Imortal

Abstinence


Chegou cedo na manhã seguinte, queria saber logo com a diretora quem seria a pessoa que ela iria ajudar com os estudos. Correu para a sala da senhora com pressa, imaginava que a mulher já estaria lá. Bateu na porta e foi prontamente atendida

“Bom dia querida. Chegou cedo, huh? Venha, entre.” Marceline entrou na sala e sentou-se na cadeira em frente a mesa da diretora e olhou tudo em volta, como se procurasse uma resposta para o que queria “Imagino que esteja aqui para saber quem será o aluno que irá ajudar. O nome dele é Jake Kan. Pelo que vejo em minha lista, ele tem aulas de inglês, química e biologia com você. Ótimo, então já se conhecem.” A diretora abriu a gaveta de sua mesa e retirou um cartão com “free pass” escrito nele “Isto é para você. Pode usar para pegar qualquer livro na biblioteca para ajudar o garoto. É só apresentar o cartão ao entrar que você estará liberada.” Ela finalizou com um olhar sério na garota.

“É só isso?” Marcy guardou o cartão na bolsa e olhou fixamente para a diretora

“Faça com que ele dê o melhor que ele tem. Acredito em vocês. Boa sorte” Um sorriso singelo brotou no rosto da senhora, ela estava realmente feliz com aquilo.

A garota então saiu da sala, e foi em direção a sua primeira aula: Física. Uma das matérias que lhe tomou mais tempo em dominar. Entrou na sala e sentou-se no fundo. Estava feliz que não haveria de fazer dupla com ninguém. Sacou seu celular e percebeu uma mensagem não lida:

Bubblegum 9:03AM

Hey, já está na escola?

Pensou um pouco e resolveu responder

Marcy 9:05AM

Estou sim. Aula de física agora. E você?

Guardou o celular por uns 15 minutos com receio de ser pega pelo professor, mas sentiu que ele não havia parado de vibrar em seu bolso

Bubblegum 9:06AM

Acho que vou me atrasar, acordei agora lol

9:07AM

Mas já estou pegando um ônibus.

9:07AM

Ei, você disse que está como tutora no sistema de monitoria… Já sabe quem vai ajudar?

9:09AM

Acho que vou pedir para a diretora me colocar neste programa. Estou com problema em algumas matérias. Imagina, seria uma boa chance da gente se conhecer assim lmao

“Caramba, ela não para de falar.” Marceline riu consigo mesma. Decidiu não responder, pois queria prestar atenção no modo que o professor dava aula. Era incrível perceber como um mesmo assunto poderia ser explicado de diferentes formas mas tendo o mesmo objetivo.

Mas então subitamente a garota sentiu algo ruim em seu corpo. Estava inteiramente latejando, um frio subiu sua espinha e sua cabeça começou a doer. Ela já sabia o que era aquilo, mas não queria aceitar. Pensou em tentar ignorar, mas a abstinência veio muito forte. “Já fazem 4 meses que não me alimento devidamente… De longe meu record. Não consigo mais segurar, preciso de sangue.” falou em um tom bem baixo, apenas para ela escutar. Sentiu suas presas crescerem, então rapidamente se levantou e foi até o professor, tapando a boca ao falar “Professor, eu preciso ir ao banheiro” O senhor percebeu aquilo como se fosse uma vontade de vomitar normal, então a liberou para sair. Ela correu o mais rápido que pode até chegar ao banheiro. Se olhou no espelho e percebeu que estava com uma aparência horrível, sempre fora completamente pálida, porém seus olhos estavam ficando com olheiras escuras notáveis. Sentiu seu bolso vibrar e se xingou internamente por estar nesta situação

Bubblegum 9:28AM

Cheguei na escola agora. Droga, perdi a primeira aula.

Eu poderia beber seu sangue agora. Mas você me fez começar a me importar com você. Esse pensamento de Marceline só fez com que seu corpo latejasse ainda mais. “Eu preciso de uma presa. Mas preciso sair daqui.” A garota sabia que poderia ser liberada para ir para casa se estivesse se sentindo muito mal, então decidiu ir até a enfermaria. Esconder suas presas estava difícil, teve que andar de cabeça baixa o percurso inteiro. Ela só não contava com um empecilho: Lemon. Ele disse que haveria volta pelo pulso quebrado, mas não imaginou que seria tão rápido. Agora entendeu como ele passou tanto tempo na sala da diretora.

