It's All About Timing

I will not give up on you


Talvez, apenas talvez, ela não se atrasasse para a sua reunião. Claro, Regina poderia optar por ir direto a prefeitura, pegar suas anotações e não ser a ultima a chegar na sala de reunião, mas seria desumano começar o dia sem um café. Então, ela optou por passar no Granny’s, mesmo sabendo que podia encontrar lá a razão de sua insônia a noite.

Estacionou o carro na frente da lanchonete e suspirou de alivio ao entrar e ver que o local contava apenas com rostos não importantes. Seguindo até o balcão e fazendo seu pedido, Regina deu uma olhada em volta com calma. Apesar do alivio, não podia negar que um desapontamento dominava seu corpo. A razão de todos os seus problemas, ou a cura deles, tinha um nome e sobrenome. E lindos olhos azuis. Ah, aqueles olhos, que há apenas algumas noites a olhavam com tanto amor e paixão, enquanto se entregavam um para outro. Ela queria tanto que fosse fácil jogar os problemas e a culpa para o alto e correr para os braços dele.

Infelizmente, isso era algo que não poderia acontecer com ela. Nada era fácil, afinal.

Pagando o café e se virando para deixar o estabelecimento, Regina sentiu um pequeno corpo se chocar com suas pernas, agarrando-as e não tardou para a morena perceber quem era.

— Gina! – o garotinho exclamou, feliz. Regina sorriu para ele, colocando o copo de café em cima do balcão e se agachando, ficando da altura do menino.

— Roland! – ela abriu os braços para ele, que se jogou contra ela, agarrando-se ao pescoço da morena. Ela sorriu ainda mais, sentindo uma paz enorme tomar o corpo dela ao receber tanto carinho do menino.

— Eu senti saudades, você sumiu. – ele sussurrou, se afastando dela. – Você e o meu papa não são mais namorados? – perguntou,fazendo um biquinho que derreteu o coração da rainha.

— Eu também senti saudades, querido. E quanto a esse assunto, é complicado, meu amor. Mas eu prometo, assim que der, vou te buscar no acampamento para que tome sorvete junto comigo, ok? – a mulher disse, tirando os cachos compridos que caiam sobre a testa do menino.

— Ok, Gina. – ele respondeu, abrindo um sorriso para a mulher, que depositou um beijona testa dele e permitiu-se olhar em volta, os olhos castanhos caindo nos olhos azuis do homem parado perto a porta, observando-os de longe. Ambos prenderam o ar, sem nem notarem. Levantando-se, Regina pegou o café em cima do balcão e apertou a mão de Roland, e Robin se aproximou, lentamente.

— Regina. – cumprimentou, quando chegou perto da mulher.

— Robin. – ela respondeu, dando um pequeno aceno com a cabeça.

— Eu queria conversar com vo... – o loiro começou, mas a morena o interrompeu.

— Agora não é uma boa hora, estou atrasada para uma reunião. Eu sinto muito. – disse, depressa, despedindo-se de Roland e saindo apressada pela porta, sem dar nem tempo para o loiro perceber o que estava acontecendo.

— É, eu também sinto muito. – ele sussurrou, suspirando em seguida. O loiro pegou o filho pela mão e juntos eles sentaram-se numa mesa, e embora Robin se esforçasse muito para prestar atenção no filho, tudo que dominava a sua mente era a bela mulher, pela qual ele era perdidamente e loucamente apaixonado.

*-*

Regina sabia que era Robin sem nem precisar olhar para a porta do escritório para confirmar. Ela suspirou, fechando a expressão e torcendo para que não tivesse que entrar em uma discussão com ele, porque a cada vez que fazia isso, seu coração afundava mais no peito, a saudade aumenta em níveis extremos e tudo que ela sentia vontade de fazer era se jogar nos braços dele.

— O que você faz aqui, Robin? – ela perguntou, sem erguer os olhos para ele.

— Eu achei que se viesse até aqui você não fugiria e nós conseguiríamos ter uma conversa decente. – ele respondeu, curto e grosso, fazendo a morena suspirar.

— Eu não quero conversar com você. – ela disse, pela primeira vez o encarando nos olhos, levantando-se da cadeira e cruzando os braços.

— E o que você quer? – ele perguntou. – Continuar me ignorando? Ou fingindo que o nosso relacionamento nunca existiu? E nem a nossa noite no cofre? Me diz, Regina, me ajude a entender o que você quer!

