Marceline


O dia começou realmente bem, sério. Eu não havia dormido muito durante a noite, mas mesmo assim acordei disposta. Tínhamos vencido a caça à bandeira e eu estava bem animada, claro. Vesti uma Capri jeans e minha camiseta do Acampamento e fui com meus irmãos para o refeitório. Havia um garoto novo, Alex. Logo que chegou, já foi reclamado como filho de Hades. Estranho. Ele é mais novo que todos nós, apenas catorze anos (o que, na verdade, já é uma idade bem avançada para um semideus), tem um cabelo curto e escuro, os olhos negros como o resto de nós e é bem grandalhão. Apesar de ter chegado há pouco tempo, estava bem à vontade. Então fomos nós cinco (Peter ficou dormindo) para o refeitório.

Enquanto comia um pão doce, Helo chegou e sentou-se bem em frente a mim. Ótimo, pensei. Nada como uma boa dose de ódio mortal pra deixar meu dia melhor. Então fiz o que devia ser feito. Fiquei lançando olhares pouco amistosos para ela. Logo depois, Peter chegou sonolento, como se tivesse passado uma manada de elefantes sapateadores por cima dele. Ele se sentou ao meu lado e ficou lançando olhares sedutores para as filhas de Afrodite. Entre elas Lunna, que vivia dizendo que eu devia arranjar um namorado. Ridículo.

– Não entendo – disse Peter de repente. – Por que vocês se odeiam tanto?

– É complicado – eu disse. – São antigos ressentimentos, coisas que você não entenderia!

E não entenderia mesmo. Nossa “velha intriga” começara logo no meu primeiro dia de acampamento.


Meu sátiro, Teddy, me levou para o acampamento depois de fugirmos de dois ciclopes (ao que parece, praticamente todo semideus fugiu de um ciclope antes de chegar ao acampamento). Cheguei em segurança, mas não sabia quem era meu pai e por isso fiquei no chalé de Hermes. Quíron pediu para Helo me mostrar o acampamento e para que me contasse mais sobre os deuses e semideuses. Ela era mais nova que eu, mas estava lá sua vida toda. De cara eu não a odiei, mas parece que ela me odiou. Enquanto caminhávamos, ela me falava dos deuses olimpianos e de Apolo, em como era bom ser uma filha de Apolo, em como eu devia ser apenas uma filha de algum deus menor insignificante, em como talvez eu não sobrevivesse até os 14 anos, em como o meu pai devia ser tão menor e insignificante que talvez nunca me reclamasse. “Seu pai obviamente deve ser algum deus menor”, ela dizia enquanto caminhávamos. “Provavelmente nem se dará ao trabalho de reclamá-la!” Em seus olhos, eu via o quanto ela se divertia. É, um ótimo jeito de começar. Eu fiquei no chalé 11 por alguns dias, e não foi nada ruim, cheguei a desejar ser filha de Hermes, mas como sempre, nada é como eu quero. Certa noite tive um sonho estranho, o primeiro de muitos. Era só a escuridão, a voz e eu. Este não é seu lugar, ela dizia. Saia, vá para fora, você não deveria estar aqui. Por algum motivo, obedeci e caminhei sonolenta para fora do chalé. Fui até o bosque, a voz me guiava até uma grande árvore e embaixo dela havia uma espada de ferro estígio, a minha espada. Sua lâmina é completamente preta, e no cabo há uma inscrição em grego antigo: Anypómonos – Impaciente. Ela emite uma incrível aura maligna; eu, é claro, adorei. Sem pensar e sem nenhum motivo aparente, me sentei debaixo da árvore, peguei a espada e fiquei ali sentada segurando-a e em volta das sombras. Quando amanheceu, os garotos do chalé 11 não me encontraram e avisaram ao Quíron, que mandou alguns campistas me procurarem, e então me encontraram. Eu estava no meio das sobras, de olhos fechados e segurando a espada, quando chegaram perto, as sombras se dissiparam e meus olhos se abriram. Estavam completamente negros (é o que dizem) e em cima da minha cabeça, um pequeno bidente brilhava refletindo uma leve aura negra.