“Como eu mesmo não posso fazer toda a diversão, tive que chamar alguns amigos.” O rapaz parou bem na frente dela, a encarou com um sorriso maldoso no rosto e chamou os 5 rapazes atrás dela, todos enormes e fortes, imaginou que fizessem parte do time de futebol americano. Seis pessoas. É muito para desaparecer do nada.... Preciso de só um. Seu instinto animalesco queria se deixar levar e matar todos eles ali mesmo, mas sua esperteza falou mais alto, então ela se fingiu de assustada e entrou no joguinho do garoto

“Ci-cinco contra um é in-injusto!” Ela se afastou de Lemon, mas ele se aproximou novamente, deixando o rosto bem perto do dela

“Quem disse que me importo com justiça?” Ele acenou para um dos garotos ali, e então tudo que Marceline pôde ver, foram estrelas. O rapaz havia lhe acertado na cabeça com provavelmente alguma madeira ou metal que a fez desmaiar “Vamos lá pra fora. Aqui dentro vai dar merda.”

Quando Marceline abriu os olhos, se viu jogada na grama em um terreno um pouco distante da escola, mas ainda podia ver o prédio. Olhou em volta e os cinco garotos a encaravam, enquanto Lemon estava de costas para ela.

“O que pretende fazer?” Ela realmente tentou forçar um tom assustado na voz, porém ela estava mais sedenta por essa briga do que o garoto podia imaginar

“Você quebrou meu pulso. Isso não vai ficar barato. Achou mesmo que sairia ilesa depois disso?” Então ele começou a chutar a garota no chão, e os outros rapazes acompanharam. Ela fingiu se proteger, mas na verdade aquilo não lhe causava dor nenhuma. Manteu-se nesse teatrinho por um tempo, até não conseguir mais aguentar sua sede, então começou a rir alto, gargalhar. “Acho que ela ta ficando louca com a surra” Lemon riu de seu comentário e parou de bater nela. Mas como num flash, ela segurou o pé de um dos garotos e o derrubou no chão, então se levantou num pulo e socou o nariz de outro, deu um chute no estômago de mais um e só então eles perceberam que havia começado uma briga. Ela era rápida. Muito rápida. Desviou de todo e qualquer golpe que tentavam desferir nela, e derrubou todos eles no chão, deixando apenas Lemon em pé a sua frente. Ela sorriu em deboche, e não se importou de mostrar suas presas.

“Acho bom que tenha se divertido, porque será sua última vez.” Ela estalou os dedos e foi para cima dele, que com medo, caiu no chão e começou a se arrastar para longe dela “Não adianta correr.” O tom assustador em sua voz fez com que um arrepio subisse a espinha do garoto, ele não fazia ideia do que fazer ou sentir ou até mesmo pensar, o medo tomou conta dele e Marceline podia sentir o cheiro disso. Ela o puxou pela parte de trás da gola da camisa e o ergueu sem o mínimo esforço “Eu não vou te matar, mas vou te deixar muito, muito mal. Assim como farei com seus amiguinhos. Vou te deixar vivo para que esteja sempre com medo, assim como você faz com suas vítimas. E se ousar contar para alguém...” Ela lambeu o pescoço dele “Você vai conhecer o que é medo.” A garota falou ao ouvido do garoto, poucos segundos antes de rasgar o pescoço de Lemon. Se deliciou com o sangue e os gritos de agonia dele, e logo que ele desmaiou, ela o fez parar de sangrar para mantê-lo vivo. O jogou no chão sem nenhum cuidado, e foi em direção dos outros garotos. Quatro estavam desmaiados pela surra, então foi até o consciente e o ergueu pelo colarinho da camisa “Você pode até saber o que aconteceu aqui, pode até tentar contar para todo mundo, mas ninguém vai acreditar em você. E se você contar e a pessoa acreditar, eu irei atrás de você, e vou beber até a última gota do seu sangue de forma lenta e dolorosa.” Então ela o fez desmaiar com um soco no rosto e pegou um pouco do sangue de cada um dos cinco , deixando o suficiente para que eles apenas se mantivessem vivos.

