Ta bom, esse clima esta muito tenso.

–Bom dia –falou uma Megan sonolenta, entrando na cozinha.

–Graças a Deus –murmurei baixinho por minha amiga ter aparecido.

–O que você disse Carrie? –Ela perguntou.

–Nada –respondi rápido.

A verdade é que eu não havia conseguido dormir depois que deixei Dean no quarto. Fiquei um tempo na sala, jogada no sofá, só levantei assim que ouvi um barulho vindo da escada, levantei rapidamente e olhei em direção a mesma. No topo estava meu pai beijando uma mulher e ela usava apenas uma das blusas formais dele. Eu não acreditava no que estava vendo, me belisquei só pra ter certeza e assim que vi que era real, pigarreei chamando atenção de ambos, que me olharam surpresos e envergonhados.

Fiquei na cozinha para não atrapalhar o casal, enquanto isso preparei o café da manha. Depois de terem se despedido, meu pai veio ao meu encontro. Ficamos em silêncio por um tempo longo, bem longo e assim que ele ia falar alguma coisa Megan apareceu.

–Marie ainda esta dormindo? –Perguntei, disfarçando.

–Não a vi no quarto, mas quando eu tava descendo as escadas escutei vozes no quarto do Dean –ela deu de ombros -, deve esta falando com o irmão –assenti levemente com a cabeça.

Megan mal tinha terminado de falar, quando Marie e Dean apareceram na cozinha. Cumprimentei Marie, mas não falei ou olhei para Dean, qual é eu tinha o direito de ficar chateada. Eles se sentaram e começaram a se servir. Não queria ficar ali, então me levantei.

–Não vai comer Carrie? –Meu pai perguntou, lhe lancei um sorriso e logo respondi.

–Estou sem fome pai.

–Mas você já não comeu nada ontem querida, vai acabar passando mal desse jeito –ele falou em tom preocupado.

–Não se preocupe pai, comerei algo antes de voltar ao campus –lhe disse -, falando no campus, vou subir quero me arrumar – segui em sua direção e beijei sua testa o abraçando logo em seguida, não perdi a oportunidade de encher o saco e sussurrei em seu ouvido -, boa pegada pai, ela é uma gata.

–Carrie –ele me reprendeu em voz alta, apenas soltei uma risada e fiz um positivo com a mão, quando já havia me afastado.

Me virei e segui em direção ao meu quarto. Não demorou muito para que chegasse ao meu destino, assim que fechei a porta me apoiei e deslizei contra a mesma, cobrindo meu rosto com as mãos logo em seguida. Isso não podia continuar assim, certo? Eu precisava fazer algo, eu precisava saber o por que de esta assim. O por que de me sentir assim.

Suspirei frustrada por não saber ao certo o que estava acontecendo. Cansada e me sentindo impotente, levantei do chão e me dirigi ao banheiro. Fechei a porta e me despi, entrando no chuveiro logo em seguida, deixei que a água quente levasse minhas frustrações.

Não sei exatamente quanto tempo fiquei embaixo do chuveiro, só sei que estava tão bom, não pensar em nada. Por mim ficaria ali por um bom tempo. Sai do banheiro enrolada na toalha, enquanto fazia um coque desajeitado em meus cabelos. Procurei por uma roupa simples, por isso coloquei uma calça jeans azul escuro e uma blusa preta colada com mangas, calcei uma sapatilha preta e arrumei meus cabelos.

Quando já estava pronta coloquei meu colar de asas, o uso todos os dias desde que meu pai me dera. Senti uma sensação estranha quando o mesmo tocou em minha pele, estava gélido. Sem da muita importância terminei de arrumar minha bolsa e sai do quarto com a mesma nas costas. Desci as escadas correndo e joguei a mochila no sofá. Todos se encontravam jogados, basicamente se encontravam do mesmo jeito que eu os havia deixado a minutos atrás. Peguei a almofada mais próxima e joguei em Megan.

–Ei bando de folgados, vão se arrumar ou chegaremos atrasados –falei o obvio.

–Se a princesinha não tivesse demorado no banho eu já estaria pronta – reclamou Meg, revirei os olhos.

