I'm Not the Enemy

Capítulo 31- Crises


Era o Steve. Eu tinha certeza. Aquele olhar apaixonado e feliz, não por ter me salvado, mas porque eu estava bem, viva, e diante dele. Antes que eu pudesse descer do seu colo, ele se agachou me protegendo e colocou seu escudo na nossa frente, nos defendendo dos tiros.

–Sua irmã estava tentando me atacar ou atacar você? -ele perguntou e eu sorri.

–Ela pode ter desviado um pouco a mira de você...

Eu não conseguia me soltar dele, mesmo ele sendo o Capitão América! O principal membro da SHIELD, símbolo heroico estadunidense e meu rival.

–Não podemos fingir que nada aconteceu Flyer. Não estamos mais do mesmo lado. –Steve relembrou e eu assenti.

–Eu sei.

–Olha... Vamos sequestrar vocês. –explicou ele.

Steve Rogers meu rival.

–O que?

–Nós precisamos. Seu pai matou pessoas da SHIELD, pessoas inocentes que tinham vida e família. –Rogers segurou meu braços tentando olhar em meus olhos mas eu virei o rosto.

Eu não tinha compaixão igual a intrusa que ele conheceu com amnésia. Eu não sou ela. Nós não nos amaríamos e ele descobriria logo isso. Eu o empurrei, lógico, sem muito efeito e levantei saindo correndo. Gabrielle e Ty foram amarrados e presos por uma mulher de cabelo vermelho e estavam ajoelhados no chão em rendição enquanto o Homem de Ferro acompanhava.

–Flyer! –Steve gritou.

–Flyer! Corre. –Ty e Gabrielle gritaram.

Eu estava próxima da feira, talvez poderia dispersá-los lá e chegar á base da ALRS. Um cara carregando um arco nas costas tentou me impedir, mas eu não pedi tempo, dando uma cotovelada em seu corpo e o deixando no chão.

–Não adianta correr Mozorov. –o Homem de Ferro pousou em minha frente.

–Você não vai me machucar, eu sei.

–Eu sou Tony Stark, você não sabe nada sobre mim. –a máquina veio caminhando e eu olhei para trás.

A mulher ruiva apontava a arma para mim bem mais afastada. Olhei para minhas mãos. Eu estava cansada por ter saído do hospital onde e ter descansado hoje, mas eu poderia. Meus braços tremiam, estavam brancos e todos arranhados. Respirei fundo e agachei colocando minha mão no chão da rua.

–O que pretende fazer?

Nada saia da terra, nem um sinal ou tremor. Eu estava fraca demais. Olho para meus braços decepcionada, minhas veias estavam verdes e eu acabo agachando no chão me rendendo.

–Você fez o seu melhor Flyer. –sussurrou o arqueiro do meu lado me apoiando.

Eu o encarei com desgosto e levantei.

(...)

Era impossível descansar numa cela dessas. Tinha uma cama confortável, TV e alguns livros. Até que não estava mal, mas eu me sentia sufocada. Não é possível, eles ainda acreditavam que eu era a Flyer que eles conheciam, mas mesmo assim, estavam me mantendo aqui, presa. Em algumas horas apareceu um cara de óculos e jaleco branco. Eu sabia quem era e sorri esperançosa.

–Bruce Banner.

–Flyer Morozov. –ele abriu a porta da cela e em seguida a fechou, voltando a me olhar.

–Senti sua falta Bruce.

Eu automaticamente o abracei. A intrusa gostava de abraços certo? Uma parte ela estava certa, por abraços você conhece muito uma pessoa. E o do Banner era extremamente amigável e carinhoso. Eu me senti bem, mesmo estando ali, o que era estranho.

–Eu também. Está gostando da sua cela?

–Como sempre, amando.

Pelo diário, não era a primeira vez que eu estava sendo trancada aqui.

–Como encontraram a gente? –perguntei curiosa delicadamente.

–Não foi muito difícil. Temos olhos por toda Vladivostok, apenas não usávamos. Quando nossa base recebeu um ataque, percebemos que era a hora. –ele explicou.

Ah sim, o ataque que eles receberam á noite pelo meu pai. O mesmo que foi embora há um ano e nunca mais comunicou com ninguém. Nem mesmo a diretora Yvana, da ALRS. A não ser se seus emails “estou bem” contassem.

–Sobre o ataque, não fomos nem avisadas. Quer dizer, eu nem sabia que meu pai existia mais. Eu não tenho noticias faz mais de um ano. –explico á ele.

–Tudo bem. Não íamos fazer nada com você e a sua irmã. Apenas queremos dar um aviso.

–E o Ty?

–Ty? Quem é Ty? –Bruce franzi a testa.

–O namorado da Gabrielle, aquele garoto que estava com a gente.

–Ah, não fiquei sabendo de nada sobre ele. Acho que nem o trouxeram. Vi apenas sua irmã de longe e ela estava dormindo ou fingindo.

Concordei. Então eles deixaram Ty para trás? Bem, faz sentido. Já que o objetivo da SHIELD é apenas minha irmã e eu. Algum tempo depois, conversando e, no meu caso, inventando sobre a minha nova vida na Rússia, um cara com arco nas costas se aproximou. Acho que o nome dele era Clet? Clint?

–Banner, pode olhar para mim? Aquela outra Morozov me mordeu. –ele estendeu o braço pela grade da porta.

Bruce olhou para mim e suspirou, eu ri pelo nariz.

–Eu não sou médico.

–Mas é o mais próximo disso. Por favor, está doendo. –implorou.

Os dentes de Gabrielle ficaram bem marcados, na região dos caninos saia sangue e em outras partes a pena a camada fina da pele saiu. Deve ser doloroso. Eu não consegui me segurar, era bem engraçado. Minha irmã tinha o mordido feio.

