The kidnap

Calion sorriu orgulhoso para o amigo, e mantendo sua espada apontada para Aragorn, que agora estava desarmado, afastou-se com cautela.

— E esse meus amigos, é só o prelúdio da vitória de Calion, filho de Caranthir. — Olhou novamente para os gêmeos. — Vocês têm sido uma pedra no meu sapato há mais tempo do que consigo me lembrar. E não acho que posso aturar cunhados tão insuportáveis pela eternidade. — E voltou-se para Cementárion e Thargon. — Matem-nos.

— Não! — Arwen gritou para ele, mas ele pareceu ignorá-la.

Os elfos aproximaram-se de Elladan e Elrohir e quando preparavam-se para desferir o primeiro golpe, Thargon sentiu algo perfurar sua perna, atravessando para o outro lado. Era uma flecha, mas não foi atirada por um arco. Legolas estava novamente de pé e acertou-lhe com as próprias mãos.

Elladan aproveitou-se e acertou com um chute no rosto do elfo, pegou novamente sua espada e o enfrentou, defendendo-se de seu ataque. E a seu irmão também. Arwen, que ainda possuía um dos braços livres, acertou o rosto de Herenvar com o cotovelo e o mesmo gritou em desespero com a dor, sentindo que algo havia se partido em seu nariz. Ela foi ao encontro de Elrohir, que auxiliava Aragorn, que antes lutava com Cementárion e Calion, ao mesmo tempo, enquanto Legolas tratava de tentar reanimar Daeron.

— Você é um infeliz! — Berrava Calion, golpeando com a espada como quem bate com um pedaço de pau. Irritado e pouco se importava se alguém saísse ferido ou até mesmo morto daquele combate.

— Está louco! — Aragorn fez um rápido movimento e escapou de sua lâmina, mas quando Herenvar mirou com seu arco em Arwen, seu coração errou uma batida e o momento de distração foi suficiente para que Calion enterrasse sua espada no abdômen do jovem Dunedain.

— Estel! — Legolas gritou seu nome, mas ficou imóvel, vendo o amigo tombar na relva.

— Não! Estel! — Arwen tentou ir até ele, mas Herenvar a alcançou primeiro. A flecha que ele disparara, passou por ela e acertou o ombro de Elrohir, que estava logo à frente.

Calion puxou para fora a espada embebida em sangue e sorriu vitorioso. Afinal, havia podido finalmente livrar-se do que a seu ver era a única coisa que afastava Arwen dele. Legolas estava irritado com aquilo. Deixou de lado o arco e tomou sua espada, ou melhor, a espada de Thranduil, Anglachel, que ele lhe dera para protegê-lo em seu caminho. Atacou furioso a Calion, que defendeu-se com maestria, embora soubesse, que o príncipe possuía experiência e o venceria facilmente em uma luta justa.

— Desgraçado! — Gritava. — Maldito seja, Calion, filho de Caranthir!

E às margens daquela batalha, Arwen lutava com todas as forças para livrar-se de Herenvar, que sangrando e furioso por ter tido seu nariz quebrado por ela, tentava arrastá-la para longe dali. Mas ela se recusava a deixar Aragorn, por mais que ele parecesse morto à primeira vista. Não acreditava que ele realmente pudesse ter morrido. Cementárion e Thargon derrubaram Elladan, com alguma dificuldade, impedindo-o de ajudá-la. E Elrohir, por mais que tentasse, não poderia manter-se de pé. Cementárion empurrou com uma das mãos o príncipe Legolas, que lutava furioso contra Calion, jogando-o contra o tronco de uma das árvores. Ele bateu e caiu novamente derrotado e a espada de seu pai foi lançada para longe. Quando, porém, Thargon se preparava para tirar também a vida de Elrohir, uma adaga o atingiu na garganta e este pendeu para frente sem vida, caindo por cima do elfo ao qual tentava matar. Daeron se levantou, mas os inimigos já preparavam-se para partir.

Herenvar finalmente conseguiu imobilizar Arwen, jogando-a no chão e lhe acertando um forte tapa no rosto, em vingança por ela ter-lhe quebrado o nariz, e tamanha fora sua força, que ela desmaiou imediatamente. Lançou-a sobre a montaria de Elrond ( o único cavalo que ainda sobrara vivo ) e partiram dali.

