Era pra ser uma noite tranquila. Uma noite de descanso, que para Regina seria uma coisa muito agradável. Ela bem que precisava de um pouco de tranquilidade, uma noite bem dormida. Com um bebê pequeno, mais uma criança e um adolescente, além de uma cidade para cuidar e um ladrão para ficar de olho, a morena se sentia cansada, ás vezes. Somente ás vezes ela se permitia se sentir cansada. Mas todas as vezes, o cansaço valia a pena. Porque todas ás vezes ela olhava para a pequena família que formou, e se sentia realizada. Se antes com Henry, Robin e Roland, ela já sentia que havia encontrado um lar, quando Olívia chegou esse sentimento se intensificou.

Entretanto, sua noite que era pra ser tranquila, não foi muito longe. Apenas até Olívia acordar aos choros, em plenos pulmões. A morena resmungou contra o pescoço de Robin, e o loiro sussurrou um “deixa comigo”, antes de levantar e sumir pela porta do quarto.

Robin correu até o andar de baixo, com a filha chorando nos braços. Segurando a bebê com um dos braços, o loiro abriu a geladeira e pegou a mamadeira com leite, logo colocando a mesma no microondas. Enquanto isso, ele ia tentando acalmar Olívia, que tinha a cabeça deitada no ombro do pai, mas o choro continuava o mesmo.

Quando o bip do microondas fora ouvido, Robin pegou a mamadeira, e, depois de ver se o líquido não estava muito quente, o loiro subiu para o andar de cima, se dirigindo para o quarto da pequena, sentando-se na poltrona bege e arrumando a filha em seus braços.

A surpresa, fora quando Olívia recusou a mamadeira, afastando-a com as mãozinhas gorduchas. Robin tentou mais algumas vezes, e soube que não teria sucesso quando a filha voltou a chorar.

— O que aconteceu, filha? – o arqueiro perguntou, checando a fralda. – Por quê minha princesa está chorando tanto se não tem fome e a fralda está limpinha? – continuou a conversar com a menina, numa tentativa de acalmá-la. – Você quer a mamãe, é isso? – ele perguntou. – Temos que deixar a mamãe descansar, querida, ela já cuida tanto de nós, temos que cuidar dela também. – terminou de falar, mas o choro continuava.

Suspirando, o loiro depositou a menina no berço, e foi até o quarto principal, onde uma Regina acordada encarava a porta. Assim que o loiro apareceu na porta, a morena encarou os olhos azuis.

— Eu preciso de ajuda. – disse ele, relutante. A morena levantou-se, preocupada. Geralmente, Olívia sempre se acalmava com o pai. E de qualquer forma, ela não conseguiria pregar o olho.

— O que ela tem? – perguntou, seguindo pelo corredor até o quarto da menina. A morena foi até o berço, pegando a filha nos braços e beijando-a na bochecha. A menina agarrou os cabelos da mãe, amassando-os com as mãos, numa mania que tinha desde que nascera. Regina esperava que isso acalmasse a filha, mas ela continuou a chorar.

— Eu dei a mamadeira, ela recusou. Chequei a fralda, está limpa. – ele explicou, se aproximando da mulher e da filha. Regina se sentou na poltrona, e tentou, inutilmente dar o peito a filha.

— Ela não quer o peito. – a morena falou, encarando Robin com uma expressão preocupada. Olívia chorava no colo da mãe, e a morena a embalava de lá para cá.

— Será que é cólica? – o ladrão perguntou, se aproximando mais da filha e dando um pequeno beijo na testa dela. – Ela está quente.

— Febre. – Regina afirmou quando encostou os lábios na testa de Olívia. O choro continuava forte, e depois de ter excluído todas as possíveis causas, Regina pensava em ligar para a pediatra, mesmo que fosse tarde da noite. – Diz para a mamãe o que está te incomodando, meu amor. – a morena pediu à filha, que agora trocava o choro por resmungos, cansada.

— Eu vou ir pegar o termômetro. – o loiro disse, indo até o banheiro do corredor, onde ficava a caixa de remédios. Quando voltou, encontrou um Roland bem acordado, debruçado em cima da irmã.

— Você não pode chorar, Olívia, tem pessoas querendo dormir. – falava o menino, pacientemente. A menina com seus sete meses completos, encarava o irmão, os grandes olhos castanhos estralados, brilhando pelas lágrimas. O choro tinha cessado, e a menina estava concentrada nas palavras do irmão mais velho, e também no macaco de pelúcia que ele carregava consigo.

Regina notou a presença de Robin na porta, e pegou o olhar de adoração com o qual ele encarava aquela cena. Agora que Olívia parecia ter se acalmado, os dois soltaram um sorriso de alívio.

