"Ela é tudo para mim. O sonho não correspondido, uma canção que ninguém canta, o inalcançável."

POV Matteo

Quando Ámbar ligou-me dizendo que não poderia cantar comigo no Open por estar de castigo no colégio fiquei muito bravo, não era justo. Havia ensaiado muito para esta apresentação para no final não o fazê-lo. Não iria pagar pelos erros de Ámbar, isso era certo. Assim que a ligação fora encerrada fui à procura de alguém que pudesse me ajudar, teria que achar uma parceira rapidamente, pois, a música era para ser um dueto então não poderia cantar sozinho. Logo avistei minha prima. Flor, sim ela poderia me ajudar.

— Prima, preciso de você. — começo me pondo ao seu lado.

— Tá, claro, para quê?

— Quero que cante comigo no Open.

— E a Ámbar? — questiona.

— Tá de castigo. Tá lá no colégio. — respondi sem interesse. — Agora eu preciso de uma dupla, tá interessada?

— Sim, claro que eu tô interessada, mas, não posso. Eu me comprometi com os meninos para fazer o coro da banda. — explica ela. — Depois a gente se fala, eu tenho que me trocar pro Open.

Droga eu tinha que encontrar uma dupla e rápido. Logo o Open começaria e não me apresentar não seria uma opção. Se Flor não pôde me ajudar, talvez às amigas da Ámbar pudessem. As vi conversando animadamente em uma mesa na lanchonete, me aproximei para fazer a proposta.

— Meninas, eu preciso de ajuda. Alguma de vocês pode substituir a Ámbar no Open? — solto sem enrolação.

— Ai, alguma de nós? – diz Jazmín.

— É.

— Eu acho que não é uma boa ideia. — opina Delfi.

— Por que não? Quem mais seria? Vocês são melhores amigas. — argumento.

— Eu não posso, tenho que gravar o Fab and Chic. — Jazmín informa. Passei a dá atenção a outra, esperando por uma resposta.

— É, adoraria, mas eu... — a morena pensou um pouco, talvez estivesse procurando uma desculpa que logo encontrou. — Tenho que ajudar a Jazmín. — ela soltou o ar em alivio.

— É pelo site ou vocês tem medo que a Ámbar fique brava?

— Nem um pouco de medo, mas, eu acho que ela não vai gostar se souber que cantamos com você. Continua tentando, tchau. — ressalta, ao que se levantou puxando a ruiva junto.

Não podia ser possível que não encontraria uma dupla a tempo. O Open havia acabado de ter seu inicio, cheguei a cogitar na ideia de desistir, fora então que eu a vi sentada a uma mesa de distância da minha. Luna Valente era minha salvação. A observei por alguns segundos enquanto a mesma se divertia com a música que seu amiguinho cantava. Aproximei-me.

— Oi Menina Delivery. — comecei com a voz mansa. — Espero que se lembre de todas as vezes que eu te salvei. Porque hoje eu preciso que você me salve. Ámbar não vem então temos que cantar juntos.

— Quê? Você e eu?

— É. Não vai me deixar cantar sozinho, por favor, vamos cantar juntos. — pedi fixando meu olhar em seu rosto, porém, sua resposta não vinha. — E aí Luna cantamos juntos?

— Matteo, você não tá falando sério, né? Por que não canta com outra garota? Olha, tem muitas que cantam.

— Você nem foi minha primeira opção. — sorrio desdenhoso. — Eu procurei pelo Roller e ninguém quer cantar. É sério Luna, preciso da sua ajuda. Não esquece que você me deve alguns favores, hein. — aponto.

— Olha Matteo, se faz os favores para depois cobrar é melhor não fazer nada. — expressa mal humorada. — Canta sozinho.

— Não imaginava que você tinha pânico do palco. Calma vai dá tudo certo, você vai cantar com o melhor, além disso, todo mundo vai olhar apenas para mim.

— Então você não precisa de mim, né? Por que você não faz um solo, seria bem legal.

— Adoraria, mas, não posso, é um dueto.

— Um dueto, hum. Olha, a Ámbar deveria cantar com você. Eu não quero cantar.

— Ela tá de castigo, não tem outra opção. Você tem alguma ideia melhor? — inquiro impaciente.

— Tenho. Eu quero ver o show, mas, só se você ficar lá. — retruca apontando para a mesa onde antes me acomodara. — Porque aqui é o lugar da Nina. Tá reservado, sai! — me expulsou.

— Estou falando sério, eu preciso da sua ajuda. A música você conhece, é a daquele dia.

— É, eu escutei só uma vez. Eu não sei a letra.

— Bom, eu te passo meu tablet e você vai ver que aprende rapidinho.

— Ah rapidinho, você pensa que sou uma máquina ou o quê? Eu vou passar vergonha se eu cantar com você.

— Eu acho que tá com medo.

— Medo? Eu não tenho medo, só não quero ter problemas com ninguém. Me desculpa, mas, eu não vou cantar com você. — disse por fim.

— Valeu viu. — me virei indo embora.

Se Luna Valente era minha salvação, ela iria cantar comigo naquele palco hoje ou ao contrário não me chamaria Matteo Balsano.

[...]

— E chegou a hora da nossa última dupla. — ouvi o anuncio de Tamara ao público. — Com vocês Ámbar e Matteo. — subi sozinho o que causou estranhamento na mulher que perguntou:

— E a Ámbar?

— Ela não vem. — sussurro.