–Me engana que eu gosto Meg, tem mais de dois banheiros nessa casa. E você sabe bem disso.

–Pois é, não é? –Ela murmurou.

–Tchau Megan –ela se levantou reclamando, olhei para os irmãos a minha frente e ergui um sobrancelha.

–Nem precisa pedir –falou Marie, se levantando com um sorriso nos lábios.

–E você? –Me virei em direção a Dean, sem olha-lo diretamente.

–Preciso falar com você –disse e logo o vi se levantar, ele vinha em minha direção, mas não deixei se aproximar mais, me direcionando a cozinha.

–Não, não precisa –retruquei.

–Preciso sim – insistiu, me virei para ele.

–Dean, vamos acabar nos atrasando se você não for se arrumar –falei e suspirei -, depois você me fala seja lá o que for que queira me dizer –fiz um gesto com a mão indiferente.

–Tudo bem então –disse.

***

–Tchau Sr. Ben – se despediu Dean e Marie educadamente –meu pai fez uma careta.

–Sem essa de senhor, me sinto um velho e isso eu não sou –eles assentiram, meu pai sem cerimônias puxou Marie para um abraço apegando de surpresa.

–Passaram um final de semana aqui e ainda não se acostumaram –exclamei para Megan ao meu lado, a mesma apenas soltou uma risada baixa. Olhei meu pai se despedir de Dean e o vi lhe dizer algo, não pude escutar, já que havia sido muito baixo e duvidava que mais alguém havia notado esse detalhe, observei Dean abrir um pequeno sorriso e vir para o lado de Megan. Mas logos a mesma foi se despedir do meu pai. E ficou apenas eu e Dean, pois Marie terminava de colocar suas coisas no carro.

–O que ele te disse? –Perguntei, Dean me olhou um pouco surpreso.

–Você notou?

–Não tinha como não notar –rebati, ele apenas deu de ombros.

–Nada demais... –eu iria lhe dizer algo, mas logo soou a voz do meu pai.

–Não vai se despedir do seu pai Carrie? –Segui em sua direção o abraçando logo em seguida – vou sentir sua falta.

–Para de drama pai –murmurei -, também vou sentir a sua, mas relaxa daqui alguns dias volto para lhe encher o saco.

–Estou contando com isso.

–Tchau pai –falei.

–Tchau querida.

A volta para o campus não esta sendo tão silenciosa quanto eu achei que seria. Megan não parava de tagarelar, assim como Marie e até Dean entrava nessa, tentaram me puxar para a conversa varias vezes, mas apenas respondia com respostas curtas. Pra falar a verdade não estou prestando atenção em nada do que eles estão dizendo.

–Ei Carrie? –Meg perguntou.

–Sim, claro –respondi.

–Você não tem ideia do que eu lhe perguntei não é? –Falou risonha.

–Claro que tenho –murmurei.

–Se você escutou por que concordou?

–Concordei com o que?

–Viu? – Ela exclamou, para os outros –Eu disse, que ela estava alheia esse tempo todo. Mas agora você concordou e vai ter que dizer quem foi Carrie.

–Concordei com o que? –Perguntei unindo as sobrancelhas, escutei todos no carro soltarem uma gargalhada, com a minha falta de noção sobre o que eles estavam conversando.

–Megan havia dito que um garoto esquisito do campus tentou beija-la em uma das aulas, enquanto o professor não havia chegado –Marie me disse.

–E o que isso tem haver comigo? –Perguntei ainda confusa.

–Eu te perguntei se algum garoto no campus também tentou alguma coisa com você –Meg esclareceu – e você concordou, quero saber quem foi –suspirei.

–Bem o Josh... –citei meu ex melhor amigo e Meg fez uma careta – Acho que o James teria tentado se o Dean não tivesse aparecido, seu irmão também Marie –falei.

–Ei eu não tentei –ele protestou -, eu consegui –dei um soco em seu braço.

–Eu não acabei –Dean me olhou incrédulo.

–Quantos caras no campus tentaram te beijar?

