Instinto

Restrição Celestial


A Transfiguração Inerte de Mahito o permitia modificar a forma do corpo transfigurando a forma da alma. A alma e o corpo estão interligados, como Geto havia notado. A técnica de Mahito se baseava na concepção de que o corpo era o reflexo da alma.

A alma que estava presente no corpo de Toji Zen’in não era sua. Ao invés disso, quando a Vovó Oogami invocou Toji, ela teve a certeza de isolar a alma e trazer apenas o corpo, para garantir que a alma de seu neto continuasse no controle. O corpo do Toji conseguiu superar a alma do neto de Oogami, e por isso, Toji estava no controle, embora a alma presente em seu corpo ainda fosse a do neto de Oogami.

Quando Mahito aplicou a Transformação Ociosa em Toji, a alma afetada foi a do neto de Oogami. A alma se contorceu e agonizou até ficar irreconhecível. O corpo não mudou a forma.

A alma mudar de forma não tinha importância para Toji, que já a havia suprimido. O efeito do encantamento de Mahito seria outro. Para que Toji ficasse no controle do corpo mesmo após o falecimento da Oogami, uma série de contradições que impossibilitaram o fim do encantamento se sucederam.

Essa série de contradições fizeram o encantamento se tornar instável e descontrolado. Quando o encantamento de Mahito entrou entrou em contato com o encantamento instável de Ogami, acarretou nas circunstâncias especiais que permitiram que o corpo de Toji aglutinar a alma do neto de Ogami, a incorporando em si.

Tal como, no futuro, feiticeiros seriam reencarnados e tomariam o corpo de seus hospedeiros, suprimindo suas consciências até que elas desaparecessem e o corpo se tornasse completamente do feiticeiro reencarnado. O corpo era reflexo da alma. Se o corpo de Toji foi trazido de volta, a informação necessária para reformar a alma foi também. Naquele momento, aquele corpo havia se tornado 100% de Toji Zen’in, assim como a alma que o habitava.

Mahito estava sorrindo vitorioso, quando meio segundo depois de nada acontecer, Toji o agarrou pela cabeça. Mahito lentamente olhou para cima, encarando os olhos de Toji, que estavam apenas parte obscurecidos pela maldição de Ogami.

— Quem te deu intimidade para tocar no meu peito, maldição? – Toji sorriu de lado. – Ah, desculpa. Esperava que alguma coisa fosse acontecer?

Sem esperar resposta, Toji arrancou a cabeça de Mahito do corpo, deixando o sangue jorrar em si mesmo. No mesmo segundo, Yuji posou bem ao seu lado, tendo desviado das bocas logo atrás. O corpo de Mahito cambaleou para trás, antes de implodir outra maldição dele. Ao mesmo tempo, o corpo de Mahito se reconstruía pela cabeça que Toji havia arrancado.

Toji arremessou a cabeça contra um dos prédios, desviando dos golpes que essa nova maldição polimorfa estava mirando nele. Yuji acertou outro soco na maldição, a explodindo em pedaços.

Mahito havia sido arremessado por diversos prédios, mas a todo momento que esteve no ar, ele usou para se reconstruir. Havia outra pessoa que também conseguia resistir a sua transfiguração inerte, o que absolutamente interessante para ele. Itadori não poderia ser transfigurado, pois Sukuna estava dentro dele, mas quando havia tocado o peito daquele homem, Mahito sabia que ele havia quebrado algo.

O corpo manteve a forma e esse algo foi trancafiado por uma parede de concreto, parecia. Mahito sorriu, se ponto em pé, enquanto criava alguns outros polimorfos. Ele queria tentar de novo…

Todo bateu as palmas e trocou Mahito por um objeto que estava entre os quatro feiticeiros, antes que os polimorfos pudessem chegar para ajudar Mahito, ele já estava sendo sobrecarregado por ataques vindos de quatro lados diferentes. Vários dos ataques vinham do homem estranho e daquela garota, que não faziam muita diferença, mas dificultavam sua reação contra ataques vindos de Itadori.

O fulgor negro de Itadori ainda doía tanto quando Mahito lembrava. Quando os polimorfos chegaram para lhe dar uma folga, Mahito era um monte de carne moída. Os polimorfos não eram muito resistentes, mas seus ataques eram mortais. Um deles acertou a cabeça da garota, quebrando seus óculos, enquanto outro conseguiu tirar Itadori de cima dele.

Mahito se transfigurou em diversas formas, para escapar daquele caos. Mas com Todo ali, correr não era uma opção. Mahito conseguiu se reconstruir em uma forma de criança, antes de Todo o trocar para entre os feiticeiros de novo. Seus polimorfos foram feitos de saco de pancadas pelos quatro.

Nem se parecer com uma criança o poupou de voltar a levar os socos, chutes e cortes dos quatro. Maki havia tido seus óculos quebrados, tendo agora apenas uma lente rachada funcional o suficiente para ser usada. A outra lente havia sido enfiada para dentro de seu olho. O golpe do polimorfo também havia ferido Itadori, mas tanto ele quanto Maki tinham uma durabilidade natural que os permitia continuar de pé, mesmo após aquele dano considerável.

