The King of the Golden Palace

As semanas se passaram depressa, conforme Aragorn e a Sociedade do Anel viajavam rumo à Montanha da Perdição. Atravessaram Caras Galadon em Janeiro, e Galadriel muito preocupou-se ao saber que haviam perdido Mithrandir na passagem de Mória, onde foram emboscados por um demônio de fogo. Após deixarem a floresta dourada, navegando pelo Rio Anduin em direção Sul, os Orcs os encontraram novamente e dessa vez, sua perda fora muito maior. Boromir, o herdeiro de Denethor, regente de Gondor fora morto enquanto tentava proteger Frodo, Sam, Merry e Pippin de uma horda de Orcs servos de Saruman. Aragorn, Legolas e Gimli chegaram demasiadamente tarde para ajudá-lo e Merry e Pippin haviam desaparecido, levados pelos orcs com a mão branca.

— Encontre… — Dissera Boromir entre um suspiro e outro, agora respirando com dificuldade. Falava baixo, de modo que apenas Aragorn pudesse ouví-lo— Encontre Frodo. O Anel… Tentei tirar o Anel dele. — Seus olhos azuis começaram a lacrimejar.

— Ele está bem. — Respondeu Aragorn. — Está seguro.

— Que bom. — E como se um peso tivesse sido tirado de suas costas, Boromir descansou sobre a relva e fechou os olhos pela última vez.

Fizeram um funeral para ele começaram a caçar os Orcs, agora em direção à Isengard. Aragorn era um guardião e aprendera muito sobre o relevo e a terra, rastreou os orcs desde o Anduin até as terras de Rohan, à sombra da Floresta de Fangorn, sob protestos de Gimli, que estava apavorado com o conselho de Celeborn para que não entrassem nela e palavras admiradas de Legolas, que aparentemente gostava de qualquer lugar repleto de árvores.

— Essa floresta é velha. — Disse o elfo, mas sua expressão era alegre. Sempre alegre, e aquilo deixava Gimli furioso, embora após meses de viagem, quase o considerava como amigo. — Tão velha, que sinto-me jovem perto dessas árvores. Jovem como não me sinto há bastante tempo, desde que comecei a andar com vocês, crianças.

— Quem está chamando de criança?! — Resmungou Gimli.

— Quietos! — Pediu Aragorn, que embora fosse mais novo, provavelmente era o mais maduro dos três. — Legolas, vê aquilo?

O elfo virou a cabeça na direção que ele apontava e avistou ima nuvem de fumaça que subia do campo esverdeado, não muito longe dalí.

— Fogo. — Disse ele. — O que será que estão queimando?

— Eu não me importo nem um pouco desde que me afaste deste lugar. — Disse Gimli correndo a frente atrás de Aragorn.

Legolas revirou os olhos e os seguiu até o que parecia ser uma enorme pira funerária. O fedor de orcs invadiu suas narinas e era ainda pior quando eram queimados. Ele fez uma careta e observou o elmo que deixaram lá como um lembrete. O mesmo possuía a mão branca da Saruman marcada em sua fronte. Aragorn revirou o monte de restos, mas nada achou senão carcaças queimadas. Aragorn chutou o elmo com força para longe e caiu de joelhos gritando de frustração. Não havia sinal de Merry ou Pippin, mas enquanto caminhavam de volta ao caminho, derrotados e silenciosos, o som grave de cascos contra o chão preencheu o ar silencioso e viram uma horda de quase cem cavaleiros de Rohan vir em sia direção.

— Cavaleiros de Rohan! — Gritou Aragorn. — Quais notícias trazem do Norte?

A horda de cavaleiros os circundou e pararam ao redor dos três. Um deles desmontou e apresentou-se. Eomer, sobrinho do Rei Theoden de Rohan. Um rapaz robusto, de cabeços longos e loiros, olhos claros e semblante confiante.

— Isso sim é algo que não se vê sempre. — Disse ele referindo-se aos estranho trio. — O que fazem nad dependências de Rohan?

— Procuramos nossos amigos. — Disse Leoglas. — Dois pequenos Hobbits, pareceriam crianças para você.

