Inesperado

Aproximação


Faz um tempo que cheguei no hospital. Convoquei Shizune e sua equipe pra poder me ajudar com os doentes, não teria pessoa melhor pra poder fazer isso. Arrumamos as macas, separamos os remédios, máquinas e equipamentos necessários pra podermos atender todos. Só faltava mesmo chegar os doentes. Kakashi comentou algo sobre eu me encontrar no portão de Konoha, de la eu comandaria até a entrada no hospital.

–Sakura? Temos um problema. Alguns remédios que separamos ontem, sumiram.

–Como assim? Deixamos dentro do estoque separados com as máquinas. E eu avisei que não eram pra poder usarem daquele estoque.

–Eu sei. Mas usaram.

–Shizune, isso é impossível. Quem poderia fazer isso? Sabendo que todo nosso trabalho desde ontem estava sendo organizar um estoque razoável pra chegada dos doentes hoje?

–Não sei.

Não to acreditando nisso. Como podem fazer isso comigo. Com eles. São crianças e idosos doentes. A não, preciso resolver isso. Kakashi que me perdoe, mas eu vou me atrasar.

–Shizune, chame todas as enfermeiras de plantão de ontem que ainda estão presentes hoje e alguns médicos que tem acesso ao estoque. Esperarei no salão 1.

—OK

Fui a passos largos até o salão, onde fazíamos nossas reuniões mensais ou de emergência. Eu não estava esperando um culpado, mas algum erro que cometeram pra poder terem usado dos remédios separados. Espero alguns minutos e vejo meus colegas de trabalho entrando no salão, uns sérios, outros mais descontraídos conversando entre si. Tinha feito mais ou menos 2 meses que eu estava na gerência da cirurgia. Havia cometido alguns erros, mas nada que o tempo não me ensinasse e eu também, não pegasse o ritmo da coisa. Alguns não gostaram, pois achavam que Shizune era a mais capacitada, e eu, de certa forma também achava. Mas Tsunade decidiu isso, não eu. Contudo, o que fizeram, eu não poderia deixar passar, afinal, os pacientes já deveriam está chegando e eu começando o atendimento.

–Bom, estão a maioria aqui presentes. Acho que todos estão cientes que hoje, mais ou menos agora, receberemos uma demanda de doentes de uma vila vizinha que está sofrendo de uma forte epidemia que eles não estão dando conta de cuidar sozinhos. Pediram então nossa ajuda. Eu avisei a todos os responsáveis de plantão de ontem pra hoje que usaria alguns materiais e remédios pra poder fazer o atendimento dos doentes hoje, junto a minha equipe e a de Shizune. Deixei especificado que os materiais separados com meu nome no estoque não deveriam ser usados. Mas Shizune-san me contou hoje que alguns dos remédios tinham sumidos, remédios importantes. Não estou acusando ninguém, só quero esclarecer e saber se algum de vocês por algum motivo emergencial teve que usar desses remédios e por causa da correria do trabalho pôr a caso esqueceu de me avisar.

Houve o silêncio. Eu esperava por isso, afinal, ninguém queria furar comigo. Eu sou uma ótima médica, mas minha força monstruosa colocava medo nos meus colegas. Muito mais que minha capacidade de curar. O que me irritava mais que qualquer coisa.

–Vamos gente. Só quero saber o que aconteceu, só isso. Eu poderia simplesmente ir no estoque e repor os remédios faltando. Só que acontecimentos desse tipo não podem acontecer. Quero saber se houve algum erro, ou emergência, ou alguém realmente precisou usá-los e esqueceu de me contatar. A resposta é simples.

Esperei mais um instante. Nada. Eu mantive a calma, mas aquilo já estava me deixando nervosa.

–OK. Se não tem ninguém pra falar, vamos lá. A partir de hoje, todo e qualquer material que for retirado do estoque terá que ter minha assinatura. Em casos que eu não esteja presente, Shizune liberará por mim. Emergências serão um caso a parte, mas reposições diárias terão que ter minha liberação. Posso ser nova no trabalho, mas não posso aceitar negligências. Mesmo por menores que forem. E muito menos o silêncio que vocês ficaram hoje. Entendido? Dispensados.

Saio antes de todo mundo e vou andando rápido pra saída do hospital. Estava atrasada e agora nervosa.

