Finalmente, você agora sabe tudo o que aconteceu lá por Riven, naquela época preste a se tornar caótica demais. O ataque ao castelo pode não ter dado em nenhuma conclusão favorável para nenhum dos lados, mas criou uma situação desesperadora em certas pessoas com poder demais em mãos. Como já tinha sido dito, alguns nobres daquele reino nunca ficavam satisfeitos com o poder que tinham.

Ah, e sobre o Torneio? Claro, ele não acabou ainda. Achou estranho que o time Immortal Star ganhou uma luta sem lutar? Eu não acho. Não se esqueça que isso não é uma história de conto de fadas para crianças, onde os "bonzinhos" sempre lutam e sempre ganham.

Admito que até agora, os quatro integrantes tenham se saído muito bem ao ganhar todas as lutas e chegarem até a Grande Final do Torneio mais famoso do mundo. E se você já está empolgado para saber como será a Final... Bem, primeiro eu vou ter que lhe contar sobre o TIME que eles irão enfrentar. E talvez você não vai gostar de saber dele.

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Foi um dia estranho. Os quatro membros do time Immortal Star não sabiam o que deveriam fazer dali pra frente. Para eles, foi uma grande surpresa não precisar ter lutado para alcançar a final do torneio. Vencer por desistência nunca chegou a ser uma opção viável para eles. Ninguém desistiria depois de ter chego tão longe.

Mas a situação foi mais ou menos explicada mais tarde, quando Mulkior e Kula voltaram para a clínica da mãe de Nathalia. Isso já era bem tarde da noite, lá pelas onze e pouco. Mumu foi com o objetivo de falar com a tal Líder do Exército Rebelde. Queria tirar satisfação com ela. Saber os "por quês" e os "pra quem". Havia muita coisa que o mago tinha em mente, e ele planejava perguntar tudo de uma vez.

Quando chegou ao local, ele percebeu que Peeh não estava sozinha. Havia alguém do lado da cama dela, conversando normalmente com a Líder. Essa foi a primeira desavença que ocorreu naquela noite estrelada. A pessoa em questão era Lelouch, o mesmo cara que quase explodiu Mulkior no dia anterior.

É claro que quando os dois se viram, eles puxaram suas armas imediatamente, entrando em uma posição de ataque. Foi o grito da médica junto com os "Não" de Kula e Peeh que fizeram com que os dois homens não se digladiassem em meio ao consultório médico.

Peeh precisou explicar para o atirador de elite que Mumu fazia parte do grupo que tinha salvo ela e Jimmy, ao mesmo tempo que ela precisou explicar para os dois magos visitantes que Lelouch fazia parte do exército rebelde porque foi procurar pelo irmão que estava desaparecido. Obviamente, essa curta explicação não era o suficiente para aquietar os dois homens, mas pelo menos foi o suficiente para que eles não tentassem se matar no momento.

A conversa dos quatro guerreiros com Títulos Únicos foi devidamente longa. Mulkior fez todas as perguntas que queria, enquanto que Peeh e Lelouch explicaram tudo o que tinham feito. Tudo o que tinha sido dito para San e Mana, teve que ser repetido ali, mas como eles não tinham pressa, os detalhes mais pequenos não foram pulados.

A conversa ficou complicada quando Kula os lembrou do que Shiro tinha dito no dia anterior. A invasão dos três líderes de espionagem da White Lotus estava misturada à confusão criada pelos rebeldes, mas eles pareciam ter objetivos totalmente contrários. Depois de ouvir o comentário da maga de fogo, Lelouch também levantou a hipótese óbvia de que eles, o exército rebelde, tinham sido usados por algum tipo de facção que estava tentando derrubar o atual Rei de Riven de seu trono.

Os motivos do atirador faziam sentido. Em primeiro lugar, a pessoa que veio "formar" o exército rebelde era um Capitão da Guarda Real, mas essa mesma pessoa possuía informações muito valiosas para um simples Capitão. Ele sabia perfeitamente de todos os horários de entrada e saída do Exército Real, que por mais que todos fossem soldados trabalhando para Riven, os dois pelotões eram muito distintos. Ou seja, os Guardas Reais tinham seus próprios Capitães, suas próprias ordens e seus próprios deveres. Além disso, eles nunca eram mandados para FORA da Capital.

Já o Exército Real servia para entrar com tudo nas linhas de frente de guerras em qualquer lugar do mundo. Esse Exército era dividido em quatro grandes pelotões, divididos nos quatro cantos do reino e ficavam sob as ordens de um General por pelotão. As únicas pessoas que tinham o poder de controlar qualquer área, seja do Exército ou da Guarda Real, eram esses mesmos quatro Generais.

Além disso tudo, o tal Capitão também soube usar a Reunião do Castelo ao seu favor, pois sabia que uma grande quantidade de soldados seriam movidos para proteger os Nobres. Isso daria mais liberdade para os Rebeldes.

Depois do relato de Lelouch, Kuchi e Mumu tiveram que concordar que o plano por trás do ataque dos rebeldes tinha sido muito bem bolado, mas tinha perfeição demais envolvida. Claro, o resultado em si foi totalmente inesperado. O desaparecimento dos prisioneiros era uma coisa absurda demais e não havia nenhuma pista sobre esse fato.

Mulkior Musubi sabia que mesmo que usasse o nome de sua Família para investigar o caso, ele não conseguiria absolutamente nada, pois o calabouço do Castelo era controlado diretamente pela Guarda Real, e só o Rei e os Conselheiros tinham poder para o comando deles.

Depois de muito conversarem sobre esse assunto e fazerem várias suposições, a conversa começou a ir para um lado mais pessoal e descontraído. Nessa parte, Lelouch e Mumu não se olhavam mais querendo matar um ao outro. Os dois entenderam que cada um tinha um objetivo naquela luta, e que nenhum deles tinha algum ódio pessoal pelo outro. Mas o mago quis saber o porque de Lelouch estar tão longe da cidade natal sem estar levando sua tropa pessoal.

Foi quando o atirador revelou que já tinha saído do posto de Capitão das Forças Armadas do Exército de Prestes. Ficar por lá estava se tornando perigoso e chato. Ele revelou que o reino estava uma bagunça devido a má administração dos órgãos da realeza, e até mesmo o próprio exército estava sofrendo com isso. Então depois de ter ficado alguns dias sem comer, sem dormir e não recebendo seu devido salário, Lelouch pediu demissão e decidiu virar um mercenário por conta própria. Sua vida de aventuras não durou muito, pois ele soube que seu irmão, que morava em uma vila ao sudoeste de Riven junto com a mãe e o pai, tinha desaparecido. "O resto, foi como Peeh te contou.", disse ele.