– Hades – disse Quíron –, rei do Submundo, Senhor dos Mortos. Salve Marceline Semog, filha do deus da morte!

De longe, pude ver a boca de Helo aberta em um grande “O”. Lancei a ela um olhar de “Quem é a filha do deus menor agora?” E ela com certeza entendeu a mensagem.

No chalé 13 eu me senti muito bem, de verdade. Gee e Will eram os únicos por lá, eles me ensinaram praticamente tudo o que eu sei. Quando Will morreu, foi como se parte de nós tivesse ido junto. Ficamos lá, só o Gee e eu, depois chegaram o Peter, Luc, Cass e por fim, agora, Alex. É, formamos uma linda família feliz.

Depois de algum tempo, Helo e eu fomos a uma missão juntas e... Bem, aconteceram coisas bem ruins, ela ficou com mais raiva de mim e assim estamos até hoje. Mas Peter nunca entenderia, eu não podia esperar que entendesse. Aos olhos dos outros, essa “intriga” é totalmente ridícula e desnecessária. Claro, eu não poderia esperar outra coisa.


Saí do refeitório e fui treinar esgrima. Treinei por um tempo, até que ele chegou. Marc, o Senhor Pego-Todas-Que-Eu-Quiser. E quando ele aparece... Bom, corre.

– Ei Marcy – ele veio sorrindo. – Quanto tempo, não?

– Oi Marc – eu disse –, se aproveitando de muitas garotinhas?

– Só o necessário.

Revirei os olhos. Prepotência e arrogância? Ok.

– Claro – resmunguei.

– Então, Marcy – ele disse –, você mandou bem ontem!

– E você perdeu ontem – eu sorri.

– Pois é, gatinha – ele se aproximou. – Estava sem sorte...

– É.

– Mas hoje é meu dia de sorte – ele continuou. Agora ele estava a uns 10 centímetros do meu rosto. Só então percebi o que ele pretendia fazer...

– NÃO ME BEIJA! – gritei enquanto o empurrava.

– Hey, calma, gatinha. Eu só...

– NÃO ME CHAME DE GATINHA!

– Ok. Sem beijo. Sem gatinha. – ele disse. – Mas sua irmã gostou.

Naquele momento, meu sangue ferveu e desferi um soco no seu rosto. Sem muitos estragos.

– FIQUE LONGE DA MINHA IRMÃ! – grunhi.

– Ciúmes? – ele perguntou sarcástico, pondo a mão no rosto

– ARGH!

Eu já estava a ponto de pegar Nina (espada de ferro estígio batizada de Nina) e cortar a garganta dele quando Hezel e John chegaram.

– Oi galera – Hezel disse saltitando. – Marc, não tente nada com a Marcy, ela não é pro seu bico! – E deu uma piscadinha pra mim.

– Você e você...? – John apontava para mim e para o Marc freneticamente e visivelmente confuso.

– Não – eu disse. – Não.

– É claro que não – Hezel bufou –, agora vamos passear. – Ela pegou o braço de John e depois meu braço e nos arrastou para longe dali.


Enquanto caminhávamos, ela contava suas melhores pegadinhas e o quanto eram legais e John contava como era legal conversar com os cavalos e os animais marinhos e blá blá blá.

Paramos perto da entrada do acampamento, quando alguns filhos de Hermes chegaram falando sobre a nova pegadinha que iam fazer com as filhas de Afrodite, acho que envolvia formigas e tinta azul. Então Hezel se despediu e saiu correndo com seus irmãos, me deixando lá, sozinha, com John me encarando com os olhos verde mar esbugalhados.

– O que foi? – perguntei.

– Hum... Nada.

