I'm Not the Enemy

Capítulo 32- Rogers


Puxaram meu cobertor. Agora eu entendia o que Klaus reclamava comigo quando ele passava as noites tremendo de frio por causa de mim. Mas dessa vez, o motivo era uma cabeleira loira e de ombros largos. Puxei a coberta de volta e recebi um abraço forte por trás do Steve de sono pesado. Ele ainda dormia tranquilamente e nem parecia ligar.

–Steve? –o chamei e ele nem se mexeu.

–Flyer? –uma voz masculina me chamou por trás.

Era o Agente Ward. Olhei para Steve, ele tinha o sono tão pesado assim?

–Não o acorde. Fale baixo.

–Você tem quarenta minutos para sua higiene. –o agente explicou sério e em seguida olhou com estranhamento para o Capitão.

–Me dê cinco minutos. –pedi levando meu olhar para o agente e em seguida para Steve.

–Ok.

Ward saiu da cela. O Capitão dormia tão bem, seria um pecado acordá-lo. Beijei sua bochecha rapidamente, com medo que Ward espiasse a qualquer momento e fui embora. Steve se levantaria depois. Lavei meu cabelo no banheiro dos presidiários, tudo isso com a porta sendo vigiada do lado de fora pelo agente.

Voltei para a minha cela esfregando meu cabelo com a toalha e vi de costas um homem de terno, com os braços cruzados.

–Estava te esperando.

–Isso é meu? –indiquei o donut que ele comia. A minha bandeja do café da manhã tinha um grande vazio agora.

–Sim. Falaram que você não come açúcar, reclamou do cappuccino com chantily, então, eu estou aqui te ajudando a comer o que pode ser um veneno a você. –explicou tirando o óculos de sol.

–Fico agradecida, eu acho.

Stark se virou para mim, pela primeira vez. Era incrível vê-lo ali, inofensivo. Antes, eu só o via em fotos, por trás de sua armadura e agora ele estava em minha frente. Tony Stark é um dos caras mais ridículos no mundo e particularmente, eu sempre o odiei por se achar o foda.

–Vejo que você voltou rápido a sua rotina. Encontrei com o Steve nesse corredor...

–E... –e daí?

–Vocês já estão juntos? Aquele velhote é bem rápido, eu estou impressionado.

Verdade. Steve e seus noventa e tantos anos. Impressionante.

–Sim! Ele é tão bom na cama que não consegui me controlar. –resolvi mexer com as emoções do Tony, mas era obvio que eu e o Steve não fizemos nada demais.

O Capitão era o cara mais lerdo do mundo. Ele não tentou nada comigo, simplesmente nada.

–Não! –ele exclamou e me olhou com nojo.

–O que foi?-era o Thor.

Thor era fácil de reconhecer. Comecei a rir no exato momento. Ele vestia roupas medievais e uma capa de super herói. Claro, que eu fiquei surpreendida, porque eu sempre achei que o deus fosse uma invenção. Alienígenas? Na Terra? Nunca! E aquele ataque á Nova York foi tudo forjado.

–O que está rindo? Tem algo errado? –Thor ficou preocupado procurando o erro em si mesmo.

–Não pergunte.

Tony saiu da sala. Acho que ele me encarava mesmo como uma filha, já para mim, era tudo divertido. Thor restou na sala ainda confuso. E como eu não queria ficar sozinha por mais um dia, tive que puxar assunto.

–Então, como vai você?

–Muito bem. E a você? Está se dando bem com os russos?

–Sim, eles são boas pessoas. –dou um sorriso amarelo. – A Agente Romanoff está por aqui?

Eu queria conhecer quem a intrusa vivia brigando e que depois virou uma boa amiga. E além disso, era a Natasha Romanoff, ela era russa e todos já tinham ouvido falar dela. Ela se movimenta com tanta agilidade que gera medo e é uma grande inspiração para algumas pessoas, até se juntar a SHIELD.

–Ela está no comando na aviação. Esse avião é pequeno, viemos com poucos objetivos até a Rússia.

–Sim. Eles me disseram. É uma droga ficar presa aqui.

–Sua irmã acabou de me agarrar! –disse Clint surgindo do nada.

–O que? –estranhamos.

–Ela me beijou e tentou fugir.

Olhei para Clint boquiaberta. Com certeza Gabrielle estava tentando de tudo para fugir, ela sempre foi uma garota inocente. Quer dizer, ela não sairia por ai beijando qualquer um. Eu aposto que ela é virgem até hoje, sinceramente, deve ser por isso que Ty tem um fogo quando nos encontramos. Então com certeza ela estava tramando algo para se mandar daqui.