— Foram sequestrados pelos Orcs de Saruman. — Acrescentou Aragorn.

— Nós encontramos os Orcs. — Respondeu Eomer. — E creio que vocês também. Mas não haviam crianças nem pequenos com eles. Têm certeza de que ps orcs não os mataram antes de nós os matarmos?

Eles se entreolharam com tristeza, mas não responderam àquela pergunta. Eomer também não prolongou o diálogo. Emprestou-lhes dois cavalos de sua própria comitiva e lhes desejou boa sorte em sua caçada. Mas seu caminho os levou novamente a Rohan, pois ao quarto dia de caçada, os companheiros adentraram Fangorn e descobriram para sua felicidade que Mithrandir, o caminhante cinzento, não morreu em Mória, e agora, chamava-se o Branco. E tamanha fora a surpresa que quase o confundiram com Saruman. E por falar em Saruman, a cobra agora agora ratejava pelos campos dos senhores dos cavalos, envenenando Theoden contra seu próprio povo, e abrindo caminho para os orcs passarem sem impecilho.

— Merry e Pippin estão em segurança. — Informou Gandalf. — Agora, que sua missão de resgate já não é mais tão urgente, e que Frodo e Sam caminham rumo à Montanha da Perdição, cabe a nós enxergarmos as forças de Mordor e Isengard.

E foi decidido que voltariam em direção a Rohan com a desculpa de devolverem os cavalos que lhes foram emprestados. Viajaram cerca de dois dias até Edoras, cidade dos senhores dos cavalos, e encontraram Théoden, o rei, ou o que sobrara dele, após ser envenenado por Grima, seu conselheiro. Descobriu-se então que Grima, na verdade trabalhava para Saruman e Gandalf revelou a todos seus propósitos sombrios, recuperando assim Theoden e a dignidade de Rohan.

Mas não havieria tempo para comemorações nem mesmo para um longo funeral para o príncipe, Théodred, o filho do rei, morto em combate contra os orcs. Saruman enviaria toda sua força contra Edoras e a gente que nela habitava.

— Precisaremos de um abrigo. — Constatou o Rei. — Vamos para o Abismo de Helm.

— Esconder-se não vai adiantar. — Avisou Aragorn.

— O Abismo de Helm é impenetrável, ninguém pode derrubar.

— Esperaremos que sim. — Disse Gandalf.

Partiriam pela manhã, após o enterro do príncipe. Iriam com eles, uma vez que Théoden precisaria de toda a ajuda possível. Legolas e Gimli apostavam a quantidade de coisas que o outro conseguia fazer com mais ou menos agilidade, e Aragorn os deixou naquela brincadeira para arejar um pouco a mente. Fazia tempo que estava viajando desde a morte do Boromir. Àquelas alturas Frodo e Sam deveriam estar bem mais próximos de Mordor e ele não sabia se aquilo o deixava esperançoso ou não.

— Parece solitário, meu senhor. — Observou uma voz feminina. Aragorn olhou de sobressalto para trás e só então a viu. Era a sobrinha de Théoden, Eowyn. — O que lhe toma os pensamentos?

Ele olhou em volta. Estava escuro, e o dia ainda não havia amanhecido. Viera ali antes de partir para Helm, apenas para refletir sobre sua missão.

— As donzelas de Rohan sempre acordam tão cedo? — Perguntou ele. Eowyn concordou.

— Ficaria surpreso com o que poderia descobrir sobre as donzelas de Rohan. — Riu.

Os lábios dele se entortaram em um sorriso meigo, mas sentiu que precisava desviar-se daquele assunto. Eowyn era uma jovem bela, tinha cabelos loiros e longos, que desciam cacheados por seus ombros. A pele era clara e rosada, enfeitada por pouquíssimas sardas na região do nariz e dos olhos, realçando a cor verde clara dos mesmos. Ela vinha o rondando desde que chegou a Edoras, há quase três dias.

— Sinto pela perda de seu primo. — Disse ele aleatoriamente, mas Eowyn pareceu deveras desconfortável com a menção à Théodred.