– Certo.

– Então - ele disse –, por que não me conta como é controlar as sombras?

– Por que eu contaria?

– Somos amigos – ele disse –, não somos?

– Não! – respondi.

Ele me encarou.

– O que foi? Você é o melhor amigo da minha “inimiga”. Por que eu seria sua amiga?

Ele cerrou os olhos e bufou.

– Certo, pegue sua espada – ele disse.

– O quê? Eu não...

– Anda. Vou ensinar você a lutar.

– Me ensinar? – eu ri. – Há.

Peguei Nina e tentei golpear seu braço. Sem sucesso. Eu não queria lutar, mas tive uma ideia. Girei e parei atrás de suas costas, chutei na parte de trás de seu joelho, fazendo-o cair ajoelhado. Girei de novo e fiquei na sua frente e dei um chute em seu peito. Ele caiu deitado, puxou minha perna e me derrubou. Enquanto eu caía, pegou minha espada e se colocou sobre mim com o rosto a 5 centímetros do meu, me encarando com os olhos verde mar. Meu coração dava cambalhotas triplas e o cheiro de mar tomou conta de mim.

– Foi rápido – ele disse ainda segurando meus pulsos.

– Já pode me soltar – eu disse.

Ele soltou meu braço e começou a se levantar, quando eu o puxei para o outro lado, peguei minha espada, joguei a dele longe e me coloquei em cima dele apontando minha espada para o seu pescoço.

– Há – sorri

– Vamos admitir que deixei as coisa bem fáceis pra você, Marcy – ele disse.

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ELE? – berrou Helo, que chegara em algum momento e eu não vi.

– Só estou brincando com seu amiguinho – eu me levantei –, algum problema?

– Érr... a gente estava treinando e... – ele começou.

– Treinando. Certo – ela disse. – Vamos treinar também, Marcy!

– Claro.


Mas é claro que não vi o que ia acontecer.

Inicialmente foi um treino comum. Inicialmente. Ela estava com uma adaga e eu com Nina, e a cada golpe nossa raiva só aumentava.

– Isso é tudo que pode fazer? – eu provocava.

– Você já vai ver.

Nem percebi quando John sumiu. E também não percebi que estávamos além dos limites do acampamento. Muito além. Não percebi os monstros até ser tarde demais. E o resultado? Matt quase morto. Maia quase morta. Cortes, arranhões, sangue e dor. Meus parabéns, Marceline.


Depois do ocorrido, me senti muito mal e estúpida. Como pude ser tão egoísta e irresponsável? Eu nunca me perdoaria se algo de pior acontecesse. Não suportaria ter outra morte em minhas mãos. Principalmente de Matt. Ele é uma das melhores pessoas que conheci, mesmo com nosso pais sendo eternos inimigos (sequestrar as filhas dos outros não faz as mães delas gostarem de você, sabe, pai), ele sempre foi muito gentil comigo. Acho que posso até dizer que somos meio amigos. Acho.

Fui até meu chalé e pedi desculpas aos meus irmãos, eles não mereciam isso, não mereciam ter uma irmã briguenta e infantil.

Depois de me lavar e descansar um pouco, fui até a enfermaria visitar Maia. Felizmente ela ia ficar bem. Matt também, graças aos deuses.


Quando saí de lá, encontrei Charlie, e ele trazia algumas notícias.

– Marcy, érr... Bem... – ele gaguejava.

– Fala logo.

– Quíron e sr. D estão chamando você – ele disse.

– Ótimo. Um sermão.

– Você e Helo passaram dos limites – ele caiu na gargalhada.

– Há – eu o encarei séria –, levou quanto tempo pra pensar nessa piada?

– Ah, qual é, Marcy? Nem um sorrisinho?

Revirei os olhos.

– Vamos lá então – me virei em direção à Casa Grande.

– Isso vai ser bom – Charlie disse enquanto se colocava do meu lado.

