Segurando as rosas vermelhas com um braço, Regina sorria com a ironia daquilo tudo. Ela sempre ouvira falar que flores deveriam ser dadas aos vivos, e não aos mortos. Mas como poderia? Se Robin fora tirado dela tão abruptamente, sem nenhuma explicação. Sem nenhuma despedida. Sem nem a chance de serem dadas flores ou outras coisas que era queria ter dado.

Depois de três anos, a morena caminhava por aquele caminho que já estava gravado em sua mente. Caminhava por aquele caminho que nunca queria ter nem conhecido, desejando que jamais tivesse o perdido. Desejando que ele ainda estivesse com ela, que ainda a fizesse rir e se sentir especial e amada. Desejando que ele ainda pudesse encher o dia dela com aquele sorriso de covinhas ou que a tirasse o fôlego com os beijos e caricias como apenas ele sabia fazer.

Após os três anos, Regina sabia que jamais o teria de volta, embora tivesse procurado em todos os lugares alguma forma de fazê-lo. O desespero e a tristeza por não ter mais o seu ladrão perto de si, mesmo que para apenas segurá-la nos braços e ser o seu porto seguro, se fazia presente. Porque ninguém a conhecia como ele. E pensar que jamais o teria de volta... as vezes era demais para ela. Às vezes, tudo que ela precisava era momentos como esses.

Sozinha, naquele clima cinzento de inverno, encarando aquela lápide fria e cinza, se perguntando por que o destino fora tão ruim com eles. Robin Hood. Aquelas simples letras gravadas sobre a pedra, fazendo o coração da morena se apertar ao lê-las. Era sempre assim, afinal. Ela jamais se acostumaria.

Alguns pássaros cantavam nas árvores, e no silencio do momento, Regina se agachou e depositou uma das mãos em cima das letras, percorrendo aquele nome.

— Ah, Robin... – falou ela, o coração explodindo de saudade. – Queria tanto você de volta, meu ladrão. Tem dias que sua lembrança está tão presente que quase posso senti-lo. Eu trouxe flores, rosas vermelhas dessa vez. Eu as amo. Você sabe. Queria que estivesse aqui, queria que pudesse cheirá-las e pegá-las para você. Queria que me levasse para casa e fizesse o jantar e então queria que me beijasse e colocasse os nossos filhos para dormir, para depois me levar para a cama também. Eu vou ser eternamente grata a você, ladrão, mas nunca vou entender porque se jogou na minha frente naquele dia. – ela terminou, secando a grossa lágrima que caia de seus olhos.

Arrumando as rosas delicadamente em frente a lápide, Regina se ajoelhou, fechando os olhos e respirando fundo.

— Roland tem uma competição de futebol essa semana, acho que nunca o vi tão animado. Tem contado os dias, e me enlouquecido um pouquinho também. A cada dia que passa, ele fica mais amável, e me lembra você. Às vezes é ele que me entende. Quando ele tem aqueles dias, em que a saudade é demais para suportar, eu sei o que ele está sentindo apenas com um olhar, e então eu o deixo ficar em casa. Ele sabe quando eu estou nos dias também, e então ele vai para a minha cama de noite, e nós ficamos conversando sobre você até que pegamos no sono. Eu o amo tanto, Robin. Você tem a noção disso? – ela perguntou, esperando que em algum lugar ele estivesse ouvindo-a. Quase como se estivesse esperando por uma resposta.

Uma resposta que não veio. E nem viria.

A morena passou mais alguns minutos ali, conversando com a pedra, e quem a visse sem conhecê-la a acharia uma completa louca. Contava de como estava se dedicando ao trabalho na prefeitura, que Henry havia passado na universidade e que logo iria se mudar para Nova Iorque. Coisas que ela falava para uma pedra, mas que queria estar falando para ele.

Quando o vento soprou com mais força, e as nuvens começaram a ficar pesadas, Regina soube que era hora de ir. Levantando-se devagar, a morena ajeitou a saia e caminhou até o carro. Assim que entrou, a chuva despencou, e com ela trovões e raios. Estaria o tempo em sintonia com seu estado de espírito?

Se apressando, pois tinha deixado os filhos sozinhos, Regina fez seu caminho até a mansão. Saiu do carro correndo para fugir da chuva, e quando abriu a porta, pode ouvir as risadas e conversa alta de Roland e Henry. E alguns gritinhos fininhos que Regina sentiu o coração derreter ao ouvir. Tirando as botas, a prefeita subiu os degraus da entrada e seguiu o barulho, se deparando com uma cena que afastou qualquer sentimento de tristeza que estava presente nela. Henry jogava Olívia para cima, e a menina gritava e ria para o irmão. Correndo atrás dos irmãos, Roland gritava que iria pegar Olívia e a menininha ria como se não houvesse amanha.

Demorou algum tempo até que a menina notasse a presença da mãe, e assim que o fez, se debateu no colo de Henry, apontando para Regina. A morena não se aguentou mais, e correu em direção ao seu pequeno milagre, pegando-a no colo e a enchendo de beijos.

Regina teria mil motivos para ficar arrasada por Robin ter se jogado na frente dela naquele dia. Mas ela também tinha milhares para lhe agradecer por isso. Porque mesmo sem saber, ele acabou se sacrificando não só por ela, mas por Olívia também. E isso não tinha preço. Porque mesmo tendo indo embora, Robin deixou um pedacinho de si para ela. Um pedacinho dele que a fez se agarrar a esperança de conseguir alcançar a felicidade. Um pedacinho dele que agora lhe encarava com os olhinhos brilhando e o sorriso mais lindo que Regina já havia visto.

Ele havia lhe dado de presente uma família, mesmo que ele não estivesse mais presente para fazer parte dela.