Foi nessa parte também que ele revelou que usou o Torneio para se esconder e ter liberdade de andarilhar pela cidade sem levantar suspeitas. Todos no seu time eram soldados poderosos e eles que controlavam a maior parte do exército rebelde.

— A Peeh estava como nossa Líder tanto no Exército, quanto no Torneio. — disse o atirador. — Além de mim, ainda tinha o Jimmy, que vocês já devem ter conhecido. E a Kim, uma mulher disciplinada em um templo famoso. Era um time com quatro pessoas com Títulos Únicos, assim como o seu.

Foi por isso que o time Scarlet Party havia desaparecido do Coliseu. Peeh estava hospitalizada. Jimmy havia ido até o esconderijo do exército. Lelouch já estava no tal esconderijo e voltou para a cidade para servir de escolta para Peeh sair da Capital em segurança. E por fim, Kim tinha decidido voltar para casa, pois não poderia mais ajudar em nada.

Quando a conversa terminou, Peeh se arrumou para sair de madrugada com Lelouch, que era o horário com o menor número de Guardas fazendo buscas nas estradas da Capital. A maga ainda estava machucada, mas já conseguia andar. Depois de agradecer uma última vez, eles se despediram dos dois magos e seguiram rumo ao horizonte sem fronteiras.

Mas voltamos para um horário antes disso tudo acontecer.

A tarde, logo depois de serem anunciados vencedores de uma luta que não aconteceria, os quatro membros do primeiro time finalista teriam muito tempo para descansar até o dia seguinte. Foi aí que San levantou uma ideia óbvia. Como eles estavam bem e com tempo, eles deveriam analisar a luta que aconteceria a seguir, já que o vencedor daquela luta seria o oponente deles na batalha final. Claro que os três membros concordaram com a ideia e foram para um lugar especial onde os times que aguardavam ficavam para ver as lutas.

Cinco minutos depois, os dois times entraram em campo, com muitos vivas da plateia. Tudo havia se normalizado depois de tantos xingamentos pela parte das pessoas que pagaram só para virem torcer pelo time de Peeh. Mas agora aquela animação desenfreada havia retornado.

Os times entraram com glória e satisfação. Do lado direito, vencedor da terceira chave, o time Dark Stalkers, um dos cinco times favoritos para vencerem esse torneio. Por quê? A resposta era óbvia. Dark Stalkers era uma das guildas mais conhecidas do mundo por terem os melhores caçadores de recompensa e perseguidores de criminosos que o globo terrestre já teve.

Essa guilda mantinha um recorde absurdo. Eles conseguiram fazer mais prisões de criminosos do que qualquer Aliança de Reinos... SOMADOS! Ou seja, todos os membros daquele time eram especialistas em enfrentar pessoas com ou sem habilidades de um guerreiro. Seria um time bem difícil de se ganhar, e não era de se estranhar que eles eram um dos favoritos.

E do lado esquerdo, entrou o outro time. Seu nome era Zero Soldier. Dizem — e isso só foi confirmado agora —, que aquele time era o mais estranho e ao mesmo tempo, um dos mais poderosos do torneio. Eram estranhos porque todos os membros usavam a mesma roupa e uma máscara para cobrir suas faces. Aquilo era permitido pelas regras do Torneio, mas deixava tudo com um ar mais misterioso e devidamente sombrio. Suas roupas se tratavam de capas grossas com capuz da cor cinza escuro que se abriam em quatro lados do corpo, dando liberdade de movimento ao mesmo tempo que cobriam sua vestimenta por baixo.

"Ah, não é tão estranho assim.", disse Kula. A maga tinha até razão, já que aquele tipo de capa era bem normal e se via em qualquer lugar do mundo.

Mas agora vinha a parte do "time poderoso". Isso era pelo fato de que eles não haviam sido derrotados NENHUMA vez, nem sequer chegando a empatar. E ainda por cima, dizem que as batalhas deles eram rápidas e destrutivas, não dando chances para os lutadores adversários. Pior ainda, haviam pessoas que diziam que nenhum membro daquele time tinha sequer usado toda sua força em nenhuma das batalhas até agora. Era irreal demais para acreditar.

Não era. Os boatos eram verdadeiros. Foi assustador, na verdade. Primeiro, para explicar melhor como eram as regras da semi final, era necessário entender que todo o time poderia lutar como um. Pablo, o Apresentador falastrão, explicou que todas as lutas seriam um contra um, mas a qualquer momento, o membro que estivesse lutando no ringue poderia levantar sua mão e dizer "PASSO". Isso faria com a batalha fosse interrompida temporariamente, fazendo a roleta no Telão girar e escolher outro membro do time aleatoriamente para substituir essa pessoa, SEM que ele tenha sido derrotado. Isso daria tempo para o lutador descansar um pouco até ser escolhido de novo.

Ainda haviam regras mais específicas, como "não era possível passar a sua vez se o lutador estivesse fora do ringue ou caído" e "o lutador que fosse desmaiado ou que se rendesse durante a luta não poderia voltar para o ringue". Parecia até um pouco divertido, na opinião de San.

Mas ele foi obrigado a mudar de ideia quando a primeira luta começou. No primeiro segundo da luta, o lutador mascarado da Zero Soldier desapareceu da visão de todos e só foi aparecer na frente do seu oponente, com o punho... Dentro do pescoço da pessoa em questão. Um golpe direto, mirado no esôfago. Velocidade, poder, precisão. Um golpe perfeito demais. Deixou os quatro membros da Immortal Star, junto com todos os espectadores e até mesmo os membros da Dark Stalkers, com a boca aberta, quase babando.

O pobre coitado, vendo que tinha levado um golpe poderoso demais e temendo por sua vida, levantou a mão no mesmo segundo e tentou gritar a palavra mágica que iria lhe salvar. Então eu lhes pergunto: como você grita algo sem seu esôfago?

Foi o que aquele homem descobriu naquele momento. Havia terror em seus olhos. Ele levantava a mão desesperadamente, olhando para o seu time. Mas não havia palavras. Só sangue. O homem com a máscara cor marrom madeira não deixou passar mais nenhum segundo. Deu um passo para frente a aplicou um golpe martelo com as duas mãos juntas exatamente no meio da cabeça do homem que não conseguia gritar.

Outra pergunta: o que acontece com alguém que leva um ataque em cima da cabeça com o peso para baixo, sendo que não há mais "pescoço" para aguentar o impacto? A resposta poderia ser resumida em "morte certa", que foi o que aconteceu ali. Tempo de luta: doze segundos.

Foi a primeira vitória da Zero Soldier. As duas lutas a seguir poderiam ser chamadas de "massacres". O membro mascarado se provou ser um Lutador de Artes Marciais de nível extremo.