–Desculpe. –pedi colocando a mão na boca para segurar o riso.

–Não precisa tentar ficar séria. Sei que é divertido.

–Se quiser, posso acalmar a Gabrielle. –dei a ideia.

Os dois trocaram olhares duvidosos, mas concederam cinco minutos a nós duas. Um agente da SHIELD, Ward, me levou até a cela dela que era bem diferente da minha. Não havia televisão ou um colchão grosso. Havia apenas um livro e nada mais.

–Flyer. –ela ficou animada.

–Cinco minutos.- o agente relembrou.

–Vamos dividir a cela? –estranhou ela falando em russo.

–Não. Pedi para conversar com você e eles deixaram.

–Sério? –ela pareceu não acreditar.

–Sim. O objetivo deles não é nos machucar, mas sim nosso pai. –expliquei.

–E você acredita neles?

Isso doeu em mim. Porque eu me senti dividida. Quer dizer, foi só eu ler um diário e eu comecei a ficar estranha. Não fazia sentido eu continuar na ALRS, eu estava lá para agradar meu pai e ele se foi... E eu estava praticamente encurralada, jurando fidelidade e expondo minha vida em perigo para qual objetivo mesmo?

–Não. Mas eles maltrataram você?

–Escute. Precisamos fugir daqui. Tentar enviar algum sinal.

–Como Gabrielle? Não temos nada. E estamos de pijama.

–Você está estranha. –minha irmã me olhou desconfiada. –Parece que a cirurgia para trazer sua memória de volta não foi útil.

Eu bufei. Aposto que ela também estava na ALRS para nada. Gabrielle nem deveria saber que no fundo estava perdida e sem ambição.

–Sim. Eu também estou me achando estranha. Estou nesse exato momento falando com você no avião da SHIELD. –cruzei os braços.

Trocamos olhares raivosos.

–Essa é a única forma que você tem pra me atacar? Me rebaixando? Você se

–Você não sabe fingir que é forte Gabrielle. No fundo, você ainda é aquela garota fraca e nem Burlem pode mudar isso.

Ela avançou para cima de mim e me chocou contra a parede. Levantei minha perna para me defender e dei uma joelhada em sua barriga. E antes de qualquer outra coisa, dois braços fortes me seguram. E a minha irmã era impedida de avançar pelo agente Ward.

–E você é tão forte que uma pancada de uma agente da SHIELD causou um estrago tão grande na sua cabeça.

–Silêncio, vocês duas! –exigiu o agente Ward em inglês. Mas apagado pela raiva que eu sentia pela minha irmã.

–Não é por nada que Ty se apaixonou por mim. Você acha que no fundo ele gosta de você? Foi feita de estúpida por meses. Pergunte a ele!

Joguei sujo com ela. Mas eu nem me importava. Klaus dizia que eu era muito explosiva e ele tinha razão. Eu era. E se não fosse por isso, eu não teria chegado a onde cheguei. O olhar de Gabrielle sumiu diante das lágrimas que apareceram.

–Klaus é muito bom de cama. Pergunte com quem ele passou algumas noites enquanto você estava servindo na SHIELD!

Fiquei boquiaberta. Pronto, tínhamos acabado uma com a outra. Klaus e Gabrielle? Como? Eles não combinavam. Klaus era sedutor, esperto e sabia tudo sobre mim, principalmente, que eu odiava olhar para minha irmã e ver que mesmo nós duas sendo parecidas fisicamente, ela era boba e infantil. Eu o amava como nunca amei ninguém, confiei tudo a ele e já briguei com várias pessoas da ALRS por causa do nosso namoro.

–Flyer?

Me tiraram da frente dela. Eu não conseguia focar em mais nada. Nem mesmo no Steve em minha frente.

–Flyer, está tudo bem? –ele perguntou.

–Quero voltar para a minha cela. –murmuro abaixando a cabeça.

–O que? Eu não falo russo.

–Quero voltar para a minha cela! –elevo o tom da minha voz dizendo em inglês.

Steve concorda e eu caminho na sua frente batendo rápido. Eu tinha a chance perfeita para fugir, no entanto, não havia para onde ir, já que estávamos voando. Ele colocou sua digital na tela em frente a porta da minha prisão, que se abriu e eu sentei na minha cama encarando a parede.

–Pode ir. Não preciso de mais nada. –murmuro abraçando minhas pernas desviando o olhar do dele.

Eu não queria o olhar neste momento.

–Eu não vou sair.

O Capitão fechou a porta e sentou na beirada da cama.

–Eu sinto sua falta e você ainda é a garota que eu amo. –ele falou sério.

Eu o encarei séria, olhei para os lados e tampei meu rosto começando a chorar alto. Era a mesma coisa que Klaus falava para mim e ele me traiu de todas as formas tendo um caso com a minha irmã enquanto eu sofria de amnésia. Tudo bem que eu fazia a mesma coisa com ele, mas...

–Não chore Flyer... –ele me abraçou.

Eu tentei esconder o máximo possível meu rosto vermelho dele eu seu peito. Eu odiava que me vissem assim.

–Tudo vai ficar bem...

–Esse é um péssimo consolo. –resmungo secando as lágrimas.

–Mas você sabe que vai. No final, tudo fica bem. E não tem nada a temer, estamos aqui e nunca faríamos mal a você. Sempre estivemos.

Corei. Acho que nunca falaram isso para mim. Quer dizer, nunca me senti tão bem recebida. Agora eu entendia o que a intrusa descrevia no diário, eles eram uma família fantástica e eu fiquei feliz por ser bem vinda nela, mesmo essa união não sendo a mais normal.

–Steve?

–Sim.

–Eu também sinto a sua falta.