–... e o Henri, a não ele não tentou, ele conseguiu –murmurei e vi Dean fechar a cara, assim como Marie, peguei dois em uma tacada só. Não queria vê-la sofrer, mas ela tinha que perceber que se não agisse, o Henri poderia acabar escapando.

–E quando você pensou em me contar? –Perguntou Megan.

–Só... achei desnecessário –murmurei e me virei para que pudesse olhar pela janela, eu sabia que somente essa resposta não bastava, mas eu não podia entregar os pontos, não agora, por isso me veio a ideia de provocar só mais um pouquinho -, mas se for pra matar sua curiosidade Meg –fiz uma pausa e mordi meu lábio inferior - , ele beija muito bem.

Esse comentário, somente ele... serviu para que Marie ficasse sem expressão. O rosto de Dean estava vermelho e ele apertava tanto o volante que os noz de seus dedos já estavam brancos. Me inclinei em sua direção e coloquei uma de minhas mãos em seu ombro e pude sentir que a tensão que havia em seu corpo se esvaia, uni as sobrancelhas e fiz a expressão de alguém que estava preocupada.

–Você esta bem Dean? –Perguntei, ele não olhou pra mim e apesar de não esta mais tenso, sua mandíbula ainda estava cerrada, mas logo ele tratou de disfarçar. Não demonstrando nenhuma expressão.

–Chegamos –anunciou, estava tão focada em sua resposta, que mal percebi que realmente havíamos chegado ao campus, retirei minha mão de seu ombro e abri a porta do carro, assim como os outros.

–Bom – Marie começou -, obrigada pelo ótimo final de semana Carrie... foi muito legal mesmo, adorei o seu pai –falou.

–E meu pai adorou vocês –eu disse -, então se eu fosse você ficava preparada por que ele ira te chamar muito mais vezes – abri um sorriso gentil -, assim como você Dean – ele se encontrava de costas, não pretendia falar nada, então Marie deu uma cotovelada em seu braço.

–É foi muito legal –murmurou indiferente.

–Ok então – minha amiga se pronunciou -, nos vemos na aula?

–Na verdade, não estou me sentindo muito bem, vou ver se fico no dormitório –ele respondeu.

–E você Marie? –Perguntei.

–Claro, nos vemos sim.

Assim que nos despedimos cada um seguiu para o seu dormitório.

–Pronto agora me conta, que lance é esse de você e do Henri? –Meg perguntou, assim que joguei minha mochila no chão.

–Pra falar a verdade não aconteceu nada de mais –dei de ombros.

–Então o que foi aquilo no carro? –Fiz um coque mal ajeitado em meus cabelos e me sentei na cama.

–Você ainda não percebeu Meg? – Perguntei incrédula.

–Percebi o que?

–A Marie, Megan, ela gosta do Henri –minha amiga pareceu pensar um pouco, mas deu pra perceber quando sua ficha caiu.

–Ah foi por isso que naquele dia do refeitório...

–Ela ficou triste por que Henri e eu saímos –completei e ela assentiu.

–Então por que você disse na frente dela, que vocês dois haviam se beijado? Foi só pra provocar o Dean? Por que se foi... –ela balançou a cabeça em sinal de reprovação – isso foi cruel Carrie.

–Não Meg, você não esta entendendo –tentei explicar meu ato -, olha é o seguinte, sim foi verdade o Henri me beijou, mas ele só queria saber se comigo esqueceria a Marie –ela arregalou os olhos -, ele também gosta dela Meg. Só que pensa que este sentimento não é recíproco. Eu falei aquilo no carro pra ela perceber, que se ficar parada, algum dia ele realmente vai conseguir esquecê-la – minha amiga pareceu entender o meu raciocínio quando completei – e bem provocar o Dean, só veio como bônus –disse e ela riu.

–Cara, como eu não pude perceber isso antes –exclamou surpresa.

–Pois é, esta tão na cara que eu me pergunto como esses dois ainda não perceberam – revirei os olhos -, dizem que o amor é cego, mas qual é? Ele deve apenas usar óculos, não é desculpa para não ver aquilo que esta na sua frente – disse e em compensação recebi uma almofadada no rosto -, ai por que fez isso.

