Immortal Star

Destruição máxima - Parte 2/2


(Continuando...)

Ele viu, quando sua amada começou a andar para frente no ringue como se estivesse dentro de um rio de lama, que a magia de campo de Akira estava voltando a ficar mais escura. O poder mágico daquele homem era avassalador, e até mesmo o líder da Immortal Star sabia quando reconhecer que tinha menos energia do que aquele mago das trevas. Ou darkmancer, que fosse.

O mago de ferro, ainda tremendo, abriu a boca para falar novamente. Mas nenhuma palavra foi dita. Mesmo em sua preocupação épica, ele ainda era um guerreiro. Ainda tinha uma percepção de batalha elevada. E por isso ele sabia que sua parceira estava com pressa. Sabia que ela precisava pensar e fazer algo rápido. E acima de tudo, sabia que ela conseguiria dar um jeito de se livrar de toda aquela desvantagem. Tudo o que ele mais sabia fazer agora, era acreditar na mulher de sua vida.

— Isso foi inesperado! — dizia Akira, em alto e bom tom. Os dois ainda estavam longe um do outro, então esse "meio-grito" era necessário. — Você conseguiu sobreviver a uma das minhas maiores magias! Jurava que você seria esmagada pela força bruta da minha Onda da Morte!

— Eu disse e repito: você se superestima demais! — respondeu Kula, ainda se esforçando para ir mais além. Parou só quando estava quase no meio do ringue, a uns sete metros de distância do oponente. Akira não pareceu se importar com a aproximação dela. — Você disse que queria ver mais magias, não é? Pois bem! Eu vou te mostrar uma muito especial!

A maga de fogo começou a elevar sua aura, fazendo energia mágica aparecer ao redor primeiro do corpo, mas depois fixando somente nos dois braços. Ela levantou as duas mãos até a altura do peito. As duas separadas, fixas e abertas, em forma de palmas. Em um outro instante, a energia mágica foi para as duas mãos, criando duas chamas alaranjadas intensas.

Akira estava sorridente aquela hora. Sim, mesmo ali, ele parecia feliz. Ouvir Kula falar que mostraria "algo especial" lhe fez a adrenalina subir a cabeça. Sua empolgação era tamanha que ele começou a concentrar energia mágica enquanto ria alta e escandalosamente.

Isso fez com que muita gente parasse sua torcida por pura desconfiança. Mais e mais os espectadores achavam que Akira não batia bem da cabeça, coisa que Regi já tinha certeza faz tempo.

A risada maluca do mago não cessou nem quando ele começou a sentir calor vindo de todo o campo. Olhou fixadamente para sua oponente, sabendo que ela estava séria em demonstrar uma coisa nova. Uma coisa poderosa! E lá vinha!

RITUAL DO CORREDOR DE FOGO!

Essa magia era complicada de se explicar. Ver, era uma coisa. Como será que Kuchiki explicaria essa sua magia? Bom, em primeiro lugar, se tratava de uma Magia Ritualística. Isso significava que ela tinha um efeito mais poderoso e duradouro, mas que era necessário que o usuário mantivesse "alimentando" a magia, assim como o Campo Mágico. A diferença desses dois era que o Ritual exibia uma magia em menor escala e também precisava que o usuário ficasse "ligado" à magia de qualquer jeito possível.

Então qual era a vantagem do Ritual? O poder de efeito. Assim que Kuchi recitou a magia, ela balançou os dois braços em sentido vertical, ao mesmo tempo. As chamas em suas mãos viraram um tipo de pincel, pintando duas linhas retas e vermelhas que iam dela até um pouco depois de Akira, mantendo as duas pessoas entre elas.

As linhas vermelhas não eram só enfeite. Elas pegaram fogo quando terminaram sua corrida, que tinha parado só quando atingiu a borda do ringue, a uns seis metros de distância de Akira. As chamas eram muito quentes, fazendo o mago começar a suar quase que imediatamente. Ele olhou para os dois lados, vendo dois muros de fogo. Ele logo sabia que não adiantaria nada tentar pular aquele muro ou mesmo ultrapassá-lo. Ele conhecia muito bem as características de uma magia ritualística e não era burro para tentar qualquer movimento desnecessário. Assim como foi contra aquela magia de aprisionamento.

Ele manteve a concentração, esperando o próximo passo dela. Qual era o plano? Trancar ele entre duas paredes de fogo não fazia com que fosse menos perigoso para ela mesma. Foi aí que ele entendeu. As duas paredes criavam um corredor, mas o objetivo não era prendê-lo. O que Kuchiki queria mesmo era fazer com que seu campo mágico desaparecesse.

Ele olhou para a garota novamente. A viu com um olhar afiado, provavelmente pronta para um novo embate. Ele sorriu. "Então ela descobriu...", pensou ele. E sim, ela descobriu mesmo.

A maga de fogo tinha entendido que aquele pântano do inferno não era imbatível. Aquilo não era feito de ilusão, como a magia de Himi. Aquilo era feito de magia. E magia afetava uma outra magia. Quando as duas ondas mágicas se chocaram, ela prestou muita atenção no chão por onde a sua onda de fogo passou. Ela foi "varrendo" o campo. Mas como ele se manteve ativo mesmo depois do choque, Kuchi determinou que provavelmente Akira o refazia mandando mais energia mágica toda vez que o campo sofria algum tipo de alteração. E foi só quando ela voltou ao ringue, que teve a ideia de obstruir esse campo criando duas paredes de energia mágica, como se fosse uma barreira para o campo mágico.

Tinha funcionado perfeitamente bem. Agora ela via o piso branco do chão em seus pés que iam até os pés de seu oponente. Kula encostou suas mãos nas paredes que ela mesma havia criado, colocando uma de cada lado. Esse era o pagamento por um ritual. Ela precisava estar ligada diretamente com a magia para mantê-la.

Mas isso não seria um infortúnio ali. Ela tinha um plano. Iria misturar uma coisa que ela ouviu de San e uma outra que ela já estava pensando há um bom tempo. Foi isso que a fez começar a correr na direção de Akira.

O mago, sem ter para onde ir, só completou sua concentração, colocando as duas mãos para frente, juntas, com a palma virada para a inimiga. Ele ainda não sabia qual era o plano dela, mas se ela estivesse pensando em entrar novamente em um combate corpo a corpo, então ela estava mais que sonhadora.

GRANDE ESFERA DAS TREVAS!

Exatamente assim como sua magia mais simples, uma esfera de energia condensada foi criada na frente de suas mãos. A diferença era o tamanho. E caramba, que diferença! A bola tinha, no mínimo, o quíntuplo de tamanho da esfera normal. Era gigantesca e poderosa. Foi disparada contra a garota sem mais nem menos. A ideia era fazê-la parar de correr... De lutar... De viver.

A bola negra era do tamanho exato da distância das duas paredes de fogo, então não tinha por onde se esquivar. E não havia tempo para pular por cima. Ela precisaria ser tão rápida como Mana ou Himi para isso. Antes mesmo que a esfera chegasse até ela, Akira ficou imaginando qual seria a ação da oponente. Ela não poderia usar os braços para se defender, pois daí tiraria o efeito do ritual e as paredes de fogo que estavam segurando o campo iriam desaparecer.

Mas e então? O que faria? A curiosidade não o deixava quieto, mesmo que tudo tivesse acontecido em menos de cinco segundos. No fim, ele se perguntou, fazendo piada para ele mesmo: "O que vai fazer? Vai encher as bochechas de energia e cuspir fogo?".

MANIPULAÇÃO DAS CHAMAS - VERDE FAMINTO!

Bom... Não, ela não iria cuspir nada. Era a primeira vez que ela faria tal coisa, pois a ideia tinha sido de seu colega de time. Logo quando viu a esfera negra gigante sendo criada, ela começou a mandar energia mágica... Para o pé direito. Isso foi um pouco complicado de se fazer, pois por mais que "chutes mágicos" fossem algo muito visto no mundo das batalhas, Kula nunca precisou sequer pensar nesse artifício. Mas ali, naquela situação, ela não poderia ter tido uma ideia melhor.

Nas palavras de San: "Suas magias são basicamente 'manuais'. Você precisa desenhar ou mandar muita energia mágica para as mãos e os braços. Nada de errado aqui, mas se você quer surpreender o oponente, vai precisar mais do que isso. Eu já vi que você tem um bom controle de energia, então minha dica pra você é que CHUTE magias. Você vai ver que o efeito psicológico vai causar mais danos em seu oponente do que a magia em si.".

Quando gritou a magia, o pé direito da garota pegou fogo. Um fogo verde. Kuchi esperou até que a esfera negra estivesse à sua frente, e então fez exatamente o que San tinha lhe falado. Ela chutou a esfera de baixo para cima.

O efeito foi fantástico. A esfera reagiu como se fosse um balão de água, mudando a forma incondicionalmente, fazendo as extremidades se expandirem e então... BOOM! A esfera negra explodiu acima do ringue, causando uma vibração de energia que reverberou por todo o Coliseu, causando ainda um tremor no ar e criando um zunido forte que fez os espectadores tamparem os ouvidos.

Akira não fez isso. Ele só ficou lá, parado com uma cara de bobo. Não tinha entendido o que tinha acontecido bem debaixo do seu nariz. Ele não tinha sacado que a magia de fogo verde de Kuchi "comia" outras magias e que ela tinha usado isso para tirar aquela esfera do caminho.

Em um piscar de olhos, a maga já estava bem à frente dele, trazendo as mãos juntas até seu peito. Sim, Kuchi desfez o corredor de fogo, que começou a se desfazer imediatamente. Mas ela ainda tinha um tempo. O Ditador Negro precisaria de alguns segundos para encher aquele caminho com sua lama negra e nojenta. E ele não teve esse tempo.

Tentou dar um passo para trás quando sentiu mais energia mágica sendo concentrada na palma da mão direita de sua oponente. Mas não adiantou de nada. Era tarde demais. O movimento dela, o avanço e a tática. Tudo tinha sido extremamente bem calculado e perfeito demais. Não havia escapatória.

MANIPULAÇÃO DAS CHAMAS - LARANJA EXPLOSIVO!

Essa magia foi rápida demais, mesmo aos olhos dos torcedores que tanto prestavam atenção. Para Akira, tinha sido na velocidade da luz. A mão direita do Anjo de Fogo criou uma chama laranja que não durou muito tempo. Aquela chama absorveu o ar e a energia ao redor, criando uma capsula de reação atômica entre a mão da garota e o peito de Akira. E então veio a explosão.

Essa explosão tinha sido unilateral, como se estivesse sendo empurrada. E realmente estava. Todo o corpo do mago negro foi pego pela explosão, não dando chances para ele se defender de qualquer maneira. Seu corpo voou tão rápido, que ninguém o viu caindo com tudo no chão bem na frente de um dos pilares de contenção, ao noroeste do Coliseu. A explosão foi barulhenta e poderosa, e todos gritaram no momento. Muita coisa aconteceu ao mesmo tempo.