–Essa foi boa! Gabrielle é demais. –forço a risada.

–Eu não sabia que ela faria isso. –o arqueiro me fita.

–Porque está me olhando? Eu não tenho nada a ver com isso. E acho que você deve explicações a alguém.

Clint me olha confuso e após compreender a piada, ele dá uma risada sem graça.

–Posso chamar a Agente Romanoff para você. –propus.

–Ótimo. Thor, chame o Steve. –ele retrucou.

Lancei um olhar superior e cruzei os braços.

–Eu não ligo. Sinto a falta dele mesmo.

Thor e Clint trocaram olhares surpresos. Era um jogo de olhares fatais. E eu tinha falado algo errado?

–A Rússia mudou muito você. Desde quando fala sobre Steve?

–Vocês não entendem. –eu fecho meus olhos e respiro fundo. Iria abusar das minhas abilidades de atuação. –Ficamos quase dois meses longe um do outro, pensamos que nunca mais nos veríamos e que eu morreria. E agora pode ser a única chance de estarmos próximos novamente. Posso ir até onde Steve está agora?

Eu estava esperançosa. Quer dizer, eu nem me sentia mais eu mesma. Parecia que havia um ima entre o Capitão e eu. Era estranho explicar, mas eu nunca fui de expor meus sentimentos e há grandes chances do que eu ter dito há milésimos de segundo atrás não seja uma atuação e sim algo real.

–Eu não sei se pode... Aliás, nem sei se Steve está aqui. Flyer, nós gostamos de você, mas não sabemos se podemos confiar.

–Ele estava treinando. –Thor cruzou os braços. –Podemos te levar até lá...

–Thor! –Clint o repreendeu e eu sorri animada. –Está bem. Mas lembrando, há câmeras no corredor. Estaremos atentos a qualquer movimento.

Os dois vingadores me guiaram pelo curto caminho, até porque este avião não era nada grande. Eu tinha certeza que a SHIELD tem bem maiores. Eles pararam em frente a uma porta escura, era impossível de enxergar algo por fora e eu fiquei em duvida se Steve estava lá mesmo. Mas quando a porta abriu vi que era mesmo uma espécie de academia.

–Câmeras no corredor, Flyer. Não se esqueça. –alertou Clint e fechou a porta.

Havia ar condicionado e me lembrou aos períodos de primavera em Vladivostok.

–Flyer? –o Capitão apareceu atrás de uma pilastra com uma regata branca e calça comprida. Seu rosto não havia sinal de suor.

–Ei.

–Como chegou até aqui? –estranhou e colocou no chão umas barras de peso que segurava.

–Clint e Thor permitiram. Porém eles ainda estão me vigiando. –eu me aproximei lentamente. Eu sabia que Rogers era bem lerdo.

Agachei no chão e peguei duas luvas vermelhas de boxe.

–Estava usando isso? –coloquei as luvas em minhas mãos.

–Eu não uso muito. Cadê os seus óculos?

–Eu não uso muito. –o imitei. –Não preciso daquilo.

Sim, eu odiava óculos. Nunca pretendi, nem pretendia usar. As lentes me salvavam, mas as vezes elas me davam agonia e eu passava dias sem enxergar nada de perto. Sempre vivi bem assim. Aproveitei o silencio e tentei golpear Steve com um soco fraco e ele segura meu braço, o esticando e me abraçando por trás, como se estivesse me ensinando a atirar.

–Ou você é rápido ou eu realmente preciso de lentes. –brinco, ele sorri.

–Você nem tentou seu melhor. Sei que é capaz de muito mais.

–Eu estou cansada e estressada demais para isso. –suspiro.

–Porque? –ele fica preocupado. Estávamos tão próximos.

–Não estou conseguindo dormir, só isso.

Eu estava perto de selar nossos lábios tentando desviar do assunto. Eu não confiava nele o suficiente para falar meus problemas, os únicos que tinham esse privilégio eram Irina, minha melhor amiga e Klaus, meu ex. Bom, eles eram.

–Não Flyer. Você não está bem. –Steve desviou o rosto.

–Estou preocupada. Nada parece normal, como antes.

–Você escolheu a Rússia, não vai ser a mesma coisa de antes. –ele foi seco.

Seco demais. Ele não podia imaginar o que a intrusa passou, era difícil pra ela escolher entre a vida dela e a sua paixão.

