It's All About Timing

We will always come back to you.


Regina terminava de arrumar o figurino de Roland enquanto o menino andava de lá para cá, falando suas falas e fazendo gestos e expressões. Se era pra falar a verdade, Regina achava que iria precisar ser durona para não cair em lágrimas ao ver o seu menino em cima do palco, fazendo o papel de Robin Hood na peça da escola.

Ela lembrava direitinho do dia que Roland havia chegado em casa, não conseguindo conter a felicidade por ter conseguido o papel de Hood na peça que Mary Margaret estava planejando para o final do ano letivo. Desde então, Roland estava se dedicando muito para isso, com a ajuda de Robin, é claro. Afinal, quem melhor para ajudá-lo?

Querendo fazer uma surpresa para os pais, o menino não falava muito detalhes sobre a história, apenas o que achava necessário. Por isso Regina estava estranhando ele estar falando as falas na frente dela. Mas não querendo que ele parasse, a morena ficou quieta, sentando-se na cama, ficando a observar o filho. Quando notou que a mãe estava prestando atenção nele, Roland fez um beicinho e Regina levantou a sobrancelha para ele.

— Não se preocupe, mamãe. Eu não estou falando em ordem, então você não vai conseguir entender nada. – Roland disse, vitorioso. Regina bufou.

— Filho, o que custa me deixar saber um pouquinho da peça? Prometo que não falo para Mary Margaret. – Regina pediu, sabendo que o papo de surpresa tivera origem na professora.

— Surpresa, mãe. Você sabe o que é isso? – ele perguntou, andando até ela e pegando o rosto da prefeita nas mãos. – É só até hoje de noite. Falta pouquinho.

— Eu sei, querido. – ela falou, beijando a pontinha do nariz dele. – Estou ansiosa.

— Eu também! – Roland exclamou, feliz. – Não vejo a hora de vocês verem. – ele continuou, e Regina o puxou para os seus braços.

— De vocês verem o que? – Robin perguntou, entrando no quarto. Roland correu até ele, abraçando-o.

— A peça, papai. – o menino falou.

— Ah, eu tenho certeza que hoje conheceremos o mais heróico e bravo Robin Hood de todos os tempos! – Robin falou, fazendo o filho gargalhar.

— Não, esse é você papai. O melhor Robin Hood de todos os tempos. – Roland constatou, e Robin sentiu os olhos marejarem. Não havia tesouro maior em sua vida.

— Amo você, filhão! – o arqueiro falou, colocando o menino no chão e indo até Regina, depositando um leve beijo nos lábios da mulher. – Dê tchau pra sua mãe que está na hora de ir.

— Mamãe, me deseje sorte no ultimo ensaio. – Roland pediu, quando se aproximou dela.

— Quebre a perna, meu amor. – Regina disse, fazendo o menino gargalhar de novo.

***

— Uma semana? – Regina repetiu o que havia escutado de Robin, atônita.

— Sim, Regina. Olha, é algo que os homens alegres fazem todos os anos. – Robin explicou.

— Pelo amor de Deus, Robin, vocês já moram num acampamento. Pra que sair pra acampar em outro lugar? – a morena indagou, ironicamente.

— Porque com isso ensinamos os nossos filhos, caçamos e nos divertimos. – Robin respondeu a ironia. – Além do mais, Roland e eu nem moramos mais lá, Regina. Eu acho que vai ser ótimo.

— Ótimo? E depois de acostumar Roland a viver em uma casa você acha que vai ser bom levá-lo para o meio do mato por malditos sete dias? – Regina perguntou, e Robin respirou fundo. Ele nem sabia o porquê a discussão havia começado, pra falar a verdade. Os dois estavam nos braços um do outro, tentando desvendar algo sobre a peça de Roland, e foi quando ele deixou escapar sobre o convite de Little John. Jamais imaginara que isso deixaria Regina irritada.

