A festa era o aniversário do pai da Carol, achei tudo sem sal, então eu e a Carol fomos pro seu quarto.

- Nossa Carol, surtou? Cadê os posters?

- Tirei, a onda passou. - falou com sua voz monocórdia.

Desde que tínhamos nos reencontrado eu a tinha notado diferente, tá que a adolescência é um período de mudança, mas tanto assim? Em tão pouco tempo?

-Então tá! E aí, a vaca da sua madrasta ainda pega no seu pé?

-Não, a Sandra tem me tratado muito bem, aliás tem sido um amor de pessoa!

Disse ela, indo para frente do espelho, começou a pentear seus longos cabelos castanhos.

- Um amor de pessoa, ah me poupe!Ela mal te deixa conversar com seu pai, parece até que tem ciúme, eu hein, louca de pedra. E aquelas roupas, pensa que tem quinze anos.

- Ela mudou muito!

Carol colocou seus cabelos de lado, foi então que fiquei uma linha clara serpenteando na sua nuca.

- Carol, o que é isso? Esse corte, o que aconteceu?

Um carro passou com os faróis altos na rua e a luz refletiu no espelho, refletiu também dois círculos prata nos olhos da Carol.

-Lente de contato. – me explicou sucinta.

Descemos, e eu ainda estava curiosa em relação ao corte. E em relação a lente e por que Carol parecia sempre estar com medo.