— É, desculpem. A Ámbar não pôde vim então o Matteo vai ter que cantar sozinho.

— Não, não, não, sozinho não. — neguei rapidamente com a mão.

— E com quem vai cantar?

— Vou cantar com a garota que se inscreveu de última hora pra substituir a Ámbar. A Luna. — apontei para ela, que olhava sem entender nada.

— Vamos Luna, sobe. — chamou a gerente.

— Não, mas, eu não me inscrevi. Eu não vou cantar.

— Cheguem a um acordo, cantam ou não?

— Não! — exclama Luna.

— Vai Menina Delivery, não vai me deixar na mão agora. Ela parece um pouco tímida, aplausos, por favor. — incentivei. Ela mesma contrariada levantou-se e subiu ao palco comigo, sorrindo amarelo para as pessoas que ali se encontravam.

— Obrigado por me acompanhar. Eu sei que é difícil recusar minha proposta. — digo cínico.

— O que você tá fazendo? — sussurrou a Valente ao meu lado. — Eu não queria cantar, eu não sei a letra.

— Problema resolvido. — puxei um papel do meu bolso com a letra da música, entregando-a. — Agora não pense em mais nada. Estamos só nós dois e a música.

Matteo: Somos complices los dos
Al menos se que huyo porque amo

Luna: Necesito distension
Estar asi despierto
Es un delirio de condenados

Matteo: Como un efecto residual

Luna: Yo siempre tomare el desvio

Matteo: Tus ojos nunca mentiran

Matteo e Luna: Pero ese ruido blanco
Es una alarma en mis oidos

No seas tan cruel
No busques mas pretextos
No seas tan cruel
No seas tan cruel
No busques mas pretextos
No seas tan cruel

Siempre seremos prófugos los dos

Assim que a música parou, Luna e eu nos encaramos, naquele momento me perdi em seus lindos olhos cor esmeralda, e um novo sentimento preencheu-me. Jamais havia me sentido desta forma antes. Era como se somente Luna e eu existíssemos naquela singela troca de olhares. Estava hipnotizado. Luna Valente nunca me pareceu tão bela e... intrigante. Tentar decifrá-la poderia ser minha ruína. Luna engoliu em seco e desviou o olhar parando em um ponto específico, suas sobrancelhas estavam franzidas parecia no acreditar no que via e nem eu mesmo acreditei. Ao seguir seu olhar deparei-me com uma cena que fizera meu queixo cair. Ámbar estava se beijando com... Simón?

POV Ámbar

Havia sido castigada, então só sairia do Blake assim que terminasse o resumo de um livro gigantesco, previ que não chegaria a tempo para minha apresentação no Open. Tudo por culpa da Luna, que me dedurou para o inspetor do colégio. Resolvi ligar para Matteo, para assim cancelar nossa apresentação, porém, ele se recusou desligando o telefone na minha cara. Às vezes Matteo me irritava, mas, confesso que entendo-o. Havíamos ensaiado muito para que nossa apresentação saísse perfeita, para no fim das contas não o fazê-lo.

A cada cinco minutos olhava para o relógio, até tentei fugir, embora o plano se tornara falho. O inspetor era linha dura dificilmente alguém conseguia lhe passar a perna. Algum tempo mais tarde terminei o maldito resumo. Sai do Blake as presas, com sorte chegaria a tempo para me apresentar com Matteo. Qual foi minha surpresa quando avistei o Balsano em cima do palco com Luna cantando nossa música. Senti meu sangue ferver, não era possível: Primeiro minha casa, depois minha pista, meu colégio, e agora meu namorado? O pior era ver a conexão que ambos tinham.

O que afinal havia dado no Matteo para me trair assim? E justo com a Luna? Mas, eu não o perdoarei nem que se ajoelhe aos meus pés e implore. Estava prestes a ir embora, pois, aquela cena me deixava enjoada, quando que para mostrar que meu dia podia ficar pior eu trombo com o idiota amigo da Luna. Simón.

— Você não olha por onde anda, não? Já é a segunda vez só essa semana que você tromba comigo. Está me seguindo? — lanço grosseira.

— Se você ainda não percebeu, todas as vezes que nos esbarramos foi você que trombou comigo.

— Até parece. — reviro os olhos jogando os cabelos para trás.

Simón nada disse, apenas olhou sobre mim dando atenção à apresentaçãozinha ridícula de Matteo e Luna. Seu olhar era enciumado. Virei-me a tempo de ver o final da apresentação e Matteo e Luna se olhavam...apaixonados? Não podia ser. Minha raiva voltou com força total. Se Matteo achava mesmo que podia me trair com aquela menina e ficar por isso mesmo estava completamente enganado. Sem pensar no meu próximo ato, puxei Simón pela nuca cobrindo seus lábios com os meus, num primeiro instante ele ficara estático. Movi meus lábios sobre os seus incentivando-o a iniciar o beijo logo ele cedeu. Suas mãos acariciavam meus cachos. Sentir-me segura em seus braços. O beijo era calmo e cheio de paixão. Estávamos totalmente entregues.

Desde quando eu me entregava assim tão facilmente a um simples beijo? Mas naquele instante quando eu grudei meus lábios ao dele algo se ascendeu em mim. Havia uma conexão entre nós, eu podia sentir isso não sei se ele sentia, mas eu sentia... Quando a falta de ar se fez presente nós nos separamos.

Simón. — minha voz saiu num murmurio ainda de olhos fechados.

— Eu posso saber o que está acontecendo aqui?