Pensando em você

O Han Jisung tinha uma amiga de longa data, essa já havia se casado, separou-se e ele sempre esteve por perto.

Eles se falavam todo santo dia, seja sobre seus trabalhos, suas vidas particulares, dos seus anseios, as mais diversas besteiras.

O Han gostava de fazê-la rir, então sempre mandava os memes mais bobos só para que ela lhe respondesse com áudios cheios de sua risada gostosa, e era certeiro, ele poderia contar nos dedos os segundos entre ela ver o que ele lhe enviou e o áudio da sua risada chegar pelo aplicativo de mensagens e vinham sempre um “você é um bobo Hanji, mas eu adorei, obrigada”, e com isso o Han ficava satisfeito.

Tudo estava bem, porém o dia dos namorados estava chegando e o Han notou que sempre que tocava no assunto sua amiga desviava a atenção para qualquer outra coisa que seja.

O Han trabalhava em uma editora e sua amiga era doceira, ela fazia os doces mais gostosos que ele já havia provado, fora que eram muito bonitos e bem feitos, e sempre que ele a questionava sobre o que ela faria no dia dos namorados ela dizia que trabalharia, afinal, chocolates tem uma saída enorme em épocas assim e se ela desse sorte teria muitas encomendas.

[...]

— Como assim trabalhar Yoona?

Eles estavam m uma chamada de vídeo e ele a olhava com curiosidade enquanto ela decorava um bolo.

— Trabalhar Hanji, você não sabe como é? É um herdeiro por acaso?

— Ah, puxa quem me dera ser herdeiro, na verdade, eu estou esperando minha amiga arrumar um Sugar Daddy para poder me mandar mesadas gordas sabe?

— Poxa, boa sorte para você, e para essa sua amiga aí. — Ela falou rindo da carinha dele.

— Tá, sua chatolina, não desfoca, você está me enrolando, depois que você trabalhar, o que você vai fazer?

— Descansar? Tomar um bom banho, me enrolar por que estará frio e ver um filme? Dormir? Nossa estou cansada, talvez eu nem veja um filme.

O Han a olhava através da chamada, desacreditando que sua amiga não teria um date decente no dia dos namorados.

— Então saia comigo! — Ele a viu parar por um instante e depois voltar ao seu bolo sem sequer o responder. — Vamos Yoona, me responda…

— O que quer que eu diga Hanji? Sério?

— Sim, é seríssimo, você não vai ficar de pijama em casa no dia dos namorados, saia comigo, e não deixarei que me rejeite.

— Meu senhor, eu nem gosto de sair de casa Hanji, e você sabe disso.

— Não me interessa garota, vai sair comigo pronto e acabou.

— Tá inflando as bochechas não está? Pera vou olhar… — ela parou de decorar o bolo e olhou para a tela do celular, sorrindo ao encará-lo. — Sim, ele está inflando as bochechas, tudo bem Hanji eu saio com você, satisfeito?

— Sim, agora estou.

— Ótimo, meu amigo birrento conseguiu o que queria, agora me deixe terminar isso aqui, nos falamos depois okay?

— Olha, você está proibida de dar para trás, entendeu? Vamos sair juntos e você não tem opção.

— Tá, está bem, agora desligue isso, editor chefe.

— Tchau Yoona.

— Tchau Hanji.

Quando ele desligou, ela sorriu pequeno.

— O que deu nesse doido? Sair comigo no dia dos namorados? Ele está realmente desesperado, tadinho.

[...]

Os dias foram passando e o Han foi preparando tudo o que queria fazer com ela, arrumou umas brincadeiras, pensou em lugares para levá-la, enfim, nos últimos dias o foco dele estava todo em sua amiga e tudo o que ele fazia era pensando nela.

— Vou fazer você se divertir Yoona, você vai ver só.

Já a Yoona, mal lembrava de sua promessa, sua vida estava uma bagunça, então ela não pensava muito, e seu trabalho estava um caos, muitos pedidos chegando e ela tendo que dar conta de tudo como sempre foi, sozinha, então claro que ela estava enlouquecendo…

— Por que fui inventar de fazer doces?

Espalhados pela mesa vários corações e plaquinhas de chocolate escritos “Eu te amo” “Feliz dia dos namorados” e coisinhas assim, mas o que ela mais gostava de fazer era o tabuleiro de chocolate, um mini joguinho com bombons e prendas que poderiam transformar o encontro em uma noite puramente romântica ou algo mais erótico, tudo dependeria dos dados e da sorte dos jogadores e aquele era seu carro chefe de pedidos para a data.

— Eu iria adorar brincar assim. — Ela falava enquanto arrumava o último tabuleiro do dia. — Cruzes, estou morta! Amanhã é fazer as entregas e acabou o romance massivo na minha vida, depois só no ano que vem.