Durante a segunda luta, Mana disse que conhecia o estilo da arte que aquela pessoa usava, pois em sua guilda também tinha alguém que lutava igualmente. Era a arte marcial utilizada no mundialmente famoso Templo Zwan-Lin, a maior e mais poderosa academia de Artes Marciais do Oriente. Dizem que seus treinamentos eram tão rígidos, que se uma pessoa conseguisse "sobreviver" o primeiro ano, ele já poderia ter o poder de uma tropa pequena. Realmente parecia exagero, mas quase ninguém aguentava. Estatísticas do próprio Templo mostram que apenas 10% dos novos alunos conseguem aguentar os nove primeiros meses.

Depois do comentário da assassina, San também confirmou a teoria falando que já tinha lutado contra alguém desse lugar e que eles eram oponentes complicados demais. As lutas seguintes provaram as palavras de San. Mesmo os dois oponentes fazendo tudo para fazerem um combate defensivo, o "Lutador A" — que era como o membro da Zero Soldier era chamado. Todos naquele time eram chamados com Lutadores A, B, C e D. Algo provavelmente feito para esconderem suas reais identidades, o que também era permitido no Torneio —, continuou avançando e desferindo golpes potentes e com uma precisão absurda.

Depois de derrotar o terceiro oponente sem quase não levar danos, ele levantou a mão e disse "PASSO", dando a vez para um novo membro. O último combatente da Dark Stalkers entrou no ringue tremendo, sabendo que não tinha chances de vitória. Temendo por sua vida, ele levantou a mão e gritou o que todos já esperavam. Ele desistiu. Queria correr por sua vida. A luta foi encerrada com a vitória quase inimaginável do time de mascarados. A final tinha sido decida.

Como tinha sido dito anteriormente, aquele tinha sido um dia estranho. Os quatro companheiros saíram da arena do Coliseu em meio a muita comemoração misturadas com muitas vaias. Existiam muitas dúvidas e até mesmo um pouco de medo em alguns membros do time. O futuro time oponente era estranho, misterioso e parecia ser poderoso DEMAIS. "É como se fossemos enfrentar quatro soldados da Planetarium!", falou Mana.

Ela poderia estar exagerando, mas era o que todos eles sentiam naquele momento. Em uma semi final, um só membro derrotou três adversários que eram ESPECIALIZADOS em derrotar outras pessoas. Quem acreditaria nisso? Depois de enfrentar oponentes como Shiro, Momo e o casal David e Sayuri, era impossível para os quatro membros acreditarem que alguém sairia sem quase nenhum machucado de três batalhas seguidas!

Quando eles chegaram no quarto, todos estavam calados, perdidos em seus próprios pensamentos. Kula foi para sua cama e se sentou perto da ponta ao pé dela. Mulkior ficou em pé, andando de um lado para outro, tentando pensar em algo. Qualquer coisa que o fizesse tirar aquela ideia de "derrota" de sua mente. Mana se juntou à San, quando esse puxou uma cadeira na mesa de canto e retirou uma maçã da cesta de frutas que ficava em cima da mesa. O ar estava pesado e o clima pior ainda.

Kula se deitou, tentando aliviar o estresse temporário. Eles ganharam uma partida sem lutar e estavam na final... Mas como comemorariam depois de ver aquilo? Uma pessoa só fazendo um massacre daqueles? A maga tinha só percebido agora, mas estava tremendo. Estava daquele jeito desde que viu o primeiro homem sendo morto. Eles estavam em um ringue de vida ou morte, mas a demonstração de poder daquele "Lutador A" foi demais.

Mana estava mais tranquila, mas pensava quase do mesmo jeito que sua colega. Ela estava com os braços em cima da mesa, apoiando sua cabeça enquanto olhava para baixo. Precisava de uma maneira eficiente para lutar no dia seguinte. Ela sabia que os outros três membros daquele time deveriam ser no mínimo tão fortes quanto aquele lutador de artes marciais.

Que era o que Mulkior estava tentando assimilar também. Na verdade, o mago de ferro não se preocupava em entrar no ringue. Não, isso era o de menos. Parou de andarilhar. Olhou para o lado, para a cama de sua amada. "Eu não quero ver ela naquele ringue, contra aquele cara.", era o pensamento afetivo de Mumu.

Mas eles chegaram tão longe! Por que eles tinham que ter assistido aquilo? A semente do medo estava implantada em cada um deles agora! Se eles não tivessem assistido, pelo menos na luta, eles estariam com uma moral alta. Mas isso já se foi! Mumu desviou o olhar da cama de Kuchi, e levou em direção a pessoa que teve a excelente ideia de assistir a luta.

San estava mordendo uma maçã, como se absolutamente NADA de estranho ou de ruim tivesse sequer passado pela cabeça dele. Era aquela falta de expressão dele que irritava tanto sua parceira. E pela primeira vez, Mulkior entendia o que tirava Mana do sério.

E no fim de tudo, para destruir completamente o clima pesado que ali se passava, o grande autor de toda aquela massa conjunta de desespero engoliu o pedaço da maçã e abriu a boca, sendo o primeiro a falar depois de tanto tempo.

— Gente. Eu acho que... — a voz de San fez todos se virarem para olhá-lo. Estavam apreensivos e preocupados. — Preciso comprar mais frutas.

Houveram três respostas distintas, mas todas com o mesmo sentimento. Mana escorregou com sua cabeça e quase bateu a testa contra a mesa de madeira. Quando levantou novamente a cabeça, ela disse "AH VÁ, SAN!". Kula, que tinha ficado sentada em sua cama novamente, se jogou para trás, quase caindo do colchão, dizendo "SABIA QUE ELE IA DIZER BESTEIRA!". Mulkior deu um tapa sonoro na própria cara, andou até a parede, colocando as costas sobre ela, falando "ERA SÓ O QUE ME FALTAVA".

— Vocês estão tensos demais porque viram um guerreiro de alto nível derrotando um time sozinho. — disse San, abrindo ainda mais a ferida dos amigos. Ninguém queria levantar aquele assunto pelo mesmo motivo. — Me digam: desde quando vocês se tornaram tão covardes?

— Covardes? COVARDES??? — era Mumu, com uma fúria quase descontrolada. — O cara destruiu o pescoço de um membro da Dark Stalkers, que são soldados que caçam outras pessoas! E ninguém viu como foi o golpe, de tão rápido! Como você quer que nós nos sentimos? ALEGRES, SAN???

— Eu vi.

— AHM? — o mago de ferro ainda estava em plena fúria, e não deixou a ficha cair quando San lhe respondeu. — O que você disse?