— Eu quero que você vá embora! – ela aumentou o tom de voz e Robin confirmou com a cabeça, soltando uma risada irônica.

— Aquela página não significou nada para você? – ele perguntou, ressentido.

— É só uma página, Robin. De algo que nunca aconteceu, porque você sabe muito bem que a nossa história nunca vai ser simples como aquilo. Temos problemas reais, como a sua mulher com o coração congelando cada vez mais a cada minuto. E você devia começar a me deixar trabalhar em um modo de acordá-la. Devia parar de me procurar e me deixar confusa com tudo isso.

— Regina, eu... – ele tentou.

— Só vá embora, Robin, por favor. – pediu a morena, interrompendo o loiro.

— Eu não consigo, eu sinto sua falta. – ele sussurrou, se aproximando dela, que por reflexo se afastou.

— Robin, você não ouviu? Você tem uma esposa. – ela disse.

— Eu sei que tenho uma esposa..uma esposa que estava morta! – ele gritou. – Ela estava morta, Regina, ela morreu e eu fiquei desolado, com um filho pra criar. Eu amava a Marian, e eu sofri muito, durante anos, pela morte dela. E teve tempos que eu faria qualquer coisa para ter ela de volta. Mas isso foi antes de ter você na minha vida! E eu estou tentando me esforçar para salvá-la, mas eu não consigo fazer isso sabendo que vou perder você.

— Robin...

— Quando ela voltou eu fiquei em choque, e não posso negar que eu fiquei feliz. Ela era a mulher que eu amava, ela fez tanto por mim, ela me deu Roland. E eu magoei você ficando com ela, Regina. E vi o quanto isso era errado no momento em que não conseguia te tirar da cabeça, no momento em que aquele maldito beijo de amor verdadeiro não funcionou em Marian. – ele respirou fundo e continuou. - Porque foi aí que eu percebi que embora eu continuasse tendo aquele carinho imenso por ela, meu coração não pertencia mais a ela. Eu sou o ladrão da história, Regina, mas quem roubou meu coração foi você. E não importa o quanto você tente fugir de mim, eu não vou desistir do que a gente tem. Eu amo você, é com você que eu quero estar.

— Robin, eu sou uma bagunça, as coisas não dão certo comigo... Eu tenho medo– ela confessou, as lágrimas enchendo os olhos castanhos.

— Deixe eu ser uma bagunça junto com você, deixe eu ter medo junto com você. – ele se aproximou dela, e dessa vez Regina não se afastou. Robin pegou o rosto dela entre as mãos, e secou as lágrimas que faziam caminho pela bochecha dela. – Eu já disse e repito, não vou desistir de nós, meu amor.

Ao sentir o toque de Robin, o cheiro de floresta que tanto mexia com ela, sentir o peso das palavras tão delicadas que deixaram os lábios dele, Regina não conseguiu achar forças para se afastar ou recusar aquele contado. Talvez a culpa e o medo chegassem para aterrorizar os pensamentos dela mais tarde, mas agora ela queria apenas desistir de fugir dele. Queria apenas se permitir sentir todas as sensações maravilhosas que Robin trazia junto com a sua presença. Ela se permitiu fechar os olhos e tombar a cabeça sobre a mão do loiro, que aproximou o rosto do dela e plantou um beijo na pontinha do nariz de Regina.

A morena deixou que as lágrimas corressem livres por seu rosto. Ele estava lutando por ela, alguém ainda lutava por ela. Abrindo as orbes castanhas, a mulher observou o rosto de Robin e traçou com a ponta dos dedos todo o rosto dele. O loiro fechou os olhos, e Regina se aproximou, colando os lábios, dando inicio a um beijo calmo, como que para assegurar que eles ficariam bem. Puxando-a mais para ele, Robin aprofundou o beijo, e os dois só se separaram quando o ar se era necessário, Regina afundando a cabeça no peito de Robin em seguida, num abraço que durou pelos longos minutos que se seguiram. O loiro acariciava as costas dela e beijava os cabelos negros, nenhum dos dois querendo quebrar o contato.

— Senti sua falta. – Robin sussurrou, contra seus cabelos.

