Capitulo VII - Batalha de Lâminas

Houve um grande barulho.

Wander acordou no Templo de Adoração novamente e avistou duas silhuetas desaparecendo. Ele se levantou e viu que a segunda estátua havia sido destruída. Olhando para o buraco iluminado no teto, ele ouviu a voz de Dormin:

— Teu próximo inimigo é... Um dossel gigante eleva-se aos céus... A raiva do gigante adormecido quebra a terra...

Após isso a voz silencia.

Depois de ouvir o que Dormin tinha a dizer, Wander montou-se em Agro e saiu do Templo. Novamente a luz refletida na espada apontava para trás do Templo, e assim o jovem seguiu o caminho.

Ao atravessar novamente a ponte de pedra, Wander avistou a praia onde ele havia lutado contra Quadratus. E lá estava a criatura morta, petrificada. Wander parou Agro e ficou observando o animal sem vida abaixo durante alguns segundos, se recordando dos olhos em prantos dele enquanto morria.

Wander voltou a cavalgar.

No fim da ponte ele seguiu em frente, desviando do caminho que levava à praia. Wander levantou novamente sua espada pra saber exatamente onde estaria o próximo colosso. O feixe de luz apontava para um vale escuro à frente. E chegando lá entrou em uma das estreitas passagens que havia. A luz era escassa e mal havia vegetação. Depois de um tempo, ele achou um lago no meio do vale.

No centro do lago havia uma enorme plataforma e uma rampa que levava até o topo. Wander desceu de seu cavalo e nadou até a rampa. Ela parecia ser muito antiga e poder cair a qualquer momento, mas por sorte isso não aconteceu. Ao fim da rampa ele percebeu que ela estava incompleta e não tinha como chegar à plataforma. Logo a frente tinha uma pilastra com um pedaço de pedra retangular no topo, e então Wander resolveu pular nessa pedra para depois chegar onde queria.

Ele pulou e se agarrou na pedra, e no mesmo instante vários pedaços dela caíram e Wander quase caiu junto. Ao ter uma distancia aceitável, ele pulou na plataforma, a salvo.

— Essa foi por pouco.

A plataforma era redonda e tinha uma parte mais alta que Wander não conseguia alcançar. Depois de andar na beira da plataforma, o jovem achou uma escada que levava para a parte mais alta.

Ao subir, avistou de longe algo no chão. Era grande, parecia algum monumento estranho, mas tinha pelos. Antes que pudesse pensar mais alguma coisa, um berro veio daquilo e a coisa começou a se mover. Era um colosso que estava dormindo. Então o monstro se levantou e olhou para Wander.

— Este é Gaius, a Verdade Terrestre.

Ele era tão alto quando o colosso anterior, mas diferente do outro, ele tinha uma aparência humanoide. Seus pés pareciam ser bolas e o único modo dele não cair era quebrando o chão e cravando os pés nele. Sua mão esquerda não havia dedos, e sim várias pedras com a aparência semelhante. Já em seu braço direito havia um grande bracelete e no lugar da mão tinha uma espécie de espada de pedra gigante que chegava a ser do tamanho do próprio braço.

O colosso andava com raiva para perto de Wander, ele não parecia nada dócil, diferente do anterior. Gaius levantou seu braço rapidamente e bateu no chão perto do jovem, que só não o acertou porque ele conseguiu ser rápido o bastante para desviar. A cada passo que o gigante dava, pedaços de pedra e de terra caíam. O gigante tentou novamente acertar Wander, que desviou de novo. Ao se recuperar do impacto da espada no chão, Wander subiu nela e correu para o braço.

Gaius tirou sua espada do chão e sacudiu com força a espada para o lado, jogando Wander para o ar. O garoto quebrou o braço esquerdo, deixando parte do osso à mostra, e com dor ele não conseguia se levantar. O colosso se virou procurando Wander, e ao achar andou em direção a ele.