—HEY. Pra que a pressa?

Olho pra trás no susto.

–Que susto sensei.

—Você sempre sente meu chacra quando estou por perto. O que aconteceu?

Suspiro fundo, paro de andar e ele vira de frente pra mim esperando uma resposta.

—Houve um problema. Alguns dos remédios que eu separei para uso específico dos doentes que chegarão hoje foram utilizados sem meu consentimento. Claro que tenho ciência que pode ter sido emergência, mas o caso é, eu sou a chefe de cirurgia, eu tenho que ser avisada das coisas. Essa em especial, por exemplo, poderia me causar algum prejuízo, pois são remédios importantes. Posso repô-los sem problema, mas eles agem como se eu fosse uma ninguém.

Ele começa a andar e eu o sigo.

—Entendo… Alguém deve ter esquecido de te falar. Como você mesmo disse, a correria pode ter feito esquecer.

—Eu concordo. E não ficaria brava se tiver sido isso. O problema é que eu acabei de sair de uma reunião com eles, perguntei sobre isso e ninguém se pronunciou. E eu deixei claro que eu entenderia se tivesse sido algum esquecimento por causa de alguma emergência. Eles terem ficado calados que me irritou. Eu sei que todos queria Shizune como chefe, mas Tsunade come muito do tempo dela e ela preferiu a mim. A culpa não é minha.

—Hum.

Eu estou realmente chateada. Sei que todos amam a Shizune, mas isso. Eu sou capacitada, sou nova mas tenho talento. Sou boa no que faço. Mas se continuar assim, não sei se vou aguentar continuar. Todos pensam que eu só sou boa suficiente pra procedimentos pequenos, Shizune que é a melhor aqui, depois de Tsunade. Mas sou tão boa quanto. Claro que a experiência dela conta muito mais que a minha, mas como posso ter mais experiências se não posso exercer o que me foi disposto. E agora que a guerra acabou, tudo que eu fiz em campo, parece ter desaparecido. Como nada!

—Sakura?

—Hum.

—Não precisa ficar assim. Eles precisam ter confiança em você. Em suas habilidades. Com o tempo você conseguirá.

—Com o tempo, sensei? Mas quanto mais tempo preciso? O que eu fiz na Guerra não foi suficiente pra mostrar pra eles que eu sou ótima no que eu faço?

Quer saber. DANE-SE! Eu vou é fazer meu trabalho, eles gostem ou não. Eu tenho muito o que mostrar, se eles não podem ver a culpa não é minha.

–Quer saber, Kakashi, vamos lá. Tenho pessoas pra curar

Paro na recepção, encaro a moça que estava ocupada demais no computador e espero que ela me note. Assim que ela me ver se ajeita na cadeira e clica em desespero seu mouse. Adoro ver como eles se desesperam com minha presença. Coisa que não é necessário, não vou matar ninguém.

–Sara, avise Shizune que em meia hora chego com os doentes. Quero que ela esteja a postos quando eu chegar.

Ela fica me olhando. Anda mulher, sai desse balcão e vai falar com Shizune.

Reviro os olhos.

—Agora, Sara.

–Sim senhora!

Kakashi me olhava um pouco afastado. Eu olho pra ele e o chamo pra podermos ir.

—Você é mandona.

—Eles não me obedecem quando sou legal. Agora se a gentileza não surtir efeito vai ser assim.

—Está certa.

—Vamos, me diz. Eles já chegaram?

–Já.

—O QUÊ? Onde eles estão?

—Com meu clone na entrada da vila. Falei que a médica responsável estava atrasada e que eles teriam que esperar pra poder entrarem.

—Sério?

—Sério! Já disse, Sakura. Você tem que parar de andar comigo. Está pegando minhas manias.

—HAHAHA Como se você aguentasse ficar longe de mim, sensei.

–Aguentaria se você me deixasse em paz.

Ah, é assim? OK. Se quer brincar, vamos brincar.

—OK. Por mim, tudo bem. Estou indo bem nos treinos, acredito que já, que minha presença não é boa suficiente pra você, não necessito mais de seus treinos. Assim te deixo livre.

Ele sorrir, daqueles sorrisos sarcásticos que eu me amarro nele. Olho sorrindo pra ele como se não tivesse falado nada demais.