Vamos começar por partes: Kula caiu de joelhos, respirando rapidamente. Estava cansada, com o corpo pesado. Usou três magias seguidas, duas delas ao conjunto com outra. Isso lhe consumiu uma grande quantidade de energia mágica, ao ponto dela não saber por quanto tempo mais ela poderia continuar lutando. Estava sentindo todo o braço direito doer por causa do coice da explosão que ela mesma criou. Sua mão estava esfumaçando. Doendo como o diabo.

Era a primeira vez que ela usava aquela magia em combate real, e era a magia que ela vinha treinando há um tempinho atrás. Tinha sido perigoso usar naquele momento? Sim! Mas que escolha ela tinha? Tudo era perigoso! Akira não era um oponente qualquer, e requeria todo o esforço dela, até que a última gota de suor caísse de sua testa. E olha que ela nem tinha descoberto qual era o real terror do ex líder de guilda ainda...

Mas estava para descobrir naquele momento. Ainda ajoelhada no chão, a garota viu que o Campo Mágico do oponente estava finalmente desaparecendo. Aquilo criou um alívio em seu peito, a fazendo reganhar um pouco de força. Ouviu o barulho do Telão Informativo, que finalmente tinha mostrado a contagem.

Também ouviu seus fãs. O povo que ainda tinha esperanças na Immortal Star. Ela se pegou sorrindo. Pela primeira vez estava se sentindo bem por ouvir todas aquelas pessoas comemorarem sua vitória. Era tudo o que ela queria.

Não, não era verdade. Ainda havia uma coisa que ela desejava mais. Era algo que só uma pessoa, em todo esse vasto mundo, poderia lhe proporcionar. Só ele conseguia. E metade de seu desejo foi realizado quando ela o ouviu gritando:

— LEVANTE-SE!!! AINDA NÃO ACABOU!!!

O sorriso em seu rosto desapareceu no mesmo instante. Olhou para o lado, só para confirmar que não estava tendo um sonho ruim. Era a voz dele mesmo? Viu Mumu na borda do ringue, gritando e apontando para o outro lado. Era sim! Não acabou? Como assim?

Kuchi seguiu o apontar de seu parceiro, virando a cabeça para o outro lado. Ela nem viu o Telão Informativo parar sua contagem no "4" e também não ouviu a volta da torcida da Zero Soldier. Tudo o que ela precisou ver para saber do que Mulkior estava falando era Akira, subindo no ringue como se nada tivesse acontecido. Bom, mas ACONTECEU!

Kula se levantou o mais rápido que conseguiu, ficando virada para o oponente. Viu o peito dele, onde tinha levado todo o impacto da explosão anterior. Esse local estava ensanguentado e queimado. O sangue pingava a cada segundo, tirando mais e mais vida daquele corpo meio amaldiçoado. Mas ele continuava dando passos para frente. Lentos, claro. Mas ainda sim, com vitalidade o suficiente para fazer a maga de fogo começar a tremer.

Akira ficou ereto, olhando para o próprio machucado. Ele trocou o olhar duas vezes, olhando para o machucado e depois para sua oponente. Depois vice e versa. Ele logo soube que ela estava preocupada que ele ainda pudesse estar de pé, mesmo com aquele machucado. Ainda sorrindo, ele apontou para o próprio peito e disse:

— Agora acredita em mim? Acredita que eu sou um corpo com uma maldição que não me deixa sentir dor?

— O que eu acredito é que você é um monstro! — gritou ela, querendo disfarçar seu medo usando uma voz mais grossa.

— AHAHAHAHAH! — essa risada dele foi mais natural. E foi exatamente por isso que criou mais medo e mais irritação na sua oponente. — Obrigado por me proporcionar tamanha alegria nessa luta, Kula. Eu aprendi muito hoje. Mas acho que foi o suficiente.

O chão começou a tremer. Não violentamente. Ninguém estava caindo, nem nada. Mas ainda sim, os espectadores conseguiram sentir o pequeno tremor embaixo de seus pés. Quem estava sentindo bem esse tremor era Kuchiki, já que a "origem" do tremor estava a poucos metros a sua frente. Ela também estava presenciando de camarote as reações arcanas no ar, que era como ver bolhas de sabão subindo e explodindo aleatoriamente.

Isso tudo era devido ao aumento de poder de Akira. Ele parecia estar absorvendo a energia mágica ao redor do Coliseu. Como se fosse um tornado vivo, sugando e destruindo tudo ao redor. Akira estava com uma aura muito maior agora. Negra e imponente. Não dava pra saber se aquilo era um efeito a mais da concentração, mas sua pele parecia mais branca agora. Não seria difícil confundi-lo com um defunto. Um defunto com poder para destruir uma cidade, se quisesse.

Kula recuou um passo. Precisava clarear a mente, se livrar do medo. Ela sabia que aquilo deveria ser toda a força mágica de seu oponente. Ele estava concentrando tudo de uma só vez, mostrando que dali para frente, a batalha se intensificaria. Ela não se impressionou muito com o fato dele ainda ter toda aquela energia mágica sobrando. Afinal de contas, ele era um mago. Se dizia um "Darkmancer", mas ainda sim, era de classe mágica. Sorriu por um momento. "Eu também estou no mesmo patamar.", pensou ela.

Suas forças estavam voltando. Seu medo estava sumindo. Era isso que ela precisava. Vontade! Precisava continuar de pé e lutando até derrotá-lo. Precisava estar focada naquilo. Na vitória. Só assim ela conseguiria superar a tremedeira de seu corpo. E as dores.

ESPADA DE HADES!

É claro que essa magia surpreenderia qualquer um ali. Akira passou toda a energia que tinha para a mão direita, que ele a colocou acima da cabeça. Assim como todas as magias, de sua mão, começou a sair um tipo denso de energia, criando e se modificando para se tornar outra coisa complemente diferente.

Primeiro, foi uma esfera. Nem era tão grande, na verdade. Mas logo em seguida, a esfera começou a oscilar e a se transformar, como se tivesse algo dentro daquilo querendo sair. A esfera foi virando mais oval, até ficar retangular e maior. Em dois flashes, ela tinha ganhado uma forma totalmente inovadora, virando uma espada negra.

E que espada! Mesmo que ela não parecesse ter uma lâmina de ferro, ela ainda parecia afiada o suficiente para cortar qualquer tipo de carne. A beleza da espada também era uma coisa que Mulkior e Regi não conseguiram desviar os olhos. Por mais que a espada estivesse envolta de uma energia negra, ela parecia ter sido criada por um ferreiro que gostava de criar detalhes em suas obras. Os dois filhos de ferreiros não puderam analisar mais aquela obra prima, pois ela estava sendo balançada rapidamente enquanto seu usuário corria contra Kuchiki.

Os dois combatentes não estavam longe um do outro, o que fez com que Akira corresse por muito pouco para poder manejar sua espada de energia negra contra sua oponente. Ele desferiu um golpe horizontal, na altura da cabeça da garota.

Kula tinha sido pega de surpresa não pelo ataque, mas sim, pelo fato de que Akira estava entrando em um combate a curta distância. Ela se abaixou rápido, se esquivando do primeiro golpe. A resposta para a pergunta: "Por que será que ele decidiu mudar de estratégia logo agora?" veio logo em seguida. Akira conseguiu modificar a trajetória da espada perfeitamente, fazendo um corte diagonal assim que a maga se abaixou. A lâmina negra passou pelo ombro de Kuchi, a cortando e a fazendo dar um grito curto de dor.

Ela ficou de joelhos, em uma posição horrível para se defender. Sem esperar, o mago negro girou a espada e a desceu em grande velocidade. Kula já esperava aquele golpe, então jogou o corpo para trás, caindo de bunda no chão. O mago da Zero Soldier bateu com a ponta da espada no chão, criando um típico barulho de metal. Agora ela conseguiu ver os olhos de seu oponente bem de perto. Ele sorriu quando seus olhares se encontraram, criando um pouco mais de desespero na mente dela.

Avançou mais uma vez, arrastando a espada no chão e dando mais um ataque vertical, levando a espada para cima. Mais uma vez, Kuchi teve que jogar o corpo para o lado, escapando por pouco do golpe. Era mais estranho do que se imaginava. As habilidades de espada de Akira não eram nada amadoras.

A garota se levantou rápido, vendo seu oponente girar e vindo em sua direção de novo. Era aquilo. Aquela estratégia. Ele estava fazendo a mesma coisa que ela tinha feito mais cedo. Não queria que ela tivesse tempo para invocar nenhuma magia. Pulou para trás quando ele manejou outro corte horizontal, na altura do peito.

A maga virou as costas e começou a correr. Akira foi atrás. Ela sabia que precisava de um plano novo para combater aquilo. Não teria muito tempo para se concentrar, então precisava ganhar tempo.

ESFERA DE FOGO!

Nessas horas, tudo o que ela poderia fazer é usar magias com uma rápida concentração de energia. Ainda correndo, ela passou um pouco de energia mágica para a mão direita, se virou e atirou contra o oponente, quase a queima roupa.

A defesa de Akira foi impressionante também. Sem parar de correr, ele fez um novo movimento diagonal de baixo para cima com a espada, cortando a esfera flamejante em dois. A bola de fogo nem pareceu resistir. Foi como uma tesoura cortando papel.

Akira não parou seu avanço, e como sua oponente estava sem defesas, ele desferiu outro corte, que foi certeiro. Kuchi ainda teve tempo de colocar os dois braços para frente, protegendo sua cabeça. Isso a salvou de tomar um dano mais crítico. Mas ainda sim, fez ela ter novos cortes no braço. Cortes profundos dessa vez.

A garota cambaleou para trás, mas se manteve de pé. Desceu os braços e os encostou perto do corpo, tentando superar a dor. Estava difícil. E ela não tinha tempo para se preparar. Akira já estava passando uma boa quantidade de energia para a mão esquerda. Mais especificamente falando, ele já estava com a mesma mão apontada para ela. Era um carregamento rápido de energia e ela sabia que não iria conseguir se defender dessa vez também. Ela tinha perdido muito tempo tentando ignorar a nova dor nos braços.

IMPACTO OBSCURO!

De novo, tudo o que a maga pode fazer para se defender, foi cruzar os braços na frente do corpo. Akira disparou sua energia mágica concentrada diretamente no corpo de sua oponente, criando um impacto psíquico poderoso. Essa magia era específica para afastar oponentes, mas não quer dizer que não dava um considerável dano no corpo da pobre pessoa. E Kuchi já a levou duas vezes só nessa luta!