Daeron tentou segui-los a pé e Legolas voltou do meio do caminho, preocupado com o destino de Aragorn. A grama onde estavam era manchada de sangue e muito sangue ainda escorria da ferida causada em Aragorn, mas ele ainda respirava, as batidas de seu coração eram fracas e lentas, mas ainda batia. Olhou para Elrohir, que ainda agonizava de dor.

— Precisa chamar o senhor Elrond. — Ele concordou. — O mais rápido que puder ou vamos perdê-lo.

Daeron retornou no momento exato em que o mais jovem dos gêmeos, filhos de Elrond deixou a clareira, saiu respingando sangue pelo tapete esverdeado que cobria o chão da floresta. Trazia consigo algo que provavelmente encontrou em algum ponto da floresta.

— Eles deixaram o vale. — Disse com preocupação e entregou o colar com a pedra élfica de Arwen. — Encontrei na fenda ao final da trilha da floresta.

— Estão montados, menos que dois dias de marcha, estarão em qualquer canto da terra média. — Legolas disse com pesar.

Elrohir caminhava com dificuldade, suas pernas e braços estavam feridos, mas ainda assim, adiantou-se o mais rápido que pôde de volta à ponte. Elrond estava na varanda de sua casa quando o viu, e pareceu aos seus olhos que nada bom havia ocorrido. Foi ao encontro do filho, que parou sobre a ponte de pedra, sem conseguir dar nem mesmo um único passo.

— Elrohir... — Ele pendeu para frente e Elrond o segurou, impedindo que caísse. — Elrohir, o que aconteceu?

— Arwen... — Disse com dificuldade. — Eles a levaram. — Respirou. Seu corpo ainda doía. — Precisa ir até a mata de pinheiros, ou perderemos Aragorn.

— Preciso levá-lo antes aos curandeiros.

— Não há tempo. — Disse. — Calion apunhalou Aragorn, ele pode morrer a qualquer momento.

Elrond concordou com as palavras do filho, por mais dúbias que pudessem parecer. Deixou-o no dossel em sua varanda e chamou Lindir, o elfo da guarda e mais dois de seus companheiros, então foram até a floresta. Encontraram Daeron no meio da trilha, provavelmente viera para encontrá-los e guiá-los até a clareira, no coração da floresta, onde Legolas tentava desesperadamente manter seu amigo vivo.

— Por Elbereth! — Elrond pareceu perturbado com aquilo. — O que fizeram?!

Ajoelhou-se junto a ele e pediu que Legolas mantivesse a pressão sobre o ferimento, e a Daeron que buscasse algumas folhas de Athelas, que cresciam junto ao riacho. Elladan havia simplesmente desaparecido e de acordo com o príncipe élfico, correra de volta ao estábulo em busca de uma montaria para deixar o Vau. Daeron pretendia segui-lo assim que fosse possível.

— Eu irei, senhor. — Lindir ofereceu-se. — A passagem externa ainda é longínqua, Elladan não pode ter ido longe.

— Certo. Vão os dois.

Então tomaram suas montarias e partiram. Legolas o ajudou a estancar o sangramento e os batimentos de Aragorn tornaram-se cada vez mais fracos, ele desfalecia. Elrond esmagou as folhas de Athelas em suas mãos e pressionou-as sobre o corte. Era profundo e se tivesse sido apenas alguns milímetros mais acima teria pego seu coração. Com uma voz grave e séria, o meio-elfo repetiu palavras antigas em sua própria língua. Um encantamento de cura que datava dos dias de Valinor e que Celebrian, sua esposa o ensinara há alguns milhares de anos. Legolas sentiu que Aragorn se moveu após o fim daquelas palavras e puxou o ar para os pulmões como quem escapa de um terrível afogamento.

— Ele vai sobreviver. — Disse e Elrond concordou.

— Mas por hora, ele precisa de repouso. Vamos levá-lo de volta para casa, e se pudermos, enviaremos mensagens a Lothlórien e ao seu pai. A saída que Calion utilizou leva direto à parte sul da floresta das trevas. Não irá longe. Não se o povo de Thranduil chegar ao final da trilha antes dele.