— Disse que vi o golpe. — continuou San, deixando o resto da maçã na mesa e jogando o corpo para trás. Mais uma vez, todos os membros do time o olhavam de novo. — Ele impulsionou o corpo mandando energia mágica para as pernas e liberando como uma explosão. Isso fez com que ele viajasse como um raio. Eu disse que já enfrentei alguém do mesmo Templo que aquele lutador, mas a diferença de força era absurda. O cara que eu enfrentei não chega nem perto desse.

— Ainda sim, San. O que nós...

— Não, espere. Deixe-me acabar. — disse San, cortando Kuchi. — O que nós vimos hoje foi algo tremendamente absurdo e quase irreal. Fez vocês perceberem onde estão metidos. Viram finalmente o perigo naquela Arena. Agora vem a pergunta: por que acham que nós não nos sentimos assim ANTES?

— Porque foi a primeira vez que assistimos uma das lutas? — respondeu Mana, em forma de pergunta.

— Exatamente. — o garoto lutador se levantou da cadeira, mas não andou para lado algum. — Sempre fomos o primeiro time a adentrar o ringue, e todas as vezes fomos levados para a enfermaria e depois para o quarto. No primeiro dia, nós nem sabíamos quem seriam nossos próximos oponentes! Mas e os outros times? Os que tiveram que assistir luta por luta, vendo várias pessoas fortes sendo derrotadas uma após a outra? Como será que eles se sentiam, sabendo que talvez teriam que enfrentar tamanho poder?

— Está querendo insinuar que todos os outros times sentiram o mesmo que nós? — a pergunta veio do líder do time, que parecia ter se acalmado um pouco.

— Talvez sim, talvez não. Alguns são mais propícios a aguentar o peso mental, outros simplesmente amam lutar contra gente poderosa. Existem muitos tipos de pessoas. Mas nenhuma delas, aqui desse Torneio, chegou ao ponto de desistir sem antes mesmo tentar. — San andou até sua própria cama e se sentou. — Eu não vou conseguir levantar a moral de vocês com esse discurso barato. Então vou cortar o papo furado e vou dizer o que precisamos fazer: uma tática.

— Uma tática? De luta? — perguntou Mumu. San olhou para o mago e balançou a cabeça afirmativamente. — Só isso? Uma tática vai nos fazer ter poder o suficiente para barrar aquele cara? Ou o resto do time dele?

— Barrar, Mulkior? Quem disse que entramos nesse Torneio pra "barrar" alguém? — perguntava San, despretensiosamente. — A tática vai servir para GANHARMOS o Torneio. Antes, eu não podia falar muita coisa, porque não conhecia as habilidades de vocês e não sabia como vocês lutavam. Mas agora é diferente. Agora eu posso criar uma variedade de estratégias de luta em duelos e até mesmo em lutas de duplas ou trios. — ele dizia aquilo com força na voz. Depois, ainda sentado, ele colocou os dois braços sob as pernas e colocou a cabeça para frente. — E então? Interessados?

O dia da grande final começou com uma leve chuva que durou até o meio dia. Depois, as negras nuvens foram se dissipando, dando lugar para um quente sol de fim de semana. Era domingo agora, mas contrário do que normalmente acontecia, as ruas estavam lotadas. Bem... Pelo menos as em volta do grande Coliseu e as que levavam até lá.

Ninguém sabe o que tinha acontecido exatamente, mas foi como mágica. As pessoas voltaram a lotar as ruas e as arquibancadas, dentro do Coliseu. Talvez por ser a Final, muitas pessoas vieram de longe para presenciar quem seria o vencedor. Além disso, muitas pessoas tinham perdido o medo de saírem de suas casas graças ao ataque daquele dia.

Era uma coisa normal, na verdade. O medo da guerra sempre afetava as pessoas normais, que só queriam viver seu dia a dia em casa na paz e tranquilidade. Além dos cidadãos dessa cidade, também havia muita gente das cidades ou vilas vizinhas que não estavam com muita coragem de colocarem os pés na Capital. Mas sobre isso, parece que foi emitido um memorando do próprio Rei para todas as cidades ao redor da Capital, dizendo que o ataque já tinha sido finalizado e que não haveria outro e a Capital estava segura mais uma vez.

Claro, as pessoas mais espertas não creem nesse tipo de aviso tão óbvio, então eles esperaram mais um dia para ter certeza absoluta que a Capital de Riven estava, de fato, segura mais uma vez. A chegada das tropas do norte, que vieram para dar reforço militar à cidade também veio muito a calhar, criando um potente alívio nos corações dos visitantes e moradores da cidade.

Dentro do Coliseu, a visão estava impressionante. MAIS impressionante do que jamais esteve, na verdade. Se alguém ficasse parado no meio da arena e olhasse em volta, iria perceber que todos os acentos das arquibancadas, sem exceção, estavam ocupados. Se no primeiro dia já parecia estar lotado, imagine agora?

Até mesmo as alas VIPs continham gente. Essas alas ficavam do lado contrário da onde ficava a cabine do Apresentador e do Comentarista. Era, obviamente, no alto, dando uma ampla e vantajosa visão do campo de batalha. Além disso, essa ala era relativamente grande e extremamente bem estruturada. Isso fazia ela ser cara demais, ao ponto que só nobres muito metidos a "Eu tenho dinheiro de sobra e preciso gastar" conseguiam comprar essa entrada.

Ah claro. Isso, ou essas alas serviam para manter os Convidados Especiais do próprio Coliseu, como o Rei, por exemplo.

Não que ele estivesse ali hoje, mas em muitas finais o Rei de Riven esteve presente. Mas o pai que tinha acabado de perder o único filho não estava com muita vontade de ver pessoas saudáveis se digladiando e colocando suas próprias vidas em risco só para ganharam fama ou dinheiro.

Algumas pessoas que estavam no meio de todo aquele povo que não paravam de berrar nomes e vivas, poderiam ser facilmente identificadas... Se elas não estivessem usando proteções para tal.

Começando pelos dois velhos observadores mascarados, que sempre estavam nas arquibancadas de cima, tendo uma boa visão de todo o ringue. Estavam com suas capas e suas máscaras, como sempre. E com as cadernetas em mãos. Eles não poderiam perder sequer um segundo das lutas de hoje. Para isso, mais dois "amigos" foram colocados nas arquibancas, do outro lado do ringue. O trabalho deles era o mesmo. Coletar mais e mais informações.

Bem abaixo desses dois novos mascarados, estava sentado Jimmy. Ele estava disfarçado. Usava um boné simples verde, uma camisa com manga curta fina de cor amarela e um shorts longo na cor branca, com um tênis simples da mesma cor do shorts. Estava comendo balas e parecia bem alegre. Ele sabia que era um pouco perigoso voltar à Capital, mas ele insistiu que ninguém conseguiria reconhecê-lo. E até agora, estava tudo bem.

