The battles of the Eldar

O dia amanhecia quando o clarim anunciou a chegada de cavaleiros. Haldir e um contingente se elfos vinham de Lothlórien, encontrar-se com o senhor e a senhora dos Galadhrim. Lórien estava sob ataque.

— Está na hora. — Anunciou Celeborn, então olhou para sua esposa, e segurou gentilmente as mãos dela. — Irei para a batalha, mas você deve ficar, minha senhora. Um de nós precisa viver para guiar nosso povo para o Oeste.

— Não mesmo, meu senhor. — Galadriel protestou para o marido. — Nós dois os guiaremos. E se você cair na batalha, cairei ao seu lado.

Elrond chegou quase no meio da discussão, ergueu as sobrancelhas e depois as franziu, então soltou um pigarro que chamou-lhes a atenção.

— Ahn… Interrompo?

— Interrompe sim. — Reclamou Celeborn, mas Galadriel lhe deu um soco no ombro para que ficasse quieto.

De qualquer forma, Elrond sempre ignorava qualquer coisa que ele dizia. Se não fosse assim, jamais teria se casado com Celebrían.

— Bem, para minha própria infelicidade todos os guardas de Valfenda viajaram antes do início deste ano. Mas Thranduil agora marcha com os elfos da floresta para Caras Galadhon. Eles conseguiram com muito custo afastar os orcs de seu território. Disse a ele que vocês estavam a caminho.

— Isso é uma boa notícia. — Observou Celeborn.

Antes do meio dia eles atravessaram o portão Leste para fora do Vau. Elladan ficaria responsável na ausência do pai, mas aquilo não o deixava mais feliz. Na verdade gostaria de ter ido com eles. Só a menção dos orcs fez com que ansiasse estar na batalha, mas Elrond o proibiu a ele e a seu irmão.

— Não seja impaciente para morrer. — Ralhou o elfo mais velho. Então apoiou a mão sobre o ombro do filho e disse um pouco mais baixo: — Precisa ficar e proteger seus irmãos.

Ele concordou a contragosto, então voltou para casa quando seu pai e seus avós partiram. Elrohir estava com Arwen no jardim, há um tempo, tentando desenhá-la em algo que Bilbo chamava de “SketchBook”.

— Fique parada. — Ele pediu pela milésima vez.

— Estou parada, Elrohir. — Arwen retrucou para o irmão mais velho. Estava sentada sobre um dos bancos de pedra, próxima ao canteiro de eleanors, com as pernas cruzadas sobre os calcanhares. — Estou parada há umas três horas, minhas pernas estão começando a doer. O que você quer, que eu deixe de respirar?

— Se não for pedir muito. — Ele riu e tornou a rabiscar no caderno, então a olhou novamente, agora com o rosto franzido. — Ah, e tente sorrir. Você está parecendo o pai.

Arwen o olhou como se quisesse matá-lo, mas mesmo assim forçou um sorriso. Biombo apareceu depois de alguns segundos, olhou para ela e depois para o caderno nas mãos do elfo.

— Ainda não terminou? — Então exibiu seu próprio desenho, e disse já ter terminado há pelo menos uma hora e meia.

— Mas… Como? —Elrohir ficou surpreso e ao mesmo tempo envergonhado. Quer dizer, ele estava se esforçando alí por tempo demais. — Mas eu… É que ela ficou se mexendo e…

— Sem desculpas, Elrohir. — Arwen zombou do irmão. — Agora, você pode simplesmente copiar o retrato do Bilbo e me deixar descansar as pernas.

— Isso é algum complô! — Resmungou ele.

— Certamente. — Ela riu. — Ou Bilbo foi muito mais rápido que você.

Os três olharam para Elladan, que parecia pensativo demais para prestar atenção naquela conversa, e tinha o olhar voltado para além da colina, silencioso e distraído demais para ouví-los. Elrohir pensou em falar com o irmão, mas antes que pudesse, avistaram um cavaleiro a vir pela floresta. Era Daeron, seu primo, que agora residia em Trevamata, após casar-se com uma das elfas do reino de Thranduil. Ele parecia ferido. Os gêmeos se entreolharam e correram em seu auxílio. arwen e Bilbo vieram logo após eles.

— Daeron! — Elladan ajudou-o a descer do cavalo. — Manen nat Daeron [O que aconteceu, Daeron]?

— Nanye mára a [Eu estou bem]. — Ele se forçou a ficar de pé. Seu corpo estava com ferimentos profundos, mas não pareciam mortais. — T-temos que sair daqui.