Terminou seu banquete, suas presas voltaram ao tamanho de um humano normal, então viu que estava completamente suja, o vermelho impregnado em seu rosto, mãos e roupas. Não sabia como se sair dessa, não poderia entrar na escola dessa maneira, mas não poderia correr para casa. Ela se jogou no chão, estava completamente saciada, se sentia mais forte do que nunca, revitalizada. Foi então que teve uma ideia, uma ideia brilhante que faria com que esses garotos nunca mais a vissem novamente naquela escola. Limpou o rosto nas mãos dos rapazes, e enxugou as mãos nas roupas deles, deixando parecer que bateram nela até que sangrasse. Além de vampira, ela também era transmorfa. Se transformava em diferentes tipos de morcegos, e com uma dessas transformações sua saliva se tornava ácida. Cuspiu no pescoço dos garotos para que as marcas de seus dentes sumissem. Então correu para a escola, tentando forçar um choro e fingir dor por todo corpo. Quando começou a chegar perto da enfermaria, começou a mancar propositalmente e segurou o braço, tentando passar uma impressão de estar em um estado deplorável. A enfermeira viu aquilo e se assustou, logo pedindo por uma explicação

“Meu deus garota! O que aconteceu?!” A mulher a ajudou a caminhar até a maca no canto da sala

“Uns garotos me deram uma surra lá fora, eu tentei reagir e me defender, mas não foi suficiente. Só fez com que eles me batessem mais. Por sorte, uns rapazes mais velhos apareceram e me ajudaram.” Marceline lançou o melhor olhar de dor que conseguiu fingir, o que foi bastante convincente.

“Mas por que te bateram? Quem são essas pessoas? E quem te ajudou a escapar?” A moça já estava a começar a limpar o sangue no rosto da garota, que fechou os olhos fingindo dor

“Ontem um deles veio implicar comigo e acabei quebrando o pulso dele ao me defender. Hoje ele disse que seria sua vingança. Eu não sei quem foram os rapazes que me ajudaram, mas terei uma dívida eterna com eles, pois se não tivessem aparecido eu não duvido que os garotos me machucariam mais ainda.” A enfermeira terminou de limpar os machucados, e começou a fazer curativos no rosto e nos braços dela.

“Entendi… Você sabe quem são os garotos que te bateram?”

“Um deles eu sei. Ele é conhecido por Lemon aqui. Agora os outros, eu não faço a menor ideia de quem sejam.” Marcy apertou os dentes, estava difícil mentir tão intensamente sobre sua dor e arranjar fatos que pareçam verdadeiros e que façam com que eles sejam expulsos. “Mas eles estão todos desmaiados lá fora, os homens que vieram me ajudar realmente deram uma surra neles.”

“Certo. Quando eu acabar aqui, você vai lá falar com a diretora sobre isso.” A garota fez que sim com a cabeça, se sentiu aliviada por ter feito a enfermeira cair nessa. “Há mais algum lugar que esteja doendo?” Preciso fazer com que pareça que foi uma grande surra, mas eu não sei se consigo mentir mais sobre machucados... Então ela pensou mais um pouco e fingiu apenas sentir dor nas costas, mas disse a enfermeira que não era nada de mais e que passaria logo.

Foi então para a sala da diretora andando tranquilamente. Bateu na porta duas vezes e ouviu ser autorizada para entrar respirou fundo e planejou toda a conversa que teria ali.

“Com licença, diretora?” Marceline colocou a cabeça para dentro da sala, e entrou devagar, como se arrastasse seu corpo, logo chamando a atenção da diretora por isso

“Mas… O que aconteceu com você?!” E então a garota explicou toda a mentira baseada no ocorrido, fazendo com que a diretora caísse completamente em seu jogo. “Eu não acredito que esse garoto chegou a esse ponto… Chega a ser triste. Infelizmente terei de falar com os pais dele. Obrigada por me dizer e peço perdão pelo ocorrido.” A senhora falou em um tom triste “Se quiser, não precisa participar do programa de monitoria, querida. Você deve estar bem abalada depois disso…” e isso fez com que a garota pensasse. De primeira não gostou da ideia de ajudar alunos a estudarem, mas depois de pensar sobre isso, achou interessante, pois então teria uma desculpa para entrar na casa das pessoas e conhecer seus hábitos.