Jimmy sempre foi viciado em combates, então ele não poderia deixar de perder a Final do torneio, mesmo que não fosse o time dele que estivesse no ringue.

Além dele, sentado muito mais embaixo, estavam Shiro e Nathalia. Os dois também estavam disfarçados, com roupas simples e despretensiosas. Shiro só foi visto usando máscara e a roupa de ninja quando adentrou o Castelo, então se ele saísse nas ruas com qualquer roupa normal, nem mesmo um de seus oponentes poderia lhe reconhecer. O fato dele estar andando com uma mulher ao lado, rindo e falando alto ajudava ainda mais seu disfarce.

Por fora, um cara divertido e falastrão. Por dentro, um ninja sob contrato ferrenho de Mulkior. Ele se assustou naquele dia. "Quero fazer uma proposta com você.", tinha dito o mago controlador de ferro. Shiro estava sem Guilda agora, mas ainda sim, era um ninja profissional.

Mumu veio até ele com um pedido de trabalho, mas não como "guilda", que estava se formando lá naquele consultório médico. Ele tinha vindo como um burguês. E a missão era estranha e complicada, além de ser dividida em várias partes.

Mulkior falou que havia suspeitas entre as Famílias Reais de Riven, e que muitas delas estavam mobilizando pessoas demais. Além disso, ele afirmou que estava sendo observado, coisa que fez San, Mana e Kula compartilharem do sentimento. Mana foi mais além, dizendo que se sentia observada desde o momento que colocou os pés na Capital.

Depois de colocarem isso em pauta, Shiro ficou prestativo às palavras do seu contratante. A conversa foi longa. E no fim, o ex membro da White Lotus aceitou seu primeiro trabalho mercenário há anos. E lá estava ele. Sentado na arquibancada, ao lado da garota que tinha entrado em sua vida como se fosse alguém pulando pela janela com tudo, sem se importar com o vidro.

Shiro não podia prestar muita atenção no que ela dizia no momento, pois uma de suas tarefas já estava em andamento. O ninja precisava analisar e contar as pessoas suspeitas que estavam observando a luta final do Torneio. Por causa da grande quantidade de pessoas, o trabalho de Shiro iria demorar mais do que o esperado.

Muitos lutadores dos times derrotados também marcavam presença ali hoje. Reita e Kiirara estavam na primeira fileira da arquibancada central, bem embaixo. Estavam se sentindo apertados e de vez em quando levavam supetões dos torcedores que traziam bandeiras e cartazes.

David e Sayuri, o casal amoroso, estavam nessa mesma fileira da arquibancada, mas sentados mais em cima. Eles decidiram ver a luta só hoje, pois desde que perderam, eles só desejavam voltar para sua casa e relaxarem por uns dias, antes de voltarem para a Guilda. Mas devido ao ataque ao Castelo, muitas rotas de transição foram bloqueadas, impedindo com que os dois pombinhos retornassem ao seu ninho.

Sabendo que o time de San era um dos finalistas, era óbvio que Geovanna viria para assistir a luta. Estava bem ao alto, do lado direito da arquibancada. Ela tinha ficado com Mochizuki até que a Xamã decidisse voltar para casa, o que aconteceu ontem de manhã. Inicialmente, o plano de Geovanna era ir com a amiga até as terras geladas do norte, mas Momo falou que precisava fazer tudo aquilo sozinha. A maga de energia sabia o quanto de peso Mochizuki carregava em sua mente e decidiu deixá-la em paz, para que ela mesma pudesse superar aquilo tudo. Antes de sair, a xamã parecia bem mais animada do que estava quando saiu do quarto do time da Immortal Star, o que já era um evolução e tanto.

Além dos ex combatentes, também havia outras pessoas que não puderam deixar de vir naquele dia. Na parte baixa da arquibancada, mais à esquerda, estavam Regi e o pai de Mulkior. Seria um choque para Mumu ver o pai ali, assistindo sua luta. Mas o Líder da Família não poderia deixar de ver o filho demonstrando seu poder e perseverança na Final de um dos mais famosos Torneios do Coliseu dos Deuses.

E não foram só eles que apareceram. A mãe do mago ferro e o irmão mais velho também estavam ali, curtindo a animação da plateia e preparados para torcer para o time de Mumu. Era uma pena que eles não tinham conseguido fazer um cartaz com o rosto do garoto à tempo.

SENHORAAAAAAAAAAAAAAAAAAASSSSSSSSSSSSSSSS E SENHOREEEEEEEEEEEEEEEEEEEESSS!! — a voz de Pablo parecia, por mais incrível e impossível que pudesse parecer, MAIS animada do que todos os dias anteriores. De fato, o homem estava com uma cara de total fascinação, como se fosse um Aventureiro que acabou de descobrir um Reino Perdido. — É com um imenso prazer que eu declaro hoje, esse dia maravilhoso com um clima perfeito... O dia que será regido aqui, nesse Coliseu que já nos trouxe tantas felicidades e surpresas... Depois de quatro dias intensos, com batalhas que nos fizeram chorar, rir, desesperar e torcer... Depois das viradas, das entradas, dos gritos e das conclusões... Só depois disso tudo que eu finalmente e com grande prazer, digo que agora iniciaremos a grande FINAL!

Não era necessário repetir o que sempre acontecia depois de umas palavras de Pablo. O público reagiu como esperado, fazendo o maior escândalo criado na face da Terra. Até quem não tinha muito costume de gritar, foi obrigado a se levantar do banco e soltar a voz. Reita, Jimmy e principalmente Kiirara estavam incluídos aí.

Naquele momento, o barulho era tão alto e insuportável que a maioria das pessoas que NÃO estavam gritando, colocaram as mãos nos ouvidos, tentando não ficarem surdos no processo da gritaria. Pessoas que tentavam ter uma conversa normal, estando lado a lado, desistiram disso na hora. Enquanto aquele povo estivesse gritando, você só tinha duas opções: se junte à baderna, ou se esconda nos braços do silêncio.