— O que? Por que? — Elrohir se preocupou.

— Calion… Se uniu ao inimigo… Deu nossa localização ao Senhor do Escuro. — Ele ofegou. — Lutei com ele em Mirkwood e o persegui até aqui. — Mas ele está com um grupo de orcs. Uma centena, eu acho, e sabe que estamos desguarnecidos. Eles me matariam se não fossem os guardiões.

Elladan franziu o rosto.

— E os guardiões?

— Estão na colina leste. Eles os atrasaram para que eu viesse avisá-los.

O temor se abateu sobre os filhos de Elrond. E sobre Bilbo, embora o Hobbit pudesse ficar grato por um pouco de adrenalina. Elladan concordou com o primo, suspirou pesadamente e depois voltou-se para os irmãos.

— Arwen, precisa sair daqui.

— Eu não vou deixar vocês! — Ela protestou.

— Sim, você vai. — Elladan disse em um tom autoritário, dando alguns passos em sua direção. — Faça o que eu digo, ao menos uma vez na vida.

— Mas… Certo. — Ainda estava relutante, mas obedeceria.

— Bilbo irá com você. Leve a sua espada. Vai precisar dela.

Arwen concordou e o abraçou, puxando Elrohir também para o abraço.

— Vamos, minha senhora. — Bilbo agarrou sua mão e a afastou na direção oposta à ponte.

Mas ouviram uma agitação que vinha do lado norte da cidade. Os orcs haviam chegado, invadindo pela passagem das montanhas. Eles voltaram para a direção onde Elladan e elrohir estavam, e estes já batalhavam com mais invasores vindos do leste.

— Estamos cercados. — Ela murmurou para Bilbo, que desembainhou uma pequena espada semelhante a que ele dera a frodo.

— Já matei orcs antes. Posso matar agora.

— Tenho certeza de que pode. — Mas ela o arrastou para dentro da casa de seu pai, subindo até seu quarto, pegou sua espada e depois seguiram para a armaria. Era um dos cômodos mais bem protegidos da casa, embora ainda se pudesse ver a entrada do vale de lá. Pegou um dos arcos que ficavam alí para caso fossem necessários e mirou na direção onde seus irmãos pelejavam com os orcs. — Sabe usar um desses?

Bilbo olhou ao redor. O arco que ela usava era quase a altura de seu corpo, e era o menor dentre os demais.

— Eu seria mais útil lá embaixo. — Reclamou o hobbit.

— Sei disso, mas eles são muitos e eu detestaria que você morresse. — Acertou o olho de um orc que se preparava para matar Elrohir. O elfo a olhou surpreso, mas agradecido. — Estamos seguros aqui.

Continuou disparando em direção à entrada do vale, onde Elladan lutava com fúria, decepando as cabeças dos orcs e os jogando rio abaixo.

— Calion! — Ele berrou. — Apareça, seu desgraçado, filho de uma meretriz! — Matou mais meia dúzia de orcs e continuou gritando. — Covarde! Traidor! Maldito seja!

— Ora, assim você me ofende.

O elfo de cabelos loiros surgiu por entre a multidão de orcs. Seu olhar era negro e profundo. Elladan não esperou que ele dissesse mais nada, atacou-o com avidez, jogando todo seu ódio contra ele. Elrohir queria poder ajudá-lo, mas assim com Daeron, estava ocupado tentando não ser morto pelo exercito de orcs. Daeron, pior ainda que ele. Estava ferido, e pelejava por sua sobrevivência, tentando proteger o portão principal da casa de Elrond. Arwen o ajudava de cima da janela, atingindo com flechas certeiras os inimigos, mas ainda não sabia por quanto tempo resistiriam e se sua munição duraria muito mais.

— Más notícias, senhora. — Disse Bilbo. — As flechas acabaram.

— Maldição! — Bufou a elfa, tentando não entrar em pânico. Um ruído estrondoso na porta os fez saltarem e susto. — Bilbo… — Ele a olhou. — Temos que sair daqui. Vamos usar a janela.

Olharam para baixo. Era uma queda e tanta, mas ainda assim, aquela era a única alternativa a morrerem nas mãos dos orcs, ou pior. Os golpes na porta tornaram-se cada vez mais agressivos e constantes. Arwen segurou a mão de Bilbo e o ajudou a descer até um sobrado que vinha do telhado do andar inferior. Dali poderiam escalar até a parte leste da casa e escapar pelas rochas da cachoeira. Preparou-se para saltar também, mas uma mão forte a agarrou e a puxou para trás, jogando-a no chão.