“Tudo bem, diretora. Eu vou participar sim do programa. Pensando por outro lado, não me parece tão ruim.” E sorriu, tentando parecer gentil.

“Obrigada por isso. A escola não está com fundos para contratar tutores suficientes para o número de alunos precisando. E quanto ao Louie Lemon, tomarei medidas rígidas. Ele estará restrito de entrar nesta escola. Para sempre.” Com um tom sério, a senhora não hesitou nas palavras. “E se não estiver se sentindo bem, você pode ir para casa.” Deu um pequeno sorriso para a garota

“Eu já estou melhor, a enfermeira fez todos os curativos necessários. Vou voltar para a aula.” Então se levantou e saiu. Voltou para a sala de aula com apenas 5 minutos faltando para a próxima. O professor foi até a mesa dela saber o que havia acontecido por tamanha demora, e então ela explicou tudo por cima, mas enfatizando que agora estava bem. O senhor gentil então sorriu para ela como quem dissesse que bom e voltou para sua mesa, logo liberando os alunos para a próxima aula.

Ao sair da sala, lembrou-se das mensagens de Bonnie e então resolveu respondê-las

Marcy 9:54AM

Desculpe não te responder antes, aconteceram muitas coisas nessa primeira aula haha

E sim, estou na monitoria. Porém a diretora já me direcionou para um aluno

Seria realmente uma oportunidade pra gente se conhecer, mas também existem outras maneiras, não é?

Não demorou muito para que sentisse seu celular vibrar como resposta “Essa garota não tem vida não?” um tom de riso foi tudo que conseguiu usar

Bubblegum 9:55AM

Altos exercícios pra resolver? Hah

Ah, verdade. Qual sua aula agora?

Quem sabe não damos sorte de ter alguma aula em comum ;)

“Ah não. Ela tá dando em cima de mim ou é impressão minha?” a garota comentou consigo mesma e riu desse pensamento. Guardou o celular e entrou na sala. Aula de Inglês. Sentou-se no fundo novamente. Queria arrancar todos aqueles curativos em seu corpo, mas achou melhor fazer isso em casa.

“E não é que realmente temos aulas juntas?” Ela ouviu um riso vindo de seu lado e arregalou os olhos ao ver Bonnibel “Sinceramente, como eu não te vi antes? Você estava invisível ou algo do tipo?” A rosada riu, mas nem imaginava que Marceline poderia sim ficar invisível. Marcy apenas sorriu, mas se manteve em silêncio e colocou o capuz da camiseta. “O que aconteceu pra estar com tantos curativos e roxos em você?” Agora o tom de voz foi mais preocupado

“Bem que você disse que o Lemon era encrenca.” Foi tudo que disse, mas foi o suficiente para a rosada entender. Se sentou na cadeira em frente à garota e virou-se para ela, observou a maior com um olhar sério, então tocou-lhe o rosto, como se estivesse analisando tudo. Marceline gelou com aquele toque e ficou estática, sentiu seu estômago revirar, e então afastou o contato segurando a mão da garota “Dói. Melhor não tocar.” Mas na verdade ela só queria evitar se aproximar de mais. Mas Bonnie não estava colaborando muito com isso, quando tudo que ela queria era estar bem próxima da maior

“Desculpe… Mas, posso perguntar como ele te pegou? Tipo, você estava na aula!” a rosada observou os machucados nos braços com preocupação notável. Era estranha toda essa preocupação para Marceline, as duas mal se conheciam e Bonnie já estava assim.

“Eu saí para ir ao banheiro e ele me encontrou no caminho.” A maior tentava a qualquer custo cortar essa conversa. Apesar de ter se divertido acabando com aqueles garotos, essa não era sua parte favorita de si mesma. Na verdade ela não gostava de fazer isso, por esse motivo que tentava ficar o máximo de tempo possível sem beber sangue. Não achava justo tirar outras vidas para manter a sua, mas quando entrava em abstinência, ela não conseguia se controlar. Aprendeu com o tempo a não matar, pegar apenas o suficiente para ficar bem, e hoje, ela passou do limite. Não precisava da metade do sangue de seis garotos. Mas não conseguiu se conter. E não gosta de se lembrar disso. Bonnibel percebeu que a maior estava tentando evitar a conversa, então apenas se virou para frente, esperando a aula começar.

