The Return of the King of Gondor

— Eu te odeio com todas as minhas forças, Elrohir. — Reclamava o gêmeo mais velho. Estavam quase chegando a Minas Tirith, e teriam sorte se pudessem alcançar o exército de Rohirrim e Gondorianos antes que avançassem mais para o Leste. Os Guardiões vieram com eles, claro, pois ansiavam juntar-se a seu senhor e chefe. — Por que exatamente eu aceitei vir nessa enrascada com você?

— Por que Estel é nosso irmão. — Elrohir tinha um sorriso estúpido no rosto. — E nosso melhor amigo.

— Que grande amigo... — Elladan disse baixo, baixo demais para qualquer um ouvir. E então pensou: "Pior melhor amigo do mundo".

Ele ainda não conseguia acreditar que Estel tivesse engravidado sua irmã. Quer dizer: O que ele tinha na cabeça? Arwen era sua garotinha, sua irmãzinha. Ele a vira nascer e crescer, e agora... Ela teria um filho? Era estranho para ele imaginar que ela tivesse finalmente se tornado adulta, embora já devesse saber disso há alguns milênios. Na verdade, não sabia porque estava tão surpreso. Se Arwen e Estel se casassem, eventualmente teriam filhos, ora!

— Elladan! — Seu irmão o sacudiu e apontou para a grande torre branca que se estendia imponente à frente deles. — Minas Tirith.

— Eu não sou cego. — Disse com mau humor, que herdara do pai.

— Ignorante. Saiba que contarei à Naneth, todos os maus tratos seus para comigo, quando a encontrarmos em Valinor.

— Pois diga. — Desafiou o gêmeo mais velho. — E direi a ela também que você e Daeron contrabandeavam bebidas para Valfenda. E que você, meu nobre irmão, é o maior beberrão da terra média.

— Crianças? — Daeron chamou a atenção dos três. — Chegamos bem na hora. Os soldados estão participando.

A companhia se adiantou, atravessando os campos de Pelennor e postando-se diante do castelo branco. Aragorn, Legolas e Gimli vinham logo à frente. Com eles, os pequenos, Merry e Pippin, Éomer, segundo marechal da terra dos cavaleiros, agora coroado rei de Rohan.

Mae govannen, Mellonin! [Bom ver vocês, meus amigos]. — Aragorn os saudou.

Le suilannon, Aragorn. [ Eu o saúdo, Aragorn ] — Elladan respondeu.

— Pretendem juntar-se a nós?

— Certamente. — Elrohir disse com entusiasmo. Ele nunca desperdiçava a chance de matar orcs.

— Qual é o plano? — Elladan foi direto. Estava com vontade de encher-lhe de pescotapas, mas não o faria. Até porque precisavam dele vivo para ser o rei de Gondor.

— Frodo e Sam foram para a Montanha da Perdição. Estão próximos, e o olho de Sauron busca pelo Anel. Pensei em distraí-lo.

O portão negro estava fechado e eles dicaram parados diante da imponente fortaleza. Mordor era um caldeirão de montanhas, fechado por um alto e espesso muro. Haviam algumas passagens, claro, mas todas quase sempre vigiadas. Ninguém jamais se atrevia a entrar. Aragorn o fez uma vez, e foi um trabalho difícil demais para sair, mas agora lá estava novamente, diante do portão negro, gritando por Sauron.

— Sauron! Acabou! Venha e nos enfrente!

— A gente vai simplesmente bater na porta do senhor do escuro e perguntar se ele quer comprar umas lembas?

Daeron achou aquilo suspeito. Legolas ergueu os ombros para ele. Às vezes Aragorn parecia mostrar alguns sinais de insanidade. Mas após seus gritos e insultos direcionados ao senhor sombrio, o portão começou a mover-se e um único e repugnante orc deixou a fortaleza.

— Sauron lhes dá boas vindas, fieis servidores.

— Não queremos suas boas vindas. — Retrucou Aragorn. — Queremos sua cabeça.

A coisa grasnou e berrou e falou mais besteiras sobre a sombra cobrir o mundo e que Sauron lhes dava a oportunidade de se renderem e unirem-se a ele. Então Elladan o acertou de cima do cavalo com uma flecha no meio da garganta. O Orc pendeu para trás e caiu morto. Aragorn voltava para junto dos demais, quando o portão se abriu e o exército de Mordor foi liberado. Um enorme exército de Orcs, muito mais numeroso que eles, de modo que os circundaram e a pequena porção de terra entre eles, formavam um anel a seu redor.