–Por que você é uma tremenda filha da mãe hipócrita –falou -, você diz isso, mas também esta ai morrendo de amores pelo Dean e não percebe.

–Desencana Meg .

–Qual é Carrie? Esta tão na cara, que até o tapado do Dean percebeu e você não. Você esta apaixonada, assuma isso, que assim... mas, só assim você vai conseguir dormir a noite.

–Eu não estou apaixonada Meg –revirei os olhos -, e logo pelo Dean? Acho que esta precisando de um psiquiatra, esta ficando louca –murmurei, me encolhendo na cama, tipo que especulação absurda, certo? Ok eu podia não esta apaixonada, mas também não posso negar que eu sentia algo pelo idiota -, eu gosto dele Meg – murmurei baixinho, com esperança que ela não me escutasse.

–O que Carrie? Pode repetir?

–Droga Meg, eu gosto dele ok –repeti mais alto -, mas não estou apaixonada... eu... eu não posso esta. Não posso cometer o mesmo erro duas vezes.

–Carrie você não pode compara-lo ao James –ela se sentou ao meu lado -, vai ser diferente.

–Não Meg, não vai... eu sinto que no final eu vou sofrer, assim como sofri com James. Você quer que eu assuma, eu vou assumir... eu gosto dele Meg.

–Eu sei, eu sei... shhh –ela me abraçou -, não se preocupe quando for a hora certa, você vai saber o que realmente sente por ele.

–Acho melhor irmos ou chegaremos atrasadas –falei.

–Carrie, Carrie... Carrie, sempre fugindo do assunto –minha amiga falou balançando a cabeça -, mas neste ponto você tem razão é melhor irmos.

***

Me sinto estranha, sabe quando temos aquela intuição que algo ruim irá acontecer? Pois é, é assim que me sinto no momento, olho para todos os lados da sala observando as expressões dos alunos, é aparentemente somente eu me sentia assim.

Teve teste surpresa hoje, pra ser sincera estava fácil. Acabei de responder as questões rapidamente, o bom disso tudo foi que assim que terminássemos seriamos liberados. E isso foi exatamente o que aconteceu comigo.

Desejei um boa sorte silencioso para os meus amigos e assim que estava prestes a sair da sala sinto algo deslizar pelo meu colo e logo em seguida escuto um barulho fraco do mesmo caindo no chão. Automaticamente toco em meu pescoço, meu colar não estava mais lá. Olho para o chão e o encontro. Abaixo-me e o pego, fico abaixada encarando o pequeno colar tempo demais, mal percebo quando todos os olhares da sala estão sobre mim.

–Algum problema senhorita? – Meu professor pergunta, me fazendo despertar dos meus pensamentos, me levantei rapidamente.

–Não, nada –falei e me retirei.

Olhei para corrente do meu colar que havia se quebrado, mas como? Eu não sabia a resposta, coloquei o mesmo em meu bolso, depois eu o concertaria. Esperei o tempo passar, e quando deu o horário certo, segui para as demais aulas.

O tempo passou bem mais rápido do que eu esperava. Logo já estava na hora de irmos para o refeitório, me sentei em uma mesa no fundo e aos poucos meus amigos ocuparam os lugares que se encontravam vazios.

–Não vai comer nada Carrie? – Henri perguntou.

–Estou sem fome –lhe respondi.

–Ah mais ela vai comer sim –ameaçou Marie -, você havia dito a seu pai que comeria antes de voltar ao campus Car, mas você não comeu nada, sem contar que ontem você também não comeu nada...

–E se você não comer vou dar na sua boca – terminou meu amigo de olhos verdes, revirei os olhos.

–Ta bom papai, vou comer –fiz menção de levantar, mas logo deixei que meu corpo caísse sobre a cadeira -, estou com preguiça demais para levantar, pega pra mim Henri? –Fiz minha melhor expressão de cachorrinho abandonado –por favor –ele revirou os olhos e se levantou.

–Tudo bem, eu pego pra você baixinha – poucos minutos depois de Henri ter saído, Dean se apossou de uma das cadeiras livres, que infelizmente estava na minha frente.