[...]

No dia seguinte ela saiu cedo para fazer as entregas, e levou consigo algumas rosas de chocolate para atender aos esquecidinhos de plantão, e no final do dia ela havia vendido todas as que levou e ainda teve namorado querendo, mas ela já não tinha mais nenhuma, então apenas voltou para sua casa, estava na hora de por seu plano em prática e dormir.

Quando ela ia entrar no banho, seu celular vibrou.

“Passo aí em vinte minutos, esteja pronta.”

Ela leu a mensagem e deu um pulo.

— Essa não, Hanji, qual é...

E lembrando que deu sua palavra ela foi se arrumar.

— Droga, você me paga Jisung.

Quando ela ficou pronta, sua campainha tocou.

— Estou descendo! — ela gritou, pegou sua bolsa e desceu.

— Uaau, que linda Yoona!

Mas na cabeça da jovem ela jurava que quem estava lindo ali era ele.

Ela usava um vestido rosê, de renda floral e seus cabelos soltos, mas com as ondas longas bem marcadas, uma maquiagem leve e uma pulseirinha de pérolas pequenas que era um charme só, nos pés uma sapatilha linda que combinava com sua roupa e não a atormentava com um salto doloroso, ela odiava saltos e o Han sabia bem.

Já ele usava um jeans escuro, uma regata branca e uma jaqueta mais cumprida em um preto brilhante, o que o deixou lindo, e seus cabelos jogados no rosto fizeram a Yoona pensar que seu amigo era um gatinho, mas ela logo mandou esse pensamento embora.

— Você também está bonito Hanji, tem certeza que quer sair? Não podemos ver filmes em casa mesmo?

— Nem pensar dona Yoona, eu vim até aqui, você está linda, eu lhe trouxe isso — Ele entregou um mini buque de flores para ela, que ela amou tamanha a delicadeza. — E você vai ser uma boa menina e sair comigo.

— Está bem, seu chato! — O Han sorria vitorioso — Mas só porque as flores são lindas.

— Então vamos?

— Sim, vamos.

[...]

Já no carro ele se vira para ela.

— Escolha um número de um a dez.

— Assim, do nada?

— Sim, assim do nada, agora vamos, escolha.

— Quatro.

— Ótimo, esquerda ou direita em três, dois… — a cabeça dela estava pilhada. — Um!

— Direita. — Ela falou em total excitação.

Ele virou com o carro na próxima rua a direita.

— Mais uma vez, em três, dois, um!

— Direita de novo.

Ela estava gostando, já estava com o sorriso solto e ele não estava diferente dela.

— Mais uma vez escolha o lado em…

— Esquerda e direita novamente.

— Garota esperta, já entendeu, beleza Srta. Farei como deseja.

Quando ele virou a última rua a direita eles chegaram em um bistrô que ela morria de vontade de ir, mas nunca teve a oportunidade, lá era tido como o lugar que tinha o melhor fondue da cidade e a Yoona amou estar ali.

— Hanji, meu Deus, é sério isso?

— Uhum, é sim.

— E se desse errado? Para onde você me levaria?

— Yoona eu fiz tudo pensando em você; — ele fez um carinho no rosto dela. — Na extensão da rua principal onde estávamos quando te fiz fazer a primeira escolha tem todos os lugares que você me disse querer ir, então um deles ia dar certo, e por sorte a nossa você veio para um dos destinos mais românticos.

Ele desceu do carro e foi abrir a porta para ela.

— Vamos lá querida.

Ela sorriu para ele, segurou em sua mão e ele entregou as chaves do seu carro ao manobrista e assim eles entraram no restaurante.

[...]

— E aí, está gostando?

— Sim, aqui é lindo e o fondue está divino, obrigada por isso amigo.

Ele sorriu satisfeito.

— Você merece.

Já voltando para a casa, ele a mandou abrir o porta luvas e assim ela o fez.

— Leia esse bilhete e descubra um presente.

— O quê? Sério?

— Seríssimo Yoona, e você tem só dois semáforos para descobrir, se eu chegar no terceiro você perde o presente.

— Ãnh? O quê? — ela sorria boba.

— Vamos lá, o tempo está passando.

Ela pegou o bilhete no porta luvas e o leu.

“Quando me abrir verá a imagem mais bela”

Ela repetiu o enigma e começou a ficar aflita.

— O presente está no carro certo?

— Uhum, e nós acabamos de passar o primeiro semáforo.

— Aí droga… — Ela seguia repetindo a dica, até que. — Você não fez isso…

Ela abaixa o quebra sol e uma caixinha cai no colo dela e antes de o fechar novamente ela se vê no espelhinho que tem ali e pensa na dica que ele deu, “a imagem mais bela” e com isso ela sorri, ela desconhecia esse lado todo romântico de seu amigo, mas aquilo foi genial ela teve que admitir.

