The Council of Elrond

— Mas o que, por todos os Valar, você tem na cabeça?

Elrond estava bravo. Não, bravo, furioso. E talvez dessa vez, ele tivesse razão de sentir-se assim. Arwen ficou em silêncio, ouvindo-o repetir o quanto havia sido imprudente em sair de Rivendell sozinha e sem sequer avisá-lo, que a única decisão sensata que havia tido fora a de levar Scadufax consigo, em vez de qualquer outra montaria e em segundo lugar, a idéia de retornar, após encontrar Aragorn e os Hobbits na estrada. Claro que, após dizer isso, ele também a censurou por inventar de “medir velocidade” com os cavaleiros negros e também que teria uma séria conversa com Aragorn sobre a insensatez de deixá-la fazer tal coisa. Dizia tudo isso, enquanto tratava da ferida de Frodo, que já estava desacordado quando chegaram, mas por algum milagre, ainda estava vivo.

— Na verdade…— Ela disse com cautela, por medo de provavelmente levar outro sermão por aquilo também. — Eu meio que… Usei um encantamento de cura.

Arwen deu um passo para trás quando seu pai levantou a cabeça e a olhou, mas ele ficou em silêncio por um longo tempo e depois suspirou e acenou com a cabeça. Franziu as sobrancelhas e então disse:

— Bem, — Disse Elrond — Isso não foi imprudente. Se não fosse isso, Frodo estaria morto agora. Obrigado.

— De nada, eu acho. — Sua expressão era confusa. — Mas…

— Mas todo o resto foi insensatez. Falaremos mais sobre as outras coisas futuramente, agora há algo de maior urgência que devemos tratar.

Após ele dizer essas palavras, viu chegarem através da floresta de pinheiros, Aragorn e os outros três hobbits de que Arwen lhe falara. Realmente pareciam crianças. Ele riu. Estavam aflitos para saber que destino tinha tido seu amigo e ficaram aliviados ao encontrarem Gandalf. Na verdade, toda a cidade deixou-os eufóricos, uma vez que raramente os hobbits deixam o conforto de suas casas, e eles provavelmente foram os mais aventureiros de sua espécie, depois de Bilbo, é claro.

Três dias depois de sua chegada, o portador do anel, Frodo Bolseiro, finalmente acordou do sono. Ele se sentiu revigorado, a dor do ferimento infligido em seu ombro pelo Rei-Feiticeiro de Angmar agora era apenas uma lembrança desagradável, distante e inofensiva. Frodo juntou-se aos amigos e ficou feliz por se reunir em um lugar tranquilo. Merry e Pippin mimaram-no durante toda a manhã, e seu melhor amigo Sam o levou para ver o tio, Bilbo. Bilbo agora estava ocupado escrevendo livros e poemas onde quer que fosse. Na verdade, ele mesmo compôs algumas canções estranhas sobre a "Vaca Saltitante" e sobre a espada quebrada de Aragorn e Elendil, e achou-se grande talento em Bilbo para compor sátiras. Ele havia composto algumas canções completamente sem sentido que Elladan e Elrohir frequentemente cantavam.

Ao final daquela tarde, Elrond os chamou a todos para uma espécie de Reunião, que ocorreria em uma das varandas de sua casa, dessa vez, em uma pouco utilizada, que ficava no ponto mais alto, de onde se podia ver o restante da cidade. Lá estavam Aragorn, seu guia ao qual Frodo havia se afeiçoado ao longo da viagem e já considerava um amigo; um anão ruivo, que eles não faziam idéia do porque estava lá, um elfo diferente dos demais, loiro e de feição apreensiva. Haviam também um outro homem, quase tão alto quanto Aragorn, mas possuía cabelos dourados e um rosto severo. Mostrou um sorriso amistoso para eles, apesar disso. Merry e Pippin haviam gostado dele, de modo que disseram que iriam dizer um “oi” e voltaram sabendo, nome, idade, pátria e cidade onde morava. Todos estavam reunidos no local que Mestre Elrond escolhera, e agora, em silêncio, aguardavam que ele lhes aconselhasse.

— Fizeram bem em vir. — Disse ele. — Hoje ouvireis tudo o que necessitais para compreender os propósitos do Inimigo. Nada há que possais fazer exceto resistir, com esperança ou sem ela. Mas não estais sós. Sabereis que vossa aflição é tão somente parte da aflição de todo o mundo ocidental.

Então todos escutaram enquanto Elrond, com clara voz, falava de Sauron e dos Anéis de Poder, e de como foram forjados, na Segunda Era do Mundo, muito antes. Alguns conheciam parte da história, mas ninguém conhecia-a completamente, de modo que muitos olhos olharam para o narrador com assombro em um ou dois pontos da narrativa.