—Tudo bem pra mim. Mas infelizmente pra você, ficará sem sua surpresa.

AH. Ele me pegou. Esqueci da surpresa. Como??

—Isso sim é golpe baixo, sensei!

Ele olha pra mim. Aquele olhar de ontem. Diferente das outras vezes, dos outros olhares. Como ele pode ser tão misterioso e mesmo assim tão sugestivos as coisas. Mas esse olhar em especial, posso sentir o carinho dele, mas é diferente.

—Você venceu. Ainda quero minha surpresa.

–Sim senhora.

Dou um soquinho no ombro dele. Não demoramos muito e chegamos no portão central de Konoha.

—São eles, Kakashi-sensei?

—São sim.

A maioria era crianças. Kakashi disse que haveria adultos, mas idosos tinha menos de 20, em compensação, crianças tinha umas 30. Estavam todas abatidas, anêmicas, e com algumas feridas. Com certeza se feriram e com a baixa imunidade não houve cicatrização. Preciso examiná-los e saber o mais rápido possível o que houve com eles.

—Bom dia pra todos. Sou a Doutora Sakura Haruno e serei responsável pelo caso de vocês a partir de agora. Tive um contra tempo no hospital e por isso me atrasei, mas peço desculpas por isso. Qualquer dúvida podem me chamar que eu tentarei informá-los da melhor forma possível. No hospital separamos uma ala pra vocês e minha equipe mais a equipe de uma das melhores médicas do nosso hospital estão esperando por vocês. Agora se não se importem, podemos ir.

—Sakura. Doutora Sakura?

Já tinha me virado pra começar andar, quando ouço meu nome. Me viro novamente pra eles e vejo uma menininha com cabelos cumpridos roxos abatida me chamando. Vou até ela, me ajoelho em sua frente e sorrio gentilmente. Ela era uma fofura.

—Pode falar, anjinho.

—A senhora… - Tosse- A senhora vai poder curar meu irmãozinho? Ele está muito doente.

–É claro. Vamos fazer de tudo pra vocês voltarem sarados pra casa.

Mesmo debilitada, ela deu o maior sorriso e me deu as costas, mesmo não aguentando correr, ela tentou, e com muita dificuldade chegou perto de um menino de cabelos pretos que estava no colo de uma senhora. E o que eu ouvi, foi a coisa mais comovente que pode existir.

–Viu, mano. Eu disse que ela era boa. Ela vai curar você. Vamos poder voltar a brincar novamente. Você vai ficar bom.

Aquilo. Como uma menina que nem me conhecia me reconhecia mais que meus próprios colegas de trabalho?

–Você está bem?

Não tinha percebido, mas lágrimas estavam rolando no meu rosto, me viro rapidamente de costas pra eles. Eu sou uma médica, não posso ficar abalada assim. Mas confesso, que essa cena acabou comigo.

–Sim. É só, que… Não importa, Kakashi, você viu como eles estão. Eu preciso curá-los. Vamos.

Andamos até o hospital, e assim que chegamos já comecei dar as devidas ordens. Eles poderiam não gostar de mim, mas a partir de hoje teriam que me respeitar e obedecer. Não perderei ninguém. Farei de tudo por essas pessoas.

–Quero que troquem o lençol da cama 3, está vomitado. Shizune, cirurgia na sala 1. Sara, chame a sutura, tenho um corte aberto no leito 6. Você, Kakashi, fica de olho, se acontecer alguma coisa, manda me chamar no laboratório.

–O que você vai fazer lá?

—Preciso pesquisar essa doença. - digo mostrando uma amostra de sangue.

Ele acena positivamente pra mim e eu parto pro laboratório. Fazia tempo que eu não tinha uma pesquisa, estava começando a sentir falta disso. Kakashi me deu um presente. O hospital estava ficando monótono, já. Somente alguns feridos de pequenas missões, gripe, casos pequenos. Nada que me chamasse atenção, que me desafiasse. Mas dessa vez, era diferente. Poderia me sentir culpada, pois minha alegria vinha a custa de vários doentes, mas a real é que eu não tenho culpa. Esse é meu trabalho, eu curo os doentes, e se doentes não existirem eu não conseguirei mais exercer a minha profissão.

Analiso a amostra. Espero pelo resultado. Mas estava limpo.