A caixinha era cumprida e quando ela abriu tinha um lindíssimo colar.

— Quando chegarmos eu o coloco em você.

Os dois seguiram a viagem de volta sorrindo e cantando suas músicas favoritas juntos.

[…]

Já na porta dela ele pegou o colar como havia dito que faria e o colocou em sua amiga.

— Prontinho, agora deixe-me ver se ficou bom. — Ela se virou e ele a encarou. — Ficou perfeito.

— Hanji, muito obrigada pela noite de hoje, sério, eu não esperava passar uma noite tão agradável assim.

— Não me agradeça, fiz de todo coração.

Eles ficam sem jeito, ele deu um selar em uma das bochechas de sua amiga e se despede.

— Só isso, Hanji? Esperava por pelo menos um beijo na boca.

Os olhos do rapaz se arregalaram, ele queria muito aquilo, mas ele não tentaria nada por medo de estragar sua amizade.

— Você está falando sério?

— Estou sim.

Ele se sentiu vibrar.

— Então está bem.

Ele se aproximou de sua amiga a encarando nos olhos e como se um furacão o tomasse ele sentiu seu interior se revirar, então com os olhos fixos nela ele inclinou sua cabeça um pouco para o lado e encaixou seus lábios nos dela pela primeira vez em anos de amizade e ambos pareciam flutuar naquele instante.

De forma tímida ele pediu passagem com sua língua e ela concedeu de bom grado, e nesse momento os corpos dos dois se colaram, ele a envolveu em um abraço sem parar o beijo que davam e ela passou seus braços pelo pescoço dele fazendo carinhos ali e quando o fôlego lhes faltou eles se separaram.

— Uau, isso foi bom. — Ele disse tímido, mas sem deixar de encará-la. — Obrigado por isso, Yoona, boa noite.

Ele disse e se virou, mas seu desejo mais ardente era entrar na casa dela e passar a noite ali.

— Hanji, espera…

Ele se virou e a encarou.

— O que foi?

— Tive uma ideia, você liga de entrar?

— Se você não se importar…

— Não me importo, vem logo.

Quando eles entraram, ela foi até a cozinha dela e pegou uma caixa média.

— Senta aí.

Ele sentou a olhando curioso.

— O que é isso Yoona?

— Será o seu presente, se você tiver sorte, vamos dormir juntos, se não, vamos só nos beijar mais um pouco.

— Pelo que vejo, as duas opções me fariam um cara sortudo.

— Fica quieto, vamos jogar.

Eles começaram a jogar, comeram alguns chocolates, se beijaram mais algumas vezes cumprindo as prendas do jogo e agora estavam na última rodada.

— O que acontece se eu tirar o número quatro no dado?

— Você me leva lá para cima e dormiremos juntos.

— E se eu não tirar?

— Nos despedimos aqui e você vai embora.

— Droga.

Ele soprou os dados em sua mão, a olhou nos olhos e jogou o dado que deu oito e na hora ele murchou.

— Termine sua jogada. — Ela falou um tanto triste também.

Ele pegou o seu bombom e começou a andar no tabuleirinho.

— Oito, bombom bônus, o que é um bombom bônus?

Ela olhou para o tabuleiro e depois para ele.

— É a nossa última chance, Hanji, — ela virou e pegou dois bombons. — Escolha um, abra e o morda, se sair licor de cereja você ganha e subimos, se sair licor de café nos beijamos e você vai embora.

Ele estremeceu, ele daria qualquer coisa para subir com ela, despi-la e amá-la como sempre desejou.

Então ele olhou os bombons na mão dela, eram idênticos, a mesma embalagem, tamanhos iguais, nenhuma diferença.

— Bom, vamos lá.

Ele estendeu a mão, pegou um bombom e ela deixou o outro de lado, ele abriu e a encarou.

— Morde comigo?

Ela apenas acenou que sim, dando um sorriso que ele julgou ser a coisa mais linda que ele já viu.

Então ele abriu o bombom e o levou a boca e deixando metade dele para fora foi até ela para que eles mordessem juntos, eles tinham seus olhares fixo um no outro e, ao mesmo tempo, eles morderam o bombom que escorreu o líquido vermelho, o licor de cereja nunca foi tão delicioso e aquela mordida virou um beijo saborosíssimo e o Han foi a tomando nos braços e a ergueu fazendo ela sorrir com sua boca ainda na dele.

— Ganhei o jogo, vou te levar lá para cima.

— E a sorte foi toda minha.

— Não, foi nossa, acredite em mim, eu desejo isso desde que me entendo por gente, e agora finalmente você será minha.

Ela voltou a beijá-lo enquanto ele subia com ela nos braços e a noite dos dois foi tão doce quanto aquele bombom que eles dividiram.