— Théodred era como um irmão para mim. E para meu irmão, Éomer. Perdê-lo foi como perder parte da minha alma.

— Eu compreendo… — Ele ponderou.

— Aragorn? — Legolas veio correndo ao encontro deles e disfarçou um olhar suspeito. — Partiremos daqui a uma hora. Os outros já estão prontos. — Então mostrou um sorriso amistoso para a menina que estava ao lado dele. E sim, para ele Eowyn era apenas uma menina. Tap como deveria ser para Aragorn. — O Rei a está procurando.

— Ah… Certo! Eu já vou.

Então apressou-se para dentro do palácio, deixando-os sozinhos.

— Ela é uma criança. — Disse Legolas.

— Todo mundo é criança para você, velho amigo.

O Elfo revirou os olhos e antes que pudesse falar qualquer outra coisa, Gimli apareceu com o machado brilhando e um sorriso alegre nos lábios.

— Que rude! — Legolas reclamou. — Estamos em um velório, sabia?

— E eu vou fazer o que? — Retrucou o Anão. — Preciso matar os assassinos do morto.

Aragorn riu. Aqueles dois ainda estenderiam discussão por bastante tempo. Após enterrarem o príncipe, partiram em direção ao Abismo de Helm. Deveriam viajar depressa para chegar antes que as tropas de Saruman os alcançassem. Gandal separou-se deles no meio do caminho, em direção aos vaus do Isen, afirmando ter algo urgente que tratar e ao anoitecer, a gente de Edoras finalmente chegaram à fortaleza. Théoden arrajou-lhes abrigo nas cavernas e no próprio palácio, e designou que todos os homens e rapazes que pudessem empunhar qualquer arma, fossem para as muralhas. Legolas e Gimli ficaram com os arqueiros no topo mais alto e o semblante do elfo pareceu mais abatido após olhar longamente para além das colinas.

— Estão vindo… — Murmurou. — Eu prometi a meu pai que voltaria para casa.

— É por isso que não faço promessas. — Disse Gimli. — Pois seria obrigado a cumprí-las. Então os dois olharam para Aragorn, que estava sério e silencioso. — E aqui morreremos nós, ao lado de um virjão de quase noventa anos.

Os soldados ao redor gargalharam, mas ao contrário do que pensaram, Aragorn não pareceu ofendido com a piada. Entortou a boca em uma risadinha e apenas murmurou de modo que eles não poderiam ouvir:

— Quem disse?

Bem, Legolas ouviu, pois possuía a audição dos elfos. Então o olhou, adivinhando o significado de suas palavras.

— Espere você…?!

— Os inimigos estão vindo! — Gritou Aragorn tirando o foco da conversa.

A batalha chegou com o cair da noite. Os inimigos avançaram sobre Helm sem misericórdia. Seu intuito era derrubar a fortaleza e matar todos os que estivessem nela. Legolas dei ordem para os arqueiros atirarem, enquanto Aragorn, filho de Arathorn, se encontrava na linha de frente com Gimli e Eomer. Théoden liderou os soldados para fora após a derrubada das portas e a luta estendeu-se até o amanhecer, quando Gandalf surgiu em Scadufax lançando um clarão ofuscante de luz sobre os inimigos. Com ele vieram Haldir, de Lothlorien e uma horda de soldados Galadrim, que perseguiram os onvadores da floresta de Lórien até o Abismo de Helm.

Com alguma dificuldade, as forças de Saruman foram finalmente rechaçadas e eles puderam celebrar a chegada de um novo dia. Legolas finalmente apareceu, suado - o que não era comum - e ofegante, olhou para Gimli que descansava sobre o corpo de um dos orcs que abatera.

— Contei quarenta e um. — Disse o anão exalando humildade. — E você, mestre Elfo?

Legolas esticou uma flecha no arco e acertou o orc sob o corpo do anão.

— Quarenta e dois.

— Ele já estava morto! — Protestou Gimli.

— Estava se mexendo.

— Porque o meu machado está no crânio dele!