- Vamos Brenda, estamos atrasadas, ou você está achando que seu pai irá te esperar eternamente?

-Calma, mãe, nossa parece que o mundo está acabando! Foi papai que insistiu para que eu passasse a metade das férias com ele, agora ele que espere!

Eu disse, calçando meu all star, de cano longo, até parece que minha mãe saberia o quanto é difícil calça- lo, ainda mais com pressa, não ela não saberia, afinal seus sapatos eram simples mocassins marrons e totalmente fora de moda.

E aqui estou, divagando novamente, por isso estou sempre atrasada.

- BRENDA!

-Ô mãe tô pronta! Chega, né?

- Tá levando uma blusa de frio? E a escova de dente? E o remédio para febre? E...

- Mãe, eu to indo para a casa do meu pai e não para uma floresta, deixa de fazer a louca!

-Meu Deus, isso é jeito de falar com sua mãe? Ainda mais agora que vou ficar tanto tempo longe de você!

-É mãe também vou sentir saudade!

Dou – lhe um beijo na testa, sinto um leve aperto no coração, sinto uma lágrima surgir, disfarço, peço a benção e saio de casa.

Meu pai me espera no seu carro, desde o divórcio ele nem mesmo pisa na calçada de casa, jogo minha mochila no banco de trás e entro o carro antes mesmo de dizer olá

- Ansiosa, filha?

-Um pouco. Estou com saudade da Carol, faz seis meses que não a vejo.

- Ela também esta com saudade, aliás, ela ligou avisando que vai dar uma festa e como soube que você estava indo para casa, pediu para te convidar e para te mandar um abraço.

- Legal! Valeu, pai, vou curtir muito. –Coloco os fones de ouvido e me afundo no rock e nem escuto a resposta do meu pai.

E saímos da nossa pequena cidade, rumo a São Paulo.