–E ai pessoal? –Cumprimentou, e todos o cumprimentaram também, assim que os olhares caíram sobre mim, acenei minimamente, por sorte Henri acabou retornando rápido. Ele colocou uma bandeja em minha frente e me deu um beijo na bochecha, se sentando ao meu lado logo em seguida.

–Quero vê-la comer tudo que esta ai –ele disse seriamente, apenas assenti. Mordisquei meu pedaço de pizza e logo depois comecei a comer minha maçã, me desliguei totalmente do mundo. Fiquei no silêncio da minha mente por muito tempo. Sai somente quando senti que alguém me balançava gentilmente.

–Você esta bem? – Henri perguntou.

–Estou, só estava no mundo da lua.

–Percebi – ele murmurou com um lindo sorriso em seus lábios.

–Ei Carrie? –Escutei Megan me chamar.

–Oi? –Me virei para a sua direção.

–Onde esta o colar que era da sua mãe? –Ela perguntou – é a primeira vez desde que seu pai lhe deu que a vejo sem –completou, pude perceber que todos prestavam atenção em nos.

–A corrente quebrou hoje depois do teste surpresa, vou ver se concerto depois –lhe respondi.

–Será que eu poderia dar uma olhada –perguntou Marie -, sou boa com isso –ela sorriu gentilmente.

–Claro, deixe-me pegar –coloquei a mão em meu bolso mas não o encontrei, pude sentir todo o calor que havia em meu rosto sumir.

–O que foi Carrie? –Megan perguntou assim que percebeu que havia algo errado.

–Eu não estou achando o colar da minha mãe –falei desesperada já me levantando, procurei novamente em meus bolsos mas novamente não encontrei, pude ver Megan levantar da sua cadeira e vir em minha direção, ela colocou suas mãos em meus ombros e me fez encara-la.

–Calma Carrie, você vai acha-lo.

–Megan é uma das únicas coisas que sobrou da minha mãe –falei, sentindo um nó se formar em minha garganta, sabia que os olhares dos outros estavam sobre mim -, eu preciso encontra-lo Meg, eu preciso... –me desvencilhei de seus braços e corri para fora do refeitório.

Procurei em praticamente todas as salas que eu havia estado hoje mais cedo, mas não o encontrei. Corri pelo corredor e assim que fiz a virada esbarrei com tudo em alguém, ambos caímos no chão e isso acabou me fazendo lembrar do meu primeiro dia na faculdade, quando esbarrei em Marie. Olhei para a pessoa a minha frente e tive a certeza que nesse caso não seria o inicio de uma amizade, me levantei e estendi a mão para a Joy.

–Desculpe estou com um pouco de pressa... –falei nervosa.

–Esta fugindo de quem Carrie? –Perguntou, a minha vontade era dar uma boa patada nela, mas me segurei, afinal ela não havia feito nada pra mim.

–Na verdade de ninguém, só estou procurando algo –lhe disse.

–Me diz o que é, talvez eu possa lhe ajudar –hesitei um pouco antes de falar.

–Estou procurando um colar... –não pude terminar, já que ela logo me interrompeu.

–Tem como pingente asas de anjos? –Não pude evitar que um largo sorriso se abrisse em meus lábios, suspirei aliviada.

–Você o achou? –Perguntei esperançosa.

–Eu o vi no laboratório de química –uni as sobrancelhas em sinal de confusão.

–No laboratório de química? –Ela assentiu – mas como ele pode estar lá? Nem sequer tenho aula de química.

–É um colar com a corrente dourada e com um pingente de asas? –Assenti – Então foi esse mesmo, não sei o por que de esta lá... –a interrompo, na verdade eu não estava nem ai do por que dele esta lá, só queria pegá-lo de volta.

–Em que parte do laboratório?

–Estava em cima de uma das mesas, achei que uma das garotas havia esquecido e que logo iria buscar, por isso deixei no mesmo lugar.

–Ok, obrigada Joy –falei me afastando, e logo retornei a correr.

