Kurokawa sequer conseguia entender a situação:

—Nós precisamos recuar... -Sussurrou ele sem forças.

Um dos generais pegou uma armadura caída no chão e mordeu-a. Após mastiga-la, ele cuspiu uma pequena bola de ferro amassado para sua mão. Ele concentrou uma energia absurda naquela bola de ferro e arremessou-a na direção de Kurokawa. O Herói e ele, incapazes de desviar, apenas concentraram energia para reduzir o impacto. Bucky percebeu que os dois não seriam capazes de sobreviver àquele ataque e correu naquela direção.

Ele socou aquele projétil para outra direção no último segundo:

—Está tudo bem com vocês? -Perguntou Bucky um pouco cansado.

—Eu que deveria estar perguntando isso. -Respondeu Kurokawa. -Você acabou de desviar uma bala de ferro cheia de energia com apenas as suas mãos, você está bem?

Bucky focou-se no seu inimigo e respondeu:

—Sim...não temos tempo há perder...

Kurokawa podia perceber que nada estava bem. Bucky não havia movido seu braço desde aquele momento, ele provavelmente estava quebrado. E para piorar a situação, aquele era seu braço dominante:

—A situação está realmente má... -Pensou Kurokawa.

Ele cutucou o Herói com as suas últimas forças:

—Quanto de energia você tem?

—O suficiente apenas para refletir um daqueles projéteis, depois disso eu sequer vou conseguir me mover. -Respondeu o Herói.

—Ótimo...eu só tenho que pensar num plano então...

Enquanto sua mente enchia-se de pensamentos, uma figura medonha brotou em suas costas:

—Ei, ei...vocês querem café também? -Perguntou aquele general a centímetros de Kurokawa.

Kurokawa apenas foi jogado para o chão por uma onda de energia emitida pelo Herói, o que salvou-o de ser cortado ao meio pela lança daquele general. O Herói concentrou suas últimas forças em seus pés e pulou para longe carregando Kurokawa:

—Espera...você acabou de gastar o resta da energia que você tinha? -Perguntou Kurokawa ficando desesperado.

—Você queria o que? Teríamos morrido ali se não fosse por isso... -Respondeu ele.

—Isso era literalmente a nossa única forma de vencer! -Gritou Kurokawa furioso.

—Cale a boca...não temos tempo para isso agora...

O Herói aproximou-se lentamente do resto do grupo. Kurokawa quase não conseguia se mover, o Herói havia gastado o resto de sua energia e não estava muito diferente de Kurokawa, Bucky tinha um braço quebrado e um sangramento em seu estomago que ainda não havia sido estancado, Lapz colecionava cortes por todo o seu corpo mas ainda tinha uma boa quantidade de energia enquanto Matt tinha vários ossos de seu peito e costas quebrados:

—Ei, pessoal...me deem algum tempo e eu vou pensar num plano... -Murmurou Kurokawa exausto. -Vai dar tudo certo...

Bucky olhou Kurokawa com uma certa pena e comentou para si mesmo:

—Quanta inocência...

Ele começou a mover seu braço quebrado usando apenas energia enquanto tinha algumas ideias:

—Lapz, quão forte é o veneno que você usa em suas adagas?

—Então você percebeu que eu usava... -Respondeu Lapz. -É bem forte mas não deve funcionar contra esses monstros. Eu ainda tenho uma versão mais forte que vai demorar alguns segundos para eu preparar...

—Matt, quantos golems de carne você consegue invocar com todos os corpos que estão aqui? -Perguntou Bucky.

—Uns sete. -Respondeu Matt.

—Então vamos lá!

Lapz pegou uma das suas adagas e cortou sua mão, ele deixou o sangue escorrer por suas adagas, e ao concentrar energia, transformou aquilo em um poderoso veneno. Matt invocou suas bizarras criações e mandou-as atacar um dos generais junto de Bucky. Ele foi capaz de manter uma luta praticamente igualada com o general que usava a lança. E com a ajuda dos golens, lentamente a vantagem passou a ser do grupo de Kurokawa.

Bucky esperou a primeira oportunidade, escondeu sua presença e cravou suas duas adagas profundamente em seu inimigo. O general começou a ter problemas para se movimentar devido ao veneno mas mesmo assim ele ainda era capaz de se defender dos ataques de Bucky e de Matt sem muitas dificuldades:

—Que força surreal... -Reclamou Bucky. -Não tenho escolhas...

O general fez um ataque com lança e Bucky teve seu estomago mais uma vez perfurado:

—Idiota...morrer para um ataque desse calibre... -Sorriu o general fincando sua lança cada vez mais fundo em Bucky.

Bucky agarrou-o com suas duas mãos concentrando toda a energia de seu corpo e levantou-o ao ar:

AGORA MATT!!!!!!