Hoje é um dia mais do que especial, por isso tivemos que fazer muitos preparos e até mesmo umas pequenas alterações na Arena. — com a volta da voz do Apresentador, o público foi voltando a se tornar algo mais quieto e "normal". — Em primeiro lugar, a Arena em si foi testada e re testada em todos os aspectos. Depois das batalhas intensas que tivemos, ela sofreu alguns estragos óbvios, mas nenhum sério o suficiente para ser algum problema. — Todos prestaram atenção no ringue branco da arena. Geralmente, aquele ringue era lavado antes de uma luta, mas dessa vez, os pisos pareciam mais brancos do que o normal e muito mais brilhosos. A equipe de limpeza tinha caprichado. — Depois, como vocês podem ver, atrás de onde ficam os membros do time em espera, foram instaladas tendas. Elas estão acopladas nas paredes iniciais da arquibancada, então elas também recebem a proteção impenetrável das Torres de Defesa. — todos se viraram para as duas fileiras de tendas na cor verde forte, com uma cruz vermelha pintada nas laterais e no teto. Estava na cara o que era tudo aquilo, mas Pablo continuou. — Essas são Tendas Médicas de Emergência. Elas servirão para tratar dos combatentes logo depois que eles terminarem com suas devidas lutas. Isso trará mais facilidade de locomoção para a Equipe Médica, além de oferecer uma maior segurança aos lutadores, aumentando suas chances de sobreviverem. — por mais que a notícia fosse realmente boa e interessante, muitas pessoas ali sabiam que esse não era o único motivo. A verdade era que todas as enfermarias do Coliseu estavam lotadas de soldados reais com sérios ferimentos e sendo devidamente tratados nesse exato momento. Pablo não queria espalhar isso pelo simples motivo de não criar nenhum tipo de pânico entre os cidadãos da Capital ou dos visitantes. Afinal de contas, tudo ali deveria ser contado como algo de entretenimento para os espectadores... Mesmo que pessoas acabem mortas no processo. — Além disso, como hoje é um dia muito mais que especial, nós também temos convidados especiais! Tenho orgulho de apresentar para todos os nossos queridos torcedores os nossos cinco convidados desse ano! Sentados na ala especial, ao contrário dessa minha, estão o Duque Hazard Moleto Di Fareg XI, atual Líder da Família Di Fareg, uma das mais importantes Famílias Reais do nosso Reino! — houveram aplausos ininterruptos, enquanto o próprio duque, trajando uma clássica vestimenta nobre na cor vermelha viva, se levantou e acenou para todos os lados. — Ao seu lado, a digníssima Primeira Dama do Reino de Taal, Lorena Karmark! — foram ouvidos menos aplausos dessa vez, mas ainda sim, foram respeitosos. A moça, usando um véu branco e um vestido digno de matrimônio, também se levantou e acenou levemente a mão. — No meio, temos uma grande surpresa! Uma companheira direta de Bart decidiu assistir as finais desse Torneio, convidada pelo nosso próprio Comentarista! Soldado da Unidade Marte da Planetarium, Athena Queostas! — dessa vez, foram vistas mais surpresas por parte do público, assim como Pablo tinha dito. A mulher se levantou ao ouvir seu nome, mas não acenou. Parecia estar com uma expressão séria, de quase raiva. Seus longos cabelos loiros amarrados em trança chamaram a atenção de muitos homens naquele momento, pois a deixava com uma beleza rara. Os assovios foram esperados. — Do lado dela, estão duas pessoas impossíveis para o povo de nosso gigantesco e maravilhoso reino não reconhecerem! Em primeiro lugar, está o General Leon Kaidan Massahuir, Líder das Tropas Reais do Norte! — dessa vez, os aplausos e gritaria foram elevadas muitas vezes, enquanto Leon e seu típico sorriso meigo ficaram bem a mostra quando ele se levantou para acenar com as duas mãos. Uma das coisas que ele mais gostava, era atenção para si. Mas esse não era o motivo de sua vinda para esse Torneio. — E por fim, mas não menos importante, temos a grande honra de estar presente com um dos maiores e mais poderosos Campeões desse Coliseu. Sentado ao lado de seu colega de trabalho e amigo, está o grande General Raziel Horth Von Zaruov, Líder das Tropas Reais do Leste! — dessa vez, a gritaria foi do nível parecido com quando algum time era declarado vitorioso. Quase todas as pessoas se levantaram para gritar seu nome o mais alto que podiam, além de acenarem e se espernearem como se quisesse que o General os enxergassem. Raziel se levantou e acenou normalmente e respeitosamente. Ao contrário de seu amigo, ele não gostava de ser tão falado pelas pessoas, mesmo que ele sabia que esse era um fato impossível no momento, já que ele obtinha um dos "Ranks" mais altos do Coliseu dos Deuses.

Um minuto depois dele ter sentado, foi ouvido o som de cornetas. Era a entrada. Só não parecia a chegada de um Rei, porque não tinha um tapete vermelho. Mas estava na hora. Era o início. Era o que todos esperavam. Estava na hora de começar a Grande Final.

O público aquiesceu, o que foi algo obviamente estranho de se ver naquela altura do campeonato. Mas eles sabiam que não poderiam estragar essa entrada. Eles iriam gritar sim, mas só quando os times que eles escolheram torcer saírem de suas salas de espera e adentrassem o ringue, portando toda a confiança e esplendor.

Seria uma Final emocionante. Todos sabiam disso. Mesmo aqueles que torciam para um time só, sabiam que o time oponente era poderoso. Era o encontro de oito pessoas que passaram por imensas dificuldades para chegarem até ali. Mesmo com todos os boatos sobre o quarteto mascarado ser indestrutível, os torcedores da Immortal Star ainda se agarravam na esperança que eles iriam superar todas as expectativas e alcançar a vitória.

Está na hora da grande entrada dos nossos dois times finalistas! Rufem os tambores! — assim como comandado por Pablo, dezenas de tambores de grande porte foram tocados. O Apresentador em si adorava as Finais mais do que tudo. Era quando seu trabalho chegava ao auge. E hoje parecia que teria algo a mais. Pois mais cedo, ele recebeu um pequeno memorando com um pedido bem sincero dos membros da Immortal Star. Eles eram o Time Número 1, e obviamente seriam os primeiros a entrar em campo. Mas o pedido era para que eles fossem chamados depois dos seus oponentes, pois eles queriam fazer uma "surpresa". Pablo adorava surpresas, e ele gostava mais ainda quando conseguia ver as faces surpreendidas dos espectadores. Então ele aceitou o pedido na hora. — Do lado direito do Ringue, com um histórico de lutas praticamente perfeito, sem nenhuma derrota e nenhum empate! Depois de sua semi final, onde apenas um dos membros do time derrotou um dos times favoritos do Torneio, eu espero que sua fama tenha atingido muitos novos torcedores! Entrem no ringue os lutadores mascarados, o Time Zero Soldier!

Pablo tinha razão sobre o fato de ter mais torcedores. Os gritos foram poderosos. Haviam muitas bandeiras, muitos cartazes e por mais incrível que pudesse parecer, até CAMISAS com a pintura da inicial do nome do time ou até mesmo da caricatura das máscaras que eles usavam, já que até agora, ninguém viu quem realmente eles eram.