Seu corpo foi para longe dessa vez. Ela caiu dois metros depois de ter passado da borda do ringue. Bateu as costas contra o chão, perdendo um pouco do ar. Nem ouviu a gritaria novamente. Também não ouviu a voz de seu amado, pois ele estava muito longe dali.

Mas mesmo não o ouvindo, ela se lembrou dele naquele momento. Sim, ainda no chão e sonhando acordada com Mumu. Imagens dele se passaram em sua cabeça. Imagens dele brandindo a espada de ferro dele. Ele tinha muito mais habilidades que Akira. Suas técnicas eram muito mais refinadas. Havia uma certa beleza em seu manejar de espada. Era empolgante vê-lo batalhar. Até mesmo treinar! Tudo naquele homem era belo demais e merecia elogios.

Foi aí que a maga abriu os olhos. Encarando o chão empoeirado, ela se lembrou de algo que não deveria ter esquecido nem por um momento. Tentou se levantar e sentiu dor em todo seu corpo. Não podia ficar ali! Sabia que estava fora do ringue e que o contador já havia começado! Mesmo com seus braços sangrando, ela os forçou e se levantou. Engatinhou até a borda do ringue e o subiu, levando a mão na orelha direita automaticamente.

"Como eu pude me esquecer de algo tão importante?", pensava ela. Talvez no calor do combate, sua mente bloqueou aquela lembrança, e o fato dela não ter tido um bom tempo para pensar em sua própria situação pode ter a levado ao esquecimento temporário. Não importava agora. Ela não tinha tempo nem para se culpar.

Colocou a mão no brinco. O brinco que seu cabelo escondia. Ninguém teria dado bola para aquilo. Era só um brinco. Era redondo, sem nenhuma forma ou desenho. E era vermelho também. Retirou o brinco da orelha, sem chamar atenção de Akira. O mago vinha até onde ela estava em passos curtos. Nem esperou o Apresentador parar de falar sobre como aquela batalha estava intensa e blá, blá, blá.

Nenhum dos dois queria esperar mais um segundo. Eles precisavam continuar lutando. A adrenalina no sangue dos dois os mandavam se mover, atacar, correr, lutar! Era um Duelo de Magos! Um precisava sair superior ao outro! Não haveria empate naquela luta! Era vencer ou perder. E os dois estavam com a vitória em suas mentes.

Kuchi, que já subiu ao ringue concentrando energia, começou a passar tudo para o brinco em sua mão. Aquilo era seu trunfo. Uma carta na manga criada por Mumu, com uma ideia de San. Também tinha sido uma das estratégias do garoto cabeludo. Era pra ser algo mais específico do que simplesmente: "não começar a batalha com a Esfera de Fogo.". Mas havia mais importância ali. Havia sentimentos.

O brinco ficou quente quando apertado pela maga. Sim, quente. Sentimentos. Olhou para o outro lado do ringue, encarando seu parceiro. Quando essa pessoa viu que finalmente o olhar dela tinha cruzado com o seu, ele fez "sim" com a cabeça. Ele já sabia o que estava para vir e ele aprovava a decisão dela. Kuchi não sorriu, mas se alegrou. Terminou de passar energia mágica para o brinco e então gritou:

MANIPULAÇÃO DAS CHAMAS - CINZA TRANSMUTADOR!

Foi depois que ela falou com San, que Kula Chikigane descobriu o verdadeiro poder assustador de sua Classe Secundária. A Manipulação Elemental era uma forma de magia de uma nível supremo, onde só os grandes mestres tinham oportunidade de conhecerem os seus verdadeiros segredos. Com essa magia, Kuchi poderia transmutar qualquer material que reagisse bem ao fogo. Ela não tinha um poder total dessa chama ainda, mas com a ajuda de Mulkior, ela já conseguia fazer uma coisa que nunca imaginou que faria.

Vamos por parte. No dia anterior, San perguntou se Mumu poderia transformar qualquer esfera de energia que estivesse recarregada, mesmo que a energia não fosse dele. O mago respondeu que sim, mas ele precisava estar familiarizado com o "pulso de aura" que a esfera poderia conter. No dia da luta em dupla, ele tinha conseguido criar uma arma com a energia mágica de Kula por pura sensação do momento. Ele disse que os dois estavam ligados um ao outro magicamente, e nisso, a magia tinha sido um sucesso.

Foi ai que as ideias malucas de San apareceram. Ele perguntou se era possível criar uma arma especial e depois deixá-la em forma de esfera de ferro, para quando fosse voltar a ser arma, que voltasse a ser como ela haveria sido criada primeiramente. Mulkior respondeu que era possível sim, mas ele não fazia isso porque ele precisaria manter uma conexão com a esfera o tempo todo. Daí San perguntou se era possível fazer isso com uma esfera que estivesse energia de OUTRA pessoa. Mais uma vez, o mago disse que nunca tinha tentado tal coisa, mas pela teoria, também seria possível se a esfera se mantivesse em conexão com a pessoa que passou a energia em primeiro lugar. San sorriu e disse: "Ótimo, era o que eu esperava ouvir.".

E daí veio a ideia absurda. Kuchiki pegou uma das esferas de ferro de seu parceiro e a energizou. Mumu pegou essa esfera e a transformou em uma arma específica aos desejos dela. Depois a retornou novamente para uma esfera, dando novamente para Kuchi.

"E agora? Como eu poderia fazer para transformar isso novamente em uma arma, se eu não posso usar magias de Transformação de Metal?", foi a pergunta da garota. A preocupação dela era verdadeira. Mas ainda rindo, San respondeu: "Não vais usar esse tipo de magia. Vais usar Manipulação Elemental.".

E tinha dado certo! Usando a transmutação elemental, Kuchi conseguiu fazer aquela esfera de energia voltar a sua forma de arma como se estivesse tirando um laço de um presente.

A pequena esfera começou a crescer e a se tornar mais pesada. Criou uma lâmina um pouco curvada, razoavelmente fina, mas cumprida. Na base, um protetor de mão que se parecia ser feito de madeira, entalhado como se fosse uma flor. Não demorou muito para ela se transformar totalmente em uma katana bonita. Ah sim! E que pegava FOGO! A lâmina cinza logo entrou em combustão, soltando labaredas para todas as direções.

Dessa vez foi ela que deixou o sorriso sair. Aquela era a arma dela! Não tinha decidido um nome ainda, mas isso não vinha ao caso agora. Era a arma especial dela, feita pelo melhor mago de ferro que existia no mundo.

Mulkior, que estava tentando controlar a emoção, também deixou o sorriso aparecer. Sua felicidade não era por ver a arma que ele criou. Sua felicidade era por ver Kuchiki com a força de vontade restaurada, levantando imponentemente a katana, anunciando que iria partir para o ataque.

E foi magnífico. Kula desceu a arma em um corte rápido. Akira não estava preparado para aquilo, mas ainda sim, conseguiu dar um passo para trás e se esquivar do primeiro golpe. Ele percebeu o leve sorriso da oponente, e fez o mesmo, como se estivesse retribuindo o gesto. Deu um golpe meio diagonal com sua espada, que foi aparada pela katana de fogo da maga. Os dois mantiveram as armas encostadas uma contra a outra, enquanto tentavam se empurrar.

Quando Kuchi viu que estava começando a perder em força física, ela se desvencilhou da disputa jogando o corpo para o lado. Akira quase foi ao chão pela ação imediata da oponente. A garota, continuou girando o corpo e deu um novo golpe, sendo outro corte vertical. Esse continha mais força do que velocidade. Talvez tenha sido por isso que Akira conseguiu escapar dando um passo a mais para frente.

O mago das trevas girou o próprio corpo para encarar a oponente, mas antes que pudesse atacar, ele sentiu a katana de fogo lhe cortar a perna direita. A sensação foi horrível, na verdade. Akira não sentia dores, mas conseguiu sentir o calor intenso em sua alma. Por sorte, sua calça não entrou em chamas com o corte e isso era uma das maiores preocupações dele. Não é porque ele não sentia dor, que ele não levava o dano em si.

Segurou a espada com mais força, fazendo ela aumentar o brilho negro à sua volta. Aplicou um corte poderoso, vertical. Kuchi levantou a katana para se defender, mas o impacto foi tão forte, que ela foi jogada para trás. A maga cambaleou, mas não caiu. Piscou uma vez e quando se deu conta, viu que Akira já estava em cima dela, pronto para um novo golpe. Ele tentou atingir o pescoço dela, para decapitá-la em um só movimento.

E foi assim, se jogando para trás, que ela caiu mais uma vez. Naquela posição, ela estava quase que totalmente aberta a um ataque mortal. Carregou energia mágica na mão esquerda e apontou para frente, sem medo.

LANÇA-CHAMAS INCANDESCENTE!

A maga lançou seu jato irregular de fogo, fazendo Akira colocar a espada na frente do corpo para se proteger. Passou um pouco mais de energia para a arma, criando uma aura protetora. Mas isso não o protegeu do calor mágico. Ele deu três passos para trás, saindo da linha da magia. Isso criou tempo o suficiente para a garota se levantar e respirar fundo.

Aquela luta estava quase equilibrada. Não dava pra saber quem estava mais cansado. Mas era possível ver que a maga de fogo parecia mais machucada. Seus dois braços ainda pingavam um pouco de sangue no chão toda vez que ela fazia um movimento brusco, o que lhe dava algumas novas desvantagens. O fato de Akira não demonstrar dores também atrapalhava uma análise detalhada de seu estado. Querendo ou não, quem precisava terminar logo essa luta era a guerreira da Immortal Star. Prolongar isso só resultaria em uma tragédia.

Ela segurou a katana com força e partiu para cima, colocando bastante ar no pulmão para resistir bem ao que estava preste a fazer. Primeiro, ela atacou com um corte simples, na altura do peito de Akira. Esse golpe foi defendido com a espada negra do cara, sem maiores dificuldades.

Mas a maga não parou por aí. Ela voltou o braço rapidamente, atacando com um golpe de perfuração. Esse golpe, Akira quase não escapou. Bateu com a espada na lateral da katana, desviando o caminho do golpe de Kuchi. Ele fechou a mão esquerda e tentou acertar um soco na face da garota. A garota estava muito próxima e tudo que conseguiu fazer, foi colocar a cabeça para o lado. Ela levou o golpe de raspão, que nem lhe doeu. Trouxe a katana para perto do corpo e aplicou um corte elevatório.

Dessa vez, por causa da proximidade entre os dois, Akira não conseguiu escapar totalmente do golpe, sendo cortado levemente no ombro esquerdo. Recuou um passo ganhando espaço e logo em seguida, aplicou uma sequência de dois golpes, sendo um diagonal e outro vertical. O primeiro golpe, Kuchi conseguiu esquivar apenas jogando o corpo para o lado. O segundo, ela se defendeu levantando a katana.