–Seu insensível. –sussurrei retirando as luvas.

–O que?

–Pensei que você entendesse. –estremeci irritada.- Foi difícil... –desisti de falar, quer dizer, eu não sabia o que falar. Eu não era a intrusa.

Abaixei a cabeça. Vi ele suas pernas se aproximarem e a sua regata justa em seu corpo maravilhoso. Rogers pegou a minha mão e tinha uma expressão séria.

–Para mim, você sempre será a minha Flyer. Eu ainda te amo. –seu sorriso gerou o meu.

–Eu também te amo.

Foi quase automático. Senti seus lábios doces nos meus, suas mãos delicadas me puxando para próximo a ele. Era uma sintonia maravilhosa, eu já nem pensava nos meus problemas, ou sabia quem eu era. Steve Rogers era tudo o que eu queria e a solução dos meus problemas. Nosso beijo alcançou um nível agitado e urgente. Eu o empurrei contra a pilastra, senti o impacto do seu corpo e me encantei com o seu sorriso que nem parecia ligar para a pequena dor. Sua boca fazia arte em meu pescoço, enquanto meus olhos estavam fechados e minhas mãos exploravam sua barriga e costas. Tirei sua regata e passei minhas unhas em seu peitoril.

–Isso me dá calafrios. –Rogers sussurra se contorcendo.

–Ótimo.

(...)

–Estou alugando minha casa para um casal jovem...Estou bem melhor na internet e talvez eu vá comprar um celular. –esse era o resumo do Steve sobre as mudanças da sua vida.

Steve tinha avisado que não havia nada demais na vida dele, mas eu insistia em ouvir. Para mim tudo soava divertido, eu tinha acabado de transar com um cara de 92 anos! E ele era maravilhoso.

–Eu disse que a minha vida era chata.

–Você nunca é chato Steve. E isso já um começo, são mudanças certo?

Ele selou nossos lábios, mas foi interrompido por um susto quando a porta se abriu. Eu não me assustei muito quando vi os cabelos ruivos da Viuva Negra, mas o Capitão pareceu preocupado em me expor de calcinha e sutiã.

–Nick Furry chegou e quer falar com a Morozov.

–Porque não bateu antes?

–Não faria diferença, todos sabem o que os dois estão fazendo aqui. Dá pra escutar tudo lá fora. –ela explicou e Steve corou na hora.

–Ok. Obrigada Agente Romanoff. –o Capitão soou mais como “vai logo”.

Natasha Romanoff sorriu e fechou a porta. Steve entregou minha roupa e nos vestimos rápido. Ajeitei o cabelo macio e loiro dele que estava bastante bagunçado.

–E se perguntarem sobre nós? Vamos dizer que estamos juntos novamente e quando tudo isso acabar, continuaremos assim.

–Steve, nada disso vai acabar até que um de nós esteja gravemente ferido.

–Ok. Então o que vamos falar? –ele pareceu ofendido comigo, mas eu nem liguei muito.

–Não diremos nada. –dei o meu melhor sorriso e o beijei rapidamente.

O corredor tinha uma iluminação tão forte que fazia meu olho doer, já que a academia não estava tão bem iluminada, Clint e o agente Ward surgiram no final dele sérios. Steve ainda saia da sala caminhando lentamente.

–Podemos ir? –Clint perguntou e eu assenti. –Suas mãos.

Ward me algemou. Eu estava animada a conhecer o grande Nick Furry. Na ALRS corriam boatos que ele não tinha um olho, por isso usava um tampão no lugar. A sala dele não era grande coisa nessa avião, tinha móveis escuros e simples, mas hologramas por todo lugar.

–Flyer Morozov e Gabrielle Morozov. –ele cumprimentou.

Percebi então que a minha irmã estava sentada em uma poltrona em frente á mesa dele algemada, me colocaram ao seu lado. Atrás dela, a agente Romanoff a vigiava. Eu não disse nada, afinal, não queria despertar nenhuma dica que eu não era a Flyer com amnésia que eles conheceram.

–Estão sendo bem tratadas? Soube que você, Gabrielle, gerou alguns problemas. –ele conseguiu distinguir minha irmã de mim, isso era ótimo. –Vim aqui para mostrar algo. Capitão, se puder ler em voz alta.

Nick entregou á ele um arquivo pardo. Então Gabrielle me lançou um sinal, apontou, com certa dificuldade, o anel que usava na mão direita. Ela tinha um plano.