— O que você está querendo dizer, Regina? Eu criei Roland a vida inteira no meio do mato. – ele respondeu, dando ênfase nas ultimas duas palavras. – Isso não vai fazer mal algum a ele, pelo contrário, ele vai adorar. Você sabe que ele ama estar com os homens alegres. Ele não vai estar com estranhos, ele vai estar comigo. – Robin falou, respirando fundo.

— Não é esse o problema, Robin. São muitos dias fora. E se ele adoecer? E se acontecer alguma coisa? Eu nem vou saber em que lugar vocês estão. A floresta aqui é grande, você mais do que ninguém deveria saber disso. – a prefeita argumentou.

Talvez Regina tivesse se apegado demais aos dois para achar que fosse capaz de passar tanto tempo longe deles. Ok, não era tanto tempo, afinal, mas mesmo assim era um tempo longe. E eles não sabiam o que havia na floresta. E se de repente algum vilão aparecesse lá e fizesse algo com Robin e Roland? Afinal, era Storybrooke, a cidade que nunca tinha paz. Ou talvez a morena só não quisesse ficar ali naquela mansão sozinha por uma semana. Talvez ela estivesse acostumada demais com Roland chegando da escola, vindo correndo até ela e ajudando-a no jantar. Talvez ela não conseguisse mais dormir sem o calor de Robin na cama. Talvez ela tivesse se tornado uma boba apaixonada e caseira demais. Mas ela não falaria nada disso a Robin. Os dois simplesmente não iriam a um acampamento idiota. Por que eles iriam querer fazer isso se tinham ela? E uma casa quentinha, com água encanada e TV?

— Regina, onde eu e o Roland moramos a vida toda? – Robin perguntou, fazendo a prefeita bufar.

— Na floresta, mas... – ela começou, entretanto Robin a cortou.

— Isso mesmo! Ele é meu filho, e eu estou falando que vamos acampar. Está bom para você? – Robin disse, ríspido. Assim que as últimas palavras saíram de seus lábios ele se arrependeu. Os olhos de Regina se encheram de lágrimas no mesmo instante.

— Certo. – ela respirou fundo. – Ele é seu filho.

— Não foi isso que eu quis...

— Faça o que você quiser. – ela o interrompeu. – Ele é seu filho. – afirmou mais uma vez, dando as costas a Robin e seguindo até o escritório, batendo a porta em seguida.

Robin sentou-se no sofá, enterrando o rosto nas mãos. Brigar com Regina era tudo que ele não precisava.

***

O menino com figurino de Robin Hood parecia alheio ao clima no carro. Roland falava sem parar, tomando toda a atenção de Regina, que estava ignorando Robin o tempo inteiro. O arqueiro sabia que tinha a magoado, tocado numa ferida, e que ela tinha total direito de ficar brava com ele. Robin só esperava que conseguisse reverter a situação, porque com toda certeza, Regina não era apenas a mãe de Roland, ela era simplesmente a melhor mãe que seu filho poderia ter. Ele só havia falado aquilo da boca pra fora, afinal, o que ela pensava que ele ia fazer com Roland? Seu filho adorava ficar na floresta, adorava passar o tempo com os homens alegres... Robin não conseguia entender o ponto de Regina.

Assim que estacionaram na frente da escola, Roland pulou do carro, sendo seguido pelos dois adultos. O menino os levou até o auditório da escola e logo Mary Margaret veio ao encontro deles, levando Roland para os bastidores, mas não sem antes Regina se abaixar na frente do garoto para dar-lhe um abraço.

— Boa sorte, Roland. – falou, no ouvido do garoto.

— É quebre a perna, mamãe. – ele a corrigiu, rindo. Regina sorriu para ele e lhe deu mais um beijo, antes de deixá-lo ir com Mary.

Quando a morena levantou, Robin indicou o lugar para que eles se sentassem, e quando foi colocar a mão na cintura de Regina, a morena se afastou, fazendo o coração do loiro apertar. Respirando fundo, Robin deixou que ela fosse na frente, e ele a seguiu, cabisbaixo.