Ela sabia que não adiantava tentar manter aquela posição contra a força do oponente, então ela logo se desvencilhou e aplicou um novo corte horizontal na altura das pernas dele. Akira deu um outro passo para trás, quase não conseguindo se esquivar do golpe. Girou o corpo em um ataque redemoinho. O corte estava em alta velocidade, mas a maga ainda conseguiu se abaixar e deixar a lâmina negra cantar sobre sua cabeça.

Como já estava meio abaixada, ela aplicou um novo corte baixo que raspou o pé direito do homem. Irritado, Akira aplicou um golpe de ponta vindo com a espada de cima para baixo, com bastante força. Percebendo a intenção assassina dele, tudo que a maga conseguiu fazer foi jogar o corpo para trás, rolando no chão e ficando de pé logo em seguida, ouvindo o barulho de ferro bater contra o piso resistente da arena.

Os espectadores estavam animados com aquela troca de golpes. Não imaginavam ver uma luta de espadas em um duelo de magos, o que deixava tudo mais divertido e original. Todos torciam, e por mais que as vozes dos fãs da Zero Soldier fossem mais ouvidas, ainda era possível diferenciar as pessoas que gritavam pelo nome da maga. Mas os dois em campo não tinham isso em mente. A luta continuava.

E dessa vez, era hora de Akira partir para o ataque. Estava na hora de colocar em prática um novo jeito de lutar. Passou mais energia mágica para a espada, fazendo ela parecer ainda maior e mais sinistra. Kuchi ficou em posição defensiva, mantendo a katana em sua frente.

Akira começou com um ataque potente diagonal. A maga não tinha certeza se conseguiria aguentar aquele ataque, então tudo o que fez foi girar o corpo para o lado, escapando do primeiro golpe. Ela o viu girando a espada para começar um novo corte, mas ela foi mais rápida e acertou um corte horizontal no peito dele. Mas é aqui que o problema começa.

Akira "ignorou" completamente o corte novo no peito. Ele desceu a espada com tudo, cortando Kuchi de ponta a ponta, começando do ombro direito. Por essa, ela não esperava.

A moça deu vários passos para trás, levando a mão esquerda até o ferimento novo. Percebeu que estava tremendo sem controle. Ela sabia o que era isso. Era o cansaço extremo. Era uma mensagem de seu corpo para seu cérebro, querendo avisar que ela já estava chegando em seu limite para danos.

Tentou se manter ereta. Viu Akira partindo para cima novamente. Levantou a katana para defender de um novo golpe vindo de cima, mas assim que as duas lâminas se encontraram, Kula foi empurrada contra o chão, ficando de joelhos. Akira manteve a espada contra a arma da oponente, colocando ainda mais força. Kuchi já estava usando tudo o que tinha, com uma das mãos no cabo e a outra na lâmina.

Uma coisa fantástica sobre a magia era que se você soubesse controlar bem seu elemento, ele não te feria. Então mesmo que a katana estivesse pegando fogo, aquilo não afetava a garota. Ainda sim, não era motivos para se comemorar.

Kuchi não aguentava mais segurar toda aquela força contra sua cabeça. Para escapar, ela tentou chutar a perna de Akira, mas não obteve muito sucesso. Ela não tinha forças para causar danos com seus pés. Não. Ela TINHA sim! Lembrou do que tinha feito anteriormente!

Começou a concentrar energia. Tinha que ser rápido e em pouca quantidade. Akira não sabia o que ela iria tentar fazer naquela posição ruim, mas isso o fez mandar ainda mais forças para os braços, o que fez a maga quase não aguentar de vez.

MANIPULAÇÃO DAS CHAMAS - LARANJA EXPLOSIVO!

Mandar energia mágica para uma parte do corpo específica era extremamente fácil. Difícil era fazer isso com alguém tentando esmagar sua cabeça com uma espada exalando morte.

Mas ainda sim, ela conseguiu. Passou um pouco de energia para o pé direito, deixando ele com uma chama laranja e fraca. Ela não precisaria de muito. Bem na hora que seus braços não aguentaram mais e ficaram moles, ela mandou a magia com seu pé, chutando novamente a perna esquerda do oponente.

No momento do impacto, ocorreu uma explosão pequena. Foi forte o suficiente para a perna do indivíduo voar para o lado, fazendo Akira ir ao chão com tudo. Ao se ver liberada daquele travamento, a maga de fogo usou os pés para se afastar, até finalmente conseguir ficar de pé. Ela não estava sentindo os braços e quase não conseguia manter a katana na mão. Arfava fortemente agora, voltando a sentir todas as dores possíveis no corpo.

Viu Akira se levantando, percebendo imediatamente que ele tinha problemas em fixar o peso do corpo no lado esquerdo. A explosão na perna o afetou. Finalmente alguma coisa que iria lhe ajudar a virar a mesa!

Kula clamou por forças. Desejou sentir os braços novamente, que já estavam dormentes. Teve seu desejo realizado, mas com um preço: as dores vieram junto. Ela fez uma careta na hora, mas tentou disfarçar abaixando a cabeça e partindo para cima mais uma vez. Akira já estava virado para ela e já preparava um novo golpe. Mal sabia ela que ele tinha planos para atacar sem se mover.

ESFERA DAS TREVAS!

Sem quase nenhum esforço, Akira criou, usando a mão esquerda, uma bola com energia negra que circundava-a. Não criou uma tão pequena dessa vez. Tinha colocado um pouco mais de energia do que normalmente, com o intuito de deixá-la maior. Mas não exageradamente, claro. Ele podia fazer uma gigante se quisesse, mas isso levaria mais tempo de concentração.

Mas enfim, ele fez uma nova esfera que era um pouco maior do que normalmente era, e depois atirou contra a maga, que corria em sua direção em linha reta. Kuchi não se amedrontou com aquela magia. Era só uma bola cheia de energia, sem segredos nenhum. Não iria recuar só por causa daquilo. Segurou a katana com as duas mãos e sem parar de correr, fez um corte vertical de baixo para cima, incendiando a esfera negra e eliminando sua existência. O fato é que isso era uma finta.

Kuchi sentiu uma dor intensa no meio do peito e viu que em vez de andar para frente, ela estava indo para trás. Era involuntário. Olhou para baixo, para o peito. Havia uma espada enterrada lá. Era negra, bonita e assassina. Desviou o olhar, indo para as mãos de seu oponente. Onde estava a espada dele? Essa pergunta era óbvia demais. "Ah, é essa que está no meu peito!", pensou ela, querendo dar um tapa na própria cabeça.

Mas não dava, seus braços não se mexiam. Como aquilo tinha acontecido? Como a espada negra que seu oponente manejava tão perigosamente agora estava lá naquele lugar, causando uma dor extrema em seu corpo?

Kuchi tentou relembrar as ações dos últimos segundos. Ela correu. Akira juntou energia. Criou uma bola de trevas um pouco maior do que deveria ser. Ela continuou correndo. Akira atacou a bola. Ela correu e sem parar, cortou a esfera de energia em dois. E então dor. Muita dor. O que tinha acontecido? O que não estava se encaixando? Em algum momento ela ficou cega? Piscou demais?

Espere. Não foi por cegueira, mas... No momento que ela cortou a esfera de trevas, ela perdeu a visão do oponente por um segundo. Não! Mas não pode ser! Akira tinha conseguido atirar a própria espada enquanto ela se ocupava cortando sua magia? Mas que tipo de pensamento maluco era aquele?

Bom... Maluco ou não, tinha funcionado. Agora ela estava sangrando pelo peito, sentindo falta de ar. A espada estava sumindo, virando fragmentos de energia mágica sendo levadas ao vento. Ela caiu de joelhos. Dessa vez, ouviu Mumu gritar seu nome tão alto, que seria possível ouvir de outra cidade. Mas ela não conseguiu vê-lo. Nem sabia da onde tinha vindo a voz dele.

Ela só caiu no chão, esparramada. Seus olhos estavam ficando fundos. Sua visão, turva. Tentou falar alguma coisa, mas nada saiu. Nem sabia o que falaria, naquela situação. Não ouviu Pablo gritando, dizendo que talvez esse tinha sido o golpe final. Também não ouviu a gritaria que aconteceu logo em seguida.

Aquele era o fim? Kuchiki pensava nisso por saber que estava no chão gelado. Sentia a vida se esvair de seu corpo. Seus músculos ficando pesados, seus sentidos sumindo. Viu que só conseguia mexer os dedos, e olhe lá! Nem sabia o que tinha acontecido com sua katana. Sem manter ela na mão, com uma conexão de energia mágica, ela provavelmente sumiria ou retornaria a ser uma mera esfera pequena de metal. Não importava mais. Tudo tinha se acabado da pior forma possível.

O número "10" tinha aparecido no Telão, já dizendo que os "observadores e juízes" da luta estavam cientes que a Combatente Kula talvez não estivesse mais em condições de lutar. Akira ficou lá parado, sorrindo. Só olhava para a figura ensanguentada da oponente, sem se mexer. Não era de menos. Ele sabia que sua ideia tinha sido perfeita. Ela nunca desconfiaria que ele abandonaria sua arma em um ataque escondido daqueles. E surpreender o oponente sempre foi a chave de toda vitória.

Ele olhou para cima, sentindo os vivas pelo seu nome. Nunca tinha sentido aquilo. Aquela emoção. Sentia-se como um herói, que tinha acabado de derrotar o vilão tirano. Se manteve sorrindo. Levantou os dois braços, fazendo a plateia ir realmente à loucura. O Telão marcava o número cinco, e sua oponente não parecia dar sinais de vida. Tudo tinha terminado. Vitória da Zero Soldier!

Ele finalmente conseguiria aquilo que tinha desejado tanto! Sim!! Seus desejos! Era pra isso que ele lutava! Ali, naquele campo de batalha contra Kula, ele tinha sentido o prazer de um duelo novamente, mas mesmo aquilo não o tinha feito esquecer que ele lutava por algo maior.

Três segundos restantes. Ele iria comemorar mais, mas queria estar ao lado de seus companheiros. Um deles tinha falecido, infelizmente. Chang realmente não sobreviveu ao golpe no coração no final de sua luta. Uma pena, na verdade. Ele era habilidoso o suficiente para ser digno de lutar ao seu lado. Isso para não dizer que ele era mais forte, claro.

Akira se virou, ainda com os vivas explodindo pelo Coliseu, e começou a andar em direção para onde seu time estava. Uma equipe médica já estava a postos dos dois lados, prontos para resgatá-los. E é então que se ouve isso:

INCRÍVEL! — era a voz de Pablo. Impossível não reconhecer tamanha empolgação. — A combatente Kula, que todos nós pensávamos estar fora de combate, conseguiu ficar de pé faltando apenas um segundo em sua contagem!