~*~

Durante seu horário de almoço, Marceline tentou procurar Jake, mas a escola era grande de mais, o que só fez as coisas mais difíceis. Depois de 15 minutos procurando, desistiu e sentou-se para comer. Não demorou muito até ser surpreendida

“Marceline?” Jake a chamou enquanto se aproximava dela.

“Conhece aquele ditado de que quando paramos de procurar é que achamos? Te procurei o almoço inteiro!” Os dois riram. O loiro puxou a cadeira ao lado da garota e sentou

“Então você vai ser minha tutora? Que legal cara! Depois daquela aula de química eu super te acho um Einstein!” Ele apoiou a mão no ombro dela, mas logo tirou, percebendo os curativos e roxos nela “Você tá bem?”

“Eu tô sim. Não se preocupe com isso” Ela largou seu prato pela metade “Mas então, quando começamos?” e o encarou por um tempo.

“Bom. Hoje é quinta. Tenho algumas provas depois da semana que vem. O que acha de começar segunda?” Ele passou a mão na nuca, ficou nervoso com essa encarada, mas riu para disfarçar.

“Beleza. Aí como vamos fazer? Vou na sua casa depois da aula?”

“É, pode ser. Então… Te vejo depois?” Ele ja ia se levantando

“Claro. Até depois.” Ela acenou com a cabeça e então perderam contato visual. Marceline voltou a comer seu almoço tranquilamente, até algo embrulhar seu estômago. Viu Lemon passar pelo refeitório junto com os cinco garotos enormes. Estavam acompanhados pela diretora. A garota tentou desviar o olhar e abaixar o rosto, mas eles estavam vindo na direção dela. Seu coração começou a bater mais rápido em agonia, ela não sabia o que fazer. Não sabia se correr seria uma boa ideia. Então ficou ali parada, encarando seu prato de comida.

“Marceline Abadeer, vim aqui lhe pedir perdão pelos meus atos, e espero que você aceite. Nunca mais cruzarei seu caminho nesta escola, mas se eu a vir na rua, a tratarei com respeito como uma pessoa normal.” Lemon disse com uma voz robótica, sem expressões, mas a garota conseguia farejar o medo. E então os outros garotos disseram o mesmo que ele.

“Muito obrigado rapazes. Agora vocês estão convidados a se retirar deste estabelecimento escolar.” As palavras da diretora foram duras, e a garota pode ver que os pais dos seis rapazes estavam atrás dela.

“Sim senhora.” Todos eles proferiram em unissono e se retiraram do local.

“Nós sentimos muito pela falta de educação de nosso filho. Espero que fique tudo bem com você, garota.” A mãe de Lemon disse à Marceline, e a garota pode sentir a mulher controlar a raiva de seu filho.

“O-obrigada…” Não soube muito bem o que fazer, então falou pouco e logo ficou em silêncio. E então ficou só novamente.

~*~

Chegou em casa e foi para o banheiro tomar um banho. Colocou-se a pensar, refletir sobre seu dia enquanto arrancava os curativos de seu corpo. Ao sair, se jogou em sua cama e pegou seu baixo em formato de machado duplo, dedilhando algumas notas, alguns acordes, e quando percebeu já estava compondo. Compor músicas é uma -se não for a- de suas coisas favoritas. O som do baixo a acalmava, a levava para outro lugar, a fazia se sentir leve apesar das notas graves. Por um instante se esqueceu das atrocidades que já fez ao longo da sua vida. Por um instante… Mas ao cair na realidade, se sentiu péssima novamente. Nem mesmo flutuar a faria se sentir mais leve.

“Eu vi isso, filhinha.” Aquela voz que ela bem conhecia ecoou em sua mente. No mesmo instante ela se pôs a chorar. “Ah, não precisa chorar. Você deveria fazer isso mais vezes. É bom não é?” Ela começou a bater na própria cabeça, pois odiava quando seu pai fazia isso. Por ser vampira de sangue puro, sua ligação psíquica com seu pai era forte. A qualquer momento ele poderia falar em sua mente, mas ele estava ocupado de mais matando pessoas ao redor do mundo. Ela chorou, chorou até dormir. Ela adorava ser imortal, adorava acompanhar a humanidade. Mas a machucava ter que se alimentar deles para viver junto com eles. Ela não era como seu pai, ela não gostava de matar.