Desde quando comecei a treinar com Sakura, estamos bem mais próximos. Ela cresceu muito, não só fisicamente falando, mas como ninja, como pessoa, ela realmente é incrível. No aniversário dela, Naruto sismou de fazer alguma coisa, mesmo que Sakura lutasse com unhas e dentes contra essa possível festa. Não me opus muito, pois eles sempre viveram assim, um brigando com o outro, e no final, sempre se ajeitavam.

Eu particularmente não curto festa. Tenho que comer, beber na frente das pessoas e isso é uma coisa muito cansativa de se fazer. Mas pela Sakura eu fiz o esforço. Ela estava andando muito triste por conta de Sasuke. Na real, desde que ela negou ele, ela anda triste. E como sempre foi, estava eu lá, vendo ela passar por aquela difícil decisão de dizer não ao amor de infância que voltou e voltou ainda disposto a ficar com ela. Lembro até hoje.

“Era uma manhã ensolarada, estávamos voltando de uma pequena missão. Mas de repente, Sakura parou no meio do caminho, trêmula, já em frente dos portões de Konoha. Eu já comecei a buscar no ambiente o motivo daquilo tão subitamente, afinal poderia ser algum jutsu. Mas quando percebi o motivo, relaxei um pouco, sem abaixar a minha guarda, pois o dono daquele chacra que eu estava sentindo, poderia ter voltado com más intenções.

—Sasuke. Apareça. Já sabemos que você está aqui

Não demorou muito, sua silhueta aprece na frente de Sakura, fazendo que a menina arregalasse mais aqueles lindos olhos verdes e gaguejasse seu nome. Parecia que ela desmaiaria, mas sua postura de repente mudou.

—Sakura?

Sasuke sempre foi o motivo que ela se desestabilizava, e naquele momento, ver ela tentando não se abater com o amor da vida dela, na sua frente, depois de 4 anos sem vê-lo, era até estranho. Eu esperava que ela pulasse nos seus braços, chorasse, e logo após Sasuke a distanciaria, e ela por sua vez, ficaria frustrada, mas logo se recuperaria e ficaria feliz novamente, afinal, mesmo frio como ele é, ele ainda estava ali, na sua frente.

Mas ela se superou

—O que faz aqui?

—Vim lhe … Ver.

Pronto, se faltava alguma coisa pra ganhar ela novamente, ele tinha acabado de ganhar. Sakura sempre quis ser aceita, principalmente por Sasuke, saber que ele voltou só pra poder vê-la, com certeza era algo grande para aquele coraçãozinho. Mesmo que aquilo parecesse mentira aos meus olhos. Sasuke não é do tipo de homem que faz essas coisas.

—Demorou 4 anos pra poder decidir isso?

O QUÊ?

Agora eu tô na dúvida, essa é mesmo, a mesma Sakura? Ela nunca rejeitaria ele. Não mesmo.

—Sakura. Para de charme.

Vi cada veia de sua testa pulsar ferozmente, devido a raiva, que ela não fez questão de esconder. Até eu já estava alterado, mas mantinha meu semblante calmo de sempre, mesmo não gostando de como ela estava sendo tratada por ele sabia que minha ex aluna sabia se cuidar.

—Charme? Sasuke, você acha mesmo que eu sou obrigada a esperar por alguém sem ao menos saber que ele tem um prazo de validade pra voltar?

—O que importa? Eu estou aqui, agora.

—Não é tão simples. Eu…

—Você o que

Não o ama mais? IMPOSSÍVEL!

—Eu mudei, Sasuke. E no momento, você não é mais minha prioridade. Se pensou que voltaria, e simplesmente eu me jogaria aos seus braços, sinto muito, não vai ser isso que vai acontecer.

Até eu pensei isso, Sakura. Imagina o Sasuke. Sakura o tratava como o alfa, o único, e como ela mesmo disse, ele era a prioridade em sua vida, qualquer um que conhece os dois dentro da vila, e sabe como Sakura é apaixonada por ele, pensa que quando ele voltar, Sakura vai voltar aos seus pés.

Esse pensamento por vezes me incomodava. Ela não merecia tal tratamento. Ele não merece ela. A vida toda a tratou como lixo, inferior, e agora volta querendo algum retorno? Mesmo que eu esperasse isso dela, admito que gostei muito de ver que, não o quer mais da mesma maneira que antes, ou pelo menos, não se rebaixando pra que ele a aceite. Sakura não precisa disso. Ela é linda, forte, inteligente, ótima ninja, quem tinha que se rebaixar era ele, não ela.

Já fazia uns dois anos que ela não vinha falando mais do Uchiha, eu até estranhei, mas não comentei nada sobre, sei que ele é uma ferida aberta no coração de Sakura, eu não faria com que ela se abrisse somente em tocar em seu nome.