– O que você pensa que está fazendo? – perguntei.

– Indo com você para a Casa Grande – ele disse como se fosse óbvio.

– Não – eu disse –, você não vai.

– Mas... Mas... – ele tentava argumentar.

– Mas nada – eu disse com firmeza, – Você não vai!

Acho que fui convincente. Ele assentiu e foi embora.


Cheguei na Casa Grande e Quíron e o sr. D estavam lá, junto com Rachel e Apolo? (Hein?)

Entrei.

– Ora, se não é nossa encrenqueira de plantão – resmungou sr. D. – Então, Meredith...

– Marceline – corrigi.

– Tanto faz – ele desdenhou.

Revirei os olhos.

Só então reparei em Apolo e... Uau. Ele é realmente divino. O cabelo loiro jogado de lado. Os braços fortes. O sorriso tão luminoso quanto, quanto... o sol. Parecia um supermodelo. Não, melhor, muito melhor. Ao olhar para ele, senti meu corpo esquentar... Estranho.

Eu poderia ficar o dia todo admirando a beleza suprema de Apolo, mas Quíron me trouxe de volta à realidade.

– Então, Marceline – ele disse –, o que houve?

– Foi um erro meu – falei. – Sinto muito, eu... Eu não devia ter levado isso tão longe.

– Duas das minhas filhas quase morreram – Apolo começou. – Não é tão fácil ter boas filhas hoje em dia, sabiam?

– Eu... Érr... Eu sinto muito – eu disse. – Isso não vai se repetir!

– Realmente, não vai – ele disse confiante.

Nesse momento, Peter, Ana e Matt (que já estava bem) chegaram juntos.

– Oi! – disse Peter tentando parecer despreocupado.

– Ótimo. Agora só falta a Heloísa – falou Quíron.

– Estamos encrencados? – perguntou Matt.

– Completamente – Apolo respondeu com um sorrisinho sexy.

Deuses do Olimpo. pensei. Que calor.

Como se lesse meus pensamentos, Apolo sorriu.

– Eu sei. Provoco isso nas pessoas!

Senti meu rosto arder. Mas ninguém pareceu perceber.

Helo chegou, e no mesmo instante, ficou branca como porcelana.

– Érr... Pai?

– Oi filhota, vejo que melhorou!

– Então, jovens encrenqueiros... – começou o sr. D.

– A culpa foi minha – Helo e eu dissemos ao mesmo tempo.

– Claro. Das duas – continuou sr. D. - E vocês serão punidas por isso!

– Certo – falou Ana. – Helo e Marcy erraram. Mas por que Matt, Peter e eu estamos aqui?

– Vocês precisam ajudá-las – falou Rachel, pela primeira vez.

– Nos ajudar? – perguntei.

– Não precisamos de ajuda – afirmou Helo confiante.

– Precisam sim. – continuou Rachel. – Vocês precisam se dar bem, isso pode mudar muita coisa e...

– Por hora, é só isso que precisam saber – interrompeu Apolo. – Antes de tudo, algumas medidas devem ser tomadas.

– Que medidas? – perguntou Peter.

– Meredith e Luisa terão que passar todo o tempo grudadas – anunciou sr. D –, como ímãs.

– Marceline e Heloísa - corrigiu Peter.

– O QUÊ? – Helo gritou.

– Não mesmo – grunhi.

– Sim, vocês vão – continuou ele –, e não é um pedido.

– Vocês terão que apender a conviver uma com a outra – disse Quíron. – E vocês – ele olhou para Peter, Matt e Ana – terão que ajudar!

Eu e Helo nos encaramos. Nós duas sabíamos o que ia acontecer. Sério? Passar o tempo todo juntas? Isso não ia dar certo. Ela sabia disso, eu sabia disso. Enquanto nos olhávamos, pudemos ver o que ia acontecer.