No momento que o nome do seu time foi gritado, as grandes portas duplas de ferro foram abertas em uma velocidade abaixo do normal, para criar ainda mais expectativa. O suspense terminou à gritos e escândalos.

Os quatro combatentes, com suas capas cinzas, encapuzados e com máscaras, adentraram o ringue do Coliseu portando uma espécie de imperialismo sobrenatural.

Os dois primeiros espectadores a sentir tamanha imponência foram Raziel e Athena. A garota forçou o olhar nos quatro membros do time que andavam vagarosamente até a sua ponta do ringue. Raziel permaneceu de braços cruzados, sem demonstrar qualquer reação diferente. Os dois sabiam que havia algo de especial naqueles quatro membros, e possivelmente era por isso que eles usavam máscaras.

A gritaria só foi diminuir quando as cornetas foram novamente tocadas, anunciando a entrada do outro time.

E no canto esquerdo! — os tambores foram tocados novamente, criando aquela já velha imagem da entrada de alguém importante em cena. — Portando quatro membros com Títulos Únicos, mercenários que não trabalham para nenhuma Guilda ou Reino, com um histórico quase tão perfeito quando seus oponentes, tendo apenas dois empates durante os três dias de batalhas onde eles saíram vitoriosos contra dois dos Times Preferidos do Torneio! Senhoras e senhores, recebam o Time Immortal Star!

Os portões da esquerda fizeram seu clássico barulho e se abriram na mesma velocidade do que os da direita. Houve sim a grande gritaria, mas comparada com a do time adversário... Bom, a diferença era óbvia.

Muitas pessoas passaram a torcer para a Zero Soldier por causa da sua luta no dia anterior. Eles acreditavam que aquela era a força suprema em um único time. Mas pelo jeito, ainda restavam muitos que ainda acreditavam no potencial dos quatro lutadores com Títulos Únicos.

A entrada em si foi razoavelmente normal. Os quatro entraram em um tipo de fila. Mulkior vinha em frente carregando uma bandeira, Kula e Mana vinham lado a lado, atrás dele, e por último vinha San, com sua clássica aparência sem expressão, com as mãos nos bolsos.

Seria normal sim... Se todos os membros não estivessem usando um sobre-tudo longo, sem capuz, simples com nenhum bolso, cada um com uma cor diferente e, o mais importante, um símbolo feito de linha de costura nas costas. Esse mesmo símbolo estava pintado em uma bandeira ligeiramente larga que vinha sendo carregada pelo mago que adentrou primeiro no ringue.

Esse símbolo era de fato, uma estrela. Mas era uma bem incomum. Primeiro, porque era uma estrela de seis pontas, divididas em duas formas triangulares viradas uma contra a outra. A parte em destaque, que era o triangulo com a ponta para cima, tinha um círculo aberto no meio, e dentro do círculo, havia uma figura que poderia ser retratada como uma cobra que estava mordendo a própria cauda.

Para muitos, a imagem não significaria nada. Agora para os mais atentos e espertos, a cobra se mordendo era um símbolo que representava um ciclo infinito de vida. Ou seja, a "imortalidade". Houveram muitos "WOWs" e "VIVAS", mas na verdade, era pra esconder o fato de que a maioria não tinha entendido que aquele símbolo significava "Immortal Star".

Mumu caminhou até a ponta do ringue onde ele e seus companheiros ficariam, e encravou a bandeira no chão. Ela ficaria ali esvoaçando e exibindo o símbolo de sua nova Guilda até o final do torneio.

Foram entradas esplendidas, senhoras e senhores! — o Apresentador parecia ser a pessoa mais empolgada do Coliseu. — O time Immortal Star está mesmo demonstrando seu nome e confiança mútua! Mas por outro lado, isso não pareceu abalar seu time adversário! Logo esses combatentes terão que jogar toda sua confiança um contra o outro no ringue que está sedento por uma luta! E eu sei que vocês, meus caros torcedores animados, também estão! E é por isso que eu irei ditar as últimas regras de batalha para esse Torneio! — o público reagiu fervorosamente, mas foi uma gritaria curta. Todos queriam saber como iriam saborear aquela Final. — Hoje, teremos as regras que fizeram nosso Coliseu ser tornar o que é hoje! As regras serão as clássicas do "Ringue Livre". Elas são muito parecidas com as regras do primeiro dia, ou seja, serão batalhas um contra um. No entanto!! — a pausa da explicação criou um novo suspense. Pablo tomou fôlego antes de continuar. — Não haverá escolha aleatória para os combates! O próprio time deve decidir quem irá para o ringue! Um lutador não pode repetir uma luta, mesmo que vença. O primeiro time que marcar três vitórias, será o grande campeão. Ah, e claro... Se houver um empate no final, haverá um novo combate e esse sim, será em escolha aleatória. Se um membro estiver machucado demais e for escolhido, ele será obrigado a lutar novamente. Se não puder... Não haverá troca e o Torneio se finalizará! E agora, sem mais demoras! Vamos iniciar a Final do Torneio de Times do Coliseu dos Deuses! Times, façam suas escolhas do primeiro lutador!

A reação do público não foi tão explosiva dessa vez. Eram só as regras sendo ditadas, então não havia necessidade de ficar gastando sua voz naquilo. Mas que era algo realmente interessante, isso sim era. Seria a primeira vez que eles poderiam escolher quem pisava no ringue. Quem levaria adiante as lutas. Quem passaria a sensação de estar lutando por sua vida.

Mumu tremeu o braço que segurava a bandeira encravada no chão de terra. Empolgação. Ele tinha deixado o medo para trás. A longa conversa de ontem e de hoje de manhã fizeram ele perceber que poderia alcançar níveis muito mais altos. Ele tinha saído para se exercitar e ficar pronto para o combate, uns trinta minutos antes de adentrarem o ringue.

Kuchiki estava no mesmo espírito, mas ela decidiu conservar cada ponto de fadiga que tinha para treinar a mente. Ela meditou bastante, elevando sua energia mágica ao extremo da concentração.

Mana tinha feito um pouco do que os dois amigos de Guilda fizeram. Ela também havia feito alongamentos, vendo que nenhuma ferida dos combates anteriores haviam ficado para lhe incomodar hoje. Depois, ela treinou um pouco seu acumulo de energia, querendo estar preparada para tudo.

E San, o grande autor de toda tática que o time deveria tomar, passou os últimos momentos antes do início da Final comendo uma maçã e uma goiaba vermelha.

E parece que a Zero Soldier já sabe quem iniciará nossa grande final!