— Eu disse que ele não gostava de lembas. — Murmurou Daeron.

— Cale a boca e morra feito homem. — Retrucou Elladan.

— Não somos homens.

Ele revirou os olhos e deu uma cotovelada no primo.

— Jamais pensei que fosse morrer lutando ao lado de um elfo. — Disse Gimli apertando o cabo do machado.

Legolas olhou para ele e sorriu.

— E quanto ao lado de um amigo?

— Ah, é. — Disse o anão. — Acho que posso fazer isso.

Os soldados se prepararam para Atacar. Aragorn estava à frente deles, e sua postura era a de um rei, apesar de Daeron dizer aos primos que ele estava parecendo-se com os mendigos de Dale. Mas enfim, eles deveriam ignorar os comentários toscos dele por enquanto.

— Estai firmes! Estai firmes! Filhos de Gondor! de Rohan! Meus irmãos! Vejo em vossos olhos o mesmo medo que me quer tomar o coração. Um dia pode vir em que a coragem dos homens falha, em que abandonamos amigos e rompemos todos os laços de irmandade. Mas não é este dia! Uma hora de lobos e escudos partidos, quando a Era dos Homens com fragor se esboroa. Mas não é este dia! Neste dia, lutamos! Por tudo o que caro vos é sobre esta boa terra, eu vos conjuro: resisti, Homens do Oeste! — Um brado de guerra se ouviu entre os guerreiros. Aragorn ergueu a espada e os convocou à batalha: — Por Frodo!

Eles gritaram mais uma vez e avançaram. Daeron gargalhou alto e olhou para os cavaleiros Rohirrim que estavam com ele.

— Que diabo é Frodo?! — Balançou a cabeça, deu de ombros e também ergueu sua própria espada. — Por Frodo! Seja lá quem for!

A batalha se estendeu por não muito tempo e eles se viam acossados pelos inimigos, que estavam em maior número e os circundavam. Para cada orc que abatiam mais cem apareciam para vingá-lo. Ao final, começaram a pensar seriamente se aquela havia sido uma boa idéia. Os inimigos avançavam, prendendo-os dentro do círculo, como paredes prestes a esmagá-los. Mas então ouviu-se uma exploração e um clamor, vindo de Barad Dur, as criaturas recuaram, fugindo em direção de Mordor, onde agora Orodruin lançava grandes línguas de fogo para cima. A terra estremeceu por debaixo deles e os orcs foram soterrados, Barad Dur afundou com eles na escuridão da terra e Mordor era agora inundada por um rio de Lava.

— Acabou... — Sussurrou Aragorn, sem nem mesmo acreditar que aquilo era verdade.

Sauron fora destruído. E o reino dos homens prevaleceu.

Minas Tirith recebeu com honrarias os heróis da Terra Média. Frodo e Sam já estavam lá quando chegaram, assaltando a dispensa de Denethor, e fofocando sobre um possível romance entre Faramir e Éowyn. Éomer fez uma careta quando os ouviu falar a respeito, Legolas apenas riu, mas Pippin, Merry e Gimli se juntaram aos pequenos e trancaram a dispensa.

— Que deselegante! — Resmungou Legolas.

— Enfim... Agora que o inferno já passou, podemos voltar para casa? — Elladan olhou impaciente para o irmão, que parecia distraído demais encarando qualquer coisa do outro lado do pátio do castelo. Era uma mulher de longos cabelos loiros. Ela sorriu de volta para ele, mas parecia incomodada com a intensidade com a qual o elfo a encarava. — Elrohir!

Deu-lhe um pescotapa.

— Ai!!! Peste! O que eu fiz?!

— Como se já não bastasse Arwen, agora você também?

No dia seguinte, gente de todos os lugares surgiu para celebrar a derrota de Sauron e saudar o novo rei de Gondor. A coroação seria à tarde, então teriam tempo suficiente para dormir até o meio dia. Bom, ao menos Daeron parecia disposto a cumprir essa meta.

— Juro que nunca vi um elfo dormir tanto na vida. — Disse Elladan, cutucando o primo, que sequer se moveu.