Era igual a vez na escola de Junpei, quando Mahito havia ficado encurralado por Itadori e Nanami. Os golpes incessantes não abriam espaço para contra-ataque, mesmo que apenas um toque seria o suficiente para acabar com pelo menos metade deles. Escapar também não era uma opção, enquanto Todo estivesse li.

Daquela vez também, a única escolha que Mahito teve foi usar a expansão de domínio. No entanto, se Mahito acertasse Itadori, Sukuna certamente retalharia, como havia feito pela primeira vez. Ele só precisava do suficiente para afetar Todo, e talvez acabar com aquela mosquinha de óculos.

Satoru Gojo havia ensinado o caminho para ele, lá embaixo no metrô.

— Expansão de Domínio!

Mãos se formaram dentro da boca de Mahito, realizando os sinais. Itadori tentou o impedir, atacando com um soco, enquanto Todo agarrou Maki e começou a invocar um domínio simples. Mahito teria sido mais rápido que eles. Mas não tão rápido quanto Toji, que enfiou o braço dentro da garganta de Mahito, dilacerando as mãos que estavam formando o domínio.

O soco que Itadori acertou logo depois foi outro fulgor negro.

Mahito conseguia evoluir em uma velocidade impressionante, era um prodígio entre as maldições. Mahito não se importava com mais nada, além da própria diversão, além da própria força e curiosidade, por isso, evoluiu tanto, aprendeu tão rápido. Mahito era a definição do egoísmo e por isso, no mundo Jujutsu ele, que não tinha amarras ou restrições, era invencível.

Entretanto, naquele momento, quando Mahito encarou de frente os quatro pares de olhos fixados nele, ele só sentiu terror. Medo pela própria vida, que se continuasse ali certamente seria extinguida. Não havia espaço para evolução ali.

Por isso, ele ficou tão aliviado quando os dragões de Geto apareceram, atrapalhando a matança dos quatro. Mahito deu um sorriso, convencido e aliviado, ele tinha certeza que estava salvo.

— Tive que correr até aqui. Me perdoem, feiticeiros, mas não posso permitir que vocês o matem ainda. – Geto estava agarrando seu braço direito, que estava tremendo.

Os dragões de Geto, uma de suas maldições mais resistentes, foram rapidamente mortos. Talvez os feiticeiros mais jovem tivessem tido mais dificuldades com aquelas maldições, mas havia um único indivíduo entre eles que tornaria as coisas tão mais difíceis.

— Aquele que quebrou o destino está aqui. – Geto sorriu para os quatro, enquanto Mahito rastejava em sua direção. – Bem-vindo de volta ao mundo dos vivos, Toji Zen’in. Embora eu não entenda como você está aqui.

— Aah, eu lembro de você! É o pirralho das maldições. Veio apanhar de novo? – Os olhos de Toji lentamente se enegreceram mais. – Pois cada fibra de mim tá me dizendo para acabar com você!

— É impossível você estar aqui também. – Maki comentou, sorrindo de repente. – Lembro do Yuuta ter acabado com você, ano passado, com o puro poder do amor verdadeiro.

Finalmente, Mahito alcançou Geto, agarrando seu kimono. Geto largou o braço que estava tremente, invocando cada maldição de grau especial que ele tinha em sua posse. Não era hora para economizar, não importa o que fosse. Um segundo Cortejo dos Youkais começaria.

— Geto, me aju… – Geto deu um último olhar enojado para Mahito, antes agarrá-lo pelo cabelo e transformá-lo em uma bolinha.

Mais uma maldição para a lista.

Haviam incontáveis maldições cercando os feiticeiros restantes em Shibuya. Maki, que tinha perdido a última lente útil de seus óculos, deu um sorriso amargurado. Uma das maldições desceu sobre Maki, abrindo sua boca para engoli-la. Yuji e Todo estavam ocupados, lutando contra suas próprias maldições, enquanto Toji cortava feito uma faca quente elas, louco para alcançar Geto.

— MAKI!! – Mai gritou, com seu rifle em mãos.

Algo se atirou, não, foi atirado na maldição que teria devorado Maki. Caminhando calmamente por Shibuya, Tsukumo Yuki chegou.

— Vocês duas, saiam daqui. – Ela sussurrou, quando passou por elas.

Acima de Geto, Nishimiya sobrevoava com sua vassoura, enquanto Kamo atirava flechas em Geto. Ambos foram abordados por maldições, enquanto Miwa se posicionou atrás de Geto, ódio queimando em seus olhos.

Geto olhou por cima do ombro, como se ela fosse um verme, antes de começar a conjurar seu próximo ataque. Miwa passou muito perto de perder a cabeça para uma maldição de boneco de palha, se Kusakabe não a tivesse puxado pelo blazer so terno para longe de Geto.

— Ele é o epicentro das maldições! Não cheguem perto dele! – Kusakabe gritou para os estudantes, claramente irritado.