Quando as cortinas abriram, e o narrador da peça entrou, Regina sentiu o coração pular no peito. A todo momento, os olhos dela não desgrudavam do palco, esperando o momento em que Roland iria entrar. Pelo que dava para entender, a peça de tratava de uma guerreira que tentava achar o seu lugar no mundo. Ela viajara para a Floresta Encantada, e lá estava enfrentando bruxas e monstros com a ajuda de amigos que fizera no caminho. Era aí que Roland, ou Robin Hood, entrava. Ele era um dos amigos.

No momento em que as cortinas se fecharam, as pequenas estrelas, juntamente de Mary Margaret, foram para frente do palco para agradecer a platéia, enquanto eram aplaudidos de pé por todos. Regina olhou para Robin, e percebeu o olhar do loiro cheio de orgulho. As íris azuis se encontraram com as castanhas, e devagar Robin pegou a mão de Regina, levando até os lábios e depositando um pequeno beijo. Dessa vez a morena sorriu para ele. Ainda estava chateada, mas agora o que importava era Roland, e os dois dividiam o mesmo sentimento. Amor e orgulho pelo filho.

***

Deitada ao lado de Roland, Regina comentava as partes que mais gostara da peça enquanto fazia cafuné no garoto. Os olhinhos de Roland estavam pesados, entretanto o menino não se entregava ao sono.

— Será que o papai gostou mesmo, mamãe? – Roland perguntou, baixinho.

— Tenho certeza que sim, filho. Ele estava todo orgulhoso vendo você lá no palco. – Regina respondeu. – E você ficou muito parecido com ele. – ela comentou, por fim.

— Você achou? –ele indagou, levantando a cabeça e olhando para Regina.

— Claro! – ela confirmou e eles entraram em um silêncio. Roland se aconchegou em Regina, e a morena depositou um leve beijo na cabeça dele.

— Roland? – ela chamou, baixinho. – Você sente saudade de viver na floresta? No acampamento com os homens alegres? – ela perguntou.

— Ás vezes sim. – Roland disse. – Eu e o papai fazíamos tantas coisas divertidas, e Little John estava sempre me fazendo rir. Mas o papai sempre me leva para ver os homens alegres, e eu gosto muito mais de viver aqui em casa com você e ele. Quando a saudade bate, ela logo passa. Porque eu tenho você. – ele completou, fazendo os olhos de Regina marejarem.

— Eu amo você, filho. – Regina disse, abraçando o garoto.

— Também amo você, mamãe. – ele respondeu, se aconchegando nela de novo e fechando os olhos.

Quando o menino dormiu, Regina levantou com cuidado para não acordá-lo e seguiu até seu quarto. Encontrou Robin saindo do banho e aproveitou para tomar um também. Depois eles conversariam, mas a conversa podia esperar mais um pouco.

Talvez ela estivesse levando o que ele disse muito a sério, e no fundo ela sabia que Robin havia falado aquilo da boca para fora. Mas ela não podia negar que ele tinha a magoado. Assim como ela tinha certeza que havia o magoado. Ela estava sendo egoísta, e sabia disso. O acampamento dos homens alegres também era o lar de Robin e Roland, assim como a casa dela. Querer que eles não fizessem mais as coisas com as pessoas que foram a sua família por muito tempo era algo muito egoísta. Regina tinha a certeza disso.

Assim que terminou o banho e se arrumou, a morena seguiu até a cama, onde Robin já se encontrava deitado. Quando ela se deitou ao lado dele, o arqueiro se virou para ela, e eles ficaram se encarando por longos segundos. O primeiro a falar algo fora Robin.

— Eu sei que o que eu disse foi horrível, e eu nem sei o que fazer para você me perdoar. Mas não existe nenhum mundo onde eu aceite ir dormir brigado com você, Regina. – ele falou, e a prefeita sentiu os olhos marejarem.

— Você realmente acredita no que disse? – ela perguntou. – Porque eu sei que estou sendo egoísta, Robin. Eles são a família de vocês. Roland precisa deles tanto quanto precisa da gente. Eu não quis ofender você e criticar o acampamento... eu só... é uma semana.