— Então, Isildur “perdeu” o anel e desde então esteve fora do conhecimento — Indagou Boromir, o homem de cabelos dourados.

— Nosso, talvez, mas ele fora encontrado por Gollum, a criatura a quem Bilbo viu nos túneis dos orcs. — Respondeu Gandalf. — E penso que isso foi algo bom, pois assim evitou-se que o anel caísse prematuramente nas mãos de seu mestre.

— Por enquanto…

Após isso, começou uma discussão sobre Gondor, Minas Tirith e uma espada quebrada, a mesma da qual Bilbo vivia falando com tanto entusiasmo. Boromir dizia que a cidade resistiu por anos às investidas do inimigo e que, manteria-se de pé, e Aragorn lhe dizia que era insensato superestimar a própria força quando tratava-se de enfrentar a força de Mordor, por mais forte que Gondor pudesse ser ou ter sido.

— Mas quem diabos é você?!E o que tem a ver com Minas Tirith?

— Ele é Aragorn, filho de Arathorn, — disse Elrond — e descende, através de muitos pais, de Isildur, filho de Elendil, de Minas Ithil. É Chefe dos Dúnedain do Norte, e agora já restam poucos desse povo.

— Então ele pertence a você, e não a mim! — exclamou Frodo admirado, levantando-se de um salto, como se esperasse que o Anel fosse exigido de imediato.

— Não pertence a nenhum de nós, disse Aragorn mas foi ordenado que você o mantivesse por algum tempo.

— Ele já esteve em posse de vários, mas apenas pertence a um. — Explicou Gandalf. — Foi o que levou Isildur à morte e corrompeu Gollum, a criatura com a mesma rapidez, antes que ele o encontrasse. Não fosse a tamanha força de vontade dos Hobbits, também teria consumido Bilbo, que ficou tantos anos com ele.

— Essa criatura… Gollum? — Boromir quis saber. — É um ser pequeno, tu o dizes, mas de tamanha maldade… O que foi feito dele?

— Está preso, nada pior. — Disse Aragorn. — O povo de Thranduil o mantém sob guarda. Fizemos assim para que ele não pudesse levar ao inimigo quem agora era o portador do anel, uma vez que ele sabia que não poderia obtê-lo por suas próprias mãos.

— Ai de nós! — Legolas disse alto, como se estivesse verbalizando um pensamento que era só para si. Os olhares se voltaram para ele. — As novas que me mandaram trazer precisam ser contadas agora. Não são boas, mas só aqui descobri quão más elas podem parecer a esta companhia. Sméagol, que agora se chama Gollum, escapou.

— Escapou? — Aragorn indagou preocupado com aquilo.

— Não por falta de vigilância, garanto. Mas talvez por excesso de bondade. — Explicou. — Na verdade, creio que tenha tido ajuda nesse quesito, uma vez que Calion, filho de Caranthir, o qual também mantinhamos sob vigilância na cela vizinha à dele, escapou na mesma noite. Feren os seguiu até Isengard, mas não pôde avançar dalí. Eu não estava presente na ocasião, apenas soube após quinze dias e meu pai mandou que viesse lhes informar.

Legolas lhes explicou então como se deu a fuga de Gollum e de Calion e outros também falaram, Gandalf tornou a dizer-lhes sobre seu caminho, e o propósito de Sauron com o Anel. O conselho durou quase quatro horas inteiras, ou mais. Eles não puderam saber direito o tempo. Ao final, deveriam chegar então a uma conclusão:

— Aqui estamos todos, e aqui está o Anel. — Disse Gandalf — Mas ainda não chegamos mais perto de nosso propósito. O que havemos de fazer com ele?

— O Anel! — A voz de Mestre Elrond soava baixa e grave, e havia um peso de seriedade em cada palavra. — O que havemos de fazer com o Anel, o menor dos anéis, a miudeza do capricho de Sauron? Eis a sentença que devemos sentenciar: Agora, por fim, precisamos tomar uma estrada difícil, uma estrada imprevista. Aí reside nossa esperança, se esperança for. Caminhar para o perigo. O Anel deve ser destruído.

E assim ficou decidido. Escolheram dalí, os que iriam para Mordor com Frodo, Aragorn, Legolas e Boromir. Gandalf os acompanharia e Merry, Pippin e Sam invadiram a reunião e disseram que se não quisessem que fossem também, deveriam mandá-los acorrentados de volta ao Condado. Elrond não se opôs a eles, e disse que deveriam partir com brevidade, pois logo os olhos do inimigo estariam voltados àquela direção.