De repente, uma lembrança me atinge em cheio. A lembrança de um sonho, e aquelas palavras... As palavras que tanto me atormentaram se juntavam novamente na minha cabeça.

"Luz e trevas caminham juntas, a filha da magia mostra o caminho."

Saí da Casa Grande bufando e Peter veio logo atrás de mim.

– Ei mana - falou. - Calma, vai ficar tudo bem!

– Não, não vai - eu disse. - Nada nunca fica bem quando os deuses se metem na vida dos semideuses!

– É, mas, olha... - ele fez uma pausa. - Não vou deixar ninguém fazer algum mal pra você, nem mesmo um deus!

– Peter, você não... - fui interrompida por gritos e xingamentos.

– VEM! - Peter me puxou.

Quando cheguei perto, pude ver o problema. Alex e Marc discutiam ferozmente.

John e Charlie tentavam segurar Marc, Luc e Cass tentavam acalmar Alex. Cass tinha os olhos inchados e vermelhos e choramingava, provavelmente Marc a dispensara e ela estava magoada (me lembro de ter conversado e avisado pra ela que isso ia acontecer), enquanto Luc gritava e Hezel corria no meio dos outros campistas sacudindo as mãos e gritando freneticamente "BRIGA, BRIGA, BRIGA!"

– PAREM, VOCÊS DOIS - gritava Luc. - ISSO NÃO VAI LEVAR A NADA!

– Ei, o que está acontecendo aqui? - perguntei.

Sem resposta.

– PAREM - Peter ordenou firme.

Surpreendentemente, todos ficaram quietos olhando para ele, até eu.

– O que está acontecendo aqui? - ele perguntou.

– Esse babaca magoou Cass - Alex disse apontando com a cabeça para Marc.

Peter olhou ferozmente para Marc e Cass começou a choramingar mais alto.

– Certo, vocês podem ir embora, acabou o espetáculo - eu disse e a "plateia" obedeceu.

– Marc - começou Peter -, nunca mais chegue perto da minha irmã. - Ele olhou para mim. - De nenhuma delas.

Olhei para ele como quem dizia: "Sério, você acha mesmo que eu cairia na conversa desse aí?"

Ele fez uma coisa que me surpreendeu, deu um soco no rosto de Marc. Não um soquinho, não um soco só para sair sangue, O soco, qualquer um teria desmaiado por causa da força, mas Marc parou, respirou por cerca de 60 segundos e disse calmamente:

– Certo. Vou acabar com você!

– Não vai não - eu disse me colocando na frente dele. - Não mesmo! Acha que pode ficar usando as pessoas e depois jogar fora? Elas não são objetos pra você usar e depois descartar como lixo!

– Certo, não vou gastar meu tempo com isso - ele disse indo embora. - Tenho coisas para fazer!

Depois que ele se foi, Cass caiu de joelhos e começou a chorar tanto que soluçava.

Levamos ela até o nosso chalé enquanto falávamos palavras de consolo. Peter, Alex, Luc e eu colocamos ela na cama enquanto Hezel, John e Charlie esperavam lá fora.

– Ela vai ficar bem - disse Charlie quando Peter e eu aparecemos lá fora, não sei se para nós ou para ele mesmo. Acho que a segunda opção.

– Então - disse Hezel -, como foi lá na Casa Grande?

Bufei. Quase consegui me esquecer daquilo.

– Basicamente - começou Peter -, Marcy e Helo terão que passar bastante tempo juntas, para aprender a conviver uma com a outra!

Hezel, Charlie e John olharam para mim como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

– Que foi? - perguntei. - Eu posso fazer isso!

Eles não acreditaram muito, mas não ligo. Eu posso fazer isso.

Mais tarde, contei para o Peter sobre os sonhos e aquelas palavras, e senti meu corpo tremer e minha garganta secar quando ele começou a me contar que ele tivera sonho parecidos e que também ouvia palavras, frias palavras.