Não demorou para que eu me encontrasse no laboratório, que se encontrava vazio. Olhei em cima de todas as mesas, sem nenhuma exceção, porém não o encontrei. Frustrada encostei minhas costas na parede e me deixei escorregar até o chão, pensei em ligar para Megan e lhe dizer que não havia encontrado nada, e pedir para que ela desse uma olhada no refeitório por mim. Coloquei a mão no bolso em busca do meu celular, mas não o encontrei.

–Droga...-murmurei baixinho, havia o deixado em meu quarto.

Olhei fixamente para o chão a minha frente, foi quando percebi um brilho dourado, me aproximei do mesmo e o alivio que me tomou foi instantâneo. Peguei o pequeno colar que antes era da minha mãe e o levei ao peito. Ele apenas havia caído. Me levantei do chão e segui em direção a porta, mas assim que girei a maçaneta, a porta não abriu.

Tentei abri-la varias vezes, mas a mesma parecia não querer cooperar comigo. Ela estava trancada, eu não precisei de muito tempo para sacar o que realmente havia acontecido, alguém havia me trancado pelo lado de fora.

–SOCORRO –gritei com esperanças que alguém pudesse me ouvir, logo em seguida soquei a porta com força, mas nada aconteceu... ninguém apareceu.

Fiquei nisso por um bom tempo, mas novamente ninguém pareceu ter me escutado. Parei de socar a porta e segui em direção a janela, era muito alto não dava para pular, a menos que eu quisesse quebrar as pernas.

Suspirei e me acomodei ali, no chão mesmo. Sabia que alguém notaria que eu estava demorando demais e então viria atrás de mim, quer dizer ao menos eu esperava que isso acontecesse. Não duvidava que Marie ou Megan fizessem algo parecido, mas eu conheço a Meg, ela acharia que eu precisava ficar um tempo sozinha e pra ser sincera ela esta certa, mas não no chão de uma sala de aula trancada e sim jogada na minha cama.

Queria que o tempo passasse rápido, assim como havia passado mais cedo. Mas pra minha grande sorte isso não aconteceu. Comecei a batucar com meus dedos em minhas pernas e cantarolei minha música favorita bem baixinho, apesar de saber que ninguém estaria escutando. Depois que eu já havia terminado de cantar a décima música, me peguei pensando que se eu descobrir quem foi o desgraçado que me trancou aqui dentro, esse alguém viraria meu saco de pancada particular.

As horas que se seguiram, foram as mais torturantes que já tive. Pois é eu havia ficado presa por horas, como eu sei disso? Pelo fato de que se olhar pela janela você percebera que esta quase anoitecendo. E isso me fez perceber que Megan com certeza havia deduzido que eu precisava de um tempo sozinha.

Um barulho baixo chamou minha atenção. Levantei do chão e segui em direção a porta, por algum motivo dessa vez eu não tive nenhuma pressa, meus passos eram lentos e cuidadosos. Por que tipo, qual é? Ninguém vem ao laboratório a noite, pelo menos não que eu saiba. Ta que poderia ser algum dos meus amigos, mas pra falar a verdade não queria me encher de esperanças.

De acordo com que eu chegava mais perto da porta, notei que algo passava por debaixo da mesma... era fumaça. Apressei o andar e novamente tentei abrir a porta.

–Ai... –choraminguei ao tocar na maçaneta, ela queimou a minha mão. Os pontos se ligaram quase que de imediato. Fumaça, maçaneta quente... pois é Carrie isso só significa uma coisa, você esta ferrada. Sem me importar com a queimadura em minha mão, bati desesperadamente na porta, tomando cuidado para não tocar na maçaneta –SOCORRO... –gritei – ALGUÉM ME AJUDE... POR FAVOR – as batidas que eram desferidas a porta, estavam intensas, mas é como dizem situações desesperadas, requerem de... ah isso não importa -, ALGUÉM? POR FAVOR, ESTOU TRANCADA AQUI DENTRO... SOCORRO... PORRA EU NÃO QUERO MORRER AGORA, ALGUÉM ME AJUDE... SOCORRO... SOCO... –não consegui terminar pois uma quantidade alta de fumaça entrou pela minha boca, comecei a tossir, a fumaça já havia invadido grande parte da sala. A dificuldade de respirar estava extrema e eu sabia que não conseguiria ficar desperta por muito tempo...