Wander rasgou um pedaço de seu manto e tentou estancar o sangramento, e ao terminar, Gaius já havia o alcançado e estava levantando a perna para esmagá-lo. Rapidamente Wander pegou seu arco e atirou uma flecha na barriga do colosso, o que fez incliná-lo pra trás com a leve dor e errar Wander, pisando há alguns metros dele.

O jovem se levantou, ainda com muita dor, e começou a correr, até que tropeçou em uma plataforma de pedra que lá havia.

— A armadura que ele veste parece frágil... — disse Dormin.

Então Wander ficou em cima da plataforma, esperando o colosso atacar novamente e bater na pedra. Mas por desventura, Gaius atacou horizontalmente, surpreendendo Wander. Subitamente, Wander foi obrigado a se abaixar para não ser acertado, mas a espada de pedra de Gaius acabou acertando a espada dele, e lançou-a para longe.

Ele então correu para a sua espada, que estava do outro lado da grande arena redonda, e ao chegar perto dela, Gaius atingiu a sua frente com a espada, acertando a ponta do pé direito de Wander, quebrando-o totalmente. Quando o colosso retirou sua espada do chão, Wander teve tempo de pegar a Espada Ancestral e se jogar na parte mais baixa da arena, onde se escondeu.

Chorando de dor, Wander pensava em desistir enquanto amarrava outra parte de seu manto no pé quebrado.

— Por que isso está acontecendo? Por quê? Lorde Emon, seu maldito! — disse chorando.

Depois de um tempo tentando se recuperar, Wander subiu novamente à parte mais alta mancando. Ele estava perto da pequena plataforma de pedra, e então assobiou para chamar a atenção do grande colosso que estava à frente. Gaius o viu e levantou seu braço, preparado para atingi-lo de novo. Wander, ignorando a tremenda dor que sentia, tentou correr para a plataforma enquanto o colosso ainda estava mirando onde ia bater, e por sorte, ele atingiu a pedra.

Toda a armadura de Gaius começou a rachar e cair pedaços, assim como parte do brande bracelete que havia em seu braço.

Então, Gaius tentou acertar Wander novamente, mas no momento em que ele ia acertar, uma parte da armadura de sua perna rachou, fazendo-o cair levemente, e errando Wander. E assim, Wander subiu na espada que estava ainda no chão e subiu até o braço da criatura, passando por onde seria o bracelete.

O colosso balançou seu braço violentamente, e Wander, por estar muito ferido não aguentou e caiu. O jovem por sorte caiu em uma plataforma que o colosso possuía em volta de sua barriga. Com raiva, Wander começou a cravar sua espada na barriga de Gaius, que caiu ajoelhado se apoiando em sua espada. Wander aproveitou a oportunidade e pulou no braço do colosso novamente, escalando com dificuldade até os ombros da criatura.

Gaius se recuperou e se levantou.

Wander, chegando à cabeça do colosso cravou sua espada, mas não teve muita força, pois só podia usar um dos braços. Tentando ganhar tempo antes de Gaius começar a sacudir-se, Wander pegou uma de suas flechas e enfiou no olho do gigante, a flecha quebrou, mas conseguiu atordoa-lo. Com o tempo que ganhou, Wander cravou sua espada na testa do gigante e pendurou, na esperança de ser mais útil.

Conseguia-se ver lágrimas saindo dos olhos do colosso.

Não aguentando de dor, Gaius tentou bater em Wander com sua mão esquerda, mas ao perceber, Wander se tacou na espada de pedra, fazendo com que Gaius se acertasse e, consequentemente enfiando a espada mais profundamente na própria testa. O jovem depois de cair na espada, não conseguiu se segurar e caiu no chão, se ferindo mais. Naquele instante, os olhos de Gaius tornaram-se negros e ele caiu sem vida no chão.

Antes de desmaiar, Wander viu as sombras escuras saindo do corpo do falecido colosso e indo em direção a ele.