"Em pé?", pensou Akira. Ele paralisou. Sentiu um arrepio na espinha. Como? Ele era o Mago das Trevas! Ele passava aquela sensação para as pessoas! Então por quê? Não, não. COMO?

Ele foi se virando devagar, como se estivesse dentro de uma casa abandonada, de madrugada, e um fantasma tivesse lhe assoprado no pescoço. Quando finalmente completou a volta, viu sua oponente em pé. Não ereta. Só em pé mesmo. Suas pernas estavam meio dobradas e seu corpo estava pendendo para frente. Ela parecia estar sendo levantada por linhas invisíveis, assim como aqueles bonecos de marionete. E a pergunta se repetiu: COMO?

Ela estava visivelmente fora de combate. Depois daquele dano no peito, ela precisaria é ser encaminhada imediatamente para a Unidade Intensiva de Tratamento Mágico! Ta, ta. Isso já era sinistro, não concorda? Mas isso não foi tudo que aconteceu. A cena ficaria AINDA mais bizarra e assustadora.

De longe, Mulkior estava só observando com a boca aberta e os olhos arregalados. Estava quase sem voz de tanto gritar pelo nome dela e realmente chegou a abaixar a cabeça admitindo a derrota assim que o contador chegou ao "3".

Mas agora ela estava em pé... E ACUMULANDO ENERGIA! Da onde, aquilo? O que estava acontecendo ali? Nem mesmo ele sabia o que Kuchi estava preste a fazer. Mas ele tinha uma leve sensação. Ele tinha um certo medo, na verdade. Fosse o que fosse, parecia ser poderoso... E perigoso.

A temperatura aumentou em todo o ringue. Não. Em todo o Coliseu, para falar a verdade. Pessoas começaram a suar intensamente, com a testa já em pingos. Os mais perceptivos como Shiro, logo souberam que aquilo era uma reação mágica. Era acúmulo elevado de energia.

Mas tinha algo errado, realmente. Toda aquela energia mágica estava em um nível perigoso. Era como sentir um ritual arcano sendo feito, mas com um só mago. E ESSA era a parte perigosa!

As pessoas começaram a ficar incomodadas com o calor e outras com aquela mesma sensação de perigo que o ninja na arquibancada estava tendo. Houve um estranho silêncio que só era quebrado por rápidos comentários das pessoas, como "Está quente, não acha?".

Voltando para o ringue, Akira continuava parado com uma cara de bobo, assistindo tudo aquilo de camarote. Ele viu o corpo de sua oponente ficar vermelho. Sim, exatamente isso que você leu. A pele de Kula começou a se avermelhar, parecendo que alguém tinha jogado um balde de tinta na pobre coitada. E a aura! Quão mais poderosa aquela aura quente poderia ficar?

Akira, involuntariamente, passou as costas da mão na testa, limpando o suor. Olhou para os braços e percebeu que não parava de pingar gotas fétidas de suor. Aquele ringue tinha virado um forno do nada! E a pergunta mais importante ainda não tinha sido respondida. COMO? Como ela estava de pé? E juntando tanta energia! Que tipo de pesadelo era aquele? Por que ela não ficou quieta no chão?

O homem meio amaldiçoado precisou se controlar. Estava entrando em desespero e ele tinha plena consciência disso. Afastou as pernas e entrou em uma posição de ataque. Não podia perder tempo! Seja lá o que ela estava fazendo, era algo perigoso... Principalmente para ele! Como ela estava de pé novamente não importava. O importante era que ela iria cair de novo!

Puxou a mão para trás, concentrando energia mágica. Iria derrotá-la de uma vez. Ela poderia estar de pé, mas claramente estava extremamente ferida e provavelmente não aguentaria nem uma Esfera de Trevas. Seu braço logo se escureceu, criando uma nova aura negra. Não iria perder. Ele estava só um passo da vitória. Era só terminar de carregar e atacar. Só isso. Tão fácil, tão simples.

— Akira... — disse a maga vermelha, com uma voz baixa, mas não afetada por nenhum cansaço. A voz dela assustou o mago, a ponto dele duplicar a exalação de suor. — Você me disse... Que queria ver o que eu... Sou capaz de fazer. — as pausas na fala dela eram devido a uma respiração pesada. Ela parecia ter corrido por quilômetros. — Então é melhor que esteja preparado para sentir um calor pior que o do próprio Inferno! Eu vou te mostrar agora! Vou te mostrar o verdadeiro motivo do meu Título Único ser esse que tenho! RENASCIMENTO DA FÊNIX!

Kula saiu de sua forma corcunda assim que invocou sua magia. Ela puxou o corpo para trás, abrindo os dois braços como se estivesse recebendo uma benção divina. Bem... Em parte era mesmo. Todo o calor acumulado conseguiu fazer algo que ninguém esperava: duplicou. Quantos graus já estavam? Quarenta e cinco? Quarenta e oito? Cinquenta! Era ridículo! Era como estar debaixo do sol do meio dia, no Verão!

A aura da maga começou a se comprimir em volta de seu corpo e ela começou a... LEVITAR. Sim! Do nada, o corpo de Kuchi começou a subir ao alto, sem a menor alteração de gravidade. Simplesmente estava subindo. Não ficou tão alto. Três metros e meio, mais ou menos. Mas ainda era fantástico. Não que magias de levitação fossem raras, claro. Só que Kula era uma Maga de Fogo com magias de Elementarista. Ela não deveria ter nenhuma especialização nesse tipo diferente de magia.

Ou pelo menos era o que Akira pensava. Ele estava abismado. Não conseguiu atirar a magia que estava carregada nas suas mãos. Ficou apenas lá parado, olhando para a cena como se assistisse uma peça teatral. E ninguém podia culpar o mago, pois todos os espectadores se mantiveram calados quando até mesmo o cabelo da maga começou a se intensificar, ficando vermelho e então... PEGAR FOGO! Seu corpo parecia estar entrando em combustão espontânea, mas ao invés dela sofrer com tal mudança, ela parecia estar se fortalecendo!

Akira podia sentir uma quantidade absurda de energia mágica saindo dela. E era MAIS energia que ele mesmo tinha! Isso era ridiculamente impossível! Como ela poderia ter tanta energia assim guardada, mesmo depois de sofrer tantos danos? Havia um segredo. Tinha que haver!

Nesse momento, a energia dela conseguiu adicionar mais dúvidas da cabeça dos espectadores que conseguiam sentir auras de energia: a quantidade de energia acumulada parecia querer quebrar a barreira do provável. Era como se Kuchiki quisesse destruir seus próprios limites, levando sua aura até o infinito.

Essa mesma aura não conseguiu se manter só em seu corpo. Ela começou a acumular mais em suas costas, parecendo que algo novo estava nascendo. E realmente estava! A aura ali se dividiu em dois e depois se estendeu, explodindo em chamas. O que virou depois tirou muitos gritos de surpresa dos torcedores.

Eram asas. Asas feitas de fogo, que batiam bem lentamente, deixando suas chamas serem sugadas ao vento, criando uma imagem digna de uma pintura que marcava os corações de todos aqueles que conseguiam a vislumbrar. Era lindo mesmo.

O mago negro não conseguia encontrar uma palavra exata para descrever sua emoção. Ele estava fascinado. Era um anjo! Certamente era um anjo! A aura em volta de seu corpo criava um tipo de túnica pura, digna de uma vestimenta angelical. Então era mesmo um anjo de fogo. Era isso! Por isso que ela tinha esse Título Único!

Akira começou a rir em uma mistura de felicidade com impressionismo. Nas arquibancadas, era possível ver o mesmo vislumbre no rosto de cada um dos torcedores. E claro, no rosto dos guerreiros, havia mais incômodo e surpresa do que a beleza daquelas asas de fogo.

Um dos espectadores mais inquietos era, obviamente, Mulkior. Ele sentia aquilo. Sentia aquela quantidade exagerada de energia sendo reunida. Mas ele não parecia feliz com o fato. Sim, ela ficaria muito mais forte com isso. Mas como mago, ele sabia quais os perigos que se têm ao reunir uma quantidade exagerada de energia mágica de uma só vez.

Ele estava com emoções divididas. Por um lado, se preocupava com o bem estar de sua parceira. Por outro, ele sabia que essa era a única forma de derrotar o mago negro em combate. Apostar no tudo ou nada nunca foi do feitio de Mumu. Então ele fez o que mais achou certo: confiou totalmente em Kuchi. Ela sabia o que estava fazendo. Se houvesse mesmo algum tipo de perigo, ela já estava ciente, e mesmo assim, preparada para tal.

Era o pensamento normal para o mago, mas não era bem o que estava realmente acontecendo. Kula tinha um segredo muito bem guardado. Era um segredo poderoso e perigoso. Ela não tinha contado pra ninguém não por falta de confiança. Muito pelo contrário, na verdade. Ela já confiava tanto em Mumu, que estava disposta a fazer de tudo por ele, seja lá o que fosse. Ela poderia contar até mesmo para San e Mana, na verdade.

Mas o problema era que esse era um segredo "incontrolável". Havia, de fato, um perigo imenso em usar aquela magia. O Renascimento da Fênix é uma magia de Transformação de Aura, em um nível absurdamente elevado. Ela é realmente incontrolável e não dava pra ser ativada normalmente, só usando um certo tanto de energia mágica e pronto. Na história da magia, somente seis pessoas em todo o mundo conseguiram força o suficiente para conseguir controlar perfeitamente esse tipo de magia, e três deles estavam entre os Magos Santos. Então sim, era uma magia de "Último Círculo", como as Universidades gostavam de dizer quando avaliavam as magias em níveis.

Mas dava pra explicar como essa de Kuchi funcionava, por mais que ela não a controlasse. Primeiro é necessário dizer que existem muitos tipos de contras para a pessoa que usa esse tipo de magia acaba recebendo. O dela era obviamente a destruição de sua sensibilidade à temperatura. Seu corpo não reagiu bem a mudança drástica, e o fato de sua pele mudar de cor era o maior exemplo disso. Nesse modo, até mesmo ela sentia calor de suas próprias chamas descontroladas. Mas isso era uma coisa que ela precisava aguentar.

Agora vamos ao fato de "como" ela conseguiu ativar isso. Pode parecer estranho, mas essa magia se ativa quando ela começa a lutar e sua adrenalina sobe. Sim, exatamente isso. Era uma magia que ficava constantemente ativada enquanto a maga estivesse lutando. E como toda magia, ela CONSUMIA energia mágica sem parar. Era uma quantidade baixa, mas isso não quer dizer que não atrapalhava a maga em longo prazo.