— Panda-senpai! – Yuji sorriu para o Panda, em forma de gorila, que chegou espancando a maldição que estava atacando Yuji.

— Você está bem, Yuji?!

Antes que Yuji pudesse responder, algo o empurrou para longe.

Toji conseguiu chegar em Geto, que teria perdido a cabeça se Uraume não o tivesse congelado no lugar. É claro que Toji havia percebido Uraume chegando, mas a feiticeira já tinha notado que aquele era homem era problema. A técnica que havia atingido Toji era o máximo de Uraume, congelando toda a extensão de Toji, até várias maldições atrás dele. Yuji havia sido retirado da área afetada por Uraume pouco antes dela começar a preparar o ataque, mas Panda havia sido congelado no lugar, assim como Kamo. Todo bateu as palmas e por muito pouco não foi congelado.

Mai já estava se afastando com Maki quando de repente, tudo atrás delas se tornou gelo.

— Chegou tarde, Uraume. – Geto comentou levemente irritado.

Uraume fez o favor de ignorá-lo, assistindo o banho de sangue em sua frente. Pelo menos agora Geto tinha o alvo perfeito, com o Uzumaki completamente formado. O gelo que havia congelado Toji já estava rachando e não o seguraria por muito tempo, então Geto foi rápido em mirar o Uzumaki nele.

— NORITOSHI KAMO! – Choso sempre aparecia nos momentos mais inoportunos. O braço de Geto foi atingido pela convergência, o fazendo errar o Uzumaki por muito pouco.

Dentre o gelo, Yuki surgiu.

— Suguro Geto, já quanto tempo! Será que dessa vez você vai responder? – Ela deu uma piscadela. – Qual o seu tipo de mulher?

— Sensei! – Todo gritou, feliz, enquanto trocava quem estava preso dentro do gelo por maldições.

— De repente, umas pessoas problemáticas começaram a aparecer… - Geto comentou. – Hora de sair daqui, Uraume.

— Não vão fugir! – Yuji gritou, avançando contra Geto.

Para cada pessoa nova que apareceu, Geto direcionou uma maldição.

— Ei! Tem noção de quem é aquele corpo?! – Uraume reclamou, quando uma das maldições atacou Yuji.

— YUJI! – Choso gritou, ignorando a maldição que o estava atacando em favor de ajudar Itadori.

Choso e as maldições foram congeladas, enquanto Yuki estava lidando com sua própria maldição. Algum grau especial que Kenjaku havia aprisionado. Kenjaku e Uraume desapareceram naquela confusão.

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Maki não tinha mais como ver as maldições, depois que perdeu seus óculos. Então, Mai estava guiando ela para longe. Depois que aquela parede de gelo havia sido formada, ficou difícil de ouvir o que estava acontecendo do outro lado.

Pela infância inteira de ambas, Mai havia sido capaz de ver as maldições. Maki sabia exatamente qual a expressão que ela fazia, quando notava uma. O medo e a ansiedade eram perceptíveis. Geto havia invocado inúmeros espíritos amaldiçoados, de grau especial e inferior. Muitos se concentraram onde os feiticeiros estavam lutando contra Geto.

Outros se espalharam por Shibuya.

Maki não precisava ver maldições para saber que havia uma bem na sua frente, a expressão de sua irmã, por mais que ela tentasse controlar, era o suficiente. Então Maki fez o que sempre havia feito na infância: agarrou a mão de Mai e a puxou para longe da maldição.

Você não serve como feiticeira, Naobito havia dito, não tem nada que você possa fazer. Sem uma simples ferramenta amaldiçoada, Maki estava cega. Toji não precisava de ferramentas amaldiçoadas para ver, mas a diferença entre ela e Toji era tão grande quanto o céu e a terra.

— Onee-chan! – Mai gritou, medo ensopando sua voz.

Ela estava olhando para frente dessa vez. Elas estavam cercadas. Maki agarrou sua rapieira, a arma amaldiçoada que tinha, e puxou Mai para dentro de um prédio. Mai era fisicamente fraca, mas tinha mais energia amaldiçoada que Maki. Ainda assim, Mai tinha pouca energia amaldiçoada.

Naquela loucura, era possível que não a notassem, se Maki conseguisse escondê-la bem.

As vidraças do prédio explodiram por onde elas passavam.

— Tem muitos deles, onee-chan! – Mai gritou.

Maki não respondeu, ao invés disso, ela bateu no pescoço de Mai, a desmaiando. Maki jogou Mai para dentro do armário de zelador que havia encontrado e rapidamente selou a porta com um armário pesado de arquivos que estava próximo. Pesado demais para Mai mover, quando acordasse.

Mai nunca quis ser forte. Quem queria ser forte era Maki.

Maki deu as costas para a porta. Assim que sentiu o primeiro ataque, Maki agarrou a maldição e a perfurou com a rapieira. Sucessivas vezes. Fez o mesmo com todas as maldições que apareceram…

Em algum lugar de Shibuya, alguém com energia amaldiçoada o suficiente para rivalizar com Satoru Gojo nasceu.