The battle between the pines

Elladan foi primeiro ao quarto de sua irmã, mas ela não estava. A porta ainda estava encostada e não havia ruído de qualquer ser vivo lá dentro. Imaginou então, que estivesse em algum outro ponto da casa. Vasculhou a biblioteca, a varanda, os outros cômodos e não a encontrou em ponto algum, até vê-la do outro lado do Vau, entrar para dentro da floresta dos pinheiros por uma trilha que ali havia. Deveria ter imaginado. Tomou consigo o arco e a seguiu, de início, tentava ser cauteloso, temendo que Arwen fugisse para longe dele e então levaria um bom tempo para encontrá-la. Mas ela não pareceu disposta a correr e em poucos minutos notara sua presença.

— Não vou ouvir, seja o que for que você diga. — Garantiu ela.

— Só fiquei preocupado. Sabe, o pai...

— Não gosta que eu ande sozinha pela floresta. — Completou as palavras do irmão. — Ele não gosta que eu faça muita coisa.

— Precisa entender, Arwen. — Elladan aproximou-se da irmã, com cautela, mas ela permaneceu imóvel onde estava. — É a jóia mais preciosa dele. Depois que a mãe se foi, ele só tinha você. E é difícil para ele imaginar que algo possa lhe afligir, mesmo que seja uma coisa mínima como o vento do inverno. — Riu, mas sua expressão se tornou séria quando viu que ela não achava graça em nada daquilo. — Eu não sei se ajuda em algo, mas... Elrohir e eu apoiamos totalmente sua decisão de se casar com Aragorn.

— Não ajuda. — Disse olhando para os próprios pés enquanto caminhavam. — Mas obrigada.

— Sabia que o Rei Thingol, ficou furioso quando Beren pediu a mão de Lúthien? — Disse, fazendo-a soltar uma risada baixa. — É, ele ficou possesso e disse que isso só iria acontecer se Beren lhe trouxesse uma Silmaril, das que estavam enfeitando a coroa de Morgoth.

— Você conta isso há milênios, Elladan. —Ela riu.

— Eu sei. — Continuou. — Daí eu estava pensando, que Estel tem uma sorte e tanta em ter o pai como sogro e não o velho rabugento Elu Thingol.

— Não está fazendo uma piada dessas...

— Não, só pare e pense. Quer dizer, de onde mais o coitado poderia tirar uma Silmaril?!

Arwen segurou uma risada e o encarou. Elladan sentiu-se satisfeito. Ao menos havia conseguido arrancar um sorriso do rosto da irmã, coisa que poucos conseguiram naqueles fatídicos três dias.

— Certo, você venceu! — Riu.

— Ótimo. Pois a partir de agora, só quero ver a minha irmãzinha sorrindo. E coitado de quem atrapalhar isso, eu vou jogá-lo do penhasco e depois...

— Elladan!

Os dois riram, mas a brincadeira durou poucos minutos. Uma sombra tomou o rosto de Elladan e ele a segurou por uma das mãos, ouvindo cascos ao longe, vindos de algum ponto da floresta. Tornaram-se cada vez mais altos e ele conseguiu avistar Calion vindo por entre os pinheiros montado em um cavalo malhado, com a espada desembainhada.

— Corre! — Disse em baixo tom. Soltou a mão de sua irmã. — Corre daqui, Arwen!

Ela tentou, mas outro cavaleiro a interceptou, e outro chegou pela esquerda e pela direita. Estavam cercados. Calion os olhou por cima de sua montaria, frágeis e indefesos. Aquilo o agradara. Pois durante meses Elladan o atormentou e tentou intimidá-lo.

— Não parece mais tão heroico agora. — Disse a ele.

— O que quer? — Elladan apertou com uma das mãos o arco e com a outra, o braço de Arwen.

— Vim apenas reivindicar o que é meu. — Olhou para a elfa, que agora se escondia atrás do irmão. — Venha, Arwen. Já desperdiçamos tempo demais nessa brincadeira infantil.

— Vai ter que me matar primeiro. — Elladan preparou uma flecha e a apontou na direção do rosto de Calion.

— Será um imenso prazer!

Ele puxou as rédeas e o cavalo ergueu-se acima deles, Elladan deixou a flecha escapar e a mesma acertou o coração do animal, que relinchou e esperneou, caindo ao chão e levando Calion consigo.

— Corre. — Disse à irmã mais nova. — Agora!

Arwen adiantou seus passos para dentro da mata, sendo seguida por Herenvar e Thargon, que estavam a cavalo, enquanto seu irmão desviava dos golpes da espada élfica que Calion, filho de Caranthir, empunhava. Para a sua felicidade, possuía maior conhecimento sobre aquela floresta, que seus perseguidores. Conhecia trilhas secretas, que a levariam de volta à ponte e que eles não poderiam passar a cavalo. Mas olhou de relance para a batalha e viu o exato momento em que Calion quebrou o arco de seu irmão com a espada e agora tentava golpeá-lo impiedosamente.