Matt apenas esticou sua mão e se preparou para facilmente exterminar aquele inimigo indefeso. Mas sua atenção foi tomada por outra coisa. Ele viu ao longe, o outro general preparando para atirar uma rajada de projéteis na direção de Kurokawa. E o seu tempo parou, sua mente fez aquele segundo durar uma eternidade e um bilhão de pensamentos fluíram em seu cérebro:

—Que estranho...essa é uma situação tão desesperadora e estressante e mesmo assim...eu nunca me senti tão calmo assim antes. -Pensou ele. -Eu me sinto tão leve, isso é tão estranho. E acima de tudo, eu sei o que é certo, eu sei o que eu deveria fazer, eu nem sequer consigo hesitar.

Ao aceitar o que aconteceria, ele abaixou sua mão e correu na direção de Kurokawa e do Herói. Bucky apenas viu sua esperança escorrendo pelo vão de seus dedos, mas ele não conseguiu sentir-se irritado:

—Esses jovens de hoje em dia... -Sorriu ele deixando uma grande quantidade de sangue escorrer por sua boca. -Parece que eu vou ter que te segurar aqui por mais um tempinho...senhor general...

Matt segurou o primeiro projétil em suas costas, teve metade de seu estomago destruído e conseguiu com muito esforço não vomitar sangue. Sem pressa nenhuma e com um olhar sereno, ele retirou um anel de seu bolso e tentou não suja-lo de sangue:

—Eu queria entregar isso para a minha irmã...depois que isso tudo acabasse...

Um outro projétil foi lançado numa velocidade inacreditável e arrancou o braço esquerdo de Matt junto de sua clavícula. Matt apenas esticou seu braço direito e entregou o anel a Kurokawa:

—Entregue isso para ela...por mim. -Sorriu ele como se não houvesse uma dor insana circulando por todo o seu corpo.

O terceiro projétil atingiu uma de suas pernas e destruiu-a completamente. Ele caiu de joelhos e começou a vomitar uma quantidade absurda de sangue:

—Parece...que eu tenho...que tratar...de outras coisas... -Disse ele virando-se para Bucky que ainda segurava um general, mesmo tendo uma lança atravessando seu corpo.

Matt apontou seu braço e sussurrou aquelas palavras. O corpo daquele general explodiu no mesmo instante que a cabeça de Matt foi atingida por outro projétil. Kurokawa começou a gritar descontroladamente:

—Eu vou te matar...EU VOU TE MATAR!!! Você pode ter certeza que eu vou te matar!!!! -Dirigia-se ele para o general.

—Cale a boca, Kurokawa! -Gritou o Herói. -Não temos tempo para isso!

—Ele acabou de matar o Matt!!!! -Gritava Kurokawa desesperado. -O Matt!! Morreu para nos salvar!!!!

O Herói pressionou uma de suas mãos contra o peito de Kurokawa:

—Matt morreu por causa da sua incompetência, por causa da sua fraqueza. O que nós temos que fazer agora é fugir e evitar que a morte de Matt seja em vão!

O outro general aproximava-se lentamente enquanto Lapz tentava retirar a lança do peito de Bucky:

—Lapz...me prometa uma coisa... -Sussurrou Bucky esvaindo-se em sangue.

—Cale a boca, não gaste suas últimas forças assim! -Retrucou Lapz.

Bucky deveria estar morto há muito tempo mas sua força de vontade era absurda. Ele levantou-se e aproximou sua boca da orelha de Lapz:

—Prometa para mim que vocês vão sobreviver! Não importa como!

Antes mesmo de escutar a resposta de Lapz, Bucky caminhou na direção do último general. Lapz correu na direção de Kurokawa e do Herói para transmitir uma mensagem:

—Vocês dois, fujam. -Disse ele.

—E você, Lapz? -Perguntou Kurokawa.

Ele sorriu sacando suas adagas:

—Ás vezes...você não pode recuar...

Kurokawa contorcia-se de frustração e raiva sabendo que nada além da morte o esperava:

—Você vai morrer!!!! -Gritou ele.

—Não, pela primeira vez na minha vida, eu estou vivendo. -Sorriu Lapz. -Não pelas minhas razões egoístas e sim pelas pessoas a minha volta, eu nunca me senti tão vivo antes.

Bucky tentava manter-se em pé:

—Esse general tem um grande alcance com seus projéteis, mas ele não deve ser muito forte no combate de curto alcance. -Pensou ele. -Se eu der sorte...talvez eu consiga levá-lo comigo...

Aquele general pegou uma armadura no chão e começou a mastiga-la. Bucky investiu em sua direção sem pensar duas vezes:

—Não vou te dar tempo para fazer isso!

O general esquivou-se do ataque de Bucky sem nenhuma dificuldade e chutou-o para longe. Ele caiu no chão perdendo ainda mais sangue, com sua visão já turva e sem sentir suas pernas, ele não conseguia mais se levantar:

—Agora não é hora de ficar deitado. -Reclamou Lapz o levantando.

—Você...eu mandei você fugir...

—Desculpa...mas eu não pude cumprir a promessa que eu fiz a você... -Riu Lapz. -O que você esperava de um ladrão mentiroso como eu?

Bucky novamente ignorou o chamado da morte e continuou lutando:

—Seu idiota...