E então vem o segredo. Quando essa magia é "ativada", ela usa toda a energia acumulada anteriormente e manda de volta para o seu corpo, de maneira intensa e descontrolada. É aqui que sua aura é transformada e que outra coisa acontece: o corpo dela vira um tipo de "imã" de calor. Ela libera e absorve ao mesmo tempo um calor extremo, elevando a temperatura em toda a área ao redor. Quanto mais fechado é o local, mais quente ele vai ficar e mais energia o seu corpo vai absorver.

É desse jeito que ela consegue recuperar um tanto de energia mágica e um outro tanto de fadiga. Mas não energia vital. O que, na verdade, é consumido enquanto essa magia está ativa. Não é um efeito obrigatório da magia. Era simplesmente uma forma natural do corpo humano reagir quando posto ao fogo. Por Kuchi ser uma maga de fogo de alto nível, sua resistência natural contra esse elemento era muito maior do que qualquer outro humano, mas ela não era IMUNE. Então todo aquele calor estava mesmo a matando, de pouquinho em pouquinho.

Disso, ela também estava ciente. Por isso não queria perder mais tempo ali. Estava na hora de ver quem sairia dali como vitorioso. Kuchi apontou a mão direita para baixo, na direção de Akira. O homem, sentindo um intenso medo de qualquer coisa que fosse vir em sua direção, voltou a se concentrar, fazendo uma nova aura negra crescer em sua mão direita.

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— Deixe-me avisá-lo uma só vez, Akira. — começou falando ela. A voz de Kuchi estava alta e parecia tão imponente quanto a de uma Rainha. Muitos chegaram a estremecer ao ouvirem. — Quando eu estou nesse modo, minhas magias perdem o controle e se transformam. Eu não tenho mais como me segurar. Se você não desistir agora, vai correr um sério risco de vida!

— AHAHAHAHAHAHAH! BRILHANTE!!! — respondeu ele, abrindo os braços. — Pois então venha! Me mostre do que você é verdadeiramente capaz! USE TUDO O QUE TEM! AHAHAHAHAHAHAH! GRANDE ESFERA DAS TREVAS!

Depois de toda aquela energia concentrada e sua animação chegando na base do extremo, Akira não se segurou mais. Usou uma grande quantidade de energia para usar essa magia, o que a fez ficar gigantesca e muito mais poderosa.

Lentamente, a esfera subiu de encontro à maga de fogo, que não pensava em sair dali. Continuou apontando a mão na mesma direção, fazendo sua energia se concentrar lá. Sem nem invocar nada, uma esfera de energia mágica começou a aparecer em sua mão. Era o início de sua clássica magia. Mas foi só o começo. Depois da bola de fogo já estar pronta em sua mão, as chamas começaram a mudar de cor, ficando mais escuras. Mais energia foi colocada ali, e a magia estava prestes a sofrer uma transformação, assim como a aura de sua usuária.

ESFERA DE LAVA!

O fogo se transformou em algo mais quente do que ele mesmo. O fogo se transformou em puro magma. A esfera tinha o mesmo tamanho do que a magia original, mas sua potência era muito maior e foi facilmente percebida por todos os observadores atentos e que conseguiam sentir energias mágicas.

Ela atirou aquela esfera quando a outra bola gigantesca de trevas estava a apenas dois metros de distância. Uma esfera encontrou a outra em pleno voo. O resultado foi realmente incrível e vale a pena ser recontada por toda uma geração.

A esfera de magma "entrou" na de trevas como se ela fosse feita de papel. Mas isso não pararia o avanço da magia de Akira, correto? Bom, teoricamente não mesmo. Mas você sabe o que acontece com uma magia que perde o núcleo? San demonstrou isso muito bem em sua primeira luta aqui no Coliseu. Pois bem.

Quando a esfera de lava chegou exatamente no centro da de trevas, o calor exalado por aquela magia de Kuchi começou a corroer a essência da magia de Akira. Era como se a lava estivesse destruindo cada átomo da energia mágica contida naquela gigantesca esfera negra. Isso fez com que a magia de Akira sofresse um fim bem trágico, desaparecendo totalmente um segundo antes de atingir a maga que levitava no ar com suas asas feitas totalmente de fogo e aura.

Ah sim, e a magia de Kuchi NÃO parou seu avanço. Ela foi na direção do oponente, que pela própria sorte, estava totalmente atento. Akira se jogou para o lado com tudo, sabendo que sua vida dependia de se esquivar daquela esfera. Por fim, essa mesma esfera atingiu o chão branco do ringue e fez uma coisa que nenhuma outra magia até então tinha conseguido: ela começou a afundar no ringue, como se não existisse ali um material especial para resistir à magia. Esse fato fez com que muitos vivas fossem ouvidos pelo Coliseu, resgatando a honra do time da maga.

Akira se levantou rápido, tentando ficar o mais longe possível daquele buraco incandescente no chão. Aquilo não era nenhum tipo de ilusão. Era lava de verdade! Alguém com magia que controla magma? Isso não era nem um pouco legal quando você é o oponente de tal pessoa.

Ele olhou para cima, enxergando a figura imponente de Kula. E vocês acham que ele se irritaria por se sentir rebaixado? Nunca. Ele sorriu mais uma vez. Sorriu timidamente no começou, mas deixou sair uma gargalhada descontrolada segundos depois. Ele deveria ser realmente louco. Talvez essa maldição em seu corpo tinha lhe afetado o cérebro, e não só porque ele não sentia dor.

Akira afastou os pés e puxou os braços para junto do corpo, cortando a risada e logo em seguida começando a gritar com toda força que seu pulmão conseguiria aguentar. Quanto mais alto sua voz ficava, mais energia mágica ele acumulava no corpo. Era isso. Era a reta final. Ele iria concentrar toda a energia mágica restante e tentar lutar frente a frente com a oponente.

Akira poderia parecer maluco à primeira vista, mas ninguém poderia dizer que ele não tinha a coragem para superar seus medos e continuar lutando com tudo mesmo em uma situação desvantajosa. Isso era uma coisa que Kuchiki era obrigada a admitir.

Mas não seria por isso que ela iria dar mole também. Apontou novamente a mão para Akira e concentrou energia. Fez uma careta de dor naquele instante. Estava se sentindo horrível. Agora ela não sentia mais as dores dos cortes e estocadas em seu corpo. O calor era tanto que sua pele fechou essas feridas à força.

O que ela sentia mesmo era seu corpo sendo devorado pelo fogo descontrolado. Sentia como se seus poros estivessem se expandindo e sumindo logo em seguida. Não sabia se era isso mesmo que estava acontecendo. Mas era horrível. Ela estava lutando mais para não gritar de dor do que para controlar a aura.

Percebeu que Akira apontava com as duas mãos para ela. Lá vinha o ataque. Chega de prestar atenção nas dores. Ela precisava se defender!

METRALHADORA DESCONTROLADA!

Com os dois dedos indicadores apontando para o alto enquanto os dois polegares estavam retos para cima, Akira ativou sua magia de tiro rápido. Essa era um tipo de "upgrade" de sua magia chamada "Tiro das Trevas". Mas a diferença de uma para a outra era bem grande.

Vamos começar pela quantidade de energia necessária para que ele pudesse invocar a magia. Era o triplo necessário. Em segundo lugar, os disparos eram inúmeros e todos seguidos. O anjo com as belas asas incandescentes pensou em se defender, mas a velocidade dos tiros não a deixaram fazer nada mais do que levar a magia diretamente no corpo. Ainda no ar, ela cruzou os braços em frente ao corpo e puxou as pernas para cima. Isso lhe protegia o corpo, mas não dos danos.

Ah sim, e a terceira coisa que diferenciava muito essa magia da outra de Akira, era que ele poderia "manter" atirando o quanto quisesse ou até esgotar sua energia mágica. Então foi justamente o que ele fez. Manteve o dedo no gatilho. Ele sabia que mesmo que Kula tentasse escapar levitando para cima ou para os lados, ele só precisaria continuar atirando e a seguindo. Não havia escapatória daquilo assim que a magia começasse.

GÊISER VULCÂNICO!

Kuchi acabou de provar que, de fato, existia uma maneira de se escapar daquela metralhadora de tiros negros de energia. E isso seria feito atacando o usuário de uma forma imponente e discreta. Ta... Discreta precisava ser melhor deduzida, pois nada feito de puro magma poderia ser considerado discreto. Mas o ataque em si surgiu do nada, o que fez com que Akira não tivesse tempo o suficiente para se esquivar.

Bom, resumidamente, essa magia de Kula seguia exatamente a mesma lógica de upgrade da magia de Akira. Esse gêiser vermelho e destruidor era uma forma evoluída da magia "Pilar de Fogo" dela. As melhorias também eram quase idênticas, como o fato de ser necessário mais energia mágica para ser utilizada e a potência elevada. A diferença real entre o início das duas magias foi que a maga de fogo mandou toda a energia já concentrada para o chão, bem abaixo de Akira.

O darkmancer não chegou a sentir a concentração aos seus pés porque estava totalmente concentrado em seus disparos repetidos, mantendo a exalação de energia para ele mesmo não ser afetado com um cansaço extremo logo em seguida. E quem iria descobrir que ela conseguiria usar uma magia enquanto se defendia de outra?

Mas enfim, Akira foi envolvido por um pilar incandescente de lava pura, e nem mesmo sua "imunidade a dores" foi o suficiente para não fazê-lo gritar desesperadamente. O gêiser corroeu seu corpo como o fogo queima o papel. Foi lentamente destruindo sua pele, o que se ele estivesse agora com toda sua sensibilidade à dor, teria o feito desmaiar imediatamente.

Ele pulou para o lado, fugindo daquele inferno que saia debaixo da terra e mandava fragmentos de lava ou fogo para todas as direções. Seu corpo rolou várias vezes pelo chão, deixando um rastro de sangue e pele morta.

Como ele não foi derretido totalmente, você pergunta? Bom, porque ele usou a teoria da "magia contra magia". Assim que ele se viu envolto por um gêiser que lhe consumiria até o último pelo de seu corpo, ele usou sua energia mágica para envolver o mesmo, criando um tipo de barreira que diminuiria a intensidade dos danos criados pela lava. Foi o suficiente para ele sair vivo.

Mas sua aparência agora era grotesca. MAIS grotesca do que já era. Ele estava de joelhos no chão, olhando para o estrago feito em seu próprio corpo. Estava horrível. Sua pele tinha sido quase totalmente devorada pelas chamas vivas da lava, deixando seu corpo quase como um amontoado de carne que cheirava extremamente mal. Em algumas partes das duas pernas e um pouco acima de sua cintura, a carne estava negra e caia no chão como uma gosma nojenta. Era uma visão completamente contrária a graciosidade que Kula passava.

Algumas pessoas que tinham uma boa visão, sentiram enjoo ao ver o estado do mago. Não havia nenhum tipo de comemoração por parte do publico, mas Pablo não interrompeu seu discurso de como as coisas tinham "esquentado" depois que a combatente da Immortal Star subiu aos céus como um anjo.