—Não sou? Desde quando? Você me venera, garota. Nem que tivesse passado-se 10 anos, você ainda me amaria.

Agora eu teria que interferir, Sasuke nunca soube medir as palavras, poderia ser pela falta de uso delas, mas tinha plena certeza que ele somente aprendeu a ser cruel. Hoje tive essa certeza. Sakura avançou nele, eu jurava que ela lhe daria um soco, mas parou no meio do caminho, com a mesma expressão e posição de combate, testa enrugada, veias pulsantes, dentes trincados, suor e punho com chacra, mas parou antes de chegar num Sasuke já pronto pra receber um ataque, com uma das suas mãos no topo da sua katana.

Eu sabia, ele não veio só pra vê-la. Se fosse não cogitaria a ideia de lutar contra ela. Se se importasse mesmo levaria aquele soco. No qual não houve.

—Quer saber, Sasuke-kun.- dessa vez seu tom não saiu carinhosa, como sempre fizera, saiu sarcástica- Você não vale a perda de chackra. Agora, eu preciso me dirigir a Hokage. Faça uma coisa por nós dois, pelo menos uma só vez na sua vida, vire-se e volte pra sei la onde você estava.

E partiu em disparada me deixando plantado ali com um Sasuke enfurecido e surpreso, que logo desapareceu.”

Depois daquilo, encontrei Sakura chorando no balanço da pracinha. Claro que ela estaria mal, era Sasuke Uchiha. Mas essa menina tem uma fibra. A consolei, como sempre fazia, mas seu olhar de choro não significava, de certa forma, somente tristeza, mostrava alívio, e foi ali que eu tive a certeza que a carga de amar alguém que não é recíproco com você é pesada demais. Mas o fato de se “livrar” de algo do tipo, te deixava mais leve do que nunca antes fora.

Após todo esse acontecimento, começamos treinar juntos e a fazer mais missões em dupla, Naruto estava ocupado com seus treinos, e mesmo que nós nos puséssemos a ajudá-lo, ele negava, dizendo que tinha que fazer isso sozinho. Nós, resolvemos, por fim, não nos separar. Eu, via ali um desespero imenso de ajudar minha ex aluna a se recuperar por completo daquela novidade, que era viver sem amar Sasuke, e ela via em mim, uma confiança/segurança que, mais que nunca se fez presente em nosso meio. Coisa que eu admiro muito mais hoje que antes.

Mas ela não ficou de toda boa de cara, sempre sentia-se, não de toda triste, mas. mais abalada com a situação, e isso piorou quando seu aniversário chegou. Naruto queria a festa, eu não o impedi, mas como Sakura estava meio triste inventei uma surpresa pra ela. “A” surpresa, na verdade. O que seria o seu presente de, finalmente, 21 anos. Sakura sempre estava tramando formas de me fazer mostrar meu rosto, quando ainda eramos o time 7, ai eu vi o meio de fazê-la parar de pensar um pouco nos problemas. Se eu pusesse um mistério naquilo tudo, eu faria ela se ocupar, então lancei a minha proposta de surpresa, e como esperado, se animou na hora.

No final, eu não estava pensando, MESMO, em mostrar meu rosto, só que os acontecimentos da semana me estimularam a querer cumprir essa “promessa”. Sempre que treinávamos ela estava com um brilho diferente no olhar, algo do tipo, esperançoso, significativo, de retribuição e espera de algo muito aguardado. A norma era: Fique feliz, caso contrário, nada de surpresa. E ela como boa cumpridora de ordens ficou feliz, eu sei que era a ansiedade, curiosidade, mas aquilo estava a tirando do mundo abalado. Era exatamente o que eu queria.

Faltavam dois dias, dois dias pra surpresa. Mas Tsunade estragou tudo. Pelo menos era o que eu achava.

–Mandou me chamar, Tsunade?

–Sim Kakashi. Você será o próximo Hokage, então como forma de treinamento, te darei algumas situações para supervisionar. Essa vai ser sua primeira missão. Você tem um dia pra ler esse relatório e escolher a pessoa mais capacitada pra tal situação e com isso ir até ela e passar o que é devido fazer. É isso, está dispensado. Quero relatório de tudo após isso.

–Sim senhora.

Lá vou eu pra minha casa, chego, me sento na cama jogando as chaves na escrivaninha e começo a ler meu trabalho. Não gosto, não gosto mesmo. A única pessoa que me vem na cabeça é ela. Por que teria que ser ela. Logo no dia que eu ia revelar a surpresa. Enfim, era a vida, e eu me acostumo com ela.

Quando chego no hospital no outro dia pra poder conversar a respeito, ela não estava. Verifico a hora e estava no horário de plantão dela. Resolvi pregar uma peça, eu sei que ela não vai gostar, mas não resisti, ainda mais que sempre é “A” certinha dos horários.

“Acho que estou sendo uma má influência pra essa menina.”