—Não pode ser.

Volto pra onde os pacientes estavam, passo uma varredura com o olho em todos.

—A maioria estão vomitando. Tem febre, dor na barriga, mas sem diarreia. Olhos cansados pois não conseguem dormir. Dores no corpo e baixa imunidade.

Pensa. O que poderia ser? Me perco dentro da minha cabeça, faço uma busca pelos conteúdos de diversos livros que eu já gravei, e nada.

—Preciso de mais sangue. - penso – SHIZUNE!- grito

—Sim Sakura.

—Quero mais sangue. A primeira análise deu falha. Tira dois tubos de três pessoas diferentes.

—Pode deixar.

Volto pro laboratório, pego o relatório do sangue analisado e corro pro meu escritório. Lá deve ter algum livro que eu não esteja lembrando, no momento. Preciso de mais informações. Preciso de mais respostas.

O dia se passou assim. Entre os cuidados dos doentes, amostras de sangue e leituras de enciclopédias. Busquei no hospital de Suna e Névoa, alguns amigos meus têm privilégios, além de serem ótimos médicos, mas a questão é: nenhum me ajudou. Se não houver piora dos doentes, continuarei mais uns dias insistindo em causas naturais, mas se houver alguma mudança, terei que considerar o fator: jutsu.

***

“Quando foi que Sakura cresceu tanto?”

As vezes me pegava perguntando isso. Convivemos muito, saímos em várias missões, treinamos, e essa convivência, deve está atrapalhando minha percepção. Quando vi a atitude dela no hospital comandando a todos ao mesmo tempo que tentava desvendar o mistério dessa doença, me dei conta. Acho que estou ficando velho. Sakura cresceu. Ela está me dando até ordens, agora.

Admirei cada sucesso, ajudei em cada derrota, e superei ao lado dela cada desventura. Mas agora parece que ela não precisa mais de mim. Pelo menos não como antigamente. Lutamos lado a lado. Somos uma equipe como antes nunca fora. Pelo menos, eu sinto assim.

É interessante, quando Sakura recebe um quebra-cabeça ela precisa desvendar, mesmo que isso seja a última coisa do mundo que ela consiga fazer. Mas tenha certeza: ELA VAI DESVENDAR. Minha escolha de médica para liderar essa missão, foi a melhor que eu poderia ter. Shizune é ótima. Mas Sakura, é excelente. Ainda não entendo o motivo de seus colegas de trabalho não a aceitarem numa boa, ainda mais depois de todo treinamento árduo e tudo que ela fez pela vila durante a guerra. Enfim, tem pessoas que quando nascem pra ser pela saco, são pra sempre. Mas não vai demorar muito, se ela continuar desse jeito, logo, logo, essa rincha vai acabar. Afinal. Shizune vive pra Tsunade. O hospital ficaria as moscas se ela fosse liderar.

Observo os doentes ao meu redor, alguns melhores que outro. Parece uma gripe, isso aos meus olhos. Sou analítico, mas não médico. Com certeza isso é bem pior que uma simples gripe.

—Senhor… Me ajude, senhor. Minha barriga dói.

—Já vou chamar alguém, garoto. Se acalme, por favor.

Busco Sakura com os olhos e vejo ela com a cara pensativa, de quando ela está tentando juntar as pecinhas de tabuleiro. Com certeza a amostra que ela levou, de duas uma, ou não deu em nada, e ela voltou aqui pra poder fazer o contato visual com os doentes e um relatório mental da situação de cada um, ou, deu algum resultado positivo/negativo que ela veio constatar se bate com os doentes.

—SHIZUNE.

É… Acho que é a primeira opção. Não deu em nada. Ela precisa de mais amostras pra poder refazer os testes. Sua cara dedurou tudo no final. Senho franzido, mordida no lábio inferior, olhos fixos no alvo, voz imponente. Um combo de uma Sakura que está usando as ignições a todo o vapor pra ter um resultado positivo.

—AII. MINHA BARRIGA.

Lembro imediatamente do menino, pois o mesmo gritou no meu ouvido, e desvio meus olhos de Sakura por um milésimo de segundo, mas quando volto-me pro mesmo lugar que antes ela estava, já não havia mais nem mesmo um fio rosa.

“Ela é rápida.”