— Eu sou um idiota completo por ter falado aquilo, Regina. – Robin falou, sentando-se na cama, passando as mãos pelo cabelo. – Você não gerou Roland, mas o ama como se tivesse o feito. Você o ama desde o começo, mesmo antes de tudo o que a gente tem começar. Vocês dois tem uma ligação inacreditável, e você sabe disso. Roland sempre fora fascinado por você, desde aquele dia em que você o salvou. Eu passei inúmeros dias depois daquilo tendo que ouvir o meu filho falar que queria ver a mulher que tinha o salvado. Você tem a noção disso? Roland via que as pessoas se esquivavam de você e mesmo assim ele não queria o fazer. E depois, quando nós começamos a nos relacionar... você trazia alegria pro meu filho, Regina. Além de me fazer feliz, você fazia ele feliz também. Você ainda faz ele feliz. – o loiro terminou, e sentiu as mãos de Regina irem de encontro a sua, apertando-as. – Se Roland tivesse que escolher entre voltar para o acampamento e ficar morando aqui, você sabe o que ele escolheria. E ele não escolheria a sua casa porque é confortável e tem um vídeo game. Ele escolheria morar aqui porque tem você, Regina.

— Eu o amo tanto, Robin. – Regina disse, as lágrimas caindo livres pelo delicado rosto. Robin tirou as mãos da dela, apenas para passá-las pelo corpo de Regina e a puxar para si.

— Ele ama você também. E não existiria outra mãe melhor para ele, Regina. – Robin falou, depois de algum tempo.

— Eu não sei como passar uma semana sem vocês. – ela sussurrou, e Robin teve que se esforçar para ouvir. – É egoísmo, não é? Mas é a verdade. Eu passei tanto tempo sozinha, Robin, e agora que me acostumei a viver com você, com o Roland e com o Henry, eu já não sei mais como viver sem.

— Regina...

— Eu não me importo em vocês dois irem... Pelo contrário, eu sei o quanto vocês precisam disso. Eu sei o quão foi difícil para você deixar tudo o que conhecia para trás e vir morar numa casa comigo. Eu sei que você sente falta do seu acampamento e dos seus companheiros. E você desistiu de tudo isso por mim. Viu como eu soo egoísta? Não querer deixar vocês irem por uma semana sendo que tenho os dois para sempre comigo... Eu não mereço vocês, Robin. – ela terminou, as últimas palavras sendo ditas com a voz embargada.

— Foi por isso aquela discussão toda? Você não quer que a gente vá porque vai sentir saudades? – ele perguntou, buscando os olhos dela. Regina confirmou com a cabeça, desviando os olhos dele. – Por Deus, Regina, quando eu acho que você não pode me fazer te amar mais...

— Você me desculpa? - Regina perguntou, segurando o rosto de Robin entre as mãos.

— Somente se você me desculpar. – Robin disse.

— Eu amo você, Robin. – ela disse, e Robin a beijou.

— Eu também amo você. – ele respondeu, depois do beijo. – Na verdade, eu tenho a solução perfeita para o seu problema. – Robin disse, deitando-a na cama, ficando por cima dela. Regina estava com carinha de choro, e olhava para ele com tanto amor nos olhos que Robin perdeu o ar. Amava Regina. – Você vai junto com a gente. – ele completou a fala, e ficou observando a morena rir do que ele disse.

— Você está louco, Robin Hood. Não irá me levar para dentro da floresta por uma semana. – Regina disse, depois que conseguiu para de rir.

— Pelo menos eu tentei, não é? – Robin bufou, e Regina deixou um enorme sorriso tomar conta de seus lábios.

— Vocês vão voltar para mim depois de uma semana? – ela perguntou, e Robin a encarou intensamente.

— Nós sempre vamos voltar para você. – ele disse, e ela sorriu para ele, antes de encontrar os lábios de Robin em mais um beijo.