isso... Isso tudo aqui.

Ótima forma de pedir uma garota em casamento, Oliver.

Joinha para você.

— É... — Felicity enruga a sobrancelha — Como assim? A decoração?

Puta merda.

Não, não é sobre a decoração Felicity.

— Decoração? — minha cara é de confusão — Não é sobre a decoração, quando me refiro a tudo isso é sobre fazer uma coisa dessas.

Melhorei.

Melhorei a confusão dela, né?

Aff.

Felicity ri, apenas gargalha — Pode ir direto ao que você quer me pedir?

— Quer casar comigo?