— Onde pensa que vai, mocinha? — A risada áspera do orc encheu a sala. — Deveria ter se mandado com o restante de vocês. Agora… — Ele ergueu uma espada larga e preparou-se para atingi-la com um golpe mortal — Irá morrer com todos os outros.

Arwen tateou o chão e sentiu-se aliviada quando suas mãos encontraram Hadhafang, não muito longe de seu corpo. Pegou sua espada e a colocou entre seu rosto e a lâmina que foi detida por ela. Levantou-se depressa e apontou a espada na direção da vil criatura. Hadhafang emitia um brilho pálido como qualquer espada élfica, mas aquilo não intimidou seu agressor.

— Bonzak! — Outra voz grave e grotesca chamou sua atenção. — O chefe quer a elfa viva.

O orc bufou para ela e tentou aproximar-se, mas era constantemente afastado pela lâmina da espada.

— Arwen! — A voz de Calion, filho de Caranthir, soou imponente do lado de fora e ela se apressou na direção da janela, apenas para ter o desprazer de ver seus irmãos e seu primo capturados. Os orcs os agarraram pelos cabelos e os empurraram na direção da cascata, com cimitarras próximas aos seus pescoços. A vida de seus irmãos está diante de você. Desça agora e os poupare.

— Não pode acreditar no que ele diz! — Bradou Elrohir. — É um mentiroso.

— E você parece particularmente desinteressado em viver. — Ele levantou a voz novamente para que a elfa o pudesse ouvir. E um sorriso perverso surgiu em seus lábios. — Sei que você os ama, por isso lhe dou a oportunidade de salvá-los. Vejamos… Qual deles eu devo matar primeiro? O gêmeo esquentadinho? — Apontou com a espada para Elladan, mas afastou-se e depois fez o mesmo com Elrohir. — Ou o gêmeo idiota? — Depois olhou para Daeron. — Ou o primo inconveniente? Talvez eu deva matar a todos de uma vez.

Levantou a mão para dar sinal aos orcs.

— Espere! — Arwen gritou de onde estava e ele a olhou com satisfação. — Eu vou descer. Não os machuque.

— Boa menina.

Os orcs abriram espaço enquanto fazia o caminho de volta para a ponte. Suas mãos estavam trêmulas e ela forçava o corpo para não desabar, mas ficou diante dele em alguns instantes. Calion deu sinal para que os orcs a separassem de sua espada, então aproximou-se dela com um sorriso nos lábios.

— Ah, eu senti a sua falta. — O corpo da elfa estremeceu ao ouví-lo, agora tão próximo.

— Liberte-os. — Ela disse com seriedade, olhando para seus irmãos e seu primo.

Calion gargalhou.

— Você não dá ordens. Eu dou. — Então a agarrou pelos dois braços, puxando-a consigo na direção de onde viera, olhou para os orcs por cima dos ombros e ordenou: — Matem-nos.

As criaturas gargalharam com satisfação e se prepararam para matar Daeron primeiro, como se estivessem em um macabro ritual.

— Não! — Arwen tentou correr na direção deles, mas os braços de Calion a envolveram, mantendo-a onde estava. — Calio, você prometeu poupá-los! — Protestou entre lágrimas. Ela o golpeou com tapas no rosto e no peito, mas ele agarrou seus pulsos.

— Eu menti. — Rei, parecendo deliciar-se em ver seus inimigos de infância subjugados, como ovelhas prontas para o abate.

Os orcs ergueram as cimitarras e estavam prontos para cumprir a sentença de seu aliado, quando um clarim chamou-lhes a atenção. Eles olharam espantados na direção da floresta e ouviram o som de cascos de cavalos.

— Os guardiões… — Resmungou Calion.— Matem eles! Matem a todos!

Aproveitando-se da distração, Elrohir tomou a Cimitarra de um dos orcs que o prendia e cortou-lhe a cabeça, fazendo omesmo com o orc que segurava Daeron. Uma flecha atravessou o coração do outro, que desesperado com a fuga dos elfos, tentou jogar Elladan do penhasco. Eles olharam ao redor, mas Calion havia desaparecido, assim como sua irmã.

— Fiquem com os guardiões! — Disse Elladan, vasculhando minuciosamente o vale com os olhos até ver Calion do outro lado do rio. Vou matar aquele miserável.