— Provavelmente porque você nunca se ouviu roncar. — Zombou Elrohir, encarando o pátio através da janela. Tornou sua atenção ao irmão e suspirou— Então... Acho que é quase hora de irmos, não é?

— A gente não tem que ter pressa. Sauron foi derrotado. E eu quero ter certeza de que Arwen e Estel ficarão bem.

Eles olharam novamente pela janela e viram que Mithrandir havia finalmente chegado de... sabe-se lá onde.

— Está na hora. — Disse Elrohir. — Bem, teremos que acordar o Daeron.

— Sem problemas.

Elladan pegou um balde de água de algum lugar no corredor e o jogou em cima do primo, que acordou imediatamente.

— Ah, mas... O que aconteceu? Vocês são loucos!

— Que isso, apenas adiantamos as coisas pra você. Já está de banho tomado. — Riu Elladan, e então precisou desviar-se de algum objeto que o primo jogou em sua direção. — Temos que ir logo, a coroação já vai começar.

Como toda aquela gente coube em Minas Tirith, certamente ninguém saberia dizer, mas sim, haviam homens, e anões, e elfos e gente de toda sorte vindos de todos os lados para dar as boas vindas à nova era, a era dos homens. Os gêmeos estavam com Legolas próximos da porta do castelo - pois de acordo com eles, era o lugar de onde poderiam ver tudo -, atrás de Gandalf, que segurava uma grande coroa prateada. A coroa de Gondor e Arnor, dos reis descendentes de Númenor. Aragorn - que finalmente havia penteado aquele cabelo -, estava diante dele, e foi então coroado rei, sob aplausos e gritos de todos os presentes.

Eles viram Aragorn afastar-se, cumprimentando os demais, a sua volta. Legolas foi ao encontro dele e o abraçou, com um sorriso alegre.

Hannon le, Mellonin! [ Obrigado, meu amigo ]. — Disse Aragorn.

— Estou feliz por você meu amigo. — Respondeu o Elfo. — Não faz muito tempo que você tinha dois anos.

— Por Eru, Legolas... — Ele riu. Abriu a boca para dizer-lhe mais alguma coisa, mas sua atenção foi capturada por alguém que vinha atrás do elfo.

Então viram Arwen em meio à multidão, com Elrond e Círdan, o armador ao lado dele. Como haviam chegado alí tão rápido, ninguém sabia. Mas Aragon parecia surpreso e feliz em vê-los. Mas especificamente, seus olhos estavam fixos em Arwen, de modo que até mesmo esqueceu-se da existência de Legolas. Ela trazia consigo o estandarte de Gondor, no qual trabalhara por algum tempo com as tecelãs de Valfenda, e praticamente escondia-se atrás dele.

Aragorn tirou a bandeira de sua mão e entregou a um desavisado para que segurasse, então aproximou-se um pouco mais. Arwen tentou baixar o rosto em uma reverência, mas ele levantou seu queixo, impedindo-a. Ficou algum tempo a olhando, como se ainda não acreditasse que ela estava alí.

— Ah, ele não vai... — Elladan cutucou o irmão, que parecia emocionado demais com a cena.

— Ele vai sim. — Riu o gêmeo mais novo.

Então Aragorn capturou os lábios da elfa com os seus em um beijo urgente e cheio de paixão.

Abraçou-a e a girou no ar, como se fossem um jovem casal apaixonado.

Elrond não pôde evitar um sorriso ao vê-los finalmente juntos e felizes após tanto tempo, ele quase sentiu-se culpado por ter tentado afastá-los. Então, aquele deveria ser o destino, e ele não mais lutaria contra isso, embora grande fosse a tristeza de seu coração ao pensar nos anos que viriam a seguir.

A multidão dispersou-se após o encerramento da cerimônia de coroação, mas as comemorações entre Aragorn e seus companheiros ainda não haviam se findado. Bem, Legolas precisou viajar de volta a Mirkwood, pois estava ansioso para rever seu pai e seu povo. Ou ao menos era o que ele dizia. Daeron iria com ele, claro, se estivesse suficientemente sóbrio para cavalgar após ter bebido até cair ( E aquilo não era uma tarefa fácil para um elfo ) com Gimli, Peregrin e Meriadoc, que - dizia ele -, mostraram-se oponentes decentes em seu jogo de bebida.