— Elladan! — Gritou por ele, e Thargon passou direto por ela, tal como Herenvar, que tentou apanhá-la por uma das mãos e puxá-la para cima do cavalo, mas Arwen desviou-se dele no exato momento.

Correu de volta por entre os arbustos na direção de seus irmãos e antes que chegasse, novamente o som de cascos encheu o ar da floresta. Legolas surgiu por entre as árvores, montado em seu cavalo branco, enquanto Elrohir vinha no negro de seu pai, brandindo uma espada. Daeron e Aragorn saltaram dos cavalos e também sacaram suas armas, indo para cima de Calion, antes que esse pudesse golpear Elladan desarmado. Tentou dar mais algum passo na direção deles, mas Herenvar deu a volta com seu cavalo e a agarrou pela cintura, puxando-a para a montaria. Legolas acertou o cavalo com uma flecha, que o matou quase que imediatamente.

Arwen fugiu novamente, e pendurou-se em um galho de árvore, escapando das mãos de Thargon e Cementárion, que tentavam apanhá-la.

— Por que demoraram tanto? — Elladan disse aos amigos e Elrohir entregou-lhe sua espada.

— Estamos aqui, não?

Uma pequena batalha travou-se na clareira da floresta de pinheiros. Calion, filho de Caranthir levantou sua espada contra Ringil, a espada de Elrond, que era portada por Aragorn, e este lutava com a bravura de um guerreiro dos Dunedain, enquanto seus companheiros, os gêmeos Elladan e Elrohir, tratavam de pôr fim a Herenvar e Cementárion. Daeron e Legolas, também lhes prestavam apoio, pelejando com um ou outro inimigo, quando seu oponente se enfraquecia. Arwen os podia ver de cima da copa da árvore, escondida dos olhos de Thargon, que a perseguia. Ele também era um elfo da floresta, oras! E com facilidade, também poderia escalar árvores. Estava agora mais próximo do que quando ela o olhou pela última vez.

— Deixe de tolice, garota! — Sua voz era grave e intimidadora. — Venha cá. A copa das árvores são perigosas. Dê logo a Calion o que ele quer.

— Eu prefiro morrer. — Disse as palavras com rispidez, afastando-se ainda mais. O galho em que se equilibrava era fino, mas os elfos possuem corpos leves, ainda assim, ele pendia para baixo a cada passo dela. — Afastar-se.

— Não mesmo. — Thargon chegou mais perto e mais perto. E quando estava a ponto de alcançá-la, uma flecha acertou o galho da árvore, que se quebrou, derrubando-os de uma grande altura. Legolas adiantou seu cavalo e resgatou Arwen enquanto caía.

— Precisa sair daqui. — Disse ele. — Chame seu pai, ele saberá o que fazer.

— Não posso deixá-los.

— Você precisa. — Suplicou o príncipe élfico, então desceu do cavalo e tomou consigo seu arco- Estará segura longe daqui.

Ela concordou e galopou para longe. Herenvar, que ainda era o único elfo montado, além de Elrohir, a seguiu a toda a velocidade. Legolas atirou algumas flechas em sua direção, mas ele as desviou com sua espada, e logo seu parceiro, Cementárion, aproveitando-se da distração do príncipe, acertou-lhe a cabeça com o punho da espada e ele caiu desacordado.

— Legolas! — Aragorn correu ao auxílio de seu amigo, mas viram-se novamente cercados. Calion o interceptou, atacando-o com fúria. Aparentemente toda a sua raiva estava voltada a ele.

Daeron foi o segundo a cair, Cementárion era um elfo robusto e forte, criado na floresta de Lórien e sua força mostrou-se mais eficaz que a esperteza de Daeron. Agarrou-lhe o pescoço, após lançar longe a espada que este brandia e apertou até que perdesse os sentidos. Não pretendiam matá-los, então o deixou assim, e agora ele e Thargon voltaram-se contra Elladan e Elrohir, que levantaram as espadas, prontos para contra atacar, quando se ouviu um grito de animal ecoar pela floresta. O cavalo de Legolas foi abatido por uma flecha.

Herenvar retornou a eles com Arwen como refém, segurando-a com força por um dos braços e com a mão livre, encostou no pescoço alvo da elfa, sua espada.

— Baixem as armas! — Ordenou. — Ou brevemente não terão motivo para lutar.

Os gêmeos se entreolharam. Pensaram seriamente se deveriam acertar uma flecha na cabeça de Herenvar, mas aquilo provavelmente não ocorreria antes que ele decapitasse sua irmã. Aquela briga já havia sido levada a outro nível.