— Eu também, thief, eu também. – ela disse, levantando a cabeça e encarando aquela imensidão azul. Baixou os olhos para os lábios do loiro e depois o beijou, dessa vez um beijo cheio de paixão e desejo. Robin a segurou pela cintura, trazendo-a mais para perto dele. O beijo deu início a mais um, e mais um, e mais um, e quando Regina percebeu já estava sentada em cima da mesa, com Robin entre as suas pernas. Ela sorriu entre o beijo, e o loiro o finalizou com vários selinhos antes de olhar para ela.

— O que foi? – ele perguntou.

— Nada. – ela respondeu, passando as mãos delicadamente pelos braços dele.

— Você é linda. – Robin disse, depois de a encarar por um longo tempo. – Tudo em você é.

— Robin... - ela disse, tímida, mas um sorriso escapava por entre os lábios.

— Eu tenho a mulher mais linda de todos os reinos. – ele se gabou, fazendo-a sorrir. Depois começou a beijar cada pedacinho do rosto dela, e quando terminou, roubou-lhe outro beijo. E uma série deles continuaram, até que os dois estivessem ofegantes.

— Vamos pra minha casa. – ela pediu, encostando a testa na dele, em busca de ar. Robin concordou, e quando ia se afastar dela, Regina o puxou para mais perto, fazendo um gesto com a mão, os dois desaparecendo em uma fumaça roxa.

*-*

Já era tarde quando Regina sentiu o loiro ao seu lado se mexer, em um sinal de que estava acordando. A morena acariciava os fios loiros, enquanto deixava sua mente vagar. As mãos do sonolento Robin circulavam a cintura de Regina, e foi nessa posição que ele acabou pegando no sono. Regina, porém, nem chegara a fechar os olhos, permitindo-se ficar ali, aproveitando a presença do homem.

— Um beijo pelos seus pensamentos. – o loiro disse, quando estava bem acordado. Regina sorriu, mirando os olhos azuis.

— Nada com que você precise se preocupar, mas eu lhe dou o beijo mesmo assim. – respondeu a morena, fazendo o loiro rir, e o beijando em seguida. – Com quem você deixou o Roland? – ela perguntou.

— Com Little John, por quê?

— É... você poderia passar o resto da noite aqui? – pediu, e Robin sorriu, deixando a mostra suas covinhas.

— É claro, meu amor. – respondeu, beijando a testa dela. – Até porque eu não iria largar você de jeito nenhum. – falou, e viu quando os brilhos nos olhos de Regina foram substituídos por preocupação. – O que foi?

— Isso que estamos fazendo agora é errado, Robin. Você é casado... – respondeu, fechando os olhos e soltando um suspiro cansado.

— Como nós pode ser errado, Regina? – ele perguntou.

— Robin... – ela abriu os olhos e o encarou.

—Marian é minha esposa, mas assim que ela acordar isso vai mudar. Eu não vou abandonar ela, vou estar sempre ali para ajudar. Afinal ela é a mãe do meu filho, e eu sou grato à ela por todas as coisas que fez por mim. Só que ela não é mais a mulher que eu amo, que eu quero ao meu lado. Se eu ficasse com ela, se eu insistisse nesse casamento, eu estaria enganando a mim mesmo. Não é a ela que meu coração pertence. Ele é todo seu. Porque eu escolho você. Você sempre foi a escolha Regina, eu só não sabia disso... – ele falou de uma vez, umas das mãos acariciando o rosto de Regina, que já tinha as lágrimas pinicando seus olhos. Estática ela encarava Robin, sem conseguir formular nada para falar.

Não é a ela que meu coração pertence. Ele é todo seu.

Eu escolho você.

Você sempre foi minha escolha, Regina.

— Por isso eu peço mais uma chance, Regina. Peço que confie em mim, porque eu vou lutar por você, eu vou lutar pela gente. Pelo que nós temos. Confie em mim. – ele pediu, e Regina segurou o rosto dele entre as mãos, o azul preso no castanho.

— Você tem certeza que é isso que quer? – ela perguntou.

— Eu tenho. – ele respondeu.

— Certo. Eu vou confiar em você, Robin, com todo o meu coração. Tome conta dele, ladrão. – ela disse e Robin sorriu, juntando as suas testas.

— Irei proteger ele com a minha própria vida. – ele respondeu, beijando-a em seguida.

Mal sabiam eles que ele cumpriria a promessa. Guardaria o coração dela com a própria vida.