—Sara, ele sente muitas dores abdominais. Pode ver isso pra mim?

Pego pelo braço a primeira médica que vejo no caminho.

—Claro!

Vou em direção ao laboratório em busca de Sakura. Com certeza ela vai pensar que algo aconteceu, afinal, ela mesmo disse pra poder chamá-la se houvesse algo que eu visse. Ignoro isso e sigo. Não demoro a chegar lá, mas ela não se encontra. Resolvo esperar, afinal, sei que ela vai voltar pra cá.

“Doutora Sakura Haruno. Paciente n° 4”

—O que temos aqui? Huuum… Os resultados do sangue que ela analisou.

—Ei? O que faz aqui?

—Te procurando.

—Ta mexendo nas minhas coisas por que?- Disse fingindo reprovação

—Querendo saber como anda seus avanços.

—Que avanços? Estou na mesma, Kakashi. Já mandei até pra Suna e Névoa, mas eles não tem nenhuma resposta válida pra mim.

–Já procurou em todos os lugares?

–Já. O exame deu normal. Não tem doença. Não tem motivos pra estarem doentes.

—Hum. - Isso pode ser mal.

—É, eu sei. Já pensei nisso e já mandei um relatório pra Shizou. Mas se não houver piora entre essa semana vou continuar em busca de alguma coisa.

Isso pode ser fácil, fácil um jutsu. Mas sem certezas não podemos simplesmente abandonar a pesquisa descartando ser doença sem ter certeza que é um jutsu. Mas se for, termos um problema. Quem poderia ter lançado? Qual seria o jutsu? E como quebraríamos ele? E o melhor, por quê desse jutsu?

—Sabe, tenho que te agradecer, sensei.

—Ham?

Saio dos meus pensamentos e presto atenção na minha ex pupila.

—Fazia tempos que não me sentia tão bem assim. O hospital estava andando muito parado. Com essa questão em mãos vou ter bastante trabalho pra desvendar esse mistério.

—Não seja por isso. Não há pessoa mais capacitada pro papel, que você Sakura. Então, não há nada a agradecer.

Ela olha pra mim séria. ´Pela primeira vez em muito tempo, alguém me olha desse jeito. Não como sensei, não como amigo. Não como companheiro de time. Mas como HOMEM.

—Há sim.

Ela desvia o olhar levemente corada. Houve um minuto de silêncio, até que ela, como sempre volta a falar.

—Aquela menina de mais cedo, a que tem o irmão. Ela está certa que eu vou curar ele. E eu estou acreditando nisso também.

Ela olha pra mim novamente. Um olhar envergonhado e confiante. Lembro como se fosse hoje como esse olhar era difícil de se ver no rosto dessa menina. Mas agora, o que mais via nela era coragem, determinação, confiança.

–Se isso tudo for um jutsu, eu vou quebrá-lo. - ela da a volta na mesa, euforia – Eu não queria te contar, por que eu não acabei. Mas eu criei um jutsu medicinal.

DEFINITIVAMENTE. Ela tem o prazer de sempre me surpreender.

–Isso é muito bom, Sakura!

—Sim. Parecia que eu estava sentindo que você ia me dar essa missão. Por que com ele eu posso sentir qualquer jutsu medicinal que fora lançado em alguém ou lugar. Independente se for jutsu pra curar ou pra destruir a saúde. Mas até agora, sempre que consigo completar o jutsu estou com minhas reservas de chacras superbaixas, por que ainda não consegui aperfeiçoar a ponto de sair perfeito e com a medida de chacra certo. Então fico exausta, e sempre desmaio depois. Mas eu prometo que não vou parar de tentar. Se as causas naturais não derem as caras, eu vou tentar esse jutsu.

—Hum. Mas cuidado Sakura-chan. Não pode usar de sua reserva toda, pode ser perigoso pra você. Prometa que não fará isso sozinha.

Ela sorrir docemente pra mim e se aproxima diminuindo nossa distância pra menos de dois passos.

–Contando que você possa ser o meu acompanhante.

Ela disse serena. Com seus olhos verdes brilhantes, sua boca entre aberta no final da frase, chamando minha atenção tempo demais. A confiança dela em mim era enorme. E eu, confesso, gosto do que essa aproximação me traz.

–É só marcar a hora e o lugar.