— Olha, papa, a Olívia parou de chorar! – Roland disse, assim que percebeu o pai na porta. Robin sorriu para o menino, que correu na direção dele, pulando em seu colo. Robin depositou um beijo na bochecha do menino, fazendo-o sorrir e deitar a cabeça no ombro do pai. – Eu vim trazer meu macaco para ela. – explicou.

— Tem certeza, filho? – o loiro perguntou e Roland concordou com a cabeça.

— Eu não me importo de emprestar, papa. – ele falou, sorrindo. – Você fica comigo até eu dormir depois? – perguntou a Robin.

— Claro que fico. – o loiro respondeu.

Regina observava a cena concentrada, e Olívia olhava para ela, segurando o dedo de Regina e levando até a boca. A morena olhou de volta para a menina e sorriu.

— Mais calma? – perguntou para a menina, que sorriu para ela, aquele sorriso banguela. Regina a apertou contra si, beijando todo o rostinho dela. – Não se assusta os papais assim, Olívia. – Regina disse, ninando a filha.

Roland que observava a cena bocejou, e Robin resolveu que estava na hora de levá-lo para a cama. Antes, o menino desceu do colo e foi até a irmã e a mãe. Roland deu um leve beijo na bochecha de Regina e depois colocou o macaco de pelúcia nas mãozinhas da irmã, que agarram o brinquedo, os olhinhos brilhando. Depois que os dois saíram do quarto, Regina começou o longo trabalho de fazer Olívia pegar no sono.

A menina, entretanto, estava concentrada em levar o ursinho a boca e morder ele, e Regina ia lá e impedia. Roland ficaria maluco se encontrasse o urso todo babado no outro dia de manhã. Foi aí que uma luz se acendeu na cabeça de Regina.

Dentes.

Olívia estava com febre e chatinha porque provavelmente os dentes estavam querendo nascer. Regina lembrava perfeitamente da época em que os dentes do Henry começaram a nascer, e do quanto o menino se sentiu incomodado, levando a prefeita a ficar inúmeras noites sem dormir.

— Ótimo, Olívia, você vai puxar igual ao seu irmão. – ela falou, a voz mudando ao se dirigir a filha. – Não dê trabalho para a mamãe, vamos, feche os olhinhos e durma. – Regina sussurrou, embalando a menina de lá para cá. Olívia resmungava para Regina, como se quisesse conversar.

A morena sorriu, porque aquele pequeno ser em seus braços era uma das coisas mais maravilhosas que acontecera com ela. Sua filha. Uma filha que ela jamais imaginou ser capaz de ter. Um fruto puro de seu amor com Robin.

— Quer que a mamãe cante? – ela perguntou e Olívia riu, fazendo a morena rir também. – A mamãe canta para você, mas tem que fechar os olhinhos e dormir Olívia. – a prefeita conversava, como se a bebê realmente a entendesse. – Que música você quer que eu cante? Vamos ver... – a morena perguntou, sentando-se na poltrona de novo e colocando mais uma manta sobre a filha. Então, depois de pensar um pouco, ela começou a letra da música, a menina concentrada na voz da mãe.

I messed up tonight, I lost another fight, I still messed up but I’ll just start again. I keep falling down, i keep on hitting the ground, I always get up now to see what’s next. – cantou, e Olívia deixou amostra a gengiva, num sorriso que fez Regina se derreter. Como em um instante onde o choro não parava a menina passou para um onde só conseguia mostrar aquela gengiva para a mãe? Regina continuou a cantar, sabendo que a menina era apaixonada pela aquela música. – Bird don’t just fly, they fall down and get up, nobody learns without getting it wrong.— contornou todo o rosto de Olívia, que agora já bocejava, os olhinhos fechando um pouquinho mais a cada palavra cantada pela mãe. – I wont give up, no i won’t give in, till I reach the end, and then i’ll start again, no I won’t live, I wanna try everything, I wanna try even though i could fail.— terminou, e ficou mais alguns minutos com a menina adormecida em seus braços.

Quando voltou ao quarto principal, Robin ainda não havia voltado, então a morena permitiu seu corpo cansado se encontrar com o colchão macio, e ela logo fechou os olhos, nem percebendo quando Robin voltou para a cama, abraçando-a pela cintura e encaixando a cabeça na curva do pescoço da morena.

Algumas semanas depois, quando os quatro estavam no jardim da casa, Roland andando de bicicleta com Robin correndo atrás dele, e Regina empurrando Olívia no balanço, a morena admirou o sorriso da filha, que já tinha dois dentinhos perfeitamente brancos de leite apontando naquela boquinha.

Sua menininha estava crescendo.