Mesmo que Kuchiki estava obviamente na vantagem dessa vez, Mumu não conseguiu se acalmar. Ele tinha uma estranha sensação que aquela batalha não iria acabar ali. Ficou fixado na figura de Akira, que tentava ficar de pé novamente. Ele não parecia querer desistir. Seu rosto ainda passava aquela sensação de desconforto e uma bizarra vontade de continuar se atirando ao perigo. Sim, Mulkior sabia. Ele não iria desistir. Ainda tinha forças para continuar lutando! Seria impressionante se não fosse assustador.

Akira, ainda cambaleante, ficou de pé e olhou fixadamente para aquele anjo de fogo que se mantinha no ar ainda. Riu. Ele estava deliciado com aquela luta. Nunca tinha sentido tanto prazer em receber tamanho danos em seu próprio corpo. Ele sabia que se sentisse dor, não estaria de pé. Talvez até seu cérebro tivesse sido derretido naquele último golpe.

Mas lá estava ele. Um corpo meio morto, com uma vontade de um totalmente vivo. Afastou as pernas, abrindo ainda mais as feridas na carne e sangrando sem parar. Não sentia dores ainda, mas percebeu que seus movimentos ficaram pesados. "Isso não importa!", gritava ele em sua mente. Para ele, o que importava agora era a luta. O final dela! Ele precisava encerrar aquilo em grande estilo.

Começou a reunir a energia em volta dos dois braços. Agora ele estava mesmo concentrando TODA a energia mágica restante em seu corpo. Iria ignorar qualquer limite e não iria deixar nada para caso precisasse se defender. Não, não! Agora ele iria atacar com tudo o que tinha. Tudo MESMO.

Sua concentração começou a deixar o Coliseu com um clima mais sinistro. E o fato de todo o ringue começar a se envolver em um tipo de névoa negra ajudava muito essa visão.

Kuchi sentia a energia mágica explodindo o ar a sua volta. Sabia que agora a coisa iria ser complicada. Seja lá o que ele estivesse querendo fazer, iria ser grande. Não era hora para se preocupar com perigos. Ela sabia que precisava contra atacar com algo grande, do mesmo nível ou até maior. Ela era adepta ao ensinamento que dizia "combata fogo com fogo". Naquele modo, com sua aura totalmente transformada e fora de controle, um novo ensinamento sempre lhe vinha em mente: apague o fogo com outro fogo mais forte ainda.

Sentido? Não existia. Era só um jeito de dizer que as magias que utilizavam magma, a forma natural mais quente que existe, poderia consumir qualquer outro fogo.

Kula levantou o braço e fez o mesmo que Akira. Sua concentração de energia também foi sentida pelo Coliseu. Não dava pra ser vista, já que era só calor puro. Mais lembram que já tinha sido dito que a temperatura naquele local já estava alta e horrível? Pois bem, ela AUMENTOU.

Muitas pessoas começaram a passar mal por causa da temperatura elevada e muita movimentação foi vista nas arquibancadas. As pessoas não estavam mais aguentando aquela sensação térmica que chegava a sessenta graus e muitos estavam saindo do Coliseu. Alguns mais teimosos e criativos, estavam jogando água em suas próprias cabeças na tentativa de se refrescarem. Não havia mais torcida, o que deixava tudo mais estranho ainda.

Shiro teve que ativar um tipo de barreira com sua magia de sombra, agarrando sua parceira e salvadora para que ela também se protegesse.

Leon se levantou de sua poltrona aconchegante, se perguntando o porque das pessoas estarem alvoroçadas. Caminhou até em frente ao vidro e olhou em todas as direções. Ele sentia a concentração enorme de energia, mas tinha esquecido que aquele local era especial para resistir a qualquer tipo de emanação de energia. Então eles não sentiam aquele calor infernal, mas assim que o General encostou a mão no vidro, entendeu o porque de tanta correria. O vidro estava quente como uma frigideira.

Lá de sua cabine, Bart começou uma explicação curta sobre os efeitos de uma grande concentração de energia, mas não conseguiu terminar de falar o que tinha em mente porque Akira finalmente fez seu movimento. Colocou as duas mãos para frente, apontando para Kuchiki. Mãos abertas, dedos esticados. Energia toda concentrada. Hora de disparar.

— MAGIA SUPREMA! DRAGÃO DEVORADOR DE ALMAS!

Toda vez que essa frase "Magia Suprema" era gritada, o Coliseu se surpreendia. Poucas vezes ela foi dita com tamanha força de vontade e poder. Das mãos de Akira, uma enorme bolha feita de energia mágica foi criada e enchida com ainda mais energia. Parecia um balão que se enchia de água. Essa bolha foi logo tomando uma forma bem detalhada. Criou pés e garras. Uma calda grande, espinhada. Um pescoço longo, terminando em uma cabeça com chifres e um focinho dentado. Ah sim! E asas! Duas asas grandes, bem maiores que as de Kuchiki.

Aquela coisa que antes era só uma bolha agora tinha uma forma bem particular e cores. Parecia algo vivo mesmo. Um dragão vivo, para ser mais exato. Com suas asas de pontas rasgadas e dentes compridos, cauda laminada e espinhenta e garras em todas as quatro patas que eram maiores que seres humanos. Era um ser místico que demonstrava superioridade. Nenhum monstro no mundo poderia ser comparado ao dragão, tanto no aspecto de força quanto no de beleza. Por mais que fossem criaturas poderosas e na grande maioria das vezes, intimidadoras, elas nunca deixavam de passar aquela sensação de superioridade estética.

Mas não era a beleza do dragão negro que a maga de fogo se preocupava. Ela tinha entendido que estava prestes a combater a magia mais forte de Akira. E não era brincadeira. Ela sentia a intensidade total daquela magia. Aquele dragão do submundo que batia as asas violentamente, rugindo enquanto se aproximava dela. Aquela coisa não poderia se aproximar mais. Tinha chegado a hora. Estava pronta. Precisava usar "aquilo". Sua magia mais poderosa.

Quanto tempo fazia que ela não utilizava? Faz muito tempo. Achava ela que da última vez que ela tinha usado, incidentalmente uma floresta inteira ficou em chamas, criando um desastre descontrolado que a deixou desesperada por muitos dias. Essa magia era tão potente que Kula só conseguia usá-la quando estivesse nessa sua atual forma.

Seria algo grandioso. Ela queria pedir para que Mumu, que estava ali travado na borda do ringue, se afastasse o máximo que ele conseguisse, mas ela não tinha tempo. Mas se ela soubesse... Ah, se soubesse! Se ela soubesse que seu parceiro SENTIU a sua preocupação e ao ver que algo grande demais estava vindo, ele tinha decidido se afastar... Se apenas ela soubesse disso, talvez essa próxima magia teria sido utilizada com cento e vinte por cento de sua força.

Mas Kuchi fez de tudo para controlar sua própria distribuição de energia mágica. Ela teve medo que se essa magia se descontrolasse como da última vez, o grande e verdadeiro amor de sua vida poderia ser pego pelo efeito. Mas ainda sim, haveria magia. Teria que ter. Ou ela utilizava isso, ou era engolida por um dragão faminto por carne humana.

Ela não iria morrer ali! Tinha muitas coisas que ainda queria fazer ao lado de seus companheiros. Queria ter mais tempo com Mulkior. Queria conhecê-lo melhor. Conhecer tudo dele. E ela queria que ele soubesse de tudo sobre ela. "Espero que esteja me vendo.", pensou ela antes de invocar a magia em si.

— MAGIA SUPREMA! SOL ESCARLATE!

Kula desceu o dedo em direção ao dragão negro. Quando ela criou essa magia para si, ela ficou pensando em alguma coisa que pudesse ser mais quente do que a própria lava. Em qualquer lugar que você vá, existe uma definição diferente do que pode ser essa coisa.

Alguns acham que é o ferro fundido, usado como material para criar armas e armaduras. Mas essas mesmas pessoas nunca viram um vulcão. Alguns mais místicos acham que talvez a coisa mais quente do mundo fosse uma baforada de um dragão irritado. Bom... Poucas pessoas já enfrentaram um dragão que cuspia fogo e saíram vivas para contar a história, então existe uma possibilidade de que elas estejam certas. Mas caso não estejam, então a próxima opção, que é a que tem maiores crentes, era o Sol.

Não importa em que cidade você esteja, ou em que vila e em que reino, você pode ver o sol. Pode senti-lo nas horas de dia. Ele que cria o dia, pra começo de conversa. E não importa também em qual estação do ano você esteja, o sol está lá, esbanjando seu calor sobre todas as cabeças do mundo. Ele está longe e é inalcançável. Mas se um dia as pessoas pudessem se aproximar dele, talvez entenderiam o esplendor e o nível de seu calor. Isso se não virassem cinzas no meio do caminho, claro.

Então foi por esse motivo que Kula o usou para criar sua Magia Suprema. E o que tinha sido mostrado aqui fazia todo sentido. Comece imaginando que acima dela, toda sua energia mágica foi disparada, entrando em alinhamento e criando algo. Esse "algo" tinha um formato circular e simplesmente colossal. Grande o suficiente para apagar a visão de todos os espectadores restantes. Esse círculo não era apenas grande e vermelho. ele também pegava fogo. Não, talvez o jeito correto de se descrever é que ele CRIAVA o fogo em si. Uma esfera colossal que pegava fogo. O sol.

Kuchi estava invocando um sol "em miniatura". Invocando não. Já estava invocado. E caindo sobre aquele dragão das trevas. Será que ele também cuspia fogo? A maga não descobriu. Ninguém descobriu.

As duas magias se chocaram e o efeito que aquilo criou ficou marcado nas páginas da história de lutas do Coliseu como "uma das maiores colisões mágicas que a humanidade já presenciou". Exagerado? Talvez. Mas todos os que ainda estavam ali naquelas arquibancadas contariam uma história inacreditável para seus filhos e netos.

O impacto criou uma onda de choque que não foi detida por nada. Sim, NADA. Ela criou um desastre descontrolado no ringue e tudo que estava em volta dele. Mumu teve que se abaixar e invocar um escudo para se proteger do calor que soprou em sua direção. O membro restante da Zero Soldier deu um pulo para trás, ficando bem atrás de um dos pilares de contenção, esperando que a magia não passasse dali.

É aqui onde a parte chocante acontece. Os pilares de contenção NÃO seguraram o impacto entre as duas magia supremas. Um efeito mútuo de vidro se rachando e então se quebrando ocorreu por toda a barreira de proteção, destruindo-a completamente. Uma onda de calor foi jogada sobre a arquibancada, arrancando gritos de pavor e desespero de todos os lados. Uma verdadeira confusão tinha sido iniciada, com um empurra e puxa de lá pra cá.