Suborno Shizune pra poder colaborar com meu plano, coisa que ela não gostou muito. Shizune mudou um pouco desde a guerra. Não sei, mas ela me olha diferente. Guy até disse que ela gosta de mim, mas obviamente deve ser coisa da cabeça daquele maluco. Shizune é uma ótima pessoa, linda, boa ninja, mas não faz meu tipo. Mas… Qual seria meu tipo, afinal.

“Sakura.”

Nem pensar. Sai dessa marujo. Conviver tanto com uma pessoa, as vezes pode te pregar peças, então, um conselho, NÃO CAIA NELAS.

Exatamente 15 minutos depois de todo meu plano, Sakura entra no consultório toda alterada e preocupada. Eu ri, não aguentei. Depois disso, sua expressão era mortal, sentia dela a vontade de me bater. Mas incrível, ela aprendeu mesmo a se controlar. Graças a Deus, pois eu poderia está realmente machucado agora.

Ela não gostou da brincadeira, era visível, muito menos das farpas que eu joguei contra ela. Mas me sentia a vontade de fazer certos tipos de comentários quando estávamos juntos. Éramos mais que companheiros, éramos amigos. Mas ali, naquele quarto, eu me senti incomodado. Mas, por quê? Ela só estava se sentando na maca, qual o problema nisso? NENHUM. É um movimento comum.

Pelo menos pra outros. Com Sakura, nada era comum.

Sakura, pra muitos, era uma ogra sem pais, mas pra mim, toda movimentação dela era objetiva, clara e graciosa. Ficamos em silêncio, algo agradável, mas, mesmo assim, sentia a necessidade de algo mais. Sorte que ela sempre dá a solução pra esses problemas. Me dando o gancho necessário pra começar uma possível conversa.

–Está sorrindo por quê?

–Não estou!

Ah, você tá sim, mandona. Mas enfim, deixa pra lá. Não seria algo confortável insistir nisso, poderíamos levar o assunto a pontos que não iriamos saber como lidar. Então faço o que sempre faço quando o melhor é não dizer nada. A observo.

Mas logo o motivo da visita me traz a realidade. Os doentes. Mudo minha forma de falar, mesmo ainda deixando o ar descontraído, vejo ela se ajeitando, como se fosse pra um relatório de alguma missão. E realmente era. E assim faço a introdução ao assunto seguinte. E introduzo um elogio implícito, que a moça a minha frente não deixou passar. Sakura sabia mesmo como me ler. Aceno pra ela com um meio sorriso e continuo.

No final da explicação, Sakura muda sua postura de profissional pra uma desanimada, mesmo que sutilmente. Sabia o motivo daquilo, afinal, também não gostei nada de adiar o que pretendia fazer hoje, mas perguntei assim mesmo.

–O que foi? Você mudou sua postura.

–Não vamos poder treinar hoje.

Ah, esse jeito dela as vezes me mata. Ela consegue ser durona e agressiva, mas sabe muito bem como ser mansa e carinhosa. Num impulso sento ao seu lado, um pouco encurvado pra poder olhá-la melhor. Mas sento perto demais. Eu devo recuar. Eu tenho que recuar!

“Mas não quero.”

Ela estranha e se surpreende, mas continua sem recuar, sem medo.

–Amanhã, supervisionarei a chegada dos doentes. E participarei dos atendimentos. Fiscalizarei você.

Ela vem com aquela cara de brava, totalmente oposto da cara manhosa que estava a poucos segundos atrás,. Essas mudanças drásticas dela me fazia rir demais. Me controlei e deixei escapar um sorriso. Porém, ela percebeu. A expressão brava de agora mesmo foi pra uma analítica. Parecendo que tinha visto algo nunca visto na vida. Ou analisando alguma coisa. Mas foi o rubor nas bochechas que a dedurou. Era meu rosto. A aproximação foi suficiente pra ela poder me “ver”.

Foi ai que eu me perdi. Como existe alguém no mundo que possa excluir ou menosprezar um ser tão bondoso, carinhoso, lindo, e sincero como ela? Tá explicado, Sasuke é de outro mundo, então.

Ela suspira, e se levanta, e eu faço o mesmo, a sigo até a porta, e como sempre, ela não pode deixar faltar a famosa brincadeira com meu chacra. Mas, essa menina tem crédito. Já me salvou muito em combate me doando o dela. E eu uso isso ao meu favor sempre que possível, e hoje cairia bem.

–Você bem que poderia me doar um pouco do seu, Sakura.

Resposta ácida e a altura foi a que recebi. A reprovei falsamente, ela me observou por uns poucos instantes sorrindo sacana e sem dizer nenhuma palavra a mais partiu, me deixando aqui, perdido nesse corredor que agora parecia enorme sem sua presença. Agradável.

“Linda”

–Até amanhã, Kakashi.

—Até amanhã, Sakura.