Os quatro membros da Immortal Star estavam virados uns para os outros, criando um círculo íntimo onde eles conversavam sobre quem deveria pisar no ringue primeiro. Foi então que Pablo disse aquilo. Os quatro se viraram imediatamente para o ringue, vendo a pessoa subir até os pisos brancos e começar a andar para o meio do ringue.

A única coisa que diferenciava os membros daquele time eram as máscaras. E por causa disso, eles sabiam que quem estava no ringue naquele momento, era o mesmo que tinha feito aquele "espetáculo" no dia anterior. Era o Lutador A, com a máscara de madeira.

Kula engoliu saliva. Mesmo que San tenha criado muitas estratégias de luta para cada um deles, ter que enfrentar aquele cara não seria uma opção viável. Não para ela. Mulkior apertou o punho, lembrando das cenas da luta da semi final. Ele não estava totalmente certo se conseguiria manter a calma em um duelo contra aquele cara. Mana já tinha entrado em seu modo "analista". Ela sabia que qualquer oponente que ela pegasse, seria algo horrível e perigoso. Mas aquele cara... Ele tinha uma aura diferente. Talvez fosse só exibicionismo, mas ainda sim, era algo que a fazia suar descontroladamente.

— Pelo visto eu ainda não criei forças o suficiente em vocês. — disse San, fazendo todos o olhar. — Não se preocupem. Vocês logo vão conseguir a força de vontade para lutarem com tudo.

E então, ele colocou as mãos no bolso mais uma vez e pulou para o ringue. Não esperou uma decisão do seu time. Ele sabia que dali, só ele tinha as habilidades necessárias para enfrentar aquele oponente. San sabia que ele era o mais fraco dos quatro, mas também sabia que era o que tinha o mais rápido julgamento.

Mulkior tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu. Parecia paralisado. Ele também sabia que em termos de combate corporal, San era o mais sensato a se escolher para colocar contra aquele cara... Mas o perigo iminente parecia fazer com que todos os pensamentos do mago fossem esmagados. Kula decidiu ficar em silêncio, pois ela realmente não tinha o que dizer.

— San! — a voz da assassina do time fez o garoto parar e se virar para trás. Mana estava com as duas mãos juntas sob o peito e olhava-o com uma expressão preocupada. Era a primeira vez que San a encarava daquele jeito. — Tome cuidado.

O garoto não respondeu com palavras. Ele sorriu, se virou e voltou a andar. Mas tirou a mão direita do bolso e a levantou para o alto, com o punho fechado. Um sinal que ele iria trazer a vitória.

Isso realmente conseguiu acalmar Mumu e Kuchi um pouco, mas não Mana. A parceira do garoto que ia andando sossegadamente para o meio do ringue via outra coisa. Sentia outra coisa. San não estava indo para uma batalha regida sob regras. San estava marchando para sua morte!

Mana deu dois passos em frente, chegando a encostar os pés no ringue. O que ela podia fazer agora? Aquela sensação era esquisita demais. Olhou para trás. Percebeu que Mulkior tinha uma expressão séria e Kula estava mordendo o lábio inferior. Eles também estavam inquietos, mas não pareciam sentir aquilo que ela sentia. Voltou a olhar para o ringue. San estava lá parado na frente do oponente, com as mãos no bolso.

A primeira luta já foi decidida! Do lado esquerdo, representando o Time Immortal Star, o combatente conhecido por seu Título Único de "Lobo Solitário", o lutador da energia vital, San! — palmas e gritaria puderam ser ouvidas. San não respondeu à torcida. — E do lado direito, representando o Time Zero Soldier, o combatente que derrotou sozinho três membros da Dark Stalkers ontem. O Lutador A!

Como já era de se esperar, mais gritos e vivas foram ouvidos. Aquele Lutador A tinha ganhado uma quantidade imensa de fãs. Mal sabia ele que haviam pessoas doidas para saber quem realmente ele era. Mulheres loucas para saber se ele era um rapaz bonito e elegante. O segredo de seu rosto. Quem era ele? Tudo o que sabiam é que ele era um homem, devido a sua fisionomia. Sua voz foi ouvida só uma vez e em uma palavra só, então não dava nem para saber uma média da idade que ele poderia vir a ter. O segredo matava.

— Foi uma entrada e tanto. — disse o Lutador A. Só San conseguia ouvi-lo, e não demonstrou surpresa nenhuma por ele ter iniciado uma conversa do nada. — Mas seu exibicionismo não vai adiantar nada aqui. Você sabe muito bem do que eu estou falando, não sabe? Já que vocês viram nossa luta ontem. — e então San demonstrou sim, um pouco de surpresa. Ele apertou os olhos, como se estivesse torcendo para que um segredo dele mesmo não fosse descoberto. — Espero que tenham gostado do show que eu proporcionei.

— Ah claro. Foi interessante. — respondeu o cara com as mãos no bolso, sem perder o oponente de sua vista. Os olhos de San estavam fixados nos buracos na máscara de madeira, que serviam para a pessoa olhar para fora. — Seu Kung-Fu do estilo "Punho de Ferro" foi realmente impressionante. É do Templo Zwan-Lin, não é?

— Ahahahahahahahah! — a risada dele pode ser ouvida pelos dois times. — Você é realmente observador, como dizem as lendas! É um oponente digno. Não preciso mais usar isso.

O Lutador A levou a mão esquerda até um nó de corda que tinha em seu pescoço e o puxou. O nó se desfez e aquela grande capa cinza começou a ir ao chão, revelando a verdadeira vestimenta daquela pessoa.

Não foi de se estranhar que ele vestia um "ifu" típico dos praticantes de Kung-Fu. Mas era necessário dizer que a roupa era linda. Era toda preta brilhosa e nas costas, havia um grande dragão dourado em forma de pintura oriental. Era uma roupa exibicionista. Palmas foram ouvidas assim que os espectadores colocaram os olhos na grandiosa vestimenta.

Além da roupa cobrir seu peito, braços e cair para frente e trás das pernas, ele ainda vestia uma calça de tecido elástico também preto, que se camuflava entre a roupa, e sapatos molecas pontiagudos, também pretos. Não havia armas escondidas em seu corpo.

O homem estralou os dedos da mão direita e depois a levou até a máscara em seu rosto, retirando o aparato que protegia sua face. Foi então que veio o "UOOOOHHHHHHHH". Agora era possível ver o rosto do Lutador A. E pela reação da plateia, eles pareciam conhecer a pessoa. Ou pelo menos a maioria dela.

San não tinha mudado de expressão, mas seus olhos queriam poder estar enganados. Ele viu a pessoa sorrindo. Olhou nos olhos do oponente. E então disse:

— Eu não posso acreditar... Você é...