Pessoas começaram a fugir, temendo por suas vidas. Poucos ficaram sentados, só observando e tentando não serem pegos pela maré de pessoas. Alguns outros usaram suas próprias barreiras mágicas para se defenderem ou para defender seus amigos e parentes.

Ah, e lá embaixo, nos cantos dos muros antes de começar as arquibancadas, onde as tendas médicas estavam, o caos também foi intenso. Muitas tendas voaram com o impacto, outras chegaram a pegar fogo por causa da chuva de fragmentos de energia mágica que caíram do céu logo em seguida. Uma das tendas que pegou fogo "E" voou depois foi a que San estava. Não havia médicos lá dentro naquele momento porque tudo o que restava para San era um descanso completo de muitos dias.

Então o que você acha que aconteceu com ele quando sua tenda voou para o alto, caindo pela arquibancada? Para onde tinha ido a maca dele? Isso foi exatamente o que Mulkior se perguntou, depois que finalmente conseguiu olhar para trás e ver o estrago.

Mas antes disso acontecer, é bom explicar o que houve em campo. Bom, o impacto foi a coisa mais incrível que muitas pessoas dali puderam ver, mas o resultado que era importante. Foi isso que o Apresentador tentava gritar, lá de sua câmara protegida e fresca.

O dragão era grande. Isso já tinha sido dito. O sol era grande. Isso também já tinha sido dito. Mas o que não tinha sido dito ainda era que o sol era três vezes MAIOR que o dragão. Então o efeito foi exatamente o que você deve ter imaginado.

O sol "engoliu" o dragão, apagando a sua existência aos poucos. Enquanto as chamas do sol destruíam a energia contida naquele ser mágico, ele mesmo se diminuía, perdendo intensidade pouco a pouco. Quando o monstro negro finalmente desapareceu, o sol estava um pouco maior do que o ringue. Ou seja, ele era grande o suficiente para atingir todo o local de luta de uma única vez. Era importante lembrar que Akira estava lá ainda.

Ele via aquela esfera enorme se aproximando, e também sabia que não haveria escapatória. Ele estava sem energia mágica e não tinha tempo o suficiente para correr para fora do ringue. Não havia escapatória mesmo. Então ele riu. O que mais dava pra ser feito? Seria uma experiência única na vida! Receber o sol de braços abertos. Onde mais ele teria essa oportunidade?

E então caiu de vez. Houve outro impacto e o barulho de uma explosão. Tinha sido o barulho de uma cidade inteira sendo detonada com milhões de explosivos ativados exatamente ao mesmo tempo. Akira não sentiu mais nada depois daquilo. Em fato, ele não fazia a mínima ideia de nada mais.

Assim que a explosão aconteceu e só a fumaça e pó cobriam o cenário, houve uma quietude abissal. Não havia ninguém comemorando nem rindo e gritando vivas. Ah sim, e foi nesse momento que Mulkior decidiu olhar para trás e ver o estrago. "A tenda de San sumiu!" foi o que ele pensou. Se levantou rápido, com medo. Não estava vendo nada. Não tinha maca nem nada!

Os médicos restantes estavam espalhados pelo local, alguns caídos e outros se ajudando e se levantando. Todos tinham sido pegos por aquilo. Mas ainda havia a questão: o que tinha ocorrido com seu colega de time?

— Uau! Isso que eu chamo de Magia Suprema!

Mumu se virou no susto. Era impossível não reconhecer aquela voz. Mas ainda sim, aquele momento teve um "timing" perfeito demais! Foi só pensar nele, que ele aparece!

Alguém estava caminhando na direção do mago, com as mãos nos bolsos. Continuava totalmente enfaixado e machucado. Ainda pingava sangue de seu olho esquerdo, que continuava enfaixado e travado com uma magia regenerativa. Mas lá estava ele, andando como se nada tivesse acontecido. Da onde ele tinha saído?

O líder do time Immortal Star olhou para trás dele, percebendo que ele tinha saído da tenda onde Mana se encontrava. Ou será que aquela era a tenda dele? Então era Mana que tinha desaparecido? Não, não. Mumu jamais confundiria algo tão óbvio.

— Se você está se perguntando se aquela é a tenda onde a Mana está, então sim. — disse San, lendo a mente do mago. Assustado, Mulkior deu um passo para trás, sem saber o que dizer. San continuou. — Eu senti a enorme concentração de energia da Kula e fui obrigado a me levantar. Quando eu abri minha tenda, aquele sol já estava caindo. Tudo o que eu pensei na hora foi correr para a tenda da Mana e aguentar sua maca.

Isso respondia muita coisa do que Mumu pensava, mas criava muitas outras também. Ele estava preste a perguntar algo como: "Em primeiro lugar, não era pra você estar em coma por vários dias?". Mas havia outra coisa mais importante para ele naquele momento.

Ele se virou de novo e viu Kula descendo ao chão chamuscado do ringue. Suas asas de fogo estavam sumindo, junto com aquela aura intensa. O calor parecia estar dando uma trégua, o que estava fazendo o povo ficar um pouco mais calmo. Ainda havia muita fumaça no ringue, mas os dois rapazes conseguiram ver Akira esparramado no chão, totalmente queimado. Ele não se mexia e não parecia nem ao menos respirar.

Kuchi caiu de joelhos, respirando e tossindo direto. Agora era o cansaço que estava vindo como uma onda para cima dela. Ela não estava mais enxergando direito e seus olhos estavam quase sendo fechados, a mandando para o mundo dos sonhos. Ela procurava Akira, mas exatamente da onde estava, não conseguia vê-lo por causa dos pontos de fumaça negra que subiam ao ar.

Mas enquanto se virava, ela conseguiu ver o Telão Informativo exibir o número "6". Ela olhou para baixo e tateou o chão. Era o ringue de luta, sem sombra de dúvida. Então não era ela que estava fora de combate ali! A fumaça foi se dissipando aos poucos, e quando a maga finalmente encontrou o corpo de Akira caído no outro lado do ringue, bem perto da borda, o Telão marcou "0" e a voz de Pablo apareceu.

FIM DA LUTA! O combatente Akira não pode mais continuar lutando! Essa vitória vai para a combatente Kula e para o Time Immortal Star!

Era muito estranho ter um final de luta tão emocionante e não ter torcida o suficiente para gritar vivas para eles. Ainda existiam uns aqui e outros ali, mas mesmo eles gritando o seu máximo, não era nem perto da algazarra que geralmente se ouve. Estava mais estranho do que a luta anterior, onde o pessoal não comemorou por causa do empate.

Mas para Mumu, foi uma vitória digna de se comemorar por um ano inteiro. Ele foi o primeiro a subir ao ringue, correndo o mais rápido que conseguia. Ao chegar perto da maga, ele percebeu que havia algo de errado. Kuchiki estava caindo com o rosto para o chão, dando espasmos incontroláveis.

Foi a vez do mago entrar em desespero. Ele gritou pelo nome dela e tentou segurá-la. E foi onde ele se arrependeu imediatamente. O corpo da maga era a única coisa que ainda não havia perdido o calor concentrado. Mulkior queimou a mão imediatamente ao tocá-la. Ficou uns dois segundos apenas olhando o corpo de sua amada se remexer como um peixe fora d'água, sem saber o que fazer.

Até que ele viu dois médicos chegando, pedindo licença. Eles vestiam luvas especiais, mas ainda com elas, eles conseguiram sentir um calor abismal quando a tocaram. Colocaram-na logo na maca e olharam para as mãos ao mesmo tempo. Estavam quentes demais. O corpo humano não poderia chegar naquela temperatura! Pegaram a maca e a levaram o mais rápido que puderam para a única tenda médica que estava inteira e que não estava sendo ocupada.

Mumu os acompanhou até a entrada da tenda, mas foi barrado logo em seguida por outro médico, dizendo para que ele não se preocupasse. O mago foi teimoso. Queria entrar na tenda e ter certeza que sua companheira estava bem. Começou a empurrar o médico, que nada podia fazer contra a força física do mago de ferro. O líder apaixonado só não invadiu o local de tratamento porque foi barrado por uma mão forte que o segurou pelo braço.

— Se acalme, Mulkior. — disse San, puxando o mago e dando alívio para o médico na porta. Mumu quase se virou para dar um soco em San, de tão nervoso que estava. — Se você está mesmo preocupado com ela, então não pode atrapalhar o trabalho dos médicos. Ou você tem alguma magia de cura e quer ir lá ajudar?

— Como você quer que eu me acalme, San! Puta merda, cara! — disse ele, empurrando San. — Você não viu o quanto ela estava quente! Ela chegou a me queimar! Ela não pode ficar assim!

— E não vai. — respondeu o garoto de cabelos compridos, sem a menor alteração de expressão ou voz. Viu seu companheiro de time dando voltas sem parar, nervoso. — Uma transformação de aura daquele nível deve mesmo afetar o corpo do usuário, mas Kula é boa o suficiente para não se deixar ser totalmente afetada por sua própria magia. Ela é digna do sobrenome "Chikigane".

— Ahm? — disse o mago, parando e olhando para o companheiro de time. — San, por favor. Comece a fazer um pouco mais de sentido. O que DIABOS isso tem a ver com ela e o poder dela?

— Ah, eu não contei pra ninguém porque eu lembrei disso só hoje de tarde, antes do início da Final. Quando eu vi as habilidades de Manipulação Elemental dela, eu fiquei muito intrigado com uma coisa e depois eu perguntei para ela qual era o seu sobrenome. Daí eu fiquei algum tempo com ele na cabeça, tentando saber o porque aquele sobrenome não me era estranho. Daí eu lembrei: Chikigane é o sobrenome de Hilwer Chikigane, o criador da primeira e única escola de Elementaristas do mundo. Ah sim, ele também era um dos Dez Magos Santos. O nome dele estava no pergaminho que eu entreguei pra Mochizuki. Legal, não acha?

— Então-

— Sim, ela é parente distante de um dos Magos Santos e por isso eu não me impressiono tanto com o fato dela ter tanto poder mágico. — disse San, cortando Mumu que parecia ter se acalmado um pouco por ficar impressionado demais. — Agora se me der licença... Eu preciso encontrar um local para cair.

Antes mesmo que Mulkior pudesse perguntar para o garoto sobre o que ele estava falando, San deu dois passos para frente e caiu de cara no chão, totalmente desacordado. O mago correu até ele, o virando. San ainda respirava e parecia só ter desmaiado mesmo.

O mago e Líder do Time clamou por ajuda dos médicos, que não tardaram em aparecer e o colocarem em uma nova maca. Agora eles só precisavam arrumar toda aquela bagunça e reorganizar as tendas médicas e colocar o morto-vivo de novo em um sono profundo